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Crise na Venezuela: os riscos para o Brasil da escalada dos conflitos:b2xbet grupo telegram
Por enquanto, o governo brasileiro tem reagido com cautela, descartando agir militarmente no país vizinho.
Escalada perigosa
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil apontam que uma escalada na crise venezuelana e uma eventual guerra civil trariam ao Brasil uma sérieb2xbet grupo telegramconsequências econômicas, na política internacional, no fluxo migratório e até no controle do crime organizado nas fronteiras.
A professora Jennifer McCoy, diretora-fundadora do Institutob2xbet grupo telegramEstudos Globais da Georgia State University, nos Estados Unidos, e autora do livro Mediação Internacional na Venezuela, prevê que o primeiro impacto seria um grande aumento no númerob2xbet grupo telegramimigrantes venezuelanos no Brasil, Colômbia e outros países da América do Sul.
No campo econômico, um conflito armado na Venezuela tem potencial para prejudicar investimentos na América do Sul como um todo, inclusive no Brasil, diante da percepçãob2xbet grupo telegraminstabilidade na região, aponta o professorb2xbet grupo telegramRelações Internacionais Oliver Stuenkel, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em relações internacionais, uma eventual ação militar dos Estados Unidos na Venezuela poderia gerar divisões no continente, com alguns países se aliando ao governo americano e outros apoiando Maduro e fortalecendo laços com as potências que dão suporte a ele - Rússia e China.
Além disso, a violência interna na Venezuela e o possível fortalecimentob2xbet grupo telegramorganizações criminosas poderiam transbordar para os países vizinhos, dizem os especialistas.
Isso porque a situaçãob2xbet grupo telegraminstabilidade prejudica a cooperação do Brasil com autoridades militares venezuelanas na fronteira, o que pode abrir caminho para um aumento no tráficob2xbet grupo telegramdrogas, contrabando e desmatamento na Amazônia.
Entenda melhor, abaixo, cada um desses pontos:
Intervenção militar
Segundo analistas e militares, a escalada da crise na Venezuela pode provocar uma reaçãob2xbet grupo telegrampotências com interesses conflitantes na região, como Estados Unidos, Rússia e China.
Enquanto o governo americano apoia Juan Guaidó, Rússia e China dão suporte econômico a Maduro.
Os Estados Unidos sempre deixaram claro que não descartam uma invasão da Venezuela e pressionam Brasil e demais países da América do Sul a aderirem. Na terça, o secretáriob2xbet grupo telegramEstado dos EUA, Mike Pompeo, reiterou essa posição.
"O presidente (dos EUA, Donald Trump,) tem sido claro e extremamente consistente. Uma ação militar é possível. Se isso for necessário, é o que os Estados Unidos farão", afirmoub2xbet grupo telegramentrevista à redeb2xbet grupo telegramtelevisão americana Fox.
Mas a ala militar do governo brasileiro já repetiu diversas vezes que descarta a participação do paísb2xbet grupo telegramuma eventual invasão. "Não existe possibilidade (de ação militar)", disse o vice-presidente Hamilton Mourão, na terça.
Nesta quarta-feira, após se reunir com ministros militares, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que não recebeu, por enquanto, pedido específico dos EUA para que o Brasil forneça apoio logístico ou permita a entradab2xbet grupo telegramtropas americanas no território para uma invasão do país vizinho.
Mas a professora Jennifer McCoy afirma que, caso os EUA decidam pela invasão, a pressão que exercerá nos países da América do Sul para aderir pode acabar gerando fissuras.
"Há tensões que podem emergirb2xbet grupo telegramrelação ao papel que os Estados Unidos decidirem assumir. Se os EUA adotarem alguma formab2xbet grupo telegramintervenção militar, isso dividiria o hemisfério e causaria dilemas difíceis para os governos, inclusive o brasileiro", disse à BBC News Brasil.
Algumas divergências já são visíveis entre países da América do Sul. O presidente da Bolívia, Evo Morales, declarou apoio a Maduro. Brasil e Colômbia se mostram mais alinhados com a políticab2xbet grupo telegramalta pressão dos EUA, embora a Colômbia seja vista como mais predisposta a dar respaldo militar a uma intervenção americana.
Outras nações, como Uruguai, vêm adotando uma postura intermediária.
Ingerência estrangeira
Militares brasileiros ouvidos pela BBC News Brasil também chamam a atenção para o riscob2xbet grupo telegramuma ação militar americana abrir caminho para potências internacionais interviremb2xbet grupo telegramoutros países da região.
"O militar enxerga as coisasb2xbet grupo telegrammaneira pragmática, sob a ótica dos interesses do Brasil. Com as voltas que o mundo dá, o Brasil poderia ser alvob2xbet grupo telegramintervenção no futuro. Temos que tomar cuidado para não sermos peões dentrob2xbet grupo telegramuma estratégiab2xbet grupo telegramuma superpotência", afirma o general da reserva Eduardo Schneider, que foi adido militar no Paraguai e atuou com o general Hamilton Mourãob2xbet grupo telegrammissões das Nações Unidas.
Na mesma linha, o professor Oliver Stuenkel, da FGV, aponta que uma intervenção estrangeira pode fazer com que o Brasil perca influência na região.
"Nos últimos anos, o Brasil perdeu liderança regional e agora a gente vê uma América do Sul que não tem influência sobre o que acontece na Venezuela. A influência está passando às mãos das grandes potências", afirma Stuenkel.
"O Brasil é um grande paísb2xbet grupo telegramuma região que ele não controla."
Conforme as tensões aumentam na Venezuela, fica mais evidente que o país tem se tornado palco da disputab2xbet grupo telegrampoder entre Estados Unidos e Rússia, tendo a China como coadjuvante.
Na terça, o secretáriob2xbet grupo telegramEstado americano chegou a dizer que Maduro havia se programado para fugirb2xbet grupo telegramavião para Cuba, mas que foi dissuadido pelo governo russo.
Tanto Maduro quanto o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguey Lavrov, negaram a afirmação e acusaram os Estados Unidosb2xbet grupo telegrampromoverem uma "guerrab2xbet grupo telegraminformações".
Para Stuenkel, essa situaçãob2xbet grupo telegramdisputab2xbet grupo telegrampoder entre potências pode reduzir a margem do Brasil para a tomadab2xbet grupo telegramdecisões racionais e pragmáticas sobre suas alianças com EUA, Rússia e China.
Isso porque, embora o Brasil tenha, atualmente, identidade ideológica maior com os EUA, a parceria com a China é crucial para a economia brasileira. Portanto, setores do governo, principalmente a ala militar, defendem que o país adote uma posturab2xbet grupo telegramneutralidadeb2xbet grupo telegramconflitos que envolvam os governos americano e chinês.
"Essa disputa pode contaminar a tomadab2xbet grupo telegramdecisão sobre parcerias internacionais. Inviabiliza o debate racional sobre como o Brasil deve se comportar nesse mundo rachado entre EUA, Rússia e China", diz Stuenkel.
Escalada da violência e do crime organizado
Embora até o momento as manifestações convocadas por Guaidó não tenham desembocadob2xbet grupo telegramum conflito militarb2xbet grupo telegrammaior dimensão, os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil não descartam o riscob2xbet grupo telegramuma guerra civil no país, o que traria consequências graves para a região.
Para Jennifer McCoy, o risco maiorb2xbet grupo telegramviolência interna vemb2xbet grupo telegramgrupos paramilitares formados pelo governo venezuelano para propagar os "ideais da revolução bolivariana" e combater o crime nas cidades.
"O mais provável não é que um Exército dividido entreb2xbet grupo telegramguerra, mas sim que haja ações violentas por parte dos 'colectivos', que são as milícias particulares formadas por Maduro, e por parte da Força Especial, grupo paramilitar criado para limpar os bairros pobres do crime e que tem sido usadob2xbet grupo telegramforma repressiva contra opositores do regime", explica McCoy.
"Mesmo que Maduro deixe o governo pacificamente, há o riscob2xbet grupo telegraminsurgência a médio e longo prazo por esses grupos."
A pesquisadora diz que a Colômbia seria o país mais vulnerável a uma guerra civil promovida por esses grupos contra opositoresb2xbet grupo telegramMaduro, já que a fronteira daquele país com a Venezuela é mais povoada eb2xbet grupo telegrammais fácil acesso que a fronteira brasileira.
Oliver Stuenkel destaca que uma guerra civil oub2xbet grupo telegramguerrilha no país vizinho prejudicaria ainda mais as já vulneráveis açõesb2xbet grupo telegramcooperação entre Brasil e Venezuela na fronteira para o controle do tráficob2xbet grupo telegramdrogas, contrabando, desarticulaçãob2xbet grupo telegramorganizações criminosas e combate ao desmatamento da Amazônia.
"Até mesmo parceriasb2xbet grupo telegramquestõesb2xbet grupo telegramsaúde pública, como combateb2xbet grupo telegramepidemias, poderiam ser inviabilizadasb2xbet grupo telegramfunção desse colapso", diz o professor da FGV.
Impacto econômico
A escalada da crise e a possibilidadeb2xbet grupo telegramviolência entre opositores e apoiadoresb2xbet grupo telegramMaduro também pode ter impacto diretob2xbet grupo telegraminvestimentos no Brasil.
Investidores estrangeiros, por exemplo, podem encarar um eventual conflito armado na Venezuela como fatorb2xbet grupo telegramdesestabilizaçãob2xbet grupo telegramtoda a região, reduzindo repasses a países vizinhos, enxerga Stuenkel.
"Tem investidor que não sabe bem a diferença entre os países da América do Sul e que pode segurar investimentos. A crise na Venezuela, com a possibilidade conflitos armados, projeta ao mercado uma imagemb2xbet grupo telegramcontinente à deriva", diz.
Migração
Os venezuelanos já são, atualmente, a segunda população com mais refugiados no mundo, atrás apenas da Síria, segundo a Organização dos Estados Americanos (OEA).
A grande maioria tem se deslocado para a Colômbia (cercab2xbet grupo telegram1,2 milhão) e outros paísesb2xbet grupo telegramlíngua espanhola da América do Sul, como Peru (700 mil) e Chile (265,8 mil). Mas um contingente cada vez maiorb2xbet grupo telegrampessoas chega a cada dia ao Brasil via Pacaraima,b2xbet grupo telegramRoraima.
Até o finalb2xbet grupo telegram2019, a previsão da OEA éb2xbet grupo telegramque haja entre 5,3 milhões e 5,7 milhõesb2xbet grupo telegramimigrantes venezuelanos pelo mundo.
"O Brasil já está sendo afetado pela crise humanitária, que tende a continuar. Não há sinalb2xbet grupo telegrammelhora e uma escalada da violência na Venezuela pode provocar um fluxo migratório ainda maior", diz Jennifer McCoy.
O grande problema, segundo os especialistas, não é a incapacidade do Brasilb2xbet grupo telegramabrigar os venezuelanos - já que está recebendo uma parcela muito menor que os demais países da América do Sul - mas sim a necessidadeb2xbet grupo telegramgarantir recursos suficientes para a acolhida e realocação dos migrantes que chegam por Pacaraima.
Na terça, o presidente Bolsonaro assinou uma medida provisória liberando R$ 223,8 milhões para assistência emergencial e acolhimento dos cidadãos venezuelanos que chegam ao Brasil.
E quais as possíveis consequências das investidasb2xbet grupo telegramGuaidó?
Evidentemente, ainda é difícil dizer ao certo o que pode acontecer na Venezuela após a declaraçãob2xbet grupo telegramGuaidób2xbet grupo telegramque possui apoio militar para retirar Maduro do poder.
Mas Jennifer McCoy traça três cenários. O melhor deles, segundo ela, seria se Guaidó e Maduro reconhecessem a impossibilidadeb2xbet grupo telegram"eliminar" um ao outrob2xbet grupo telegramimediato, e concordassemb2xbet grupo telegramnegociar a formaçãob2xbet grupo telegramum governob2xbet grupo telegramtransição para preparar novas eleições.
Um segundo cenário seria Maduro conseguir convencer as forçasb2xbet grupo telegraminteligência eb2xbet grupo telegramsegurança a retornar a uma estratégiab2xbet grupo telegramforte repressão à oposição, inclusive prendendo Guaidó.
"Ontem vimos bem menos repressão que no ano passado e, até agora nem Guaidó, nem Leopoldo López (outro líder da oposição) foram presos. Parece haver muito mais resistência entre as forçasb2xbet grupo telegraminteligência e militaresb2xbet grupo telegramperseguir a oposição e o centro", ressalva.
Uma terceira possibilidade, que McCoy considera pouco provável, é que o apelob2xbet grupo telegramGuaidó por manifestações contra Maduro garanta uma mobilização popular capazb2xbet grupo telegramgerar ampla retiradab2xbet grupo telegramapoio ao governo, pressionando o presidente a deixar o poder.
"Dificilmente haverá esse volume todob2xbet grupo telegrammanifestantes, até porque há uma grande confusão sobre o que aconteceu ontem e a oposição tem dificuldade para se comunicar e planejar, já que o governo controla as comunicações na internet e nas redes sociais."
Enquanto isso, o climab2xbet grupo telegramincerteza permanece. E os governos da America do Sul, inclusive do Brasil, aguardam o desenrolar dos acontecimentos desta semana para decidir como agir.
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