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Tragédia com barragem da Valebetano virtualBrumadinho pode ser a pior no mundobetano virtual3 décadas:betano virtual
Em Stava, um memorial com uma estátuabetano virtualbronze foi erguidobetano virtualhomenagem às vítimas. A escultura retrata a cena dramática vista pelas equipesbetano virtualresgates: dezenasbetano virtualhomens, mulheres e crianças foram encontrados mortos, envoltosbetano virtuallama, com as mãos erguidas na frente do rosto, numa última tentativabetano virtualse proteger.
"Eles não tiveram chancebetano virtualescapar quando o tsunamibetano virtuallama desceu o vale, na hora do almoço, num dia ensolaradobetano virtualjulho", descreve o relatório das Nações Unidas.
Agora, o rompimento da barragembetano virtualBrumadinho caminha para superar a tragédia da Itáliabetano virtualperdas humanas. Foram encontrados, até o momento, 65 corpos e pelo menos 279 pessoas continuam desaparecidas.
"A tragédiabetano virtualBrumadinho estará, certamente, no topo dos maiores desastres com rompimentobetano virtualbarragembetano virtualminério do mundo. Infelizmente, é possível que ultrapasse Stava, que foi a maior tragédia do tipo nos últimos 34 anos", afirmou à BBC News Brasil o geólogo Alex Cardoso Bastos, um dos autores do relatório da ONU sobre barragembetano virtualminério.
'Top 1 e 2' do mundobetano virtualdesastre
Se o rompimentobetano virtualBrumadinho pode se tornar o pior das últimas décadasbetano virtualnúmerobetano virtualmortos, o da barragem da Samarco - uma joint-venture entre a Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton - na regiãobetano virtualMariana (MG),betano virtual2015, é o mais grave desastre ambiental da história provocado por vazamentobetano virtualminério.
O marbetano virtuallama causou destruição à vida marinha no Rio Doce, afetando drasticamente a vida da população local.
"O aniquilamento dos ecossistemasbetano virtualágua potável, vida marinha e mata ciliar eliminou recursos naturais insubstituíveis para a vida ribeirinha, para pesca, a agricultura e o turismo", diz trecho do relatório da ONU, intitulado Mine Tailing Storage: Safety is no Accident.
Segundo Alex Bastos, que também é professorbetano virtualGeologia da Universidade Federal do Espírito Santo, as Nações Unidas utilizam um sistemabetano virtualclassificaçãobetano virtualgravidadebetano virtualdesastres que levabetano virtualconta volumebetano virtualrejeitos espalhados, tamanho da área afetada e númerobetano virtualmortos.
É considerado um "desastrebetano virtualalta gravidade" um rompimentobetano virtualbarragem que provoque vazamentobetano virtualmaisbetano virtual1 milhãobetano virtualmetros cúbicos, afetando uma áreabetano virtualpelo menos 20 km, e causando cercabetano virtual20 mortes.
A barragembetano virtualFundão,betano virtualMariana, gerou um vazamentobetano virtualmaisbetano virtual40 milhõesbetano virtualmetros cúbicosbetano virtualrejeitos, que percorreram maisbetano virtual600 km. E 19 pessoas morreram.
Já o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão,betano virtualBrumadinho, espalhou 12 milhõesbetano virtualmetros cúbicos por maisbetano virtual46 km. O número confirmadobetano virtualmortos já chega a 65 e obetano virtualdesaparecidos, a 279.
"Obetano virtualMariana não é o piorbetano virtualtermosbetano virtualfatalidade, masbetano virtualvolume e distância percorrida, é o maior desastre ambiental por rompimentobetano virtualbarragem. E obetano virtualBrumadinho deve ser o maior desastrebetano virtualtermosbetano virtualtragédia humana das últimas décadas", afirma Alex Bastos, que integra o comitê da ONU sobre barragensbetano virtualminério.
"Ou seja, esses dois casos estão no top 1 e 2 do mundobetano virtualtermosbetano virtualgravidade. Infelizmente, os dois maiores rompimentosbetano virtualbarragem do mundo serão no Brasil. Aliás, no Estadobetano virtualMinas Gerais, a menosbetano virtual150 km um do outro", lamenta.
O barato que sai caro
Atualmente, o Brasil tem 430 barragensbetano virtualminério, segundo relatório da Agência Nacionalbetano virtualÁguas (ANA). Tanto a barragembetano virtualBrumadinho quanto abetano virtualMariana são to tipo "à montante", feitas com os próprios rejeitos.
Neste caso, os detritos minerais, rochas e terras escavadas durante a mineração - e descartados por não terem valor comercial - são depositadosbetano virtualcamadas num vale, formando a barragem.
Esse tipobetano virtual"lixãobetano virtualminério" é mais barato para as empresas. Mas é, também, o que oferece mais riscos.
"Quando a gente imagina uma barragem, tende a pensar num murobetano virtualconcreto. Mas essas não são feitas com concreto, são feitas com a compactação do próprio rejeito. Isso faz com que a manutenção e monitoramento sejam muito mais importantes, porque essas barragens podem sofrer erosão por fora", diz Alex Bastos.
"Os rejeitos precisam ficar secos e consolidados, por isso é importante haver um sistema eficientebetano virtualdrenagem. Em Mariana, a base da barragem começou a solapar, perder estabilidade, e rompeu."
Uma alternativa mais segura a esse tipobetano virtualbarragem é a armazenagem a secobetano virtualrejeitos minerais. Mas a técnica é mais custosa.
"O benefício é que os rejeitos não ficam confinadosbetano virtualbarragens que podem romper. Mas o custo para secar os rejeitos e armazená-losbetano virtualsilos é muito mais alto", diz Bastos.
Os erros mais comuns
O relatório das Nações Unidas elenca as principais causasbetano virtualrompimentosbetano virtualbarragens. O documento afirma que chuvas fortes e prolongadas, furacões e abalos sísmicos podem provocar rupturas ou transbordamentos.
Mas, mesmo nesses casos, a ONU considera que houve erro humano, já que o planejamentobetano virtualrisco para manutenção e construção da barragem deve levarbetano virtualconta as condições climáticas do local.
No caso da barragembetano virtualMariana, as investigações concluíram que houve falhas na construção da barragem, na manutenção e no monitoramento.
"A conclusão do estudo é que existem dois motivos causadoresbetano virtualrompimentos: erro na análisebetano virtualrisco e negligência na manutenção da barragem", resume Alex Bastos.
"Ou seja, se teve uma chuva torrencial que causou transbordamento da barragem, houve aí um erro na análisebetano virtualrisco. Se a região está sujeita a uma chuva assim, a estrutura da barragem deveria ser outra. A análisebetano virtualrisco tem que ser precisa", afirma.
Um problema recorrente mencionado no relatório da ONU é o fatobetano virtualbarragens originalmente construídas para armazenar determinado volume serem modificadas ao longo do tempo para guardar quantidades adicionaisbetano virtualrejeitos.
Nesses casos, nem sempre é feita uma reestruturação adequada para garantir que a estrutura seja capazbetano virtualsuportar o material descartado das minas.
"Muitas dessas barragens foram crescendo, aumentandobetano virtualtamanho, e isso não seguiu o planejamento inicial da barragem. É como se você fosse fazendo puxadinhosbetano virtualvezbetano virtualconsertar e refazer o projeto", critica Bastos.
A barragem que rompeubetano virtualBrumadinho foi construídabetano virtual1976 e tinha volumebetano virtual12 milhõesbetano virtualmetros cúbicos. Ela estava desativada desde 2015, ou seja, não recebia rejeitos desde então.
Em 2018, a Vale recebeu licenciamento para reutilizar parte do rejeito e depois ser "descomissionada"- passar por uma extensa obra para deixarbetano virtualser barragem, se tornando, por exemplo, um morro.
Por que Brasil é campeãobetano virtualacidentes graves
O Brasil é o país que teve, nos últimos dez anos, o maior númerobetano virtualcasos gravesbetano virtualrompimentobetano virtualbarragensbetano virtualmineração, conforme o relatório da ONU. Outras nações que também tiveram casos recentesbetano virtualvazamentobetano virtualminério são China, Estados Unidos, Israel, Canadá e México.
Por um lado, é importante considerar que o Brasil é o segundo maior exportadorbetano virtualminério, atrás apenas da Austrália. Tem mais minas, portanto, estatisticamente a possibilidadebetano virtualacidentes é maior.
Por outro lado, segundo a ONU, muitos desses acidentes poderiam ser evitados se as empresas investissembetano virtualsistemas mais segurosbetano virtualarmazenamentobetano virtualrejeitos oubetano virtualmanutenção eficaz.
O relatório das Nações Unidas aponta que já existem protocolosbetano virtualsegurança e tecnologias alternativas suficientes para evitar acidentes com rejeitos minerais.
O problema, ressalta a ONU, é que as empresas, ao investirembetano virtualbarragens "à montante", avaliam segurançabetano virtualconjunto com custo. E, não raro, optam por procedimentos mais baratos, porém menos seguros.
"É preciso que as empresas coloquem segurançabetano virtualprimeiro lugar, priorizando a proteção ambiental e humana. As agências reguladoras, as indústrias e as comunidades devem adotar um objetivobetano virtualfalha-zero no armazenamentobetano virtualrejeitos", diz o relatório das Nações Unidas.
Para isso, a recomendação é que "questõesbetano virtualsegurança sejam avaliadas separadamentebetano virtualconsiderações econômicas". "Custo não pode ser um fator determinante."
Na noitebetano virtualsábado, o ministro-chefe do Gabinetebetano virtualSegurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse que o governo pretende realizar vistoriasbetano virtualtodas as barragens do país que "ofereçam maior risco".
"É importante e urgente que aquelas barragens, no Brasil inteiro, que ofereçam maior risco sejam submetidas a uma nova vistoria, para que nós possamos nos antecipar, na medida do possível, a novos desastres", declarou.
Segundo Relatóriobetano virtualSegurança da Agência Nacionalbetano virtualÁguas, 45 barragens apresentam alto risco atualmente no país. A barragem da Valebetano virtualBrumadinho era classificada comobetano virtual"baixo risco" e "alto potencialbetano virtualdanos".
Só a segunda avaliação se confirmou.
Outros casos graves pelo mundo
O relatório das Nações Unidas afirma que, nas últimas três décadas, o númerobetano virtualfalhasbetano virtualbarragens diminuiu, mas os casosbetano virtualrompimento foram mais graves.
Entre os piores desastres ambientais, depoisbetano virtualMariana, está o rompimento da barragem da minabetano virtualouro Mount Polly,betano virtualBritish Columbia, no Canadá,betano virtual2014.
A barragem se rompeu liberando 25 milhõesbetano virtualmetros cúbicosbetano virtualrejeitos. O acidente ocorreu numa área pouco populosa, portanto, não houve mortes. Mas a destruição da fauna e flora locais foi grave.
O acidente no Canadá pode ser considerado um caso típico da prática do "puxadinho" mencionado por Alex Bastos. Segundo o relatório das Nações Unidas, a barragem aumentou nove andaresbetano virtualtamanho após entrarbetano virtualoperação, alcançando 40 metrosbetano virtualaltura, além do que previa o projeto original. Pouco antesbetano virtualromper, a mina ainda tentava conseguir aprovação para aumentar mais um andar.
O marbetano virtuallama invadiu uma áreabetano virtualpreservação ambiental e o lago Quesnel, um dos mais profundos lagos glaciais do mundo, e importante fontebetano virtualsubsistência para a população indígena da região, que costumava pescar lá.
O lago possuia uma grande quantidadebetano virtualsalmões, trutas e outras espéciesbetano virtualpeixe. As investigações revelaram falhas no projeto da barragem, que não levoubetano virtualconsideração características geológicas da região.
Também foram encontrados erros nas avaliaçõesbetano virtualrisco e nos relatóriosbetano virtualinspeção, que não levarambetano virtualconta as possibilidadesbetano virtualerosão e transbordamento. O Ministériobetano virtualMinas e Energia também foi responsabilizado por falhar na fiscalização.
Filipinas
Outro desastre ambiental com consequências sérias para a população ribeirinha foi o colapsobetano virtualuma barragem da Marcopper Mining Corporation, no Monte Tapian, nas Filipinas.
Rejeitos da minabetano virtualouro foram acumulados num poçobetano virtualconcreto. Após quatro anos da prática,betano virtual1996, um dos túneis do poço cedeu, liberando até 4 milhõesbetano virtualtoneladasbetano virtualmetal no rio Boac e matando o seu ecossistema.
"Esse foi um dos mais catastróficos desastres com mina da história", diz o relatório da ONU. Mais uma vez erros no manuseio da barragem, na manutenção e no projetobetano virtualavaliaçãobetano virtualrisco foram citados como causa do desastre.
'Pior desastre ambiental na Europa desde Chernobyl'
Na Europa, o pior desastre causado por rompimentobetano virtualmina foi na Romênia, no ano 2000. Metais pesados da minabetano virtualouro Baia Mare, no condadobetano virtualMaramures, invadiram o rio Tisza, um dos maiores afluentes do rio Danúbio.
"De 50 a 100 toneladasbetano virtualcianeto e cobre foram liberados, fazendo desse acidente o pior desastre ambiental desde Chernobyl", diz o relatório das Nações Unidas,betano virtualreferência ao acidente nuclear ocorridobetano virtual1986, na Ucrânia.
De acordo com a ONU, os rejeitos passaram da Romênia para Hungria, Sérvia e Bulgária até chegar ao Mar Negro, matando maisbetano virtual1.240 toneladasbetano virtualpeixes.
"A falha foi causada por uma combinaçãobetano virtualerros no projetobetano virtualconstrução, falhas na avaliação das condiçõesbetano virtualoperação e fortes chuvas e nevascas que resultaram no transbordamento", diz o documento das Nações Unidas.
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