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Eleições 2018: 'Meu irmão ameaçou me proibirsportingbet quer valerver minhas sobrinhas' - o pleito que dividiu famílias:sportingbet quer valer
O analistasportingbet quer valerTI Márcio Henrique Claudino morasportingbet quer valerBelfast, na Irlanda do Norte, e tinha planossportingbet quer valervisitar a família no Brasilsportingbet quer valerjaneiro. As discussões que teve com os familiares por causasportingbet quer valereleições, no entanto, o fizeram mudarsportingbet quer valerideia.
"Vou adiar a viagem lá para maio para esperar o clima acalmar", diz ele. Márcio brigou com a família e foi chamadosportingbet quer valerfascista por duas cunhadas porque começou a fazer campanha para Bolsonaro. A maior partesportingbet quer valersua família vai votarsportingbet quer valerHaddad.
Situações como assportingbet quer valerSérgio e Márcio são um retrato das divergências que,sportingbet quer valeruma eleição tão polarizada quanto a deste ano, se instalam também dentro das famílias.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira, dia 25sportingbet quer valeroutubro, Jair Bolsonaro tem a liderança, com 56% das intençõessportingbet quer valervotos válidos. Haddad tem 44% - uma diferençasportingbet quer valer12 pontos percentuais.
A internet teve um papel central na campanha neste ano, e acaba sendo também o meio onde muitas vezes começam as brigassportingbet quer valerfamília - que acabam transbordando do mundo digital para a vida real.
Como mora longe do Brasil, o WhatsApp era o principal meiosportingbet quer valercomunicaçãosportingbet quer valerMárcio com a família.
"Minhas cunhadas ficaram bem bravas, falando que sou fascista, que estou apoiando tortura, essas coisas", conta Márcio. "Sei que Bolsonaro apoia a ditadura, mas acho que não existe a menor possibilidadesportingbet quer valerisso acontecer hoje no Brasil."
O irmão mais velho tentou apaziguar, a mãe mandou mensagem pedindo para ele pararsportingbet quer valerfalar sobre política: "Márcio, para com isso, o pessoal tá bravo com você".
"Eu não esperava essa reação, esperava que eles entendessem que é pro bem, que eu não tô fazendo pro mal", afirma.
Ele diz que defende Bolsonaro por "suas ideias liberais para a economia" e para "não correr o riscosportingbet quer valerLula sair da prisão e virar ministro". "Eu conheço o trabalho do Paulo Guedes, ele é um cara do mercado, um cara preparado", diz.
"Antes a gente conseguia conversar. Hoje não, quando posto algo (a resposta) é silêncio, para não ter discussão", diz ele.
Tempo perdido
A publicitária Mariana*,sportingbet quer valer32 anos, tem um posicionamento político oposto aosportingbet quer valerMárcio (ela votasportingbet quer valerHaddad), mas teve um problema parecido: também viu o desentendimento com a família ficar virulento muito rápido.
Ela conta que mandou só uma mensagem questionando um post no Instagram da cunhada e recebeu uma enxurradasportingbet quer valercríticas do irmão.
Ele a chamousportingbet quer valer"comunista psicótica", disse que ela era "louca e precisavasportingbet quer valerajuda psiquiátrica" e que "deveria deixarsportingbet quer valerfamíliasportingbet quer valerpaz".
"Eu disse: é muito doido esse seu delíriosportingbet quer valercomunismosportingbet quer valerpleno 2018", conta. "Achar que eu, que sou publicitária, uma das profissões mais capitalistas do mundo, que eu sou comunista... É uma atitude muito irracional, típicasportingbet quer valerfascistas."
"Eu e meu irmão sempre discutimos por política, mas agora a treta foi muito maior, muito mais agressiva", diz.
O pior, diz ela, foi a ameaça: ele falou que se 'ela continuasse assim' ele iria proibi-lasportingbet quer valerver as duas sobrinhas", conta Mariana, que ficou preocupada, pois adora as meninas, umasportingbet quer valer2 anos e umasportingbet quer valer4 meses. "Ele é bem extremista, eu não duvido que ele me proibiria."
Como a família é judaica, eles já não comemoravam o Natal. Mas os encontros e almoçossportingbet quer valerdomingosportingbet quer valerSão Paulo, onde os irmãos moram, estão cancelados - pelo menos por enquanto.
"Vou dar um tempo, esperar passar. A família é só a gente. Meu pai abandonou a gente e minha mãe já morreu", conta Mariana.
A administradora pública Liana Morisco,sportingbet quer valerSorocaba, no interiorsportingbet quer valerSão Paulo, espera que a tensão com a família, que ésportingbet quer valerAnalândia, tenha diminuído até o Natal.
"Minha família quase que inteira decidiu apoiar o Bolsonaro", diz ela, que é consultora da ONG Transparência Internacional Brasil.
"Há maissportingbet quer valer20 anos luto contra corrupção. Meus primos e tios,sportingbet quer valerespecial os homens, decidiram entrar no meu Face e ficar me atacando o tempo todo. Dizendo que sou comunista, que defendo bandido, que sou corrupta", conta ela.
Isso começou antes do primeiro turno, quando ela defendia o votosportingbet quer valerqualquer candidato que não fosse Bolsonaro.
"Até domingo passado eu estava tentando levarsportingbet quer valerboa, respondendo com argumentos, até que um dos meus primos me tirou do sério", conta ela, que acabou respondendo rispidamente - e foi expulsa do grupo da família.
"Fico chateada porque os demais compraram a briga dele comigo sem me defendersportingbet quer valertodas as acusações que ele me fez. Apenas porque eu discordo da opinião política deles eu já estou errada", desabafa.
Apesarsportingbet quer valertudo, ela ainda pretende passar o Natalsportingbet quer valerAnalândia.
"Não sei como estará o clima, mas não fiz nadasportingbet quer valererrado para não ir. A não ser que eles digam que não querem a minha presença... Aí fica complicado, passarei com o outro lado da família."
Pais e filhos
Nem todo mundo insiste na convivência: a filha do engenheiro Júlio,sportingbet quer valer54 anos, já anunciou que não vai passar o Natal com ele.
Julio votousportingbet quer valerJoão Amoêdo (Novo) no primeiro turno e declarou votosportingbet quer valerBolsonaro no segundo. Sua filha única tem 21 anos, é feminista, militante do Psol e pretende votarsportingbet quer valerHaddad.
A diferença entre pai e filha reflete uma distância geracional nas intençõessportingbet quer valervoto: o capitão reformado tem maioriasportingbet quer valertodas as faixas etárias, mas menos entre os mais jovens (16 a 24 anos), onde está tecnicamente empatado com o professor da USP. Após um crescimento na última semana, Haddad tem hoje 45% dos votos válidos nessa faixa etária. Bolsonaro tem 42%.
Moradorsportingbet quer valerJundiaí, no interiorsportingbet quer valerSão Paulo, Julio é divorciado e vai passar o Natal com os irmãos, que também votam no candidato do PSL.
"Minha filha disse que vai passar tanto a ceia quanto o diasportingbet quer valerNatal com a família da mãe porque não está afimsportingbet quer valerconviver com 'fascistas'", conta ele. Sua filha não parousportingbet quer valerfalar com ele, mas brigou com os tios e saiu do grupo da família.
"É claro que eu não sou machista, não sou homofóbico. Sempre recebi bem os amigos dela que são gays. Só não quero mais um governo do PT deixando o paíssportingbet quer valercrise", diz ele, que afirma estar "muito chateado" com o distanciamento da filha, que mora na capital.
"Estou pensando nela. Quero um país rico e com emprego pra ela quando se formar."
"Ela é muito idealista, muito dedicada desde pequena. E eu sempre incentivei isso. Só acho ruim que ela leve a política pro lado pessoal", afirma.
Quase sem querer
O estudante universitário Renato,sportingbet quer valer23 anos, diz que não é uma questão apenas política, mas moral,sportingbet quer valervisãosportingbet quer valermundo e, no caso dele, bem pessoal.
Renato ainda não tinha contado para os pais que é gay quando o clima começou a ficar "horrível" emsportingbet quer valercasa. As brigas foram aumentando, aumentando...
"Acabei saindo do armário no dia da eleição", conta ele, que vai votarsportingbet quer valerHaddad.
"Minha mãe sempre foisportingbet quer valercima do muro e meu pai sempre foi reaça. Sempre discutimos, às vezes até evoluía para uma briga. Mas (com o crescimentosportingbet quer valerBolsonaro nas pesquisas) as brigas foram ficando muito piores, as pessoas ficaram muito mais exaltadas, eu incluso", diz ele, que mora com os paissportingbet quer valerSão Paulo.
Renato diz que estava muito deprimido com as notícias sobre aumentossportingbet quer valerataques à população LGBT durante a campanha e desabafou com a irmã. "Ela acabou pegando minhas dores e comprando uma briga com meu pai", conta o estudante.
No dia do primeiro turno, ela começou uma discussão acalorada com o pai, que defendia Bolsonaro - o candidato já disse que não aceitaria um filho gay, que se um gay "leva um couro, muda o comportamento" e que a presençasportingbet quer valerhomossexuais no prédio poderia "desvalorizar seu apartamento". Hoje ele nega ser homofóbico.
"E se eu fosse lésbica, e se alguma coisa acontecesse comigo na rua?", questionou a irmãsportingbet quer valerRenato.
"Meu pai falou que era anormal, que era meio doentio. E doeu muito", diz o jovem. "Eu não estava aguentando mais e falei: eu fico com homem. Depois saí da sala, me tranquei no quarto e comecei a chorar. Nem vi a reação (dos pais)."
Enquanto ouvia gritos muito altos vindo da sala, Renato ligou para uma amiga que o ajudou a se acalmar.
A revelação causou uma transformação emsportingbet quer valerfamília. Seu irmão, que tinha votadosportingbet quer valerBolsonaro no primeiro turno, decidiu votar nulo.
"Ele disse: 'Re, me desculpa por não ter um caminho entre a gente pra você se abrir comigo. Me desculpa por ofensas e piadas que eu mesmo fiz. Me desculpa por não ter te defendido quando faziam piadas com você quando estávamos na escola. Toma cuidado. E tenha paciência com a nossa família'", conta Renato.
A mãe, que ia votar nulo, agora votarásportingbet quer valerHaddad. E a avó, que ia votarsportingbet quer valerBolsonaro, também mudou o voto para o candidato do PT.
"Você percebe que as pessoas não têm muita consciência do discurso do cara, mas só quando têm alguém próximo, que será diretamente afetado, elas se sensibilizam", diz Renato, para quem a eleição tem sido "emocionalmente desgastante".
O pai, no entanto, provavelmente vai continuar votandosportingbet quer valerBolsonaro, segundo Renato.
"Meu pai não está olhando na minha cara. A gente tem se falado, mas essas coisassportingbet quer valercotidiano", diz ele. "Na minha primeira semana a gente literalmente não se falou, agora estamos andandosportingbet quer valerovos, tomando muito cuidado."
"Ele justifica o voto com o discurso do antipetismo, mas não é só isso, senão ele tinha votadosportingbet quer valeroutro no primeiro turno. A pessoa mostra todas as opiniões, aí você começa a questionar: esse cara que me criou, pode ser que ele me abandone completamente.... Era essa a posição que coincidia mais com as coisas que ele falava."
"Então,sportingbet quer valercerta forma, até que está um clima ok. Poderia ser pior. A gente provavelmente nunca mais vai falar disso na vida", afirma.
Apesarsportingbet quer valertudo, Renato está otimistasportingbet quer valerrelação ao clima entresportingbet quer valerfamília. "Acho que tende a melhorar. No fim foi um grande alívio. Só não posso pensar no Brasil. Aí fico deprimidosportingbet quer valernovo."
*O nome foi mudado a pedido da entrevistada
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