Nós atualizamos nossa PolíticaPrivacidade e Cookies
Nós fizemos importantes modificações nos termosnossa PolíticaPrivacidade e Cookies e gostaríamos que soubesse o que elas significam para você e para os dados pessoais que você nos forneceu.
Eleições 2018: Por que metade dos governadores enfrenta dificuldades para se reeleger mesmo com a 'máquina na mão':
E, diferentemente das eleições presidenciais, nas quais todos os presidentes que tentaram a reeleição conseguiram um segundo mandato, a reeleição para o governo nunca foi 100% garantida.
Taxasucesso eleitoral
É fato, porém, que historicamente os governadores têm alcançado uma taxasucesso bem alta desde que a reeleição foi instituída1998, por meiouma emenda constitucional aprovada no ano anterior no governoFernando Henrique Cardoso – ele próprio se beneficiou da mudança na legislação eleitoral e acabou sendo eleito para o segundo mandato.
Segundo a cientista política Magna Inácio, da Universidade FederalMinas Gerais (UFMG), e o cientista social Geraldo Tadeu Monteiro, professor do Instituto UniversitárioPesquisas do RioJaneiro (Iuperj), uma média70% dos governadores que se candidatam se reelegem.
"Entretanto, esse resultado não pode ser atribuído apenas ao cargo ocupado, mas a um conjuntofatores que definem a competitividade do governador na disputa pela reeleição. Mais candidatos à reeleição indicam uma oferta maiorgovernadoresprimeiro mandato e, possivelmente, maior variação nas condiçõesque eles estão disputando", explica a Magna Inácio.
Este ano, 74% dos governadores tentam se reeleger – é o maior percentual desde 1998. Mas nem todos estão numa situação confortável na campanha. A competitividade dos 20 candidatos disputando a reeleição para governador varia consideravelmente.
Pouca chancevitória no primeiro turno
São poucos, por exemplo, os que têm chancevitória no primeiro turno, como os governadores Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará) e Wellington Dias (Piauí), todos do PT.
Já no Rio Grande do Norte, a petista Fátima Bezerra lidera as pesquisas e pode ir para o segundo turno com o candidato Carlos Eduardo (PDT), derrotando o atual governador Robinson Faria (PSD), que apareceterceiro na preferência do eleitorado.
Contra a gestão do governador potiguar pesa, principalmente, problemas com segurança pública que se agravaram nos últimos anos no Estado, apesar da promessaFaria, nas eleições2014,combater a criminalidade.
"Não ése estranhar a boa performance do PT no Nordeste, onde a presençaLula é muito forte", observa Geraldo Tadeu Monteiro, professor do Instituto UniversitárioPesquisas do RioJaneiro (Iuperj).
Denúncias, cofres vazios e faltaaliados
Em Minas Gerais, no entanto, o atual governador Fernando Pimentel, também do PT, está 10 pontos percentuais atrásAntônio Anastasia (PSDB). A administração petista tem atrasado o pagamento dos salários do funcionalismo, dos fornecedores, alémter suspendido o repasseverbas para muitos municípios.
Além dos problemasgestão, Pimentel, que é alvoprocesso por suspeitacorrupção que tramita no STJ (Superior TribunalJustiça), também perdeu credibilidade junto ao eleitorado e viu a coalizão esfacelar quando rompeu com o vice-governador do MDB, Toninho Andrade.
As dificuldades financeiras enfrentadas pelo Distrito Federal, bem como problemas com alianças partidárias, também estão prejudicando o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB).
Sem poder firmar uma aliança com o PDT, Rollemberg ficou isolado na campanha. Ele aparecequarto nas pesquisas – ainda que empatado tecnicamente com os segundo e terceiro colocados. No DF, a ex-deputada distrital Eliana Pedrosa (Pros) lidera a disputa.
Já os candidatos do PSDB enfrentam dificuldades distintas.
O governador Ricardo Azambuja lidera as pesquisas no Mato Grosso do Sul, mas, no meio da campanha, viu a Polícia Federal cumprir mandadosbusca no gabinete e na casa dele no meio da campanha.
A investigação, que teve início com a delação premiada dos irmãos Wesley e Joesley Batista, donos da JBS, apura se empresas pagaram propina a integrantes do governo estadual – Azambuja nega as acusações.
Porvez, o governador do Mato Grosso, Pedro Taques, está dez pontos atrásMauro Mendes (DEM) e empatado tecnicamentesegundo lugar com Wellington Fagundes (PR). A campanhaTaques é assombrada pela delaçãoum empresário que diz ter participadoum esquemarepassescaixa dois e desviodinheiro público que envolve o governador tucano – o tucano rechaça as acusações.
E,Goiás, Zé Eliton ainda tenta se tornar conhecido do eleitorado e garantir presença no segundo turno. Ele assumiu o governoabril, depois que Marconi Perillo se descompatibilizou do cargo para disputar o Senado.
No Estado, Ronaldo Caiado (DEM) lidera as pesquisas e Daniel Vilela (MDB) aparece empatado tecnicamente com o governador na segunda colocação.
"O PSDB está se desintegrando nacionalmente e isso pode ter a ver com os escândalos contra integrantes do partido e também por ter apoiado o governoMichel Temer. Esse processoesvaziamento impacta também as candidaturas nos Estados", diz o professor do Iuperj, lembrando que acusações e denúncias podem servir como munição poderosa para os opositores.
Vices desconhecidos
AlémZe Eliton, outros três governadores eram vice e assumiram o cargo já na fase final do governo. Além do pouco tempo para ficarem conhecidos, eles também correm para tentar associar seus respectivos nomes aos feitos dos seus respectivos governos. É o casoMárcio França (PSB)São Paulo, Cida Borghetti (PP) no Paraná e Belivaldo Chagas (PSD)Sergipe.
Em terceiro, França, que era vice do presidenciável Geraldo Alckmin, dificilmente vai conseguir uma vaga no segundo turnoSão Paulo, onde a disputa está sendo travada entre o ex-prefeito João Doria (PSDB) e Paulo Skaff (MDB).
Entre os dez governadores que não são front-runners (líderes nas pesquisas), que estão posicionados na segunda ou terceira posição nas intençõesvoto, quatro são vice-governadores que assumiram o cargo já na fase final do governo e cinco estão sendo investigadosprocessos da Justiça Eleitoral.
Ou seja, uma parte terá mais dificuldadesassociar os seus nomes às realizações dos governos, e a outra tem registros negativos que impactam os eleitores e que serão certamente utilizados pelos concorrentes para reduzir as vantagens que o cargo poderia propiciar, diz Magna Inácio.
Cautela nas análises eleitorais
Magna Inácio pondera que "o fatometade dos governadores não estar liderando as pesquisas não indica, ainda, chancesucesso ou insucesso na reeleição".
"A campanha eleitoral ainda estácurso, e a proporçãoindecisos é altaalguns Estados. (...) É preciso, portanto, cautela, pois esse quadro pode se alterar ainda. Até esse momento ainda são poucos os candidatos à reeleição com chancesvitória no primeiro turno, como é o caso do governador da Bahia e do Ceará. Em outros, o resultado ainda é incerto, uma vez que há concorrentes competitivos, comoPernambuco ou no Rio Grande do Sul", avalia a professora.
Apesaro governadorPernambuco, Paulo Câmara (PSB), liderar as intençõesvotos, Armando Monteiro (PTB) tem crescido a pontoaparecer empatado tecnicamente com elealgumas pesquisas. No Rio Grande do Sul, a disputa entre José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB) também está acirrada.
Se o emedebista ganhar, contudo, vai ser a primeira vez que o Rio Grande do Sul vai reeleger um candidato. Nenhum governador nunca conseguiu um segundo mandato consecutivo no Estado.
Vantagens e desvantagens
Candidatos à reeleição não precisam,acordo com a legislação, deixar os cargos durante a campanha. Mas a lei proíbe inauguraçõesobras, propagandas do governo e novas contratações. Ainda assim, segundo especialistas, os governadores tendem a levar vantagemrelação aos concorrentes.
"Quem está no poder tem mais visibilidade porque divide a campanha com as funçõesgovernador e já é naturalmente mais conhecido do eleitor. Num cenário como oagora, com uma campanha mais curta e sem doaçõesempresas, os candidatos à reeleição saem beneficiados", avalia Geraldo Tadeu Monteiro, IUPERJ.
Por outro lado, diz o próprio Monteiro, há uma enorme rejeição à classe política, que pode ser observada na quantidadepessoas que declara querer votar branco ou nulo.
"O efeito deste descrédito político sobre a reeleição dos governadores pode ser maior ou menor dependendo das condiçõesdisputacada estado. Em alguns estados, alianças foram feitas para barrar concorrentes vistos como ameaças potenciais", lembra a professora Magna Inácio.
Ela cita como exemplo o acordo firmado entre PT-PSB, no qual o PSB optou por ficar neutro na disputa presidencialtroca da retiradacandidaturas ou do apoio ao PTalguns Estados. "Candidatos potencialmente competitivos foram alijados da disputa eleitoral devido às estratégiasreduzir a ofertadesafiantes nesses Estados", pondera.
Magna Inácio observa ainda que escândalos ou investigações também reduzem as vantagens reputacionais ou o peso das máquinas partidárias estaduais dos candidatos à reeleição. Isso, segundo ela, aconteceuMinas Gerais e no Paraná.
Principais notícias
Leia mais
Mais lidas
Conteúdo não disponível