O que pensam 7 ex-ministros da Justiça sobre atuaçãoaposta ganha bet pagaMoro no caso dos hackers:aposta ganha bet paga

Sérgio Moro

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Sete ex-ocupantes do Ministério da Justiça reprovaram a condutaaposta ganha bet pagaMoro no caso dos supostos hackers

Na mesma nota, no entanto, ele negou ter tido "acesso ao inquéritoaposta ganha bet pagainvestigação das invasões criminosasaposta ganha bet pagacelulares e mensagensaposta ganha bet pagaautoridades". Segue a nota: "A manifestação do ministro sobre o tema só se deu após realização das buscas e prisões e a decisão judicial terem se tornado públicas. Não houve acesso à listaaposta ganha bet pagavítimas".

Para pelo menos uma dessas autoridades, o presidente do Superior Tribunalaposta ganha bet pagaJustiça (STJ), ministro João Otávio Noronha, Moro teria garantido que os eventuais diálogos interceptados pelos hackers - provas do inquérito sigiloso - seriam apagados.

Sérgio Moro

Crédito, Agência Senado

Legenda da foto, Moro levou paraaposta ganha bet pagaequipe no ministério delegados da PF que trabalharam na Lava Jato

"Acho um absurdo, ele não poderia ter acesso a essas informações, nem ele, nem o presidente, nem ninguém. Ele está exorbitando, é um abusoaposta ganha bet pagapoder sem precedentes na democracia recente. Não gostoaposta ganha bet pagadar sentença, mas cabe ao MPF investigar a condutaaposta ganha bet pagaMoro", afirmou José Carlos Dias, ex-ministro da Justiçaaposta ganha bet pagaFernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2000.

"A condutaaposta ganha bet pagaMoro é totalmente foraaposta ganha bet pagapadrão. Existe uma dimensãoaposta ganha bet pagaabusividade e pode ser crimeaposta ganha bet pagaresponsabilidade. Ele deveria se afastar para ser investigado e, eticamente, pode ter perdido condiçõesaposta ganha bet pagachefiar a PF", acrescenta José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiçaaposta ganha bet pagaDilma Rousseff, entre 2011 e 2016.

"O ministro da Justiça não pode se imiscuir à funçãoaposta ganha bet pagapolícia judiciária. Ele não pode ligar pras pessoas e dizer que iria destruir provas, é absurdo. É ilegal, é irregular, eu jamais tomaria uma atitude dessas, como nunca tomei", afirma Miguel Reale Júnior, ministroaposta ganha bet pagaFernando Henrique Cardosoaposta ganha bet paga2002 e autor do pedidoaposta ganha bet pagaimpeachment contra a ex-presidente Dilma.

Ambiguidades do cargo

Desde a redemocratização, 30 pessoas ocuparam a cadeira do Ministério da Justiça e, passaram a ser, por isso, chefes da corporação policial. É uma situação ambígua: se, por um lado, o diretor-geral da Polícia Federal está subordinado ao ministro, indicado pelo governo da ocasião, por outro, a corporação é,aposta ganha bet pagatese, autônoma para investigar, inclusive integrantes do próprio governo.

Na prática, isso leva a situações complexas: cabe ao ministro da Justiça autorizar o usoaposta ganha bet pagaverbas para diárias e passagensaposta ganha bet pagapoliciais quando há uma operação. No entanto, os preceitos republicanos recomendam que o ministro sequer saiba quando uma operação acontecerá. Ou ainda, é função do ministro abrir processosaposta ganha bet pagasindicância contra agentes ou delegados que tenham cometido desvioaposta ganha bet pagafunção, mas não cabe ao ministro determinar quais caminhos os profissionais deveriam seguir ao longo das diligências.

Raul Jungmann

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, 'É uma relação difícil para qualquer um', diz Raul Jungmann

"É uma relação difícil para qualquer um, porque o ministro faz uma supervisão administrativa, e a polícia faz o controle judiciário do ministro. Em casoaposta ganha bet pagainvestigação, sai totalmente do controle do ministro - e as pessoas não entendem e pressionam. Ao mesmo tempo, qualquer iniciativa do Executivo pode ser vista como obstruçãoaposta ganha bet pagaJustiça e prevaricação", afirma Raul Jungmann, ex-ministroaposta ganha bet pagaSegurança Pública e responsável pela Polícia Federal na gestão Michel Temer.

Para os ex-ministros, o fatoaposta ganha bet pagaMoro ter se cercadoaposta ganha bet pagadelegados da Polícia Federal na equipe ministerial pode acentuar a confusão entre a função administrativa e a policial. Como diretor da PF, ele escolheu o delegado Maurício Valeixo, ex- superintendente da Polícia Federal do Paraná, onde Moro atuava como juiz federal. Erika Marena, uma das primeiras delegadas a comandar fases da Operação Lava Jato foi destacada para o Departamentoaposta ganha bet pagaRecuperaçãoaposta ganha bet pagaAtivos e Cooperação Jurídica Internacional. Outro delegado da Lava Jato, Rosalvo Ferreira, foi empossado como secretárioaposta ganha bet pagaOperações Integradas.

"O ministro da Justiça não é juiz, nem presidenteaposta ganha bet pagainquérito. Quem decide é a Justiça, não o ministro", diz Cardozo.

'Passarinho na Gaiola'

A Operação Lava Jato nasceu (em marçoaposta ganha bet paga2014) e se desenvolveu enquanto o ministro da Justiça era um filiado do PT. José Eduardo Cardozo afirma que, normalmente, só sabiaaposta ganha bet pagaoperações da PF no momentoaposta ganha bet pagasua deflagração, por volta das 6 da manhã. Até por isso, era intensamente criticado dentro do partido, frequentemente alvo das investigações.

"Só sabia antes se fosse algo que precisasse da minha intervenção institucional, como, por exemplo, quando havia alguma busca e apreensão no Congresso", diz Cardozo.

Sucessoraposta ganha bet pagaCardozo, Eugênio Aragão relata ter tido cuidado semelhante.

José Eduardo Cardozo

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, 'Só sabia (de operações) antes se fosse algo que precisasse da minha intervenção institucional', diz Cardozo

"Eu discordava do (diretor da PF Leandro) Daielloaposta ganha bet pagarelação às operações, mas isso sequer foi tratado por nós. Eu pedia a ele que não me avisasse previamenteaposta ganha bet paganada. Só ficava sabendo do nome dos presos depois, se não estivesse sob sigilo", diz Aragão, que hoje é advogadoaposta ganha bet pagaLula no âmbito da Lava Jato.

Já Tarso Genro, ministro do governo Lula entre 2007 e 2010, afirmou que "se o caso poderia suscitar alguma questão política, reportava-me à PF por escrito".

"Era informado previamente através da chefia,aposta ganha bet pagaque iria ocorrer uma 'operação sensível', quando incidia sobre o mundo político, sem ser informado sobre o assunto e sobre os personagens envolvidos", diz Genro.

Jungmann tinhaaposta ganha bet pagasenha com o diretor da PF Rogério Galloro: "Quando ele me perguntava: 'vai dormir onde amanhã, ministro?', eu já sabia que na madrugada haveria uma açãoaposta ganha bet pagaressonância política, mas jamais sabia o que seria".

Apenas um dos entrevistados admitiu ter conhecimento do alvoaposta ganha bet pagauma operação da Polícia Federalaposta ganha bet pagaantemão. José Carlos Dias era ministro da Justiça,aposta ganha bet paga1999, quando foi preso o ex-deputado federal Hildebrando Pascoal, do Acre, acusadoaposta ganha bet pagacometer assassinatos usando uma motosserra. Ele acompanhou cada minuto da operação porque Hildebrando só poderia ser preso depoisaposta ganha bet pagacassado pelos deputados - tudo ocorreuaposta ganha bet pagaum intervaloaposta ganha bet pagapoucas horas.

"Às 3 da manhã, o delegado me ligou e disse apenas: 'passarinho está na gaiola'", relembra Dias. Hildebrando foi condenado a 18 anosaposta ganha bet pagaprisão no caso da motosserra.

Vazamentos

Os ex-ministros entrevistados pela BBC News Brasil afirmaram ter como missão evitar o vazamentoaposta ganha bet pagainformações.

"Eu só pedia à polícia obediência aos regulamentos: uma polícia técnica, sem violência e sem vazamentos", afirma José Gregori, ex-ministro da Justiça no Governo Fernando Henrique Cardoso, entre 2000 e 2001.

Daí o estranhamentoaposta ganha bet pagarelação à atitudeaposta ganha bet pagaMoro,aposta ganha bet pagater feito ligações às autoridades que sequer eram parte do inquérito para informá-lasaposta ganha bet pagaque poderiam ter sido alvos.

José Carlos Dias

Crédito, Agência Senado

Legenda da foto, 'Acho um absurdo, ele não poderia ter acesso a essas informações, nem ele, nem o presidente, nem ninguém', diz José Carlos Dias

"Por que teria que ligar para políticos ou autoridades dizendo que foram hackeadas? Elas não são investigadas, não tem lógica", questiona Cardozo.

"Pode estar com isso tentando angariar apoios políticos", especula Dias. Moro tem sofrido desgastes públicos desde que o site Intercept começou a publicar diálogos atribuídos a ele e aos procuradores da Lava Jatoaposta ganha bet pagaque Moro favoreceria a acusação, deixandoaposta ganha bet pagalado o preceito da imparcialidade.

Em dois casos, os ex-ministros poderiam ter interesse partidário no vazamentoaposta ganha bet pagainformaçõesaposta ganha bet pagainvestigações federais. À BBC News Brasil, eles rememoraram os episódios.

"O caso Celso Daniel estava sob apuração quando eu era chefe da PF. Nunca soubeaposta ganha bet paganada. Jamais poderia interferir", relembra Reale Júnior, que era então filiado ao PSDB, a respeito do caso do prefeitoaposta ganha bet pagaSanto André, assassinado pouco antes da eleiçãoaposta ganha bet pagaLula. A oposição ao PT sempre argumentou que o assassinato do prefeito - cotado para coordenar a campanha do petista à presidência quando foi morto - tinha motivação política. A polícia concluiu que se tratavaaposta ganha bet pagaum crime comum.

Do outro lado, Tarso Genro chegou a abrir investigação contra agentes que vazaram imagens da prisão do ex-prefeito Celso Pitta (PP-SP),aposta ganha bet pagapijamas. Apadrinhado por Paulo Maluf, Pitta era um adversário histórico do petismo.

Bolsonaroaposta ganha bet pagagabinete na Câmara

Crédito, Instagram / reprodução

Legenda da foto, Quando era deputado, Bolsonaro mantinha foto dos ex-presidentes da ditadura militaraposta ganha bet pagaseu gabinete na Câmara

"Politizar as investigações é desviar o sentido técnico do inquérito e pode ser crime. Determinei, sempre, aberturaaposta ganha bet pagaprocedimentos sindicantes quando isso ocorreu, como no caso do Pitta."

Jungmann afirma que não ter acesso a informações dos inquéritos é uma maneiraaposta ganha bet pagase defender da acusaçãoaposta ganha bet pagavazamentos.

"Nunca tive acesso a provas porque isso seria transigir a lei e porque eu poderia ser visto como fonteaposta ganha bet pagavazamentos. Eu não me arriscaria a emitir juízo sobre Moro. Como ex-juiz federal, ele deve saber o que está fazendo".

Ainda assim, após a experiência à frente da PF, o ex-ministroaposta ganha bet pagaTemer afirma estar convictoaposta ganha bet pagaque, para evitar eventuais ilaçõesaposta ganha bet pagauso político da PF, o ideal seria que a corporação fosse chefiada por uma agênciaaposta ganha bet pagacontrole, com mandato, para assim reduzir a possibilidadeaposta ganha bet pagaque ordens da Esplanada influenciassem o trabalho dos policiais.

raya

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