O moradorbetmais 365 linkrua que vende livros para sobreviver:betmais 365 link
betmais 365 link José Marcosbetmais 365 linkSouza,betmais 365 link55 anos, costuma levantar cedo, aindabetmais 365 linkmadrugada. Ele desfaz a cama, guarda seu colchonetebetmais 365 linkum carrinhobetmais 365 linksupermercado e organiza os produtos que vendebetmais 365 linkuma calçada.
Moradorbetmais 365 linkrua há 3 anos, Souza vive da venda de livros doadosbetmais 365 linkuma esquina da Praia do Flamengo, no Riobetmais 365 linkJaneiro. Pela manhã, faz questãobetmais 365 linkdesejar "bom dia" e "bom trabalho" aos que passam.
Conhecidobetmais 365 linkmuitos moradores e trabalhadores da vizinhança, ele recebe doações a todo momento. Não apenasbetmais 365 linklivros, mas tambémbetmais 365 linkroupas, calçados e comida.
Apesar disso, enfrenta hostilidadebetmais 365 linkpessoas que vivem na região do seu pontobetmais 365 linkvenda. Na primeira semanabetmais 365 linksetembro, Souza e algunsbetmais 365 linkseus livros foram atingidos por ovos lançadosbetmais 365 linkum prédio. Agentes da prefeitura já chegaram a ser chamados numa tentativabetmais 365 linkretirá-lo do local.
"Viver na rua é amargo. Você tem que ouvir um montebetmais 365 linkdesaforo sem poder reagir, sem poder se defender", diz.
Marcos combate a intolerância com simpatia e poesia. Ele, que estudou até o nono ano (antiga oitava série) do Ensino Fundamental, diz que Carlos Drummondbetmais 365 linkAndrade é umbetmais 365 linkseus autores preferidos. Com frequência, escrevebetmais 365 linkum caderno que guardabetmais 365 linkuma das malas.
"Quando cheguei na rua, eu não tinha nada", conta. Souza vivia com a família da irmãbetmais 365 linkNiterói, região metropolitana do Rio, mas saiubetmais 365 linkcasa após um desentendimento familiar. Ao longo da vida, colecionou trabalhos temporários: foi caseiro, repositorbetmais 365 linkmercadoriasbetmais 365 linksupermercado, balconista e garçom.
"Muitas pessoas hoje me veem na rua e me condenam, achando que sou um viciado, um monstro, um pedófilo. Mas não, eu vim para a rua para conseguir a minha própria casa e não ficar dependendobetmais 365 linkparente", explica.
"O povo tem que parar um pouco para pensar e ver quantas pessoas nas ruas estão precisandobetmais 365 linkajuda. Quem está na rua não é ladrão. Quem está na rua tem necessidades."
Segundo a prefeitura do Rio, o levantamento Somos Todos Cariocas, realizado no dia 23betmais 365 linkjaneiro deste ano, contabilizou maisbetmais 365 link3,7 mil pessoas vivendo nas ruas da cidade. Outras 913 estavambetmais 365 linkabrigos.
Souza já passou uma temporadabetmais 365 linkum centrobetmais 365 linkacolhimentobetmais 365 linkJacarepaguá, na zona oeste do Rio, mas diz que se sentiu deslocado.
"O que eu vou fazer num abrigo onde só há dependentes químicos? Será que eu não estava tirando a vagabetmais 365 linkalguém que precisa?", pondera. "Falei que não era um lugar para eu ficar. Eu precisobetmais 365 linkuma casa, nãobetmais 365 linkum abrigo."
O vendedorbetmais 365 linklivros deposita todo o dinheiro que sobrabetmais 365 linkuma conta bancária. Ele sonhabetmais 365 linkcomprar uma casabetmais 365 linkGovernador Valadares, cidade mineira onde seus pais viveram.
"Eu gostaria que as pessoas me vissem como um ser humano. Um ser humano que está tentando vencer na vida. Já que não posso trabalhando honestamente, qual seria o jeito melhor para eu vencer? Será que é roubando, matando as pessoas? Não, eu não acho certo. O certo, para eu poder vencer, é vender os meus livros. É a única maneira."
Reportagem e vídeo: Ana Terra Athayde