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Gatos voltam à vida selvagem e ameaçam espécies nativasroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha:roletas de apostas
"Isso representa uma das maiores densidadesroletas de apostasgatos já registradasroletas de apostasambientes insularesroletas de apostastodo o mundo", diz a pesquisadora Tatiana Micheletti, do Instituto Brasileiro para Medicina da Conservação (Tríade), uma associação civil sem fins lucrativos que trabalha para o controleroletas de apostasespécies exóticas na ilha.
"A faltaroletas de apostascuidado por parte dos proprietários, associada ao instintoroletas de apostasautossuficiência, à alta capacidade reprodutiva e à ofertaroletas de apostasrecursos possibilita a esses animais caçarem espécies endêmicas e ameaçadas."
Problema crescente
Além dos felinos, há outras espécies invasorasroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha, que também estão causando danos, masroletas de apostasmenor escala. "Da fauna, temos um grande número delas, como, por exemplo, a garça-vaqueira (Bulbucus ibis), o lagarto teiú (Salvator merianae), lagartixas (Hemidactylus mabouia), o sapo-boi (Rhinella jimmi), pererecas (Scinaxsp.), ratos (Rattus rattus e R. norvegicus) e camundongos (Mus musculus)", conta o analista ambiental Ricardo Araújo, do Instituto Chico Mendesroletas de apostasConservação da Biodiversidade (ICMBio), coordenadorroletas de apostasPesquisa e Manejoroletas de apostasExóticas do Parque Nacional Marinhoroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha.
Entre as plantas, a leucena (Leucaena leucocephala), também conhecida como linhaça, é a que causa mais problemas. "Ela é bastante eficiente, resistente e está muito disseminada na ilha", diz Araújo.
"Essa planta competeroletas de apostasforma bastante agressiva com as nativas e,roletas de apostasalguns lugares, como as praias da Árearoletas de apostasProteção Ambiental (APA)roletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha, ela já é predominante. Em outros locais, só encontramos leucenas na vegetação."
Mas a espécie invasora que mais preocupa é mesmo o gato. Segundo a pesquisadora Tainah Guimarães, do Centro Nacionalroletas de apostasAvaliação da Biodiversidade eroletas de apostasPesquisa e Conservação do Cerrado (CBC), também do ICMBio, há três tipos deles no arquipélago: domésticos ou domiciliados (aqueles que têm dono e casa); animais errantes ou peridomiciliados (que não possuem donos e vivem nas vilas pertoroletas de apostaspousadas e restaurantes, e são alimentados por todos); e os ferais ou asselvajados (sem donos e que vivem na mata, sem interação com humanos).
Esses últimos são a demonstração clararoletas de apostasuma das características da espécie. Mesmo domesticados e convivendo com seres humanos, eles nunca perderam totalmente seus instintos naturais. Se forem soltos na natureza, eles se viram muito bem sem a ajuda das pessoas.
Por isso, há quem diga que ele é o mais selvagem dos animais domésticos e nunca chegou a ser domesticado totalmente. Outros acreditam que foram eles que escolheram os humanos para conviver, e não o contrário.
Seja como for,roletas de apostasacordo com Tainah, os domésticos e os errantes predam diversos lagartos e aves nativas todos os dias. "Algumas pessoas residentes e visitantes não percebem esse impacto, porque são predadores pequenos, mas as populaçõesroletas de apostasanimais abatidas o sentem."
"No caso dos ferais, eles vivem e se alimentam basicamente da natureza. Em Fernandoroletas de apostasNoronha, estão nas áreas do parque, que são as mais preservadas. Entre suas presas favoritas está a mabuia (Trachelepys atlantica), uma espécieroletas de apostaslagarto endêmica do arquipélago."
Esses gatos também têm colocadoroletas de apostasrisco a sobrevivênciasroletas de apostasvárias espéciesroletas de apostasaves. "Eles causam danos diretos por meio da predaçãoroletas de apostasindivíduos adultos ou filhotesroletas de apostascinco delas listadas como ameaçadasroletas de apostasextinção", conta Araújo.
"Dessas, duas são terrestres endêmicas do arquipélago, o sebito (Vireo gracilirostris) e a cocoruta (Elaenia ridleyana), e três marinhas, o rabo-de-junco-de-bico-laranja (Phaethon lepturus), o atobá-de-pés-vermelhos (Sula sula) e a noivinha (Gygis alba)."
Avesroletas de apostasperigo
Segundo Araújo, foram observados por pesquisadores do Instituto Tríade,roletas de apostasdiferentes ocasiões entre os anosroletas de apostas2014 e 2016, repetidos ataquesroletas de apostasgatos ao rabo-de-junco-de-bico-laranja. Isto principalmenteroletas de apostasáreasroletas de apostasnidificação da ave no parque nacional na ilha principal do arquipélago.
"Esse impacto é um agravante significativo ao estadoroletas de apostasconservação dessa espécie no Brasil, pois Fernandoroletas de apostasNoronha é o principal localroletas de apostasreprodução dela, assim como do atobá-de-pés-vermelhos e da noivinha no Atlântico Sul."
Para a médica veterinária Patrícia Pereira Serafini, do Centro Nacionalroletas de apostasPesquisa e Conservação das Aves Silvestres (CEMAVE), do ICMBio, não se deve menosprezar esses eventos.
"O impactoroletas de apostasgatos domésticos sobre as aves marinhasroletas de apostasilhas é um problema mundial e tem sido exaustivamente demonstrado", diz. "Se não for feito nada agora, Fernandoroletas de apostasNoronha será o exemplo mais recenteroletas de apostasdesastre ecológico e extinçãoroletas de apostasespéciesroletas de apostasilhas causadas por esses felinos, como historicamente já ocorreuroletas de apostasoutras 120 ao redor do mundo."
Exemplos desse tipo não faltam. Tatiana, do Instituto Tríade, cita vários deles. "Pesquisadores estimaram que na ilha Marion, pertencente à África do Sul, os gatos mataram maisroletas de apostas455 mil aves marinhas, por ano, durante a décadaroletas de apostas1970", diz.
"No mesmo local, o petrel-mergulhador (Pelecanoides urinatrix) também foi extinto após intensa predação, assim como o mérgulo-sombrio (Ptychoramphus aleuticus), das ilhas Coronados, no México."
Outro exemplo vem da ilha Kerguelen, pertencente à França, onde aproximadamente 1,2 milhãoroletas de apostasaves marinhas foram mortas anualmente também na décadaroletas de apostas1970.
"Na ilha Ascensão, a população do trinta-réis-das-rocas (Onychoprion fuscatus), que também viveroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha, foi reduzida a pouco maisroletas de apostas10% entre as décadasroletas de apostas1940 e 1990 por conta da predação por gatos", acrescenta.
"Em uma situação extrema, esses felinos levaram o petrel-das-tormentas-de-Guadalupe à extinção global, visto que essa espécie era restrita à ilha Guadalupe, no México."
Planoroletas de apostascontrole
Da mesma forma, diz Tatiana, diversas populaçõesroletas de apostasaves chegaram a ser extintas localmente devido à intensa predação por gatos, como a pardela-de-ventre-preto (Puffinus opisthomelas), da ilha Natividade, no México, onde os felinos chegaram a matar mil delas por mês.
"Considerando que Noronha é um hotspotroletas de apostasnidificação para aves endêmicas e marinhas ameaçadas, alémroletas de apostasser o único habitat no mundo onde encontramos o mabuiaroletas de apostasNoronha, o impacto do gato pode ser considerado muito grande e uma verdadeira ameaça à conservação da biodiversidade."
Devido à gravidade dos problemas causados pelos gatos, o governo federal, por meio do ICMBio, a Autarquia Territorial Distrito Estadualroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha, universidades, organizações não governamentais e os ministérios públicos federal e estadual vêm procurando soluções.
Uma delas seria a captura e devolução deles ao continente. O problema é que os felinosroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha têm uma ceparoletas de apostastoxoplasmose diferente da que os do continente carregam, e os pesquisadores não aconselham a transferência.
A castração e a esterilização dos felinos da ilha é outra solução, que já vem sendo adotada. A dificuldade é que a curto e médio prazo ela não resolve o problema, pois os animais castrados e esterilizados também continuam se alimentando e predando as espécies nativas.
Por isso, foi elaborado o Planoroletas de apostasAção para o Controleroletas de apostasGatos na Árearoletas de apostasProteção Ambientalroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha - Rocas - São Pedro e São Paulo e no Parque Nacional Marinhoroletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha.
O objetivo é "reduzir os impactos dos gatos sobre a fauna nativa e o riscoroletas de apostaszoonoses [doenças transmitidas por eles]roletas de apostasFernandoroletas de apostasNoronha."
Para atingir essa meta, o plano, com prazoroletas de apostasvigência até marçoroletas de apostas2023, pretende reduzir a populaçãoroletas de apostasgatos feraisroletas de apostasNoronha, por meio da castração; controlar o númeroroletas de apostasdomiciliados e peridomiciliados; fazer campanhas para sensibilizar a sociedade sobre os impactos desses animais à biodiversidade e o risco à saúde pública; e realizar monitoramentos que subsidiem estratégias para o manejo adaptativo e integrado dos felinos e outros predadores exóticos.
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