Mais pobres eram quase metade dos visitantes do Museu Nacional:bônus cassino 2024

"O que ela mais amou foi a parte dos dinossauros. Não paravabônus cassino 2024fazer perguntas sobre o que eles comiam, como viviam... E eu contei da pedra que caiu do céu, que era o meteorito exposto lá. Ela ficou entusiasmada com aquilo tudo."

Nos meses que se seguiram, Dhiovana falou tanto sobre a experiência a parentes e amigos que conhecer o Museu Nacional passou a ser, também, o sonhobônus cassino 2024dois primos dela. Mas não deu tempobônus cassino 2024as crianças conhecerem as múmias e esqueletosbônus cassino 2024dinossauros.

"Eles disseram que tinham dois desejosbônus cassino 2024aniversário: conhecer o Museu da Quinta e o Maracanã. O Maracanã eu disse que é muito caro, mas prometi levar ao museu. Iríamos nas próximas semanas", lamenta o pai da menina.

Museu era acessível aos mais pobres

Dhiovana e a família se enquadram no perfil majoritáriobônus cassino 2024quem visitava o Museu Nacional - pessoasbônus cassino 2024classe média e classe média baixa que,bônus cassino 2024muitos casos, visitavam pela primeira ou segunda vez um museu.

Segundo uma pesquisa inédita da professora da Escolabônus cassino 2024Museologia da Unirio Andrea Costa, pesquisadora do Observatóriobônus cassino 2024Museus e Centrosbônus cassino 2024Ciência e Tecnologia, quase metade dos frequentadoresbônus cassino 20242017 e 2018 - 46% - possuía renda baixa (1 a 3 salários mínimos). Para obter essa informação, foram distribuídos e respondidos 477 questionários ao longobônus cassino 2024um ano.

O resultado será incorporado a um levantamento mais amplo do Observatóriobônus cassino 2024Museus e Centrosbônus cassino 2024Ciência e Tecnologia, ligado à Fundação Oswaldo Cruz, que periodicamente coleta dados dos principais museusbônus cassino 2024ciência do Riobônus cassino 2024Janeiro para traçar o perfil do público.

Em 2013, os mais pobres eram 33% dos visitantes do "Museu da Quinta", e mesmo assim ele ficava atrás apenas do Museu da Vida - localizadobônus cassino 2024Manguinhos, zona norte do Rio -bônus cassino 2024percentualbônus cassino 2024visitantesbônus cassino 2024baixa renda, dentre os cinco museusbônus cassino 2024história natural do Riobônus cassino 2024Janeiro analisados pelo Observatório.

A títulobônus cassino 2024comparação, dos visitantes do Planetário do Rio, só 10% têm renda baixa, segundo o levantamento.

Andrea Costa também analisou o perfil do público que frequentou o museu nos horáriosbônus cassino 2024que havia entrada gratuita e percebeu que o percentualbônus cassino 2024visitantesbônus cassino 2024baixa renda saltava para 56,6%. Entre abrilbônus cassino 20242017 e abrilbônus cassino 20242018, as pessoas poderiam entrarbônus cassino 2024graça, todos os dias, uma hora antes do horáriobônus cassino 2024fechamento, e fazer a visitabônus cassino 2024duas horas. Depoisbônus cassino 2024abril deste ano, a entrada passou a ser gratuita no segundo domingo do mês, durante todo o dia.

"O que a gente percebeu é que mudou o público do museu. Conseguimos levar para lá o público que frequentava o parque, mas não entrava no prédio. A maioria dos visitantes passou a serbônus cassino 2024baixa renda e se declarar preto e pardo (55%)", disse à BBC News Brasil.

Localização e diasbônus cassino 2024entrada gratuita

Segundo Andrea Costa, pesquisas mostram que,bônus cassino 2024geral, o público dos museus do Brasil é composto por pessoasbônus cassino 2024classe média e média alta. "A classe média tem mais chancebônus cassino 2024acessar os museus, porque costuma morar mais pertobônus cassino 2024onde a maioria deles está localizada ou consegue pagar passagem para chegar até eles. E o nívelbônus cassino 2024escolaridade das pessoas influencia", disse.

"A maior parte dos visitantes tem alto nívelbônus cassino 2024escolaridade, e crianças filhasbônus cassino 2024pais com alta escolaridade têm mais capacidade e incentivos para visitar museus."

Mas então como é que o Museu Nacional conseguia atrair as camadas mais pobres, mesmo fora do horário gratuito?

A jornalista Fernanda Guedes procurou responder isso nabônus cassino 2024tesebônus cassino 2024mestrado na Universidade Federal Fluminense, para a qual observou visitantes do museu por um ano, entrevistando maisbônus cassino 202460 deles. Segundo ela, um dos fatores que contribuíam para o acesso das camadas mais pobres era a localização do edifício, na zona norte do Riobônus cassino 2024Janeiro.

"Lá atrás, o próprio imperador Pedro 2º autorizou a moradiabônus cassino 2024pessoas mais pobres na Quinta da Boa Vista, como indivíduosbônus cassino 2024classes operárias e viúvasbônus cassino 2024militares. Depois, na República, o local passou a ser referido como o playground da periferia, por causa dos lazeres públicos e do parque", detalha ela, que também é funcionária do setorbônus cassino 2024comunicação do museu.

"Temos comunidades nas proximidades, como abônus cassino 2024São Cristóvão, a Mangueira, o morro do Tuiuti e a Barreira do Vasco. Além disso, o acesso é facilitado por estaçõesbônus cassino 2024ônibus e trem."

Busca por lazerbônus cassino 2024família

Fernanda Guedes e Andrea Costa afirmam que a grande maioria dos visitantes (71%) frequentava o museu acompanhada - muitos iam com filhos e netos. Era, portanto, um localbônus cassino 2024passeiobônus cassino 2024família.

Cada ingresso custava R$ 8, o que para as camadas mais pobres pode ser muito, quando se considera a compra para vários integrantes da família, alémbônus cassino 2024custos com passagem e alimentação.

Por isso, as pesquisadoras acreditam que a ofertabônus cassino 2024ingressos gratuitos também teve peso na diversificação do público a partirbônus cassino 20242017.

"Para uma parte do público, fez diferença não ter que pagar para entrar. Para quem vinhabônus cassino 2024longe, era um custo a menos para somar à passagem. E para quem já morava no entorno da Boa Vista virou um incentivo a mais", diz Andrea Costa.

E o que as camadas mais pobres buscavam ao visitar o museu? Fernanda Guedes afirma que a motivação mais mencionada pelos visitantes que entrevistou era "lazer" e a possibilidadebônus cassino 2024conhecer "objetos que sempre fizeram parte do imaginário", como esqueletosbônus cassino 2024dinossauros, múmias e a preguiça gigante - todos parte do acervo do museu.

Mas as visitas despretensiosas abriam as portas para um maior interessebônus cassino 2024ciência. No casobônus cassino 2024Dhiovana, conhecer as peças arqueológicas, indígenas e egípciasbônus cassino 2024perto fez com que a menina fosse atrás, depois,bônus cassino 2024mais informações. "Eu gostei muito dos dinossauros e das múmias", contou à BBC News Brasil.

"Como é uma História muito importante da humanidade, queria que ela visse aquilo pessoalmente, os animais extintos, os dinossauros, as múmias. Acho que, vendobônus cassino 2024perto, você aprende mais", avalia Genival, o pai da garota.

Segundo Fernanda Guedes, cercabônus cassino 20245 escolas visitavam o museu a cada dia. Os alunosbônus cassino 2024instituições públicas entravam gratuitamente. No caso das escolas particulares, era cobrado ingressobônus cassino 2024R$ 2 por aluno. Em algumas crianças, a visita despontava o interessebônus cassino 2024seguir carreiras que elas não sabiam existir.

"Era, muitas vezes, o primeiro contato das crianças com o aspectobônus cassino 2024um aprendizado que poderia se tornar uma profissão. 'Eu posso ser um paleontólogo, um cientista, um astrônomo'. Gerava essa perspectivabônus cassino 2024perseguir profissões que elas, talvez, jamais soubessem que existiam ou, se soubessem, poderiam considerar uma perspectiva muito distante."

Sem a possibilidadebônus cassino 2024voltar ao museu para levar os sobrinhos, Genival se apega às memórias do que chamoubônus cassino 2024um dia "maravilhosobônus cassino 2024família". E Dhiovana mantém o museu vivo do seu jeito, descrevendo aos primos o susto que levou ao ver os "homens dormindo" na ala egípcia e a alegria que sentiubônus cassino 2024conhecer um "dinossaurobônus cassino 2024verdade".