Massacreaviator galera betescolaaviator galera betSuzano: Padrãoaviator galera betatiradores envolve criseaviator galera betmasculinidade e fetiche por armas, dizem especialistas:aviator galera bet

Vigíliaaviator galera bethomenagem às vítimas do tiroteioaviator galera betescolaaviator galera betSuzano

Crédito, EPA

Legenda da foto, Atiradoresaviator galera betcasos como oaviator galera betSuzano e Nova Zelândia geralmente acumulam sentimentos mal resolvidosaviator galera betfrustração e alienação social

Outra característica importante: eles costumam ter acesso a armas e/ou fetiche por elas.

Sandy Hook Elementary School

Crédito, TIMOTHY A. CLARY/AFP

Legenda da foto, 20 crianças pequenas morreramaviator galera betataque à escola primária Sandy Hook,aviator galera betConnecticut. nos Estados Unidos,aviator galera bet2012

Armados, esses homens frequentemente fazem alguma postagem ou retrato público que antecipa os ataques - um dos assassinosaviator galera betSuzano postou fotosaviator galera betsi mesmo no Facebook com máscaras e armas que parecem ter sido usadas no ataque à escola.

Depois, ocorre o atoaviator galera betviolênciaaviator galera betsi, geralmente praticadoaviator galera betlugares com alta concentraçãoaviator galera betpessoas e aparentemente aleatórios - mas que muitas vezes são também simbólicosaviator galera betsua frustração social.

Os atiradoresaviator galera betSuzano, por exemplo, eram ex-alunos da escola Professor Raul Brasil, onde realizaram o atentado, segundo informou a Secretariaaviator galera betSegurançaaviator galera betSão Paulo. Um deles foi expulso da escola no ano passado, deu a entender o secretário da pasta, João Camilo Piresaviator galera betCampos.

No caso dos atentados na Nova Zelândia, um dos atiradores - o que filmou o atentado na mesquita com uma câmera presa à cabeça - tinha uma forte retórica anti-imigrantes e anti-islâmica.

Por fim, o "roteiro"aviator galera betatiradoresaviator galera betmassa muitas vezes termina com o suicídio dos perpetradores. É o que parece ter ocorridoaviator galera betSuzano: as investigações apontam que um dos atiradores matou o outro eaviator galera betseguida se suicidou.

Reconhecimento midiático

As razões por trás do ataque na escola paulista ainda estão sendo investigadas pela polícia, que busca pistas para entender o que levou os dois ex-estudantes a entrarem atirando na escola, atingindo vítimas aparentemente aleatórias.

Mas, segundo o delegado-geral encarregado do caso, Ruy Ferraz Fontes, a motivação parece ser uma busca por reconhecimentoaviator galera betparte da comunidade. "Eles queriam demonstrar que podiam agir como (no massacreaviator galera bet1999)aviator galera betColumbine, com crueldade", disse ele à imprensa.

Em geral, "existe,aviator galera betfato, um roteiro seguidoaviator galera betataques desse tipo", diz à BBC News Brasil Gabriel Zacarias, que é professoraviator galera betHistória na Unicamp e estudiosoaviator galera betcasos recentesaviator galera betextremismo islâmico na França (abordados no livro No Espelho do Terror: Jihad e Espetáculo; ed. Elefante, 2018). "A escola muitas vezes é identificada como um lugaraviator galera betopressão e ressentimento, e atiradores costumam ter alguma relação traumática não elaborada com aquele lugar. Existe, muitas vezes, uma dificuldade (dos perpetradores)aviator galera betse inserir no normalmente aceitável."

Zacarias é autoraviator galera betlivros e artigos que analisam esses massacres sob a ótica da espetacularização, ou seja, da busca dos perpetradores por atenção e reconhecimento midiáticos.

No caso da Nova Zelândia, essa espetacularização é ainda mais evidente por conta da transmissão dos atos via Facebook por um dos atiradores, "algo que remete a uma cenaaviator galera betum filmeaviator galera betação ou a um videogame e, inclusive, é uma técnica que foi usada também pelo (grupo autodenominado) Estado Islâmico. Isso só mostra que a divisãoaviator galera betlados, nesse fenômeno, é algo ilusório: o modus operandi (dos atiradores) é o mesmo, por se trataraviator galera betum fenômeno global, com raízes parecidas."

Menina reza por vítimasaviator galera betmassacreaviator galera betescolaaviator galera betSuzano

Crédito, EPA

Legenda da foto, Especialistas ressaltam que uma das motivações desse tipoaviator galera betmassacre é a buscaaviator galera betatenção, fama e notoriedade

Armas e poder

Em paralelo à representação midiática, existe também uma busca por armas como um anseioaviator galera betempoderamento.

"O momentoaviator galera betque os atiradores se armam é uma espécieaviator galera betfantasia, quando acreditam que vão ter uma sensaçãoaviator galera betpotência. Antesaviator galera betrealizar os ataques, eles, então, posam como guerreiros (em fotos nas redes sociais), como se estivessem assumindo uma identidade heróica, embora não haja nada mais covarde do que atos desse tipo", prossegue o pesquisador.

O suicídio, nessa narrativa, é aparentemente visto pelos atiradores como o momentoaviator galera bet"glória e reconhecimento" que eles não tinham conseguidoaviator galera betvida. Como esses atiradores sabem que seus atos receberão grande atenção da mídia e da sociedade, "eles tentam criar uma autoimagem 'gloriosa'", explica Zacarias.

Para o professor e pesquisador, "ataques desse tipo já ocorriam muito antesaviator galera betas redes sociais existirem, mas com as redes isso fica muito mais palpável: ele (atirador) produz a própria imagem e sabe como ela vai ser divulgada".

"Quem comete um atentado sabe que vai ser apresentadoaviator galera betuma determinada maneira na imprensa, nos telejornais, nas redes sociais jihadistas. Vai ter um 'momentoaviator galera bet'triunfo'."

Alguns desses elementos estão presentes também nos atentados extremistas realizados contra alvos popularesaviator galera betcidades europeias. No caso da França, o mais estudado por Zacarias, os perpetradores "geralmente sãoaviator galera betum estrato social mais baixo eaviator galera betfamíliaaviator galera betorigem imigrante, (sob) preconceito e dificuldadeaviator galera betascensão social. (...) Parecem ter encontrado no terrorismo uma formaaviator galera betdar um sentido mais nobre a uma vida que já estava fora da norma".

'Raiva masculina'

Essa é uma teoriaaviator galera betmeio a diversos estudos sobre perfisaviator galera betatiradores e sobre as questõesaviator galera betfundo que os levam a fazer o que fazem, algo bastante estudado nos EUA, onde o problema se tornou quase epidêmico nas últimas duas décadas. Sóaviator galera bet2018, atiradoresaviator galera betescolas deixaram 113 pessoas mortas ou feridas. O país registrou,aviator galera betmédia, um massacre a cada oito dias do calendário escolar.

Alguns estudos sugerem haver por trásaviator galera betmuitos dos casos uma possível "criseaviator galera betmasculinidade",aviator galera betque jovens homens,aviator galera betgeral brancos, que se sentem desconectados da sociedade acabam encontrando na violência e na culturaaviator galera betexaltaçãoaviator galera betarmasaviator galera betfogo uma formaaviator galera betse autoafirmarem.

Jaclyn Schildkraut

Crédito, Jim Russell/SUNY Oswego

Legenda da foto, Para Jaclyn Schildkraut, excessoaviator galera betatenção acaba recompensando autores ao torná-los famosos e pode inspirar novos ataques

"Investigadores dizem que massacres escolares se tornaram o equivalente americano a atentados suicidas com bombas - não apenas uma tática, mas uma ideologia", diz reportagemaviator galera bet2018 do jornal americano The New York Times sobre o tema. "Jovens homens, muitos deprimidos, alienados ou perturbados mentalmente, são atraídos pela subculturaaviator galera betColumbine (palco do marcante massacre escolaraviator galera bet1999, que deixou 15 mortos, incluindo os perpetradores, e deu início a uma ondaaviator galera betataques semelhantesaviator galera betoutras escolas) porque a veem como uma formaaviator galera betdescontar (sua raiva) contra o mundo e obter a atençãoaviator galera betuma sociedade que eles acreditam que os trata com bullying, os ignora ou não os entende."

A reportagem do New York Times citava como exemplo um vídeo feito pelo atirador do massacreaviator galera betParkland, na Flórida, que deixou 17 mortos. "Vai ser um grande evento. Quando você me vir no noticiário, saberá quem eu sou", dizia ele no vídeo.

Faltaaviator galera betredeaviator galera betapoio

Em palestraaviator galera bet2014, o professoraviator galera betJustiça Criminal Eric Madfis, estudiosoaviator galera betataquesaviator galera betescolas pela Universidadeaviator galera betWashington Tacoma, levantou questões semelhantes. Disse que massacres nos EUA costumam não ser causados por algo isolado, mas sim um conjuntoaviator galera betfatores: a maioria dos perpetradores são homens que sofreram algum tipoaviator galera betbullying ou isolamento social; muitos buscam um reforçoaviator galera betsua masculinidade nas armasaviator galera betfogo; alguns tinham históricoaviator galera betproblemas mentais, embora isso fosse na minoria dos casos que ele analisou.

"Eles sofriam frustraçõesaviator galera betlongo prazo, algo que acontece com muita gente, mas a diferença é que a maioria das pessoas tem alguémaviator galera betquem se apoiar positivamente quando isso ocorre. (Porém), muitos perpetradores tinham como amigo apenas alguém que os estimulasse a praticar violência", afirmou o pesquisador americano.

Em geral, disse ele, os atiradores também passavam por um momentoaviator galera betruptura - ser demitido ou expulso da escola, por exemplo.

E costumavam planejar extensa e minuciosamente seu atoaviator galera betviolência.

"Eles às vezes passam dias, semanas planejando o ataque. Os atiradoresaviator galera betColumbine planejaram por maisaviator galera betum ano. Eles costumam fantasiar a respeito do dia (do ataque) e nesse processo se sentem fortes e masculinos."

"Tantoaviator galera betmassacresaviator galera betescolas quantoaviator galera betatosaviator galera betterrorismo doméstico, os perpetradores usam armas e/ou cometem violência para se constituírem como 'durões', 'homensaviator galera betverdade'. Também usam a imprensa para criar espetáculosaviator galera betterror e firmar-se como celebridades", escreveuaviator galera betartigo o pesquisador Douglas Kellner, da Universidade da Califórniaaviator galera betLos Angeles, também autoraviator galera betobras sobre massacres desse tipo.

"Temosaviator galera betnos tornar mais crítico dos roteiros midiáticosaviator galera bethiperviolência e hipermasculinidade que são projetados como modelosaviator galera betcomportamento para homens ou que ajudem a legitimar a violência como modoaviator galera betresolver crises pessoais e problemas", sugere ele.

Gabriel Zacarias, da Unicamp, levanta outros dois pontos. O mundo passa atualmente por uma crise estrutural econômica que,aviator galera betcomunidades conservadoras, afeta autoimagem dos homens como "provedores do lar" e muitos homens não são encorajados a lidar com suas emoções e frustraçõesaviator galera betoutras formas que não pela violência e brutalidade.

"Para muitos, a violência é aceita como positiva e como sinalaviator galera betvirilidade, e impor-se por meio dela costuma ser visto como algo heróico", avalia.

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