Governo Bolsonaro: 54 milhões365 pixbetpobres e mais cinco desafios que o presidente enfrentará365 pixbet2019:365 pixbet

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dados do IBGE apontam aumento da pobreza no país

"A economia não consegue365 pixbethipótese alguma se divorciar da política. Então, é preciso saber se o presidente eleito vai365 pixbetfato abraçar e fortalecer a segurança jurídica do país, fazer com que acordos e contratos passem a ser respeitados no médio e no longo prazo. Como alguém já falou, no Brasil hoje até a história é incerta", afirmou à BBC News Brasil.

Investidores temem, por exemplo, que regras e políticas públicas acertadas no presente com uma autoridade sejam desfeitas pelos sucessores. É preciso também, diz Thedim, aguardar o entendimento que a Justiça terá da reforma trabalhista aprovada durante o governo Michel Temer (MDB), com a criação, por exemplo,365 pixbetjornadas365 pixbettrabalho intermitentes.

O levantamento aponta também as desigualdades socioeconômicas entre pessoas365 pixbetdiferentes cores ou raças. Pretos e pardos enfrentam muito mais dificuldade para encontrar empregos, vagas365 pixbetcreches e moradias365 pixbetcondições adequadas.

"Ter ensino superior é um fator que contribui para o acesso ao mercado365 pixbettrabalho com mais intensidade para as pessoas pretas ou pardas, mas não o suficiente para colocá-las365 pixbetigualdade com as pessoas brancas", afirmou o IBGE sobre os resultados.

Em 2017, trabalhadores brancos ganhavam,365 pixbetmédia, R$ 2.615. Ou seja, 72,5% mais que os pretos ou pardos (R$ 1.516). Na diferença365 pixbetgênero, a diferença entre homens e mulheres era365 pixbet29,7%, ou R$ 2.261 e R$ 1.743 respectivamente.

Taxa365 pixbetdesocupação crescente365 pixbettodo o território

Crédito, IBGE

Legenda da foto, Taxa365 pixbetdesocupação no Brasil subiu365 pixbet6,9% para 12,5%

Desde a pesquisa365 pixbet2014 até a atual, apurada365 pixbet2017, o mercado365 pixbettrabalho do país registrou um grande corte365 pixbetvagas, subutilização da força365 pixbettrabalho (menos365 pixbet40 horas semanais), aumento da informalidade (característica365 pixbetparte das retomadas econômicas) e aumento da desigualdade365 pixbetrenda.

A taxa365 pixbetdesocupação, que era365 pixbet6,9%365 pixbet2014, aumentou continuamente até atingir 12,5%365 pixbet2017. No período, 6,2 milhões365 pixbetpessoas ficaram desempregadas e outras 5,2 milhões passaram a procurar emprego (a exemplo daqueles que só estudavam ou viviam da renda do cônjuge). Os jovens sofreram mais. Entre pessoas com 14 a 29 anos365 pixbetidade, a taxa365 pixbetdesocupação passou365 pixbet13% para 22,6%365 pixbet2017.

Com as idas e vindas da economia, inicialmente, houve uma queda na diferença salarial, que, segundo o IBGE, se deu por causa365 pixbetganhos reais concedidos a quem recebia esse valor ou tinha seu rendimento influenciado por ele.

A partir365 pixbet2016, o cenário se inverteu, com o aumento do desemprego e da informalidade. Dois365 pixbetcada cinco trabalhadores não tinham carteira assinada365 pixbet2017, um aumento365 pixbet1,2 milhão365 pixbetinformais desde 2014.

Para Thiago Xavier, economista e responsável pela área365 pixbetmonitoramento da atividade econômica na Tendências Consultoria, a recuperação consistente do mercado365 pixbettrabalho depende principalmente da retomada do crescimento do país e da melhora nas expectativas econômicas.

O primeiro ponto passa365 pixbetessência pela reforma da Previdência. Sem ela, a fatia365 pixbetrecursos destinados a essa área paralisaria o governo, tendo365 pixbetvista o teto365 pixbetgastos públicos e seus gatilhos punitivos365 pixbetcaso365 pixbetdescumprimento dos limites fiscais adotados durante o governo Michel Temer (MDB).

Uma eventual melhora do quadro fiscal teria efeito positivo, segundo Xavier, sobre as perspectivas365 pixbetgastos e investimentos dos principais agentes econômicos: famílias, empresários e Estado. Com a crise365 pixbet2014, o endividamento generalizado reduziu a velocidade e mesmo a capacidade365 pixbetretomada -365 pixbetcrises anteriores, o governo federal conseguiu investir365 pixbetinfraestrutura e expansão do crédito sem perspectiva365 pixbetdescontrole inflacionário, por exemplo.

Crianças e adolescentes na pobreza

Crédito, IBGE

Legenda da foto, Nova pesquisa mostra que fatia365 pixbetcrianças e adolescentes na faixa365 pixbetpobreza passou365 pixbet42,9% para 43,4%

O IBGE identificou um aumento da pobreza entre 2016 e 2017, tendo como referência a linha365 pixbetpobreza proposta pelo Banco Mundial (rendimento365 pixbetaté US$ 5,5 por dia, ou R$ 406 por mês). Por exemplo, 54,1% da população do Maranhão (taxa mais alta) e 8,5%365 pixbetSanta Catarina (a mais baixa) estão nessa faixa365 pixbetrenda.

No período, o número365 pixbetpessoas pobres passou365 pixbet52,8 milhões (25,7% da população) para 54,8 milhões (ou 26,5%). A parcela mais vulnerável é composta por domicílios comandados por mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filhos365 pixbetaté 14 anos - 64,4% desse grupo vivem nessa situação. A fatia365 pixbetcrianças e adolescentes na faixa da pobreza passou365 pixbet42,9% para 43,4%.

Nesse mesmo período, outras 2 milhões365 pixbetpessoas adentraram a faixa daqueles que vivem365 pixbetsituação365 pixbetextrema pobreza, com renda365 pixbettorno365 pixbetR$ 140 por mês. A situação piorou365 pixbettodas regiões do país, exceto no Norte. Essa proporção passou365 pixbet6,6% para 7,4%, ou,365 pixbetnúmeros absolutos,365 pixbet13,5 milhões365 pixbetpessoas para 15,2 milhões365 pixbetpessoas. A meta global365 pixbeterradicação da pobreza extrema é 2030.

Em 2017, o rendimento médio mensal per capita domiciliar no país foi365 pixbetR$ 1.511, mas quase metade da população das regiões Norte e Nordeste ganhava até meio salário mínimo per capita (cerca365 pixbetR$ 470); no Sul, essa parcela representa 15,6% do total. Esse cenário tende a acentuar a desigualdade social.

Segundo os dados mais recentes, a renda somada dos 10% com maiores rendimentos do país era 3,5 vezes maior que o total recebido pelos 40% com menores rendimentos. O tamanho do abismo varia a depender da região.

O Distrito Federal era líder nesse quesito. Os 10% do topo concentravam 46,5%, e os 40% com menores rendimentos, 8,4%.

27 milhões365 pixbetpessoas vivem365 pixbetmoradias inadequadas

Crédito, IBGE

Legenda da foto, 15% da população preta ou parda tem ao menos uma inadequação no domicílio; 43,4% dessa população também tem ausência365 pixbetesgoto sanitário

A pesquisa do IBGE examinou a situação da moradia no país a partir365 pixbetquatro tipos365 pixbetinadequações365 pixbetdomicílios. O resultado: 27 milhões365 pixbetpessoas, ou 13% da população, vivem365 pixbetcasas com ao menos uma dessas quatro inadequações. São elas:

- adensamento excessivo: casas com mais365 pixbettrês moradores por dormitório, a campeã das inadequações, atingindo 12,2 milhões365 pixbetpessoas (5,9% da população)

- ônus excessivo com aluguel: quando o aluguel supera 30% do rendimento domiciliar, algo que afeta 10,1 milhões365 pixbetpessoas (4,9% da pessoas); a inadequação foi mais presente no Distrito Federal e365 pixbetSão Paulo

- ausência365 pixbetbanheiro365 pixbetuso exclusivo do domicílio: um total365 pixbet5,4 milhões365 pixbetpessoas (2,6% da população) vivem nessa condição

- paredes externas construídas com materiais não duráveis: 1,3% da população vivem365 pixbetresidências assim

A pesquisa também analisou a ausência365 pixbetserviços365 pixbetsaneamento. Mais365 pixbetum terço da população não tem ao menos um dos três serviços365 pixbetsaneamento básico analisado (esgoto sanitário, abastecimento365 pixbetágua ou coleta direta ou indireta365 pixbetlixo).

Todos os indicadores365 pixbetinadequação na moradia e ausência365 pixbetserviços365 pixbetsaneamento crescem365 pixbetrelação a pretos ou pardos365 pixbetcomparação com brancos. 43,4% das pessoas pretas ou pardas, por exemplo, não têm esgoto sanitário ou rede coletora ou pluvial. O número cai para 26,6% quando a análise foca pessoas brancas.

Houve uma "evolução mais rápida", segundo o texto do relatório, "no acesso domiciliar à internet". Em 2016, 67,9% da população residia365 pixbetcasas com acesso à internet. O número passou para 74.8%365 pixbet2017.

Para Naercio Menezes Filho, coordenador do Centro365 pixbetPolíticas Públicas do Insper, "parece bastante claro" que o governo federal precisa agir nos municípios onde as pessoas enfrentam essa escassez365 pixbetserviços básicos. A solução, diz, é trabalhar junto com municípios para fornecer saneamento e aumentar a ação365 pixbetprogramas sociais ali.

"O Bolsa Família e outros programas sociais precisam chegar nessas pessoas", afirma. Segundo o estudo, quase metade das mulheres pretas ou pardas sem cônjuge e com filhos365 pixbetaté 14 anos, por exemplo, tem restrição365 pixbetacesso à proteção social.

Uma das definições365 pixbetfalta365 pixbetproteção social, segundo a pesquisa, é quando um domicílio tem rendimento per capita inferior a meio salário mínimo e não recebe rendimentos365 pixbetoutras fontes, como programas sociais.

Crianças365 pixbet4 e 5 anos fora da escola

Crédito, IBGE

Legenda da foto, Acesso a creche e escola é desigual: crianças pretas ou pardas ou365 pixbetdomicílios rurais têm menos acesso

"Nenhuma das grandes regiões ou unidades da federação atingiu a meta da universalização" do acesso à pré-escola, mostra o estudo, citando objetivo estabelecido pelo Plano Nacional365 pixbetEducação, criado por lei aprovada365 pixbet2014, que prevê a meta365 pixbetque 100% das crianças365 pixbet4 e 5 anos têm365 pixbetestar matriculadas.

O percentual365 pixbetcrianças365 pixbet4 e 5 anos que frequentam a escola ou creche passou365 pixbet90,2%,365 pixbet2016, para 91,7%,365 pixbet2017. A frequência a escola ou creche nessa idade é obrigatória desde 2016.

Os Estados que chegaram mais perto365 pixbetatingir a universalização foram o Ceará e o Piauí, com 97,8% e 97,6%, respectivamente. As taxas do Amapá, Amazonas e Acre ficaram abaixo365 pixbet80%.

"A pré-escola é uma etapa super importante porque é ali que a criança vai começar a desenvolver as bases para ser alfabetizada, vai ter desenvolvimento emocional e cognitivo", diz Thaiane Pereira, coordenadora365 pixbetprojetos da organização sem fins lucrativos Todos Pela Educação. Para ela, colocar o restante das crianças na escola é "urgente" para a próxima gestão.

O acesso à escola ou creche é menor nas áreas rurais, segundo o estudo do IBGE. Crianças que vivem365 pixbetzonas rurais têm frequência escolar365 pixbet43,4%; esse número sobe para 54,7% quando o estudo leva365 pixbetconta as crianças que vivem365 pixbetdomicílios urbanos. O acesso365 pixbetpretos ou pardos a escolas ou creches também é menor que o acesso365 pixbetcrianças brancas.

Nas zonas rurais, 43,9% das crianças365 pixbet0 a 5 anos não frequentavam a escola ou creche por ausência365 pixbetvaga. Nos domicílios urbanos, a proporção é365 pixbet23,3%.

Pereira, do Todos Pela Educação, cita duas medidas que o próximo governo deve adotar para chegar à meta365 pixbet50%365 pixbetcrianças365 pixbet0 a 3 anos365 pixbetcreches, objetivo estabelecido no Plano Nacional365 pixbetEducação para 2024. Hoje, um terço das crianças nessa faixa etária estão365 pixbetcreches, uma etapa que não é obrigatória.

A primeira delas: dar acesso a creche com equidade, combatendo o desequilíbrio evidenciado pela pesquisa, que mostra que crianças negras têm menos acesso a creches do que crianças brancas, por exemplo.

A segunda medida: reinterpretar a meta365 pixbet50%365 pixbetacesso a creches por municípios. Ela explica: "Muitos dos municípios replicaram a meta federal. Mas não necessariamente esses municípios precisam atingir os 50%. E há outros para os quais a meta365 pixbet50% não é suficiente. Em São Paulo, por exemplo, há muitas famílias com apenas um dos pais e famílias economicamente ativas que precisam mais365 pixbetcreches".

Ou seja, "antes365 pixbetatender toda a demanda, é preciso atender as famílias que mais necessitam, que só tem um responsável ou que tem um responsável que precise trabalhar", diz ela. É preciso construir creches e abrir vagas, mas não sem planejamento.

Abismo entre alunos da rede particular e da pública

Crédito, IBGE

Legenda da foto, Pesquisa mostra desigualdade365 pixbettaxa365 pixbetacesso a ensino superior; mais que o dobro dos alunos que ingressam no ensino superior vêm da rede privada,365 pixbetrelação a rede pública

O estudo mostrou profunda desigualdade no acesso ao ensino superior. Das pessoas que concluíram o ensino médio na rede pública, 35,9% ingressaram no ensino superior, ante 79,2% dos que cursaram a rede privada.

Ou seja, a taxa365 pixbetacesso ao ensino superior dos alunos da rede privada foi mais que o dobro dos alunos que cursaram a rede pública.

Cor ou raça também desempenham um papel na desigualdade evidenciada pela pesquisa. No ano passado, pouco mais da metade das pessoas brancas (51,5%) com ensino médio completo seguiram para cursar o ensino superior. Esse número cai para 33,4% quando a análise foca pretos ou pardos nas mesmas condições.

No total,365 pixbet2017, 43,2% da população com ensino médio completo entraram no ensino superior.

A pesquisa também analisou a proporção365 pixbetmatrículas por cotas no ensino superior público. De 2009 a 2016, esse número cresceu 3,5 vezes, passando365 pixbet1,5% para 5,2%. A proporção365 pixbetmatrículas com PROUNI (Programa Universidade para Todos, do governo federal, que concede bolsas365 pixbetestudo parciais ou integrais) nas instituições privadas -365 pixbet5,7% para 7,3%.

"É importante dizer que, apesar365 pixbettermos muito o que melhorar ainda, houve um avanço muito grande nos últimos 20 anos365 pixbetrelação à educação", diz Naercio Menezes, do Insper.

O problema do acesso ao ensino superior está no Ensino Médio - ele destaca que é preciso melhorar a qualidade e taxa365 pixbetevasão.

Para ele, há problemas365 pixbetpriorização e gestão. Ele defende, por exemplo, a descentralização da gestão do Ensino médio, administrada pelos Estados. "É impossível gerir a partir365 pixbetuma secretaria só. Deveria haver consórcios365 pixbetmunicípios, com autonomia administrativa. As redes são muito grandes", afirma.

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