Eleições 2018: a tecnologia que revela o resultado poucas horas após o fim da votação:aposte sports

Urna eletrônica

Crédito, Nelson Jr./TSE

Legenda da foto, Maisaposte sports400 mil urnas eletrônicas foram usadas nas últimas eleições,aposte sports2014

Além disso, as eleições no Brasil são um processo caro para os cofres públicos:aposte sports2014, custaram R$ 650,8 milhões, segundo informou o TSE à BBC News Brasil.

Os técnicos da Justiça Eleitoral dividem o processoaposte sportsduas partes: a apuração, que é a contagemaposte sportsquantos votos cada candidato teve numa determinada urna, e a totalização, que é a soma dos resultadosaposte sportstodas as urnas para saber quem foi eleito para cada cargo.

Como é o processoaposte sportsapuração?

A apuração é feita individualmente por cada uma das urnas eletrônicas depois das 17h, quando acaba o horárioaposte sportsvotação. Cabe aos mesários acionar o encerramento da urna eletrônica. Esta emite então o boletimaposte sportsurna (BU), impressoaposte sportspapel, e também um arquivo digital chamado Registro Digitalaposte sportsVoto (RDV). O RDV é armazenado num pequeno objeto chamado "memóriaaposte sportsresultado", que nada mais é que um pen drive.

Memória flash e memóriaaposte sportsresultadoaposte sportsuma urna eletrônica

Crédito, TRE-GO

Legenda da foto, As urnas eletrônicas funcionam com uma memória flash (dir.) e os dados são transferidos para a memóriaaposte sportsresultado (em laranja, esq.)

Nos centros urbanos, cada localaposte sportsvotação tem um terminalaposte sportsacesso ao sistema da Justiça Eleitoral. É por esta rede que os dados são enviados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE)aposte sportscada Estado.

Em localidades afastadas, como uma comunidade ribeirinha no Amazonas, é preciso às vezes que as memóriasaposte sportsresultado sejam levadas fisicamente do localaposte sportsvotação a uma outra seção eleitoral para ser transmitida por satélite ou onde exista acesso à rede da Justiça Eleitoral. Mas não é preciso levar as memórias até a sede do TRE,aposte sportsManaus, por exemplo.

"Desta forma, não é necessário transportar a urna para que o resultado produzido por ela seja totalizado, bastando apenas transportar um pen drive até um pontoaposte sportsacesso à rede privativa da Justiça Eleitoral", disse o chefe da Seçãoaposte sportsVoto Informatizado do TSE, Rodrigo Coimbra, à BBC News Brasil.

Os resultados são transmitidos online, mas não viajam pela mesma rede mundialaposte sportscomputadores que você está usando para ler este texto: a Justiça Eleitoral conta com uma estruturaaposte sportscomunicação própria, fornecida pelas operadorasaposte sportstelefonia.

Locaisaposte sportsvotação, cartórios eleitorais, TREs dos Estados e o TSE passam a estar conectados por uma intranet (rede privadaaposte sportscomputadores), pela qual os resultados são transmitidos.

O único pontoaposte sportsencontro entre essa intranet eleitoral e a internet que todos usamos fica no TSE,aposte sportsBrasília. O tribunal controla o acesso: nos diasaposte sportsvotação, a internet fica praticamente inacessível no TSE.

Como é feita a soma dos votos?

A totalização, isto é, a soma dos votosaposte sportstodas as urnas, começa nos TREs dos Estados. Servidores da Justiça eleitoral usam ferramentas computacionais para somar os votosaposte sportstodas as urnasaposte sportsum determinado Estado. A partir daí, já é possível ver o resultados das disputas para governador.

A votação da disputa presidencial é enviada pelos TREs ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE),aposte sportsBrasília, que totaliza dos votos e divulga o resultado. A transmissão e totalização dos votos se dãoaposte sportstempo real: assim, é possível acompanhar minuto a minuto a evolução da apuração presidencial e para governador.

Sede do TSE

Crédito, TSE/Ascom

Legenda da foto, A totalização é feita na sede do TSE,aposte sportsBrasília

Você pode acompanhar a apuraçãoaposte sportstempo real, diretamente, através dos dados da Justiça Eleitoral. Há aplicativos para smartphone (Android e iPhone) e também para computadores. É possível também acompanhar os resultados no seu navegadoraposte sportsinternet, sem necessidadeaposte sportsbaixar um programa. Todas estas informações estão nesta página do Tribunal Superior Eleitoral.

O que acontece se a urna eletrônica falhar?

Cada zona eleitoral do país possui uma junta eleitoral designada para acompanhar a apuração e a totalização na localidade. A junta é formada por um juiz eleitoral e dois ou quatro cidadãos "de notória idoneidade", escolhidos pelo juiz, e que não podem ser dirigentes partidários e nem parentesaposte sportscandidatos.

Caso haja problemas nas urnas e seja necessário o voto manual, cabe à junta local garantir o processoaposte sportsapuração (contagem) dos votos. Na prática, porém, é raríssimo que isto aconteça:aposte sports2014, por exemplo, só houve votação manualaposte sportsoito seções, localizadas nos municípiosaposte sportsJaguaré (ES), Goianésia do Pará (PA), Floresta (PE), Picos (PI), Santo Antônio (RN), Içara (SC), Brasileia (AC) e Salvador (BA).

"Quando o voto eraaposte sportscédulasaposte sportspapel, a junta servia para os casosaposte sportsque era preciso checar o que realmente estava na cédula, que às vezes vinha rasurada. Mas, com o voto na urna eletrônica, ela perdeu parcialmenteaposte sportsfunção", diz o advogado especialistaaposte sportsdireito eleitoral Daniel Falcão, do escritório Boaventura Turbay Advogados.

Como é a preparação das urnas para a votação?

A preparação das urnas para a votação é uma cerimônia pública, aberta aos representantes dos partidos políticos, à imprensa e ao Ministério Público - que fiscalizam o processo. Ela é realizada ou nos TREs dos Estados (especialmenteaposte sportsunidades da federação com território pequeno, como Sergipe) ouaposte sportscada cartório eleitoral. E ocorrem simultaneamente.

Lacraçãoaposte sportsurnasaposte sportsandamento no TSE

Crédito, Gabriela Korossy/Câmara dos Deputados

Legenda da foto, A preparação das urnas para a votação é uma cerimônia pública

A urna funciona com baseaposte sportsum software desenvolvido pelo TSE. Já as fotos, nomes e números sãoaposte sportsresponsabilidade dos partidos, que entregam o material ao TSE presencialmente ou via internet.

Uma das etapas mais trabalhosas é a distribuição das urnas. No Estado do Amazonas, por exemplo, são quase cinco dias para distribuir o material. No exterior, pode demorar maisaposte sportsuma semana, segundo o TSE.

Como era o processo antes da urna eletrônica?

A primeira coisa a se lembrar é que, até o anoaposte sports1932, não existia Justiça Eleitoral – as votações eram organizadas e controladas pelos chefes políticos locais e, depois, validadas pelo Congresso Nacional.

Além disso, o voto não era secreto (o eleitor tinhaaposte sportsdizeraposte sportsvoz altaaposte sportsquem desejava votar, facilitando a coação e a compraaposte sportsvotos). Só uma parcela muito pequena da população votava: mulheres, analfabetos e pobres estavam excluídos do processo.

Urnaaposte sportslona usada pela Justiça Eleitoral brasileira

Crédito, TSE

Legenda da foto, Urnasaposte sportslona como estas foram a regra na maioria dos lugares desde a fundação da República,aposte sports1889

"Era um sistema que favorecia fraudes. Elas aconteciam na hora da confecção dos chamados mapas eleitorais, que eram as atas da votação num determinado local, indicando quantos tinham votado e qual o resultado. Tudo isso era feito pelos donos do poder local", conta o historiador Antônio Barbosa, professor da Universidadeaposte sportsBrasília (UnB) e especialistaaposte sportshistória política. "Eram as chamadas eleições a bicoaposte sportspena, porque o que se escrevia fraudulentamente era o que determinava o resultado", diz.

"Para completar, existia a chamada Comissão Verificadora, formada por políticos do Congresso, e responsável por checar as atas eleitorais. Essa comissão era conhecida como 'degola': ainda que o sujeito tivesse tido votos suficientes, acabava 'degolado' simbolicamente pela Comissão Verificadora", diz Barbosa.

Embora as fraudes tenham diminuído depois da criação da Justiça Eleitoral, problemas continuaram ocorrendo - antesaposte sports1964, por exemplo, as cédulasaposte sportsvotação eram fornecidas pelos partidos aos eleitores, que deveriam colocá-las na urna. Só durante o regime militar (1964-1985) a Justiça Eleitoral passou a confeccionar as cédulas, onde o eleitor deveria marcar um X nos nomes escolhidos.

"Mais tarde, essa cédula foi aprimorada para incluir um espaçoaposte sportsbranco, onde o eleitor poderia escrever o nome do candidato. Foi assim queaposte sports1988 o macaco Tião (do zoológico do Rio) acabou como um dos mais votados na disputa para prefeito do Rio", conta o historiador. De fato, Tião teve quase 400 mil votos, após uma campanha movida pelo ex-deputado Fernando Gabeira.

O último grande incidenteaposte sportsfraude eleitoral no Brasil ocorreuaposte sports1982. A empresa Proconsult, encarregada da contagemaposte sportsvotos na disputa pelo governo do Rioaposte sportsJaneiro, teria tentado transferir votos para o então candidato apoiado pelos militares, Moreira Franco (hoje ministroaposte sportsMinas e Energiaaposte sportsMichel Temer),aposte sportsdetrimentoaposte sportsLeonel Brizola (PDT). Na época, o voto eraaposte sportspapel.

No primeiro turno, vídeos apontando suposta fraude nas urnas eleitorais circularam nas redes sociais. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no entanto, tais imagens não eram legítimas.

"Vídeo e mensagensaposte sportsredes sociais e appaposte sportsbate-papo sobre processamento dos votos na urna antes da tecla confirma SÃO FALSOS", publicou o TSE no Twitter, compartilhando uma nota emitida pelo Tribunal Regionalaposte sportsMinas Gerais (TRE-MG).

O site do TRE publicou um textoaposte sportsque explicava que a velocidadeaposte sportsprocessamento dos votos é diferenteaposte sportsacordo com o modelo da urna eletrônico.

"A urna mais atual - modelo 2015 - processa os votos mais rapidamente que a urna mais antiga - por exemplo, modelo 2008. Para comprovar, foram feitas filmagens na auditoriaaposte sportsvotação paralelaaposte sportsduas urnas, uma modelo 2015 e outra modelo 2008, para que o eleitor entenda como se dá o encerramento da votação e tenha a segurançaaposte sportsque todos os seus votos são devidamente registrados pela urna eletrônica."

Fotografar ou filmar a urna eletrônica é crime, segundo o Código Eleitoral. A lei estabelece que é proibido "portar aparelhoaposte sportstelefonia celular, máquinas fotográficas e filmadoras, dentro da cabinaaposte sportsvotação". Além disso, a pena para quem viola ou tenta violar o sigilo do voto éaposte sportsaté dois anosaposte sportsprisão.

A norma visa impedir a coaçãoaposte sportseleitores – para que não sejam obrigados a fotografar seu voto e provar que votaramaposte sportsdeterminado candidato.

A urna eletrônica é mesmo segura?

O TSE adota uma sérieaposte sportsprocedimentos, rotinas e verificações abertas a todos os interessados para garantir a segurança do processoaposte sportsvotação. A maior parte dos especialistas concorda que a segurança das votações aumentou desde a adoção da urna eletrônica, e as últimas eleições não foram atingidas por nenhuma alegação sériaaposte sportsfraude.

Mesmo assim, a especialistaaposte sportsciênciaaposte sportsdados e professora Paula Oliveira lembra que não existe "sistema totalmente inviolável". "O que a Justiça Eleitoral declara é que o sistema possui barreiras que asseguram o princípio do voto secreto e impedem a açãoaposte sportshackers. Eu acredito que exista um trabalho interno estruturado por trás da segurança do equipamento", diz ela, que é professora da Fundação Dom Cabral.

"Mas não acredito que haverá um momentoaposte sportsque essa vigilância possa ser reduzida. É preciso que haja um engajamento contínuo do TSE no campo da pesquisaaposte sportssegurança da informação. Precisa haver mais intercâmbioaposte sportsconhecimento com instituições especializadas", diz ela.

Oliveira diz ainda que a propostaaposte sportsimpressão do voto não ajudaria necessariamente a aumentar a segurança do processo - ela lembra que o sistema eletrônico já permite a auditoria dos votos, como aquela que é feita pelos partidos políticos.

"Acho que existem meios mais eficazes para que essa auditoria seja feita. A própria Justiça Eleitoral oferece uma gamaaposte sportsalternativasaposte sportsauditoria. O voto impresso pode significar um retrocesso e uma afronta à proposta que a tecnologia traz", diz ela.

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