'Pensamento crítico não é copiar críticas dos outros': especialistas debatem meiosweb pokerstarscombate às 'fake news':web pokerstars

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Crédito, Rodrigo Ono/BBC

Legenda da foto, No debate, da esq. para a dir., o mediador Ricardo Senra, a pesquisadora Yasodara Córdova, a professora Cláudia Costin, a jornalista Nathalia Arcuri, o jornalista Octavio Guedes e a jornalista Camila Marques

web pokerstars Como interromper a propagaçãoweb pokerstarsboatos e notícias falsas na internet?

Para um grupoweb pokerstarscinco jornalistas, pesquisadores e influenciadores digitais reunidos pela BBC News Brasil no seminário "Beyond Fake News - Em Buscaweb pokerstarsSoluções", a resposta passa por educar melhor os leitores,web pokerstarsum lado, e por tornar conteúdo da imprensa mais atraente, mantendo a credibilidade.

Cláudia Costin é hoje diretora do Centroweb pokerstarsExcelência e Inovaçãoweb pokerstarsPolíticas Educacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Filhaweb pokerstarsimigrantes romenos e netaweb pokerstarssobreviventes do Holocausto, ela contou ter ouvido relatos sobre o usoweb pokerstarsnotícias falsas para criar ódio contra minorias.

Segundo ela, este costuma ser um dos objetivos por detrás da produção dos boatos - incitar ódio, motivar a guerra e atingir objetivos políticos seriam outros.

Costin defende que a melhor formaweb pokerstarscombate à doutrinação e às notícias falsas é ensinar a pensar criticamente e discutir políticas públicas.

Para ela, "pensamento crítico é aprender a pensar criticamente, e não copiar a crítica que o outro faz. E combater doutrinação não é criar uma lei que tire a voz dos professores [referência ao projeto Escola sem Partido], porque isso não vai resolver, mas sim ensinar a pensar".

Costin afirmou ainda que as notícias falsas são usadas também para desviar a atenção do públicoweb pokerstarsquestões mais prementes, como saúde e educação.

"Se eu começo um debate eleitoral como fez [o presidente americano] Donald Trump falandoweb pokerstarsemails da [adversária democrata na eleiçãoweb pokerstars2016] Hillary Clinton, eu não discuto o que vai ser feitoweb pokerstarsoutras áreas, como saúde, educação e infraestrutura", diz ela, que foi ministraweb pokerstarsAdministração e Reforma do Estado durante o governoweb pokerstarsFernando Henrique Cardoso (PSDB),web pokerstars1995 a 2002.

Camila Marques, responsável pelas estratégias digitais da Folhaweb pokerstarsS. Paulo, comparou o ambienteweb pokerstarsfake news a um esgoto a céu aberto. Para ela, é necessário dar saídas a quem sofre com a desinformação, mas o problema só será resolvido por "obrasweb pokerstarsinfraestrutura": nessa analogia, a solução para o problema das notícias falsas passa pela educação.

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Crédito, Rodrigo Ono/BBC

Legenda da foto, Para especialista, soluções contra desinformação passam por educar melhor os leitores,web pokerstarsum lado, e por tornar conteúdo da imprensa mais atraente, mantendo a credibilidade

Neutralidade da redeweb pokerstarsjogo

A alienação do público no ambiente democrático passa também pelas redes sociais, afirmou Yasodara Córdova, pesquisadora-sênior sobre desinformação e dados na Digital Harvard Kennedy School.

Segundo ela, o acesso à informação acaba prejudicado quando redes sociais como o Facebook ferem a neutralidade da rede - isto é, o princípio segundo o qual um provedorweb pokerstarsinternet deve fornecer aos consumidores acesso igualitário a todo conteúdo.

"No Brasil, 60% dos celulares são pré-pagos e têm acesso grátis a essas redes sociais, oferecido pelas operadoras [que não descontam do pacoteweb pokerstarsdados o acesso a esses serviços]. Então, essas pessoas que usam pré-pago ficam rendidas a essas fontesweb pokerstarsinformação e interação."

Para ela, as pessoas recebem as informações por essas plataformas, mas não saem dali para ler a notícia inteira ou mesmo checar informações por causaweb pokerstarsdiversas barreiras, a exemplo da econômica.

Nathalia Arcuri, jornalista e fundadora do Me Poupe!, plataformaweb pokerstarsfinanças pessoais e educação financeira que inclui um canal no YouTube com 3,2 milhõesweb pokerstarsseguidores, defende uma aproximação dos leitores a partirweb pokerstarsmudançasweb pokerstarsparadigmas jornalísticos, como uma linguagem dura e objetiva que se aproxima mais da academia que do leitor.

"Além da informação certa e apurada, é preciso torná-la atraente, sedutora e quase sensual a pontoweb pokerstarsatrair as pessoaa para aquelas informações", afirmou. Para ela, a grande mídia precisa ter intençãoweb pokerstarsse aproximar do público e trabalhar pela educação dele.

Modeloweb pokerstarsnegócios 'tradicional' atrapalhou

Octavio Guedes, jornalista da GloboNews, avaliou que o modeloweb pokerstarsnegócio capazweb pokerstarsfinanciar o jornalismo profissional é baseado principalmenteweb pokerstarscredibilidade. "Você pode até ter um monteweb pokerstarsclique, mas isso é fácil e efêmero. Jornalismo viveweb pokerstarsrelevância e credibilidade."

Para ele, a estratégiaweb pokerstarsnegócio adotada pela grande mídia favoreceu,web pokerstarscerta medida, a disseminaçãoweb pokerstarsnotícias falsas porque a internet foi considerada inicialmente uma ameaça aos veículos, e não uma oportunidade.

Guedes também fez considerações sobre os ataques sofridos por jornalistas no exercício da função, no Brasil - recentemente, ele próprio foi alvoweb pokerstarsataques nas redes depoisweb pokerstarsum blog postar uma fotoweb pokerstarsalmoçando com o chefe do Ministério Público do Estado do Rio, Eduardo Gussen. Entre outros casos, o MP-RJ apura as suspeitasweb pokerstarscorrupção envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) - filho do presidente Jair Bolsonaro - e seu ex-assessor Fabrício Queiroz.

O profissional relembrou uma ocasião, nos anos 1990, quando o então governador interino do Rioweb pokerstarsJaneiro cancelou uma entrevista coletiva por causa da presençaweb pokerstarsGuedes. "Eu voltei para a redação bufando. Meu editor da época me disse. 'Cara, faz o que você sabe fazer. Faça jornalismo'. E é isso. Agora, me sinto da mesma maneira. Indignado, mas com a consciênciaweb pokerstarsque não podemos entrar no jogo. De ver o outro como inimigo político, como adversário. Nós não somos isso", disse ele.

O que são 'fake news'

A BBC considera fake news informações falsas distribuídas intencionalmente, geralmente com fins políticos ou comerciais. "O propósito é convencer as pessoas a pensaremweb pokerstarsuma certa maneira, a votaremweb pokerstarsuma certa maneira, ou ganhar dinheiroweb pokerstarspublicidade toda vez que alguém clicaweb pokerstarsum conteúdo fraudulento", disse o diretor do BBC World Service Group, Jamie Angus na abertura do evento.

Jamie Angus
Legenda da foto, O diretor do BBC World Service Group, Jamie Angus, afirma que o combate às fake news é uma prioridade para a organização

Ele afirmou que, no Brasil, a desinformação compartilhada nas redes pode causar mortes - assim como informações falsas sobre sequestrosweb pokerstarscrianças provocaram uma sérieweb pokerstarslinchamentos na Índia e no México.

"Comunidadesweb pokerstarsfavelas recebem rumores falsos sobre onde tiroteios ocorrem, vítimas são injustamente associadas à criminalidade numa tentativaweb pokerstarsjustificar essas mortes."

Ele citou reportagens da BBC News Brasil que expuseram táticasweb pokerstarsdisseminaçãoweb pokerstarsfake news, entre as quais a criaçãoweb pokerstarsperfis falsos para manipular a opinião pública nas eleiçõesweb pokerstars2010 e 2014.

Beyond Fake News

Desde o início da manhã desta terça-feira, a BBC News Brasil realiza o seminário "Beyond Fake News - Em Buscaweb pokerstarsSoluções", para discutir o avanço da desinformação no Brasil e no mundo.

O projeto é realizado pelo Serviço Mundial da BBC, que transmite conteúdoweb pokerstarsmaisweb pokerstars40 idiomas ao redor do mundo. O Brasil é o quarto país a receber a iniciativa, que já foi realizada na Índia, no Quênia e na Nigéria.

O evento - gratuito e aberto ao público - está sendo realizado no auditório do Centro Brasileiro Britânico,web pokerstarsSão Paulo.

A falaweb pokerstarsabertura ficou a cargo do diretor do World Service Group, Jamie Angus, e o evento tem representantes da academia, das redes sociais, do Jornalismo e da Educação.

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