'O PT tem que visitar seus demônios', afirma ex-ministroplay pix betLula e Dilma:play pix bet
Confira abaixo trechos da entrevista concedida na última quarta-feira.
play pix bet BBC News Brasil - Bolsonaro venceu com forte discurso anti-PT. Qual recado o partido tira das urnas?
play pix bet Gilberto Carvalho - Tenho a impressãoplay pix betque uma resposta mais definitiva dessa eleição, nós vamos levar um tempinho para digerir por conta da mudança profunda da natureza que se deu o processo eleitoral e, sobretudo, o processoplay pix betcomunicação com o eleitor. Hoje, temos consciênciaplay pix betque grande parte da mobilização dos corações e mentes se deu através do manuseio das redes sociais particularmente, Facebook e WhatsApp, no submundo. É o envioplay pix betmensagemplay pix betum jeito muito qualificado com conteúdo psicossocialplay pix betcaptação do ânimo das pessoas, do interesse das pessoas, que dá um saltoplay pix betqualidadeplay pix betrelação a tudo anteriormente.
Para nosso aprendizado e da democracia, a gente precisa aprofundar um pouco mais qual é a natureza desse processo que levou as pessoas a mandar esse recado. Porque, aparentemente, é um recadoplay pix betaprovaçãoplay pix betuma candidatura que se afirma forte, que afirma que vai resolver todos os problemas, que autoriza a violência, a discriminação racial,play pix betorientação sexual etc. e tal. Quer dizer, é uma viragem muito brusca naquilo que tem sido o recado político e as mensagens que a gente recebe.
A ironia é que é uma (mensagem) antipolítica contra um tipoplay pix betpolítica, porque os que estão com Bolsonaro não são novos na política, nenhum deles, tirando o Paulo Guedes, que vai ser ministro da Economia. Bolsonaro tem 26 anosplay pix betmandato (de deputado federal), Magno Malta não sei quanto, (Onyx) Lorenzoni não sei quanto (ambos iniciaram a carreira política nos anos 90). E da pior política.
play pix bet BBC News Brasil - Por quê?
play pix bet Carvalho - Porque são todos eles praticantes do velho fisiologismo, da manipulação religiosa terrível no caso do Magno Malta. A nós, cabeplay pix bettodo modo entender alguns recados. O primeiro deles é queplay pix betfato precisamos fortemente retomar contato com a nossa base, a periferia, com aqueles que foram beneficiários da nossa política social, acho que não foram conscientizados da natureza desses benefícios sociais, do que era nosso projeto.
Há um convite,play pix betfato, para que o partido se repense do pontoplay pix betvista daplay pix betprática profissional, aplay pix betrelação com a corrupção, aplay pix betrelação com os modos tradicionaisplay pix betfazer governo, o fisiologismo do toma lá, dá cá.
Há um convite para a gente deixar a arrogânciaplay pix betlado e ter a humildadeplay pix betreconhecer que essa primaveraplay pix betnovas energias que surgiram, sobretudo no segundo turno, não querem se enquadrar dentroplay pix betum partido e não querem ser hegemonizadas por um partido. É um convite para formaçãoplay pix betuma frente que não seja apenas formalplay pix betpartidos. Tem que haver a costura desse energia e a buscaplay pix betencontrar caminhos e expressões que se adequem mais a essa (mobilização).
Há também, naturalmente, um desafio enorme de, junto com essa frente, se fazer uma resistência à toda formaplay pix betprivação da liberdade. Então, eu acho que as urnas dão esse recado. Agora, insisto, tudo isso careceplay pix betuma análise mais profunda e tambémplay pix betum acompanhamento para gente poder ver no que vai dar.
Esse processo eleitoral me lembra muito Collor (presidente eleito)play pix bet1989, pelas categorias manejadas, e acho que o futuro desse governo pode ter um destino, não vou dizer igual, mas semelhante ao do Collor, no sentidoplay pix betuma grande promessa rapidamente frustrada.
play pix bet BBC News Brasil - Mas não um impeachment?
play pix bet Carvalho - Não, eu não quero falarplay pix betimpeachment. Não podemos funcionar como aqueles que querem um inferno para o País. Não cabe a nós desejar o pior, pois quem sofre muito é o povo pobre. Nós temos que ter responsabilidade. Cabe a nós fiscalizar, vigiar, alertar e buscar conscientizar a população daquilo que for acontecendo.
(Se houver) Uma imposiçãoplay pix betum modelo liberal acoplado necessariamenteplay pix betum modelo repressivo, nós temos que ir para rua, não podemos ter medo. Pode acontecerplay pix bettudo no governo Bolsonaro, pode até acontecer, o que é mais difícil, que seja um governo bem-sucedido com paz social. Para isso, teria que mudar muito esse programa que está aí. Pode acontecerplay pix betum governo fortemente liberal e fortemente repressivo, inclusive oficialmente e oficiosamente com forças paramilitares, porque as falasplay pix betBolsonaro sãoplay pix bettamanha irresponsabilidade que elas estimulam uma ação paramilitar contra gays, contra sem terra, contra todos nós.
A manter esse programa (econômico liberal) do Guedes não há como dar certo, e o que vai dar é muito descontentamento rapidamente.
play pix bet BBC News Brasil - O PT esteve desde sempre orbitandoplay pix bettorno da liderançaplay pix betLula, mas nessa eleição isso não funcionou. O PT precisa agora superar a liderançaplay pix betLula?
play pix bet Carvalho - Desculpe, mas eu vou ter que discordar daplay pix betafirmação. Se você olhar o cenário, o PT foi o único partido que sobreviveu.
play pix bet BBC News Brasil - Sobreviveu no Nordeste, muito regionalizado.
play pix bet Carvalho - É a maior bancada na Câmara Federal, tem o maior númeroplay pix betgovernadores (Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte). É verdade que está mais no Nordeste, mas os deputados são eleitos por outras regiões também. E nas condições que nós tivemos, com Lula preso. Então, eu não diriaplay pix betmaneira alguma que essa eleição diminui o valor que Lula tem eleitoralmente. Imagine se nós tivéssemos concorrido com Fernando Haddad ou quem quer que fosse sem a figura do Lula por trás. Nemplay pix betlonge nós teríamos ido ao segundo turno, e muito menos tido essa votação que a gente teve.
Então, para nós é muito importante retomar a denúnciaplay pix betque o Lula foi preso para não ganhar a eleição. Vamos relançar agora a campanha "Lula livre", até porque nós morremosplay pix betmedo. Quando esse cara tomar posse com Lula preso, não sabemos o que vai acontecer com Lula. Tudo que ele fala é no sentidoplay pix betque o Lula morraplay pix betpodre na cadeia, todas as palavras desrespeitosas.
Isso não quer dizer que temos que ficar Lulodependentes a vida inteira. E Lula nos deu uma grande contribuição agora nos ajudando a lançar uma nova figura, que é Fernando Haddad.
Tudo que nós esperamos é que o Fernando ocupe um papel muito importante justamente naquilo que eu chamei há pouco, com humildade,play pix betformaçãoplay pix betuma frente democrática popular, tem que ser popular, não sóplay pix betpartido. Porque uma das grandes vantagens nossas foi o surgimento (na eleição)play pix betum engajamento dos movimentos sociais fortíssimo. Então, a gente tem um Haddad como uma nova liderança não para fazer esquecer do Lula, mas para se juntar ao Lula.
play pix bet BBC News Brasil - Além dos milhõesplay pix betvotos que Haddad obteve, ele é apontado como essa liderança porque tem uma caraplay pix betnovo PT?
play pix bet Carvalho - Eu não sei se posso chamarplay pix betnovo PT, eu tenho muita dificuldade com essas categorias. Mas ele tem uma caraplay pix betquem foi aceito mais amplamente do que o PT. Muita gente que votou nele deixou claro que não gosta da PT, então ele pode sim galvanizar o apoio dessas pessoas, não para o PT, mas para essa frente. E é claro que caras novas sempre é bom. A Gleisi (Hoffmann, presidente do PT) foi uma cara nova, o Haddad é uma cara nova. E nessa síntese, que é natural dentro do partido, vai configurando a cara do partido: ela é múltipla, não tem uma cara só.
play pix bet BBC News Brasil - Voltando à pergunta anterior, a força do Lula colocou Haddad no segundo turno, mas o antipetismo e antilulismo também impediu Haddadplay pix betvencer. Há um dilema entre a necessidadeplay pix betmanter a importância do Lula e superá-lo?
play pix bet Carvalho - De certa forma, quando eu falo que é uma frente além PT, ela é além Lula também, estou totalmenteplay pix betacordo. Agora, um poucoplay pix betcuidado com esse história do antipetismo. Porque há um antipetismo absolutamente artificial que foi inflado agora na campanha, que não se baseia no antipetismo clássico, que as pesquisas sempre diziam que eraplay pix betcercaplay pix bet30%, é baseado no negócio da corrupção, do mensalão,play pix betcerta arrogância do PT.
Esse antipetismo que surgiu aí, que para mim é uma pena que voa, é um antipetismo baseado na mentira. Mentiraplay pix betque nós iríamos venezuelizar o país, a mentiraplay pix better um kit gay contra família, toda essa multidãoplay pix betfake news que não permanece.
Nós temos que olhar e procurar corrigir aquilo queplay pix betfato são problemas nossos. E que nós sabemos que magoaram, ofenderam, decepcionaram a sociedade. A nossa convivência com a política tradicional, o financiamento empresarialplay pix betcampanha, junto com isso veio corrupção, na formaplay pix betarrecadar dinheiro para campanha, atéplay pix betalguns casos o enriquecimentoplay pix betalgumas pessoas, embora muito poucas, mas teve. Isso sim a gente tem que encarar, que eu chamoplay pix beta gente visitar os nossos demônios. Nós temos que ter coragemplay pix betvisitar, e, menos do que ficar fazendo uma autocríticaplay pix betpraça pública, é fazer autocrítica na prática, mudar a nossa prática. Sair da burocracia e conviver mais com os pobres, fazer um trabalhoplay pix betbase novoplay pix betformação. Tudo isso OK, nós vamos fazer. Não querer agradar uma parte da sociedade que nós nunca vamos agradar, então isso é bobagem.
play pix bet BBC News Brasil - Noam Chomsky (linguista americano) disse que o PT deveria fazer uma Comissão da Verdade para analisar seus erros. Como o senhor vê essa sugestão, que tipoplay pix bettrabalho poderia ser feito para visitar esses demônios?
play pix bet Carvalho - Eu acho que a gente tem que ouvir com muito carinho o Chomsky. Quando eu faloplay pix betvisitar e espantar esses demônios, ou repactuar eticamente internamente, eu estouplay pix betacordo. Nós precisamos fazer. É próprioplay pix betqualquer instituição humana ter erros, não tem problema nenhum.
play pix bet BBC News Brasil - O PT errouplay pix betnão fazer isso antes?
play pix bet Carvalho - Errou, podemos dizer que poderíamos ter feitoplay pix betmaneira mais clara isso antes. Mas eu quero dizer uma coisa: não é isso que mais afastaria a multidão. Nós não fizemos antes e vencemos eleiçãoplay pix bet2006, 2010 e 2014. Essa exigência externa que se coloca pra nós, e que as pessoas dizem que não gostam e não votam no PT por causa disso, isso é bobagem. Não nos iludimos por ela, porqueplay pix betgeral isso é estribo para uma rejeição que é classista, que éplay pix betoutra natureza.
Agora, independente disso, eu acho que, para o bem do partido, é importante fazer na prática essas mudanças. O que não é simples, porque nós convivemos numa cultura política profundamente marcada por essas posturas. O cara que ganhou a eleição agora, Bolsonaro, não é um cara honesto, a vida dele está cheiaplay pix betcompromissos e cumplicidade.
play pix bet BBC News Brasil - Os processos contra Lula do tríplex e do sítioplay pix betAtibaia indicam um relacionamentoplay pix betcompadrio com empreiteiras,play pix betque ele pode ter obtido benefícios, ou quase obtido. Como olhar esses demônios se o discurso éplay pix betque o Lula é totalmente inocente?
play pix bet Carvalho - Eu não vejo contradição nenhuma nisso porque eu conheço o Lula e Lula efetivamente é inocente. O Lula foi o presidente que tomou a iniciativaplay pix betestimular o desenvolvimento dos órgãosplay pix betcontrole, e nunca, isso eu posso testemunhar porque eu convivi com ele oito anos na Presidência, nunca ele pôs a mão na cabeçaplay pix betninguém. Ele sempre disse: "quem no meu governo errar será investigado, não peça para não ser investigado". Tanto que ele viu cair (o ex-ministro Antônio) Palocci, cair Zé Dirceu (ex-ministro e ex-presidente do PT). Até diziam que ele era pouco solidário.
O Lula focou o governo dele na questão da mudança do país, desenvolvimento econômico e tal, e criou os mecanismos para que tudo fosse detectado. Muita coisa não foi detectada porque não havia como chegar à Presidência informações que não chegam tão rapidamente, como o caso da Petrobras.
O erro que o Lula cometeu, que nós cometemos, foi ter convivido com pessoas que foram governo com objetivo claroplay pix betse locupletar, e praticaram um monteplay pix betcoisa que depois vieram pra nossa conta, como é o caso da Petrobras. Lula não conhecia Paulo Roberto, não conhecia (Renato) Duque (ex-diretores da estatal presos na Lava Jato).
E eu não concordo com afirmaçãoplay pix betque teve compadrio. E o que ele fez, e aí sim se inclui no conjunto do PT, foi aceitar e tolerar o financiamento empresarialplay pix betcampanha. Mas vamos lembrar que isso estava dentro da lei. Nunca o Lula se dirigiu a nenhum empresário, e falou "eu peço dinheiro para você".
play pix bet BBC News Brasil - Mas tem as obras realizadas por empreiteiras no sítioplay pix betAtibaia (que não pertence a Lula formalmente, mas ele fazia uso), a própria questão do tríplex do Guarujá (que foi oferecido a Lula pela OAS e ele chegou a visitar antesplay pix betrecursar)?
play pix bet Carvalho - Elas se deram depois do governo dele, nunca durante o governo dele, na ciência dele.
play pix bet BBC News Brasil - Mas essas obras no sítio são um problema?
play pix bet Carvalho - Não. Se fossem feitas durante o governo, seria um problema. Não foram feitas durante o governo dele, ao menos com a ciência dele não foram feitas. O caso do tríplex foi uma oferta que não foi aceita.
Não tenho dúvida nenhumaplay pix betque o processo contra o Lula foi um processo montado para tirá-lo do jogo. São absolutamente ridículas as acusações contra o Lula a pontoplay pix betum juiz do Supremo como o Gilmar Mendes dizer para mim pessoalmente: "o processo do tríplex não paraplay pix betpé". Não sou eu que falei isso. Qualquer juiz sabe disso. Só não agiram antes porque não queriam fazer interferência no processo eleitoral.
play pix bet BBC News Brasil - Sérgio Moro pode ocupar o cargoplay pix betministro da Justiça no governo Bolsonaro (o que foi confirmado na quinta-feira um dia após a entrevista). Como o senhor recebe essa notícia?
play pix bet Carvalho - Essa notícia é apenas a confirmaçãoplay pix bettudo que nós tínhamos falado. Há um processoplay pix betum Judiciário que se tornou acusador. Um Judiciário que perdeu a imparcialidade e se tornou parteplay pix betum processoplay pix betdestruiçãoplay pix betum projeto. É só isso. Ele aceitando ou não, para mim não importa muito. O fatoplay pix beto Bolsonaro convidá-lo é apenas a consolidaçãoplay pix betque ele tem parte no processo e que eles conseguiram tirar (Lula da eleição), nos derrotaram desse pontoplay pix betvista.
Moro e uma parte importante do Judiciário, aí incluída a segunda instância, estão afundados até as botas nessa açãoplay pix betdestruir o nosso projeto, e não é pelos nossos erros, é pelos nossos acertos:play pix betfunçãoplay pix betnossa autonomiaplay pix betrelação aos Estados Unidos, o ferimento dos interesses das petroleiras no pré-sal, o ferimentoplay pix betinteresses do sistema financeiro com as medidas que a Dilma tomou sobretudo (de tentar reduzir os spreads bancários). O resto foram argumentos que foram se acoplando para justificar perante a opinião pública uma ação criminosa, que, ao meu juízo, ao tentar destruir o PT, acabou destruindo o Brasil.
play pix bet BBC News Brasil - Tenho dificuldadeplay pix betver esse tipoplay pix betconexão entre a ação do Judiciário brasileiro e a suposta ação do governo contra interessesplay pix betmultinacionais americanas.
play pix bet Carvalho - Você desconhece toda a participação do Moro e do pessoal do Ministério Público nos Estados Unidos, os treinamentos nos cursos que eles fizeram? O acordo que foi feitoplay pix betcolaboração ilegal com o Ministério Público americano? Você desconhece isso? Passou dados para destruir a Petrobras para eles (o Ministério Público brasileiro colaborou com investigações nos Estados Unidos e a Petrobras depois firmou acordoplay pix betR$ 3,6 bilhões com o governo americano para encerrar investigações que enfrentava no país).
Eu te convido a fazer um estudo mais profundo dessa história, desde os financiamentos aos movimentosplay pix bet2013 pelos colleges americanos, MBL, etc., toda essa redeplay pix betWhatsApp agora.
Eu concordo com você, a gente não deve ter visões mecanicistasplay pix betcausa e efeito, mas não podemos também deixarplay pix betanalisar esses fios, essas ações, que não se explicam por si só. Por que o Emílio Odebrecht me disse, por exemplo, quando foi depor que só interessava aos promotores a questão do Lula e do PT? Por que as empresas brasileiras que foram atingidas pela Lava Jato foram sobretudo aquelas que têm uma concorrência estratégica na questão do petróleo, na questão do submarino atômico, na questão da concorrência com empresas americanas no controle da América Latina? Não convém a gente deixarplay pix betolhar.
play pix bet BBC News Brasil - Mas seriam mais indícios do que provas concretas dessa conexão?
play pix bet Carvalho - É um pouco como (o golpe militar de) 1964, só depois nós soubemos das conexões (com interesses americanos). Eu prevejo que vai passar alguns anos para gente poder entender coisas que aparentemente não se explicam na Lava Jato. A grande pergunta "a quem beneficia?" é muito importante. Quem se beneficiou com tudo que eu vi até agora, desde a derrubada da Dilma à prisão do Lula? Quem está comprando petróleo na bacia das almas (quando algo é vendido barato, às pressas)? Quem estão sendo os beneficiários da internacionalização da economia brasileira por esses preços vis que estão aí? Alguém se beneficiou.
play pix bet BBC News Brasil - No passado, o senhor muitas vezes destacou a lealdadeplay pix betCiro a Lula. Ciro Gomes agora se diz traído por ele e faz duras críticas ao PT. A mágoa é justa?
play pix bet Carvalho - Eu prefiro não responder ao Ciro. Essa minha atitude tem uma posturaplay pix betrespeitar o Ciro que eu conheço e o Ciro das atitudes, e não o Ciro das palavras. Se eu for levarplay pix betconta as ofensas que ele fez ao Leonardo Boff, ao Frei Betto e ao Lula, eu vou ficar com opinião tão ruim dele que eu prefiro não (levarplay pix betconta).
Eu mandei um zap ao Ciro entre o primeiro e o segundo turno pessoalmente pedindo a ele que nos apoiasse, que era importante inclusive para formação dessa frente. Então, eu quero dizer que nós vamos teimarplay pix betcontar com Ciro. Nós precisamos tanto dele eplay pix betqualquer cidadão brasileiro nesse momento que não convém ficar estimulando divisão.
play pix bet BBC News Brasil - A imprensa brasileira diz que PDT, PSB e PC do B estariam tentando se articularplay pix betuma frente sem o PT. Vão também teimarplay pix betprocurá-los?
play pix bet Carvalho - Não há dúvida. Primeiro porque essas fofocasplay pix betcorredorplay pix betCongresso,play pix betcolunaplay pix betjornal, elas não podem ser levadas a sério pela gente. Tudo é tão grave que eu tenho certeza nós vamos estar juntos. Eu prefiro não plantar nenhuma dificuldade agora. Evidentemente vamos procurar todos os partidos. Eles podem ficar tranquilos, nós temos autocrítica suficiente para não querer fazer a hegemonia, o hegemonismo.
play pix bet BBC News Brasil - Reconhecem que houve erro do PT nesse hegemonismo?
play pix bet Carvalho - Claro, só que o seguinte: nós não temos culpaplay pix betser o partido do tamanho que nós temos. Não temos culpaplay pix better construído uma história que, mesmo nessa voragem toda, nós tivemos esses votos. Nós temos um número grandeplay pix betdeputados, governadores, não é pela beleza dos nossos olhos ou por querer sermos hegemonistas, é porque temo uma proposta e com isso nós comparecemos à mesa e nos colocamos à disposição. Nós não queremos mandarplay pix betnada, mas também não vamos esconder essa força.
Eu diria que nessa eleição surgiram lideranças muito importantes, eu destaco o papel do (candidato do PSOL Guilherme) Boulos por exemplo,play pix betmuitas lideranças do mundo cultural, que nós queremos abraçar, sem nenhuma vontadeplay pix betquerer mandar nadaplay pix betninguém.
play pix bet BBC News Brasil - Algumas alas do PT defenderam o apoio ao Ciro na eleição. Foi um erro não tê-lo apoiado?
play pix bet Carvalho - O Ciro não nos apoiou nessa tarefa. Nós há muito tempo nos aproximávamos do Ciro e pedíamos dele atitudesplay pix betsolidariedade quando nós estávamos na pior, que facilitariam o caminho dele. Se quando Lula foi preso,play pix betvezplay pix betdeclarar que não ia a São Bernardo porque não era capachoplay pix betninguém, se tivesse no mínimo ficadoplay pix betsilêncio, ou emitido uma solidariedade ao Lula, ele teria pavimentado o caminho para a gente apoiá-lo.
As coisas não acontecem automaticamente. Se eu planto cebola, eu colho cebola. Ele fala que foi uma ofensa ser chamado para ser vice (de Lula, com a perspectivaplay pix betsubstituí-lo como ocorreu com Haddad), mas muito antes a gente procurou sinalizar para o Ciro: "oh, vamos ter uma políticaplay pix betbom (relacionamento)". Mas eleplay pix betvezplay pix betquando dá umas pancadas que desequilibra todo mundo, entristece todo mundo.
Na carta que eu mandei para ele, eu disse: "Ciro, nós temos uma criseplay pix betliderança e você é uma das lideranças que nós queremos, mas ajude". Bastava um gesto. Não é que o gesto dele ia salvar a eleição, não tinha essa ilusão, mas terminar o segundo turno com essa visãoplay pix betuma frenteplay pix betresistência junto era muito melhor para nós.
Mas, não tem problema, o Ciro está no nosso campo, e nós vamos continuar buscando o apoio dele, nós precisamos buscar todo mundo.
play pix bet BBC News Brasil - Em 2022, o PT pode não ter candidato e apoiar outro nome? Seria a primeira eleição presidencial desde a redemocratização sem candidato do PT.
play pix bet Carvalho - É fácil eu te responder que sim, pode, claro que pode. Só que antes nós precisamos garantir a eleiçãoplay pix bet22. Nós não sabemos nem se vai ter eleição. A primeira tarefa é garantir a democracia e o processoplay pix bet22. Até lá tem muita coisa que vai acontecer e é perfeitamente possível, está dentro do processoplay pix betmaturidade a gente construir uma nova liderançaplay pix betoutro partido que possa disputar, tipo o Boulos, o próprio Ciro.
Agora, não dá pra pedir pra gente fazer issoplay pix betjaneiroplay pix bet2022 se antes não tiver um caminho conjunto. Por isso que eu diria para você que a prioridade zero é a gente formar essa frente popularplay pix betresistência,play pix betconstruçãoplay pix betum projeto alternativo, que aí as coisas têm que se dar naturalmente na política, e não com uma imposição.
play pix bet BBC News Brasil - Há muitos sinasplay pix betque a Venezuela se tornou uma ditadura, mas lideranças do partido seguem defendendo o governo Maduro, inclusive a presidente Gleisi. Por quê? O partido não vai mudar essa posição?
play pix bet Carvalho - Não, não vai mudar nessa mudança artificial e superficial desconhecendo o que a Venezuela sofre como pressão do imperialismo contra o seu povo. Enquanto nós fomos governo, nós atuamos sempre para moderar as coisas na Venezuela. O Lula foi uma espécieplay pix betpai do velho Chávez e procuramos o tempo todo dizer a ele os caminhos que seriam melhores na linha da democracia.
É evidente que não apoiamos a perseguição da oposição, mas nós preferimos, antesplay pix betfazer uma crítica, conhecer melhor o que é a Venezuela e quais são as razões que levaram e que levam a isso, a sabotagem. Você sabe que os americanos provocam uma sabotagem interna na economia e uma faltaplay pix betprodutos artificialmente. Você sabe disso?
play pix bet BBC News Brasil - Como?
play pix bet Carvalho - Uai, há uma aliança com os empresários. Eles são induzidos a investir no mercado financeiro e a sabotar o mercado interno. A fome na Venezuela é uma fome artificial, não é por faltaplay pix betrecursos. Há uma brutal sabotagem ao governo venezuelano. Eles estão isolados economicamenteplay pix betum monteplay pix betpaíses. O diaplay pix betque vier uma posição clara sobre isso, nós vamos nos posicionar. Mas nós queremos ter uma discussão séria por inteiro. Não é justo você condenar um governo sob cerco. Eu posso fazer críticas parciais, agora, estranhamente, tem eleição sempre na Venezuela. Ninguém provou que as eleições são sujas na Venezuela.
play pix bet BBC News Brasil - Mas a OEA (Organização dos Estados Americanos) não reconheceu a legitimidade da última eleição.
play pix bet Carvalho - A OEA está dominada pelos Estados Unidos. O que o PT faz é ter uma posição madura, tranquila. Internamente, fazemos críticas sim, sempre fizemos, continuamos fazendo, mas quando estávamos no governo procuramos contrapor-nos aos americanos e darmos condições econômicas para o país sobreviver. O Brasil virou as costas para a Venezuela e apoia hoje o cerco criminoso para aquele povo.
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