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Febre reumática: a vacina que pode prevenir problemas cardíacos que afetam 15 milhõescasa apostas comcrianças todos os anos:casa apostas com
Problemas cardíacos
A DRC acomete o pericárdio (membrana que envolve externamente o coração), o miocárdio (músculo do órgão) e o endocárdio (membrana que reveste o interior do miocárdio e limita as cavidades cardíacas), podendo causar danos progressivos e permanentes, desencadeando insuficiência cardíaca, que exige cirurgia.
"A pericardite e a miocardite apresentam bom prognóstico com resoluçãocasa apostas comaté 30 dias após a infecção", diz Luiza. "Já a endocardite, promove lesõescasa apostas comválvulas, principalmente mitral e aórtica, que pode levar ao quadrocasa apostas cominsuficiência cardíaca."
Embora sejam graves, essas sequelas só atingemcasa apostas com3 a 5% dos infectados. Mesmo assim, os números absolutos são grandes, com cercacasa apostas com30 mil novos casos por ano no Brasil. Desses, cercacasa apostas com30% poderão necessitarcasa apostas comcirurgia cardíaca, o que a torna uma das doenças mais caras para o sistema públicocasa apostas comsaúde.
Nos demais, a Streptococcus pyogenes causa apenas inflamação na garganta, que pode ser facilmente curada com antibióticos comuns, como a penicilina ou benzatina. O problema é quecasa apostas commuitos países não desenvolvidos, esses medicamentos não são acessíveis a todo mundo. Por isso, a febre reumática também é considerada uma doença relacionada às condições socioeconômicascasa apostas comuma região ou país.
Nas crianças e adolescentes suscetíveis à bactéria, a infecção desencadeia uma reação autoimune do organismo. Ou seja, o sistema imunológico, alémcasa apostas comatacar o micro-organismo, se volta também contra as células da própria pessoa, no caso, do coração.
Segundo Luiza, isso ocorre porque uma proteína da membrana da S. pyogenes, chamada M, é muito semelhante às do coração, das articulações e do sistema nervoso central do ser humano. Isso confunde as defesas do corpo, que passam a atacar não só a bactéria, mas também os tecidos sadios do órgão cardíaco. A bactéria até pode ser eliminada, mas os anticorpos "acreditam" que ela ainda esteja lá e continuam a guerra, agora contra quem deveriam defender.
Trinta anoscasa apostas comestudos
A vacina tem como objetivo barrar esse processo, acabando com o conflito indevido, tecnicamente chamadocasa apostas comreação cruzada. Os trabalhos que levaram ao seu desenvolvimento começaramcasa apostas com1988, com o estudo detalhado da febre reumática, suas causas e efeitos. O primeiro artigo científico do grupocasa apostas comLuiza foi publicado na revista americana Circulation,casa apostas com1991, e teve alto impacto no conhecimento cientifico internacional.
"Ele abriu a possibilidadecasa apostas comvárias outras publicações do nosso grupo sobre a doença", conta a pesquisadora. "O conhecimento gerado nos guiou para o desenvolvimentocasa apostas comum imunizante para preveni-la."
A ideia era criar um produto que induzisse o sistema imunológico humano a produzir grandes quantidadescasa apostas comanticorpos específicos contra a bactéria S. pyogenes, ou seja, que não atacassem também o próprio organismo, no caso, o coração.
"Foi um grande desafio", lembra Luiza. "O desenho estabelecido para a criação da vacina, a partircasa apostas compeptídeos (partescasa apostas comproteínas) sintéticos demandou uma quantidade enormecasa apostas comtrabalho pelo períodocasa apostas comdois anos."
O passo seguinte foi a realizaçãocasa apostas comtestes pré-clínicoscasa apostas commodelos experimentaiscasa apostas comcamundongos normais e transgênicos (portadorescasa apostas commoléculas humanas HLA - antígeno leucocitário humano, na siglacasa apostas cominglês), classe II, que são responsáveis pelo desencadeamento da resposta imunológica.
"Na sequência, obtivemos financiamento do Banco Nacionalcasa apostas comDesenvolvimento (BNDES), para o desenvolvimento do produto,casa apostas comcolaboração com o Instituto Butantan", diz Luiza.
Denominado Vacina adsorvida estreptocócica A - StreptInCor, o imunizante passou por vários testes nos camundongos, com a formulaçãocasa apostas comhidróxidocasa apostas comalumínio (adjuvante, ou seja, substância que reforça a açãocasa apostas comum medicamento)casa apostas comtrês doses: 50, 100 e 200 microgramas/ml, ecasa apostas compequenos porcos,casa apostas com20 a 30 kg (mais ou menos o pesocasa apostas comuma criança), que, do pontocasa apostas comvista biológico, são parecidos com humanos. Neste caso, os animais foram acompanhados por ecocardiograma, como teste segurança.
Nos roedores, foram injetadas altas quantidades da bactéria S. pyogenes, que seriam capazescasa apostas commatá-los. No caso dos suínos, como eles são imunes à febre reumática, o objetivo da infecção era criar um abcesso.
"Todos os resultados apontaram para um imunizante eficaz (80% dos camundongos vacinados sobreviveram), com a produçãocasa apostas comaltos níveiscasa apostas comanticorpos específicos contra o micro-organismo e sem reação cruzada", explica Luiza.
"Isso mostra que há uma grande possibilidade do produto induzir nos humanos uma boa proteção, sem causar reações adversas e doença autoimune."
De acordo com ela, há muitos países, principalmente na África, mas também alguns desenvolvidos, como Austrália e Estados Unidos, que estão esperando esta vacina para a febre reumática.
"A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) está aguardandocasa apostas comprodução", diz. "Mas agora não depende maiscasa apostas comnós. Ela foi já aprovada pela Comissão Nacionalcasa apostas comÉtica e Pesquisa (Conep), mas ainda estácasa apostas comfasecasa apostas comregistro na Agencia Nacionalcasa apostas comVigilância Sanitária (Anvisa), ambos os órgãos regulatórias brasileiros, para ensaios clínicos. Infelizmente, não há data para a aprovação desta última etapa."
Quando isto ocorrer, os testes serão realizadoscasa apostas com48 indivíduos sadios, divididoscasa apostas comquatro gruposcasa apostas com12. Um receberá placebo, e outros três doses diferentes do imunizante (50, 100 e 200 microgramas/ml).
"Se tudo der certo, ela colocará o Brasilcasa apostas comevidência, como um dos países que mais contribui para o conhecimento sobre a febre reumática e seu controle", garante Luiza. "Além disso, nosso produto poderá servircasa apostas commodelo para o desenvolvimentocasa apostas comvacinas para outras doenças autoimunes."
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