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Exportaçãocassino projumentos: venda do Brasil para a China vira casocassino propolícia:cassino pro
Na tradicional medicina chinesa, o ejiao é recomendado para diversos problemascassino prosaúde, como menstruação irregular, anemia, insônia e até impotência sexual.
O abandono dos jumentos
Segundo dadoscassino pro2013 do Instituto Brasileirocassino proGeografia e Estatística (IBGE), 90% dos quase 900 mil jumentos do Brasil estavamcassino proEstados do Nordeste. Historicamente, os asininos são usados para transporte e trabalhos no campo.
Em meados da década passada, no entanto, o crescimento econômico da região fez com que eles fossem trocados por veículos motorizados, como motocicletas.
O resultado é que a grande maioria foi abandonada pelos donos. Hoje, milharescassino projumentos vagam por estradas e rodovias do Nordestecassino probuscacassino procomida.
O abandono fez aumentarem os acidentescassino protrânsitocassino prodiversos Estados. O Departamento Estadualcassino proTrânsito (Detran) do Ceará, por exemplo, criou um órgão especial para recolher os animais que andavam pelas rodovias.
Só no ano passado, foram recolhidos 4.500 jumentos nas estradas cearenses - eles são levados para uma fazenda, onde são tratados e colocados para adoção.
Em 2016, o governo da Bahia tomou uma decisão radical e controvertida: para conter os acidentescassino protrânsito, o Estado recolheu 300 animais nas ruas e os abateu.
No início da década, chegou-se a cogitar que a carne do jumento fosse usada para a alimentação, como ocorrecassino proalguns países. Segundo especialistas, o projeto não decolou por uma questão cultural: o jumento é considerado um símbolo do Nordeste e a população se recusa a comercassino procarne.
Recentemente, um acordo comercial com a China impulsionou as exportações dos animais. Segundo o Ministério da Agricultura,cassino pro2016, o Brasil exportou 24.918 toneladascassino procavalos, asininos e muares - o material vai principalmente para países como China e Vietnã. No ano passado, foram 226.432 toneladas, altacassino pro808%cassino proapenas dois anos.
Pela lei, os frigoríficos precisamcassino proautorização do Ministério da Agricultura para abater jumentos. Segundo a pasta, apenas seis têm essa permissão no país - três deles na Bahia, umcassino proMinas Gerais, um no Rio Grande do Sul e um no Paraná.
Mortes e maus tratos
A advogada Gislane Brandão, coordenadora da Frente Nacionalcassino proDefesa dos Jumentos, descreve o cenário encontrado pela polícia e por ONGscassino prodefesa dos animais na fazendacassino proCanudos. "Havia muitos jumentos mortos, muitas carcaças. Os outros estavam desnutridos, pois ficaram meses sem comer praticamente nada. Era cruel", conta.
Estima-se que 200 dos cercacassino pro1.000 animais que estavam na fazenda morreramcassino proinanição. Os outros estavam bastante debilitados. "Não havia condições mínimascassino prosobrevivência", conta a promotora Cristina Seixas Graça, coordenadora do centrocassino proapoio às Promotoriascassino proMeio Ambiente da Bahia.
A polícia descobriu que a fazenda onde houve as mortes tinha sido arrendada por chineses. Os animais seriam levados para um frigorífico e, depois, abatidos.
Na semana passada, a ONG Fórum Nacionalcassino proProteção e Defesacassino proAnimal assinou um acordo com a Justiça e o Ministério Público para receber e cuidar dos jumentos que sobreviveramcassino proCanudos. Posteriormente, eles serão colocados para adoção.
A cena na fazendacassino proCanudos era bastante parecida com a encontradacassino proItapetinga,cassino prosetembro do ano passado. "A gente achou centenascassino projumentoscassino prouma área muito pequena. Eles estavam amontoados, dezenas tinham morrido. Não havia água nem comida para eles", relata o delegado Roberto Júnior, coordenador regional da Polícia Civilcassino proItapetinga.
A polícia abriu um inquérito para apurar o caso. "Descobrimos que a fazenda estava arrendada por dois chineses. Eles reuniram os animais para depois abatê-los para a exportação. Nós os denunciamos por maus-tratos", diz o delegado.
Os dois chineses trabalhavam para a empresa Cuifeng Lin, que foi multadacassino proR$ 40 mil pela Agênciacassino proDefesa Agropecuária da Bahia (Adab) após as mortes.
A Cuifeng Lin tem sede registradacassino prouma pequena salacassino proum prédio comercial no Pari,cassino proSão Paulo. No local, no entanto, a BBC News Brasil só encontrou funcionárioscassino proempresa terceirizada que presta serviços administrativos.
A reportagem ligou para um dos responsáveis pela Cuifeng Lin, mas ele não atendeu às ligações.
Depois do casocassino proItapetinga, a Justiça decidiu suspender os abatescassino projumentos na Bahia, medida que vigora até hoje.
De onde vêm os animais?
A investigação descobriu que os jumentos confinados nas fazendas baianas foram comprados por R$ 150 cada, mas também há casoscassino proalguns adquiridos por R$ 30.
"Os funcionários dessa empresa procuravam moradores da região para comprar os animais", diz o delegado Júnior.
Segundo o Ministério Público, os jumentos também são recolhidoscassino proestradas e rodovias dos Estados nordestinos e depois levados a fazendas próximas dos frigoríficos autorizados.
Em alguns casos, os asininos fazem viagenscassino proaté 12 horas e são transportados ilegalmente sem a Guiacassino proTransporte Animal (GTA), segundo constatou a investigação.
"Essas pessoas recolhem ou compram os animais por preços irrisórios, não dão condições mínimas para eles, como alimentação. E ainda ganham muito dinheiro com esse negócio", diz a promotora Cristina Seixas Graça.
Os jumentos podem desaparecer?
Uma das preocupações das autoridades ecassino proentidadescassino prodefesas dos animais é que o aumento exponencialcassino proabatescassino projumentos pode exterminar a espécie no país. Segundo o Conselho Regionalcassino proMedicina Veterinária da Bahia, os asininos podem desaparecer do Brasilcassino proaté cinco anos se a atividade seguir nesse ritmo.
Na decisão que suspendeu o negócio na Bahia, a juíza federal Arali Maciel Duarte escreveu que 44 mil animais foram abatidos entre 2016 e outubrocassino pro2018cassino proapenas um dos três frigoríficos do Estado com autorização para realizar a tarefa.
"O Brasil não tem cadeia produtivacassino projumentos. Ou seja, eles não são criados para o abate, como os bovinos", diz Elizabeth MacGregor, diretora do Fórum Nacionalcassino proProteção e Defesacassino proAnimal. "Se continuar assim, a espécie será exterminada. O Estado brasileiro não se preocupoucassino prodar tratamento digno para os jumentos, que são um símbolo cultural do Nordeste e do país."
A promotora Cristina Seixas Graça também critica a forma como o negócio vem sendo conduzido. "Estamos nos tornando apenas uma fontecassino proexportação sem ter nenhuma grande vantagem econômica por essa atividade que pode acabar com a espécie", diz.
Em nota, o Ministério da Agricultura afirma que os estabelecimentos devem garantir instrumentos e mecanismoscassino proautocontrole para o bem-estar dos animais. A pasta também diz que equipes do Serviçocassino proInspeção Federal (SIF) têm fiscalizado regularmente os frigoríficos.
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