O misterioso geoglifofreebet register2 mil anos que deve se tornar patrimônio brasileiro:freebet register

Geoglifos no Brasil

Calcula-se que haja maisfreebet register500 geoglifos no Brasil - a maior parte no Acre - e o estudo dessas estruturas pode ajudar a contar um pouco sobre a ocupação pré-colombiana no País.

"Trabalho realizado pela Universidade Federal do Pará entre 2010 e 2014 identificou 410 sítios arqueológicos denominados geoglifos no estado do Acre", contou à BBC News Brasil o arqueólogo Flávio Rizzi Calippo, diretor do Centro Nacionalfreebet registerArqueologia (CNA) do Iphan. "Embora a maior concentração desses sítios esteja no Acre, também são encontrados nos Estados do Amazonas e Rondônia."

Calippo ressalta, entretanto, que esse número pode ser bem maior. Ironicamente, a descobertafreebet registernovos geoglifos aumenta com o desmatamento, porque muitas estruturas assim estavam cobertas pela Floresta Amazônica.

"Mais geoglifos vêm sendo encontradosfreebet registerdecorrênciafreebet registernovas pesquisas. Recentemente, maisfreebet register80 novos sítios foram localizados no Mato Grosso, o que amplia bastante não apenas o númerofreebet registergeoglifos conhecidos, mas tambémfreebet registerdistribuição espacial no território brasileiro", diz o arqueólogo.

"A estimativa éfreebet registerque centenasfreebet registeroutros sítios sejam identificados com o levantamentofreebet registeráreas atualmente recobertas por vegetação arbórea - que impede a identificaçãofreebet registernovos sítios por meiofreebet registerimagensfreebet registersatélite convencionais."

Embora apenas uma das estruturas deva ser tombada nesta semana, o sítio Jacó Sá é formado por dois geoglifos. "Sítios arqueológicos onde são localizados os geoglifos comumente apresentam maisfreebet registeruma estrutura e elas podem, inclusive, estar interligadas por valas que formam 'caminhos'", comentou à BBC News Brasil o arqueólogo Thiago Trindade, um dos responsáveis para elaboração do parecer técnico do tombamento. "A expectativa éfreebet registerque novos sítios possam ser indicados para tombamento no futuro."

Trindade ressalta também a preocupação ambiental. "Acontece que, por coincidência, esses sítios arqueológicos se encontram inseridos majoritariamente no que se chamafreebet register'cinturãofreebet registerdesmatamento' que avança sobre a Floresta Amazônica, e o que se pretende com o seu tombamento é dar visibilidade - tanto para o poder público como para a sociedadefreebet registermaneira geral - a esse grande númerofreebet registersítios cuja integridade está ameaçada pelo avanço do desmatamento efreebet registerempreendimentos agropecuários especialmente na região Norte do Brasil", diz o arqueólogo.

De acordo com o Iphan, a estrutura escolhida para o tombamento apresenta "elementos que são representativos do conjuntofreebet registersítios arqueológicos do tipo geoglifo conhecidos até o momento". O instituto também frisa que o local selecionado apresenta "características facilitadorasfreebet registerextroversão e socialização, tais como a facilidadefreebet registeracesso e a possibilidadefreebet registerexploração turística".

O que significam esses geoglifos?

"Existe uma correlação direta entre esses achados arqueológicos e o avanço da pecuária e do desmatamento ambiental. Esse fato chamou a atenção para a necessidade do poder público garantir a preservação daqueles visivelmente ameaçados pela ação humana contemporânea", pontua Calippo.

"Por outro lado, o tombamento busca não só a valorização do caráter científico, como também do aspecto afetivo,freebet registerespecial para grupos indígenas, como também proprietáriosfreebet registerterra da região."

Desde que os primeiros geoglifos foram identificados na região amazônica, debates na comunidade científica tentam compreender suas funcionalidades. "Inicialmente, diante das dimensões monumentais, da complexidade e precisão que algumas formas apresentam - sobretudo aquelas localizadas no norte do Acre e sul do Amazonas -, bem como pelo fatofreebet registerque as figuras formadas por essas valas apenas poderem ser observadas plenamente do alto, especulou-se que essas estruturas teriam sido construídas com propósito cerimonial ou como uma espéciefreebet registeroferenda aos deuses", afirma Trindade.

Com o avanço dos estudos, outras hipóteses passaram a ser aventadas. "Há relações possíveis entre essas estruturas e funções mais utilitárias, como o uso defensivo ou o manejofreebet registerrecursos hídricos", completa Calippo.

"Hoje, acredita-se que as formas mais precisas e complexas encontradas no Acre sejam uma ressignificação das funções originalmente desempenhadas por essas estruturas a partir do desenvolvimento efreebet registerum maior graufreebet registerdomínio da técnica construtiva das valas."

Os pesquisadores perguntaram também a populaçõesfreebet registercomunidades locais. E versões vão desde que as valas teriam sido construídas como trincheiras para batalhas da Revolução Acreana, ocorrida entre 1899 e 1903 - o que não bate com as datações científicas -, até que seriam currais para criaçãofreebet registertartarugas.

"Enquanto isso, alguns integrantes da etnia Huni Kuin que visitaram o sítiofreebet register2016 descreveram-no como uma 'tatuagem na terra', estreitando a ideiafreebet registerque essas estruturas estãofreebet registeralguma forma relacionadas a aspectos identitários ancestrais", lembra Trindade.

Por suas características - dimensões, formas e materiais encontrados nos sítios -, há pesquisadores que também sugerem uma relação entre os geoglifos do Acre e as aldeias fortificadas encontradas no Alto Xingu. "Que são grandes aldeias organizadas no espaçofreebet registermaneira a se 'comunicarem' por meiofreebet registerestradas a outras aldeias ou áreasfreebet registerinteresse na paisagem, como rios ou roças", explica Calippo.

"Diante da vasta região na qual esses sítios se distribuem, que foram ocupadas historicamente por diferentes etnias indígenas, e diante das diferenças na cultura material por eles apresentadas, sobretudo vestígiosfreebet registervasilhames cerâmicos, estima-se hoje que as valas que forma os geoglifos são apenas um traço cultural compartilhado por diferentes populações indígenas, o que favorece também distintas hipótesesfreebet registerinterpretação sobre seus usos e significados."

Quando foi identificado

O sítio Jacó Sá foi identificado no ano 2000, quando o paleontólogo da Universidade Federal do Pará Alceu Ranzi realizou um sobrevoo na região. Entre 2007 e 2008, a região foi sistematicamente pesquisada pela comunidade científica internacional,freebet registerum trabalho liderado pela arqueóloga finlandesa Sanna Saunaluoma, da Universidadefreebet registerHelsinque. "Nessa ocasião, foram recolhidos vestígios materiais que, entre outros, permitiram estimar o períodofreebet registerocupação do sítio", conta Trindade.

Graças ao métodofreebet registerdatação por meio do Carbono 14, realizado a partirfreebet registerrestosfreebet registercarvão encontrados no sítio e outros vestígios materiais, como fragmentosfreebet registervasilhames cerâmicos, concluiu-se que a região foi construída e habitada entre 550 e 950 d.C. Mas outros elementos apresentam datas que recuam até 500 anos a.C. "Isso dificulta a associação dos construtores e habitantes a uma determinada etnia indígena", diz Trindade.

freebet register Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube freebet register ? Inscreva-se no nosso canal!