FHC: Governo Bolsonaro é pior do que eu imaginava porque 'não vi nada' até agora:jogo de zumbi
Para o ex-presidente, a nova gestão está sem rumo. As falhas, najogo de zumbianálise, são muitas: falta projeto para o país, falta aprender a se relacionar com o Congresso, falta até se comunicar com a população para explicar medidas consideradas fundamentais pelo governo, como a reforma da Previdência.
Ele cita a experiência do Plano Real, quando, como ministro, liderou a articulaçãojogo de zumbiprol da aprovação da proposta. "Não tinha medojogo de zumbibicho papão. Fui falar do Plano Real até no programa Silvio Santos", diz. "Na reforma da Previdência, o presidente tem que se meter. Ou algum ministro que seja quase presidente."
Mesmo o ministro da Economia, Paulo Guedes, que foi duas vezes ao Congresso tratar da reforma da Previdência, esbarra no tomjogo de zumbi"professor" ao falar com os parlamentares, diz FHC.
"Fui ouvir o debate com o ministro da Economia no Senado. Bom, ele dizia coisa com coisa, né? Abstratamente. Agora, quando chegava o negócio da política, ele dizia 'mas não é meu terreno'. Como não é seu terreno? Ou tem o terreno da política ou não existe a transformação do governo num objetivo e num processo."
Distante das atividades do PSDB desde que deixou a Presidência ("nem sei onde fica o diretório"), mantém contato com algunsjogo de zumbiseus pares na sigla. Os mais frequentes, diz, são o ex-governador Geraldo Alckmin e os senadores Tasso Jereissati e José Serra. "E o (governador João) Doria, mais raramente..."
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Em seu último livro, o senhor fala bastante sobre seu exílio durante a ditadura, períodojogo de zumbique perdeu seu pai, e foi aposentado compulsoriamente da USP. Como viu a divulgação do vídeojogo de zumbidefesa do golpe militar pelo Planalto?
jogo de zumbi Fernando Henrique Cardoso - É uma coisa historicamente inconsequente, né? E era também uma vontade que corresponde a esse tipojogo de zumbicoisa do [Donald] Trump,jogo de zumbiidealizar o passado. Dizer "não foi assim, foi diferente". Quem passou pela época sabe. Começa pela imprensa.
Olha, trabalhei num jornal chamado Opinião, da imprensa nanica. Como é que se fazia? Você escrevia um artigo e às vezes vinha o redator-chefe e dizia "olha, essa frase não passa". Quantas vezes no jornal não saíam poesias, que era a maneirajogo de zumbidizer "fui censurado"?
Então você dizer hoje que não houve ditadura, que não houve um movimentojogo de zumbicontrole da liberdade, é completamente desassisado. Por que se diz? Porque a política não é feita por historiadores, é feita por personagens ativos, incentivando o medo.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor fica mais preocupado quando isso vem institucionalizado, quando vem do Planalto?
jogo de zumbi FHC - Sim, claro que preocupa. Mas se você comparar com o que aconteceujogo de zumbi1964... Em 1964, havia Guerra Fria. Era uma realidade, não era uma invenção. Havia um alinhamento político ora para um lado, ora para o outro. Hoje não tem essa realidade. Mesmo que venha do Planalto, como você vai assentar essas coisas que o Planalto quer colocar como verdade? No passado, tinha [uma forma], porquejogo de zumbifato havia briga, havia União Soviética, hoje não tem.
Você vai dizer o quê? O perigo vem da China? A China está preocupadajogo de zumbivender o que produz.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Ao falar sobre as novas versões históricas a respeito do golpejogo de zumbi1964, o senhor disse que elas são prejudiciais para o futuro do país. Muito se discute hoje sobre ameaças à democracia brasileira. Vê esse risco?
jogo de zumbi FHC - Sobre o Brasil, quando as pessoas dizem o que você acaboujogo de zumbime perguntar, querem dizer o seguinte: há o perigojogo de zumbium regime sem liberdade. Sempre há, você tem que prestar atenção. Mas não acho que possamos comparar com 64 porquejogo de zumbi64 havia um confronto real entre concepções do mundo ancoradasjogo de zumbiEstados, simbolicamente a União Soviética e os Estados Unidos. Você tem diferenças no mundo hoje, mas não tem mais ideologias ancoradas só num Estado. É mais difuso.
Por outro lado, no passado, os partidosjogo de zumbiesquerda ejogo de zumbidireita tinham não só uma ideologia como se organizavam. Eles queriam representar interessesjogo de zumbiclasse. Não há isso no Brasiljogo de zumbihoje. Estive recentemente na Europa e era uma dificuldade, porque os jornalistas me perguntavam na pressuposiçãojogo de zumbique isso existia. E não há.
Quem votou por A, B ou C no Brasil, não votou numa concepção orgânica, votou numa pessoa que emitiu sinais que captaram um sentimento.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor está falandojogo de zumbiBolsonaro?
jogo de zumbi FHC - É. Oujogo de zumbioutro qualquer. Quem votou no Bolsonaro, por exemplo. Por que ele foi eleito? Ele faloujogo de zumbitemas que sensibilizaram: violência e corrupção, basicamente. Temas que pegaram a onda. Mas ele não disse "eu vou fazer um Brasiljogo de zumbital a qual modo". Tanto que agora ele não sabe o que vai fazer. Vai mudar o quê?
jogo de zumbi BBC News Brasil - Logo depois que o presidente Bolsonaro foi eleito, o senhor falou que as ações dele iriam desmentir ou confirmar os temores despertados no senhor na época. E hoje?
jogo de zumbi FHC - Meu temor não é só sobre o Brasil. Como eu disse, está difícil [em todo o mundo] a noçãojogo de zumbirepresentatividade e democracia. Aqui meu temor hoje é outro, é a faltajogo de zumbiqualquer coerência.
jogo de zumbi BBC News Brasil - No governo?
jogo de zumbi FHC - No governo. Não estou com temorjogo de zumbique acabe a liberdadejogo de zumbiimprensa. Não tem força para isso. Claro que vai depender da reação da sociedade, sempre. Não se pode fechar os olhos e dizer "deixa então". Tem que se opor, porque se não se opuser, as coisas vão se organizando.
Vamos falarjogo de zumbicoisas concretas. Você tem uma enorme quantidadejogo de zumbimilitares no governo,jogo de zumbigeral da reserva. Mas não tem um Exército, uma força armada no governo. Não houve uma tentativajogo de zumbiuma corporação tomar conta e dar um certo rumo. Não é a mesma coisa. Em 1964, houve uma ocupação com uma ideologia, tinha uma cabeça. O general Golbery [do Couto e Silva, um dos principais articuladores da ditadura militar] não era nenhum desinformado, ele tinha uma linha. Aqui não tem, é uma coisa mais precária.
Não acho que estejamos na ameaça concretajogo de zumbiuma força organizada tomar conta do poder. O que não quer dizer que não seja um risco, porque você precisa ter alguém para apontar um caminho. Com muita confusão, as coisas ficam difíceis, porque o mundo está avançando.
Qual é a briga dos Estados Unidos com a China hoje? Não é só comunismo e democracia. É quem domina melhor a tecnologia, o que faço com ela.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Em seu último livro, o senhor fala que o Brasil sempre teme perder oportunidades. Estamos perdendo?
jogo de zumbi FHC - Estamos perdendo oportunidades. Num mundo difícil, confuso, você tem que ter algum objetivo e estratégia. Se nos perdermos no que se chamajogo de zumbi"curto-prazismo", não acontece nada. O que vai ser daqui a dez anos? Daqui a vinte? O que eu quero fazer? Quero mandar o homem para Lua? Eu quero fazer o quê? [...] Alguma coisa mais concreta para que você possa orientar o sentimento e o comportamento das pessoasjogo de zumbiuma certa direção.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Masjogo de zumbirelação aos temores que o senhor mencionou, esses três meses foram melhores ou piores do que tinha imaginado?
jogo de zumbi FHC - Acho que piorou no seguinte sentido: não vi nada.
jogo de zumbi BBC News Brasil - É pior do que o senhor esperava?
jogo de zumbi FHC - É.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O que o senhor esperava?
jogo de zumbi FHC - Um caminho. Vamos pegar uma coisa concreta. O setor econômico do governo parece ter um caminho, posso concordar ou não, mas é um caminho. Só que não vi esse caminho se transformar numa realidade congressual. E vivemos numa democracia, não adianta eu saber. Tem que fazer com que os outros estejamjogo de zumbiacordo e votem do meu lado. Não vejo organização no Congresso para isso.
Fui ouvir o debate com o ministro da Economia no Senado. Bom, ele dizia coisa com coisa, né? Abstratamente. Agora, quando chegava o negócio da política, ele dizia "mas não é meu terreno". Como não é seu terreno? Ou tem o terreno da política ou não existe a transformação do governo num objetivo e num processo. Só se transforma num processo quando você atua sobre os outros e tem o consentimento, a adesão dos outros.
Nos outros setores, [fora o econômico] você não vê nada. Você uma coisa idílica... Escola Sem Partido. Não tem que ter partidojogo de zumbiescola mesmo, não cabe, mas traduzem issojogo de zumbiuma maneira antiquada. Todo mundo tem ideologia mesmo,jogo de zumbium jeito oujogo de zumbioutro. Você influencia o aluno queira ou não queira, mas você não pode organizadamente inculcar uma ideia no aluno. Sou contra isso aí. Mas a ideia do Escola Sem Partido é outro partido. Então, você vai tirar o evolucionismo e botar o criacionismo... Tenha paciência.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor citou recentemente a possibilidadejogo de zumbiquedajogo de zumbium presidente que não entende como se articula o Congresso. O senhor está falandojogo de zumbiBolsonaro? Vê riscojogo de zumbiqueda?
jogo de zumbi FHC - Sempre existe. Sempre fui, pessoalmente, muito renitente à ideiajogo de zumbiimpeachment. Lembro-me do caso do presidente Lula, por causa do mensalão. Quando o tema veio à baila, eu era contrário. Não porque tivesse dúvida quanto ao mau procedimento e ao combate do mensalão, mas digo "meu Deus, vamos colocar para fora da Presidência um homem que foi líder sindical, ganhou as eleições, que tem enraizamento popular"? Isso deixa uma marca na história.
Na minha cabeça, naquela época, eu comparava com Getúlio Vargas. Eu era menino no tempo do Getúlio, quando derrubaram o Getúlio. Vocês não imaginam a tensão que havia na política brasileira, na vida brasileira, entre Getúlio e anti-Getúlio, nas famílias, era uma coisa insuportável. Eu disse "bom, vamos repetir isso aqui?". Historicamente não é bom.
No caso da Dilma Rousseff, nunca fui fanático pelo impeachment, embora houvesse elementos, como havia no caso do Lula. Porque você tem que pensar que é uma coisa complicada. Depois da Constituiçãojogo de zumbi88, eleitos pelo voto direto foram o Collor, que sofreu impeachment; eu, que consegui (concluir dois mandatos); o Lula, que conseguiu, mas está na cadeia. A Dilma sofreu impeachment. E agora o Bolsonaro.
É uma coisa complicada do pontojogo de zumbivista nacional. Por que alguns conseguiram? Eu fiquei oito anos, na verdade fiquei dez porque no tempo do Itamar eu tinha muito controle. O Lula ficou mais que oito, porque no tempo da Dilma ele tinha controle. Por quê? Porque,jogo de zumbimaneiras diferentes, tanto eu como o Lula conhecíamos as forças da sociedade. Se você não entender a diversidade e necessidadejogo de zumbiter apoio, você perde a força. E quando é o impeachment? Quando não tem apoio.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Apoio que se consegue com articulação política.
jogo de zumbi FHC - É, articulação. É uma questãojogo de zumbitodos os governos, não só no Brasil. Mesmo nas ditaduras você tem que ter apoio. Pega a ditadura aqui no Brasil, não tinha apoio? Tinha. Pode não ser o apoio que você deseja, não é voto, mas tem que ter apoiojogo de zumbialguns grupos da sociedade. Aqui temos um regime democrático, que precisajogo de zumbivoto, e os parlamentares nesse regime têm peso. E temos tremenda dificuldade hoje com uma fragmentação partidária sem tamanho; quando você não tem essa fragmentação é mais fácil discutir o apoio.
Como você discute apoio? A pior maneira feita aqui foi comprar, com dinheiro, que é insustentável e corrompe tudo, não só as pessoas como as instituições. Mas você tem que negociar: você estájogo de zumbiacordo? Quem está do meu lado? Se você estiverjogo de zumbiacordo, você vai ser ministro. Mas no Brasil se criou a ideiajogo de zumbique fazer acordo é crime, corrupção. Aí não tem como governar, só com a ditadura. Como é que faz? Quem ganhou manda?
Sempre disse isso: tem que ser com basejogo de zumbium programa. Quando não tem programa, e esse programa não tem apoio da sociedade, o governo fica muito frágil, e o Congresso derruba.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor vê esse risco para Bolsonaro,jogo de zumbinão terminar o mandato?
jogo de zumbi FHC - Espero que não, porque o Brasil precisajogo de zumbicontinuidade, precisa que as instituições se reforcem. Então não torço por esse lado, nem estou vendo que isso possa ocorrer já. Não gostaria que isso ocorresse, na verdade, por questões históricas. Mas acho que o governo tem que andar depressa.
Costumo fazer uma comparação grosseira, do cavalo e o cavaleiro. O Congresso e o Executivo é a mesma coisa. O Congresso fica te olhando lá: "esse cara não sabe montar a cavalo, e se não sabe, vou dar um pinote". Ejogo de zumbirepente dá um pinote e te tira. Então você tem que estar o tempo todo tentando convencer o Congresso e o povojogo de zumbium certo caminho.
Como é que você convence o Congresso? Tendo apoio popular fica mais fácil, porque o Congresso pensa na própria eleição. Segunda parte: você tem que compartilhar o poder e ter objetivos - o que estou propondo, o que vou fazer. Pega uma coisa essencial para o Brasil, a reforma da Previdência. Por que é essencial? Porque daqui a pouco o governo vai ter que emitir moeda, volta a inflação.
Já no meu tempo tentamos fazer [a reforma da Previdência], conseguimos um pouquinho. Cada um fez um pouquinho. Pouco a pouco, até no momento atual, a população começa a entender isso.
Para fazer uma reforma você tem que gastar muita saliva, e explicar muito para a população o porquê, para ganhar o apoio. Para o Congresso também te apoiar. O caminho mais fácil é você cooptar o Congresso, seja com cargos, seja com dinheiro. Mas não é o melhor. O melhor é você ter capacidade política para ganhar a luta na agenda. O que eu fiz no tempo do Real? Eu falei.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor dissejogo de zumbientrevistas que, no processojogo de zumbiaprovação do Plano Real, assumiu o papeljogo de zumbiarticulador como ministro da Fazenda quando o presidente Itamar Franco preferiu ficarjogo de zumbifora. Esse é um modelo que poderia funcionar para a reforma da Previdência? Guedes poderia ser o "FHC"jogo de zumbiBolsonaro?
jogo de zumbi FHC - Não do jeito que ele está pensando. Ele tem que ser político.
Eu era senador, então eu ia às bancadas todas do Congresso e discutia inclusive com a oposição, não tinha medojogo de zumbibicho papão, os enfrentava. E eu falava na televisão. Vou dar um exemplo: eu fui convidado uma vez para falar sobre o plano Real no programa Silvio Santos. Cheguei lá no barracão na marginal do rio Tietê, onde era o estúdio. Silvio estavajogo de zumbiuma salinha fazendo maquiagem e me chamou lá. Ele me dizia: repete. Eu repetia. Ele falava "ih, vai ser um desastre, não vão entender nada".
Ele acabou a maquiagem e entramosjogo de zumbium salão do auditório. Ele me disse "olha, minha audiência tem uma idade mentaljogo de zumbi12 anos. Em média". Ele foi lá e deu um show. Explicou muito melhor e mais apropriadamente do que eu seria capaz, para o auditório dele, o que era o Plano Real, a URV. Mas fui lá falar com ele. A questãojogo de zumbiobter apoio implicajogo de zumbiexplicar.
jogo de zumbi BBC News Brasil - E no que o senhor vê falhasjogo de zumbiGuedes? Ele foi falar no Congresso…
jogo de zumbi FHC - Sim, foi lá responder, respondeu bem, como um professor. Não falei como professor, falei como político. Se você falar como professor é uma coisa: quem entende é quem está na aula. E quem não estájogo de zumbiaula? Não estou dizendo que Guedes não seja capaz, estou falando que, até agora, não vi ninguém que explicasse dessa maneira.
Sendo líder, você tem que traduzirjogo de zumbimaneira que as pessoas sintam. Está faltando isso. Não é propaganda, é a crençajogo de zumbique o líder vai fazer aquilo. Alguém vai ter que assumir esse papel. Vou dar um exemplo que eu gosto muito, do Lula, no Palácio da Alvorada, falando sobre poluição.
"[Ele disse:] a poluição, vocês sabem, vem lájogo de zumbicima. A Terra é redonda e ela gira. Se ela fosse plana, a poluição seria um problema deles, porque são eles que poluem. Mas como ela gira, cai na nossa cabeça; então nós temos que proteger o meio ambiente". Ele explicou. Fundamento científico zero, mas a maneirajogo de zumbidizer "atenção, porque isso pegajogo de zumbivocê também" é assim.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O governo está gastando saliva nos lugares errados?
jogo de zumbi FHC - Sou prudente nessas coisas. Acho que tem que dar um poucojogo de zumbitempo ao tempo para ver como o governo vai atuar. O estilojogo de zumbicomunicação que vejo no presidente é a internet. Não é minha área, não sei dizer se está funcionando, se não está funcionando.
Mas quando sai da internet e vai falar, é um estilo mais "o homem comum". Pode pegar? Pode. Mas precisa falar, repetir,jogo de zumbiuma maneira mais fácil, mais direta. Na reforma da Previdência, o presidente tem que se meter. Ou algum ministro que seja quase presidente, que a gente saiba que quando ele está falando, está falando pelo governo. Isso não é só aqui, é no mundo todo onde há democracia.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Mas o presidente tem declarado que ele já fezjogo de zumbiparte ao entregar a proposta ao Congresso. Disse que, por ele, nem seria favorável à reforma.
jogo de zumbi FHC - Acho que ele está errado. Isso está errado. É porque ele vemjogo de zumbiuma corporação e todas as corporações ficam com preocupação quando muda a Previdência, eu entendo. Soujogo de zumbiuma família que tem muitos militares. Você não imagina a dificuldade que eu tive com a reforma da Previdência, [com] minha irmã, meus irmãos. [Eles diziam:] 'meu pai contribuía, tenho direito'. E o que eu dizia? Eu lavo as mãos? Alguém vai ter que botar a mão na massa.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Como os empresários e o mercado têm percebido o governo nessa situação?
jogo de zumbi FHC - Não tenho tanta familiaridade, mas o que posso dizer é: o mercado e o Congresso têm uma conversajogo de zumbisurdos. Um não entende o outro e adivinha, aposta. Muitas vezes o mercado aposta que vai haver tal coisa que é inviável, e o Congresso é absolutamente insensível ao nervosismo do mercado. Então é por isso que precisajogo de zumbialguém que faça pontes, explique.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Na semana passada, a revista britânica The Economist chamou Bolsonarojogo de zumbi"aprendizjogo de zumbipresidente", dizendo que faltava a ele conhecimento sobre o próprio emprego. O senhor concorda?
jogo de zumbi FHC - Não estou lá próximo para saber como ele tem desempenhado. O que vi foijogo de zumbiDavos, [quando] perdeu uma oportunidade. Agora foi lá para Israel e prometeu que ia abrir uma embaixada, recuou para abrir um escritório, provavelmente desagradou aos dois lados. Nos EUA, ele foi muito pró, foi pró demais.
Acredito que tem que se dar tempo ao tempo. A verdade é que ele esteve por muitos anos no Congresso. Eu tive escolinhajogo de zumbipresidente: porque eu fui líder [durante o governo] Sarney, depois veio Itamar que era meu colega, vi [a política] maisjogo de zumbiperto. Não é necessário isso, o Lula nunca foi tão perto e aprendeu. A Dilma não aprendeu. Para você ver que tem alguma coisa que depende do estilo da pessoa. Mas acho que é cedo para dizermos "é assim". E temos um ministro do Exterior que quando fala, complica, né... (risos).
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor já declarou que não está vendo oposição ao governo.
jogo de zumbi FHC - Sójogo de zumbidentro do próprio governo.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Durante a eleição, o senhor disse que não apoiaria nem Bolsonaro nem o PT, por tratarem-sejogo de zumbi"dois extremos", e foi criticado por não ter se posicionado. Só se disse oposiçãojogo de zumbijaneiro.
jogo de zumbi FHC - Eu nunca apoiei o Bolsonaro, não era isso. Mas estoujogo de zumbiuma situação difícil. O PT deu com os burros n'água, levou o Brasil a um desastre enorme. As ideias não mudaram, eu não quero.
Por outro lado, eu não acreditava também no voluntarismo do Bolsonaro. Mas nunca apoiei. Não torço contra o Brasil, nunca. Não é que necessariamente vai fazer bobagem, vamos ver. Tomara que não faça. Se fizer, eu estou contra.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Mas najogo de zumbianálise dos primeiros três meses…
jogo de zumbi FHC - É como eu disse, não vejo caminho.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Nesta semana, Paulo Vieirajogo de zumbiSouza, acusado pelo MPFjogo de zumbiser operadorjogo de zumbipolíticos do PSDBjogo de zumbiSão Paulo, assumiu ter quatro contas na Suíça. O senhor acha que o PSDB pode voltar a se diferenciar dos outros partidosjogo de zumbitermosjogo de zumbiética?
jogo de zumbi FHC - Vamos ver, eu leio toda hora "o Paulo Preto é operador do PSDB". Não é verdade. Quem é o tesoureiro do PSDB? Não sei, não é uma figura importante, nem o Paulo Preto jamais foi ligado a um tesoureiro do PSDB. Pode ter sido usado por pessoas do PSDB, o que é diferentejogo de zumbiconstituir o elo entre a corrupção e o partido.
Agora, houve casos que comprometem o partido, a crítica recai, todo o sistema foi alcançado por essas críticas. Qual vai ser o futuro dos partidos? Ou se renovam efetivamente e têm lideranças que expressam essa renovação ou vão continuar o que são: máquinasjogo de zumbifazer voto.
jogo de zumbi BBC News Brasil - O senhor já disse que não gostajogo de zumbiver o presidente Lula preso.
jogo de zumbi FHC - Nem ele, nem nenhum.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Agora vai fazer um ano da prisão dele. Como vê esse processo?
jogo de zumbi FHC - Uma coisa é o sentimento pessoal: não gostojogo de zumbiver pessoas que eu conheço na cadeia. Mas, no Brasil, as regras existem. Está preso porque foi condenadojogo de zumbisegunda instância. Antigamente pela Constituição diziam que você só poderia ser preso quando o processo transitassejogo de zumbijulgado.
O Supremo Tribunal voltou [com] uma interpretação que já existia e diz o seguinte: [trânsito]jogo de zumbijulgado quer dizer o quê? Quando você vaijogo de zumbisegunda instância e é a última na qual se apresentam provas sobre o fato. A partir daí, a interpretação é jurídica.
Então pode prender, e depois apela da cadeiajogo de zumbiquestões jurídicas. O Lula está presojogo de zumbiacordo com essas regras. Não posso ser contra as regras, seria contra a democracia. Ele não está preso arbitrariamente.
Houve um arbítrio agora? Houve. Quando prenderam o presidente Temer, arbitrariamente, porque não havia, a meu ver, a necessidadejogo de zumbidaquele espetáculo.
jogo de zumbi BBC News Brasil - A bandeira Lula Livre, que a esquerda defende, é uma arbitrariedade na opinião do senhor?
jogo de zumbi FHC - É uma bandeira, né,jogo de zumbiluta política. Acho que a partirjogo de zumbicerta idade, digamos,jogo de zumbi70, 75 anos, deveria ficar presojogo de zumbicasa. Mas aí tem que ser uma regra, não é para A, B ou C, não é porque foi presidente, é porque tem a idade.
jogo de zumbi BBC News Brasil - Há uma críticajogo de zumbirelação à Lava Jato, da espetacularização das prisões.
jogo de zumbi FHC - No caso do Lula, ele foi condenado.
Vou dar um exemplojogo de zumbium que é do meu partido. Eduardo Azeredo, foi governadorjogo de zumbiMinas Gerais. Foi condenado a 21 anosjogo de zumbicadeia. O que o Eduardo Azeredo fez? Houve um alguém... Um ex-ministro do Lula [Walfrido Mares Guia, segundo denúncia da procuradoria-geral da República - ele nega as acusações] e um presidentejogo de zumbiuma importante federação empresarial fizeram um contrato com o governo dele para usar o dinheiro na campanha dele. Está errado. Preso está ele, não estão os outros. Está injusto.
Mas ele está preso porque foi condenado, não posso sair por aí [dizendo] "libere ele". É um momento triste do Brasil. Necessário, porque a corrupção contaminou tudo, os partidos, as lideranças, a máquina pública, as empresas. Necessário. Tem abuso? Pode ter, mas qualquer [abuso] tem que ser coibido.
Nota da edição: Após a publicação da reportagem, a assessoriajogo de zumbiimprensa do empresário Walfrido Mares Guia entroujogo de zumbicontato com a reportagem para afirmar que a denúncia da PGR no casojogo de zumbiquestão ocorreujogo de zumbinovembrojogo de zumbi2007, quando Mares Guia ocupava a Secretariajogo de zumbiRelações Institucionais do governo federal. Imediatamente, renunciou ao cargo para se dedicar à defesa da biografia. A assessoriajogo de zumbiimprensajogo de zumbiMares Guia destaca ainda que,jogo de zumbijaneirojogo de zumbi2014, a denúncia foi prescrita pela Justiçajogo de zumbiMinas Gerais; a nota acrescenta ainda que Walfrido dos Mares Guia se afastou da vida públicajogo de zumbi2014, após se desligar do PSB. Atualmente, integra os Conselhosjogo de zumbiAdministração das empresasjogo de zumbicapital aberto Kroton e Biomm.
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