Por que a descoberta do vírus Zikabet 095macacos pode ser problema sério para o Brasil:bet 095

A descoberta, segundo Nogueira, significa que macacos brasileiros são hospedeiros para ele, assim como os humanos. Caso seja provado que mosquitos que picam estes animais também estão contraindo o vírus, fica estabelecido um ciclo silvestre, assim como o da febre amarela.

"Ainda não sabemos se o vírus conseguiu ficar circulando dentro da floresta. Agora, estamos investigando mosquitos e primatasbet 095regiõesbet 095floresta mais profundabet 095São José do Rio Preto ebet 095Manaus para ver se também encontramos os vírus neles", afirma o pesquisador.

O estudo teve apoio da Fundaçãobet 095Amparo à Pesquisa do Estadobet 095São Paulo (Fapesp) e reuniu pesquisadores da Famerp, da Universidade Federalbet 095Minas Gerais, do Instituto Adolfo Lutz, da Universidadebet 095São Paulo (USP), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Nacionalbet 095Ciência e Tecnologiabet 095Dengue e da University of Texas Medical Branch (UTMB), nos Estados Unidos.

Animais doentes e 'moles'

Todas as carcaças examinadas erambet 095animais que foram mortos no primeiro semestrebet 0952017, no auge do surtobet 095febre amarela que, entre dezembrobet 0952016 e marçobet 0952018, matou 676 pessoas no País e deixou maisbet 0952 mil doentes.

"A maior parte deles eram saguis (Callithrix sp.) e micos (Sapajus sp.), que costumam ser difíceisbet 095capturar. Isso nos intrigou, e quisemos descobrir se eles estavam doentesbet 095alguma forma. Não com a febre amarela, que os mata, mas com algo que facilitasse a captura", disse Nogueira.

Cercabet 09580 carcaças foram analisadas. O exame revelou que os animais não tinham febre amarela, mas cercabet 09530% estavam doentes com Zika. O sequenciamento do DNA do vírus encontrado nos primatas mostrou que era o mesmo que estava presentebet 095humanos. Mosquitos Aedes capturados nos mesmos locais e no mesmo período também carregavam o vírus.

"Foi aí que entendemos que o vírus estava saindo da população e indo para os macacos. É o caminhobet 095ida para o ciclo silvestre."

Ainda durante o estudo, os cientistas infectaram macados saudáveis com Zika e viram que o vírus se tornava presentebet 095seu sangue - uma provabet 095que havia se multiplicado no organismo.

"Do períodobet 095que a viremia estava no auge, eles ficavam moles, extremamente dóceis e fáceisbet 095manipular. É provavelmente por isso que foram capturados e mortos pela população. Mas eles se recuperaram, não morreram pela doença", explicou o pesquisador.

"Em momentosbet 095surto, as pessoas entrambet 095pânico e matam os macacos, mas eles são vítimas como nós."

Ciclo selvagem tornaria combate à doença mais difícil

O Zika vírus apareceu originalmentebet 095macacos na África, mas infectava populações humanasbet 095surtos esporádicos. Ao chegar a países do Sudeste da Ásia, ele passou a circular apenas entre humanos, transmitido pelo Aedes aegypti. Assim também permaneceu quando entrou no Brasil ebet 095outros países na América Latina.

No ciclo urbano, o mosquito passa o vírusbet 095um humano contaminado para outro, saudável.

Já no caso da febre amarela, o que ocorre é o ciclo silvestre, no qual os macacos são os principais hospedeiros do vírus - ciclos urbanos da doença não são registrados desde os anos 1940 no Brasil. Em regiõesbet 095mata, mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes picam os primatas e transmitem a doença a outros - podem também transmiti-la a seres humanos que vivam na região.

A circulação do vírus na floresta o torna mais difícilbet 095erradicar completamente. Por isso, o Brasil ainda convive com surtos esporádicosbet 095febre amarela, que afetam principalmente os animais.

Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que a descoberta do Zikabet 095macacos, por si só, ainda não é suficiente para dizer que já há um ciclo silvestre da doença no país.

"Esse estudo mostra que o macaco é um reservatório, mas ainda não sabemos se a carga viral que ele tem é suficiente para manter o ciclo. Uma coisa é achar o vírus nos macacos, outra é saber se eles estão infectando os mosquitos", disse à BBC News Brasil o médico Carlos Brito, especialistabet 095arboviroses (doenças transmitidas por insetos) da Unversidade Federalbet 095Pernambuco (UFPE) e membro do comitê ténicobet 095arboviroses do Ministério da Saúde.

Maurício Nogueira, coordenador da pesquisa, também afirma que as próximas etapas do estudo buscarão determinar por quanto tempo os primatas ficam infectados com Zika e se a cargabet 095vírusbet 095seu sangue durante a infecção é suficiente para que mosquitos contraiam o vírus ao picá-los.

Caso isso não aconteça, os macacos ficariam doentes, mas o ciclo silvestre não aconteceria, restringindo a circulação do vírusbet 095áreasbet 095floresta. Mas, o ciclo ocorrer, o combate à Zika pode se tornar mais difícil do que já é, segundo Brito.

"Ter o vírus circulandobet 095primatas significa que temos mais um reservatório para ele, e mais riscobet 095surtosbet 095humanos também. Isso ampliaria o alcance da doença e dos seus efeitos devastadores. Uma vacina, por exemplo, se torna ainda mais urgente."

Segundo o Ministério da Saúde, as vacinasbet 095Zika ainda estãobet 095estágiobet 095desenvolvimento no Brasil.

"A pasta já se comprometeu, desde novembrobet 0952015, com maisbet 095R$ 270 milhões para o desenvolvimentobet 095vacinas e novas tecnologias nesta área. Desse total, R$ 100 milhões foram destinados para o custeio da terceira e última fase da pesquisa clínica da vacina da dengue, R$ 5,6 milhões para o desenvolvimentobet 095vacina contra o vírus Zika pela Fiocruz, R$ 6,5 milhões para a vacina contra o Zika pelo Evandro Chagas", disse,bet 095nota, à BBC News Brasil.

Em 2018, até o dia 15bet 095setembro, o país teve 3.155 casos confirmadosbet 095infecção por Zika. Em 2017, foram 8.839 casos confirmados.

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