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A professora transexual que trocou indenizaçãoobtenir freebet betclicR$ 20 mil pela chanceobtenir freebet betclicdar aula a seus agressores:obtenir freebet betclic
"Eu não tinha outra alternativa. Para pegar o ônibus para casa, eu só podia passarobtenir freebet betclicfrente à pastelaria e tinha que aturar esses xingamentos", lembra.
A gota d'água ocorreuobtenir freebet betclic26obtenir freebet betclicabril, quando ela decidiu conversar com os funcionários, pedindo para que parassem. Um deles se aproximou, a derrubou no chão e a agrediu violentamente.
Vida com medo
"Fiquei sem reação. Humilhada, só me perguntava por que aquilo acontecera comigo. Estudei, trabalhei, tentei ser o melhor que pude, mas o fatoobtenir freebet betclicser uma mulher transexual me fez construir toda a minha vidaobtenir freebet betcliccima do medo, desde criança", desabafa.
Ao acionar a Justiça, Natalha pediu R$ 20 mil reaisobtenir freebet betclicindenização por danos morais. Durante a conciliação judicial, porém, a professora decidiu abrir mão da quantia, pedindoobtenir freebet betclictroca a chanceobtenir freebet betclicdar uma aulaobtenir freebet betclicquestõesobtenir freebet betclicgênero à equipe da pastelaria Viçosa.
"Não tem dinheiro no mundo que valha a minha dignidade e respeito. Moro na favela mais perigosa do Distrito Federal e quero transitar livremente sem ter medoobtenir freebet betclicmorrer ou ser assassinada por ser quem sou", diz. "Para mim, o único jeitoobtenir freebet betclicviver isso é pela educação, que pode transformar uma sociedade violenta, preconceituosa e corrupta."
A pastelaria demitiu o funcionário responsável pela agressão física. Patrícia Rosa Calmon, a proprietária, reconhece que falhou por não ter orientado seus funcionários quanto ao respeito às pessoas transgêneras, "até porque sempre entendi que todos são iguais. Mas fico contente que Natalha pôde nos ensinar algo", diz.
'Melhor indenização possível'
Natalha reconhece que, enquanto esperava pelos seus novos alunos na aula especial, teve medoobtenir freebet betcliccara fechada e mais rejeição.
"Só que eles chegaram abrindo sorriso e me dando boa tarde. Achei estranho, esperava bate-boca mas encontrei atenção. Até brinquei com eles que, quem aprendesse a liçãoobtenir freebet betclicque 'respeito não tem preço' já estaria aprovado. Eles riram bastante", conta Natalha.
Mas dessa vez, não era um risoobtenir freebet betcliczombaria, e simobtenir freebet betclicgenerosidade e empatia sobre o que uma professora trans tinha a dizer. "Foi a melhor indenização que eu poderia ganhar na minha vida", avalia.
Maríliaobtenir freebet betclicAvila e Silva Sampaio, a juíza do 6º Juizado Especial Cívelobtenir freebet betclicBrasília que conduziu o acordo, ficou surpresa com a atitudeobtenir freebet betclicNatalha. "Em 22 anosobtenir freebet betclicmagistratura, nunca vi um caso desses. Nemobtenir freebet betclicuma pessoa transexual procurar a justiça por danos morais por agressão e nemobtenir freebet betclicuma propostaobtenir freebet betclicaula no lugarobtenir freebet betclicuma reparação financeira", diz.
"Natalha foi muito firme e corajosa, foi positivo ver pessoas aprendendo sobre discriminaçãoobtenir freebet betclicgênero exatamenteobtenir freebet betclicquem sofre a violência. Precisamos mudar, e são pequenos passos como osobtenir freebet betclicNatalha que farão a mudança giganteobtenir freebet betclicque este país precisa."
Infância discriminada
Natalha nasceu Claudinei do Nascimento,obtenir freebet betclicAçailândia, cidade com cercaobtenir freebet betclic100 mil habitantes no interior do Maranhão. Somente aos 22 anos e já morandoobtenir freebet betclicBrasília, revelou-se transexual. "Tive que esconder a minha transgeneridade até onde pude. Caso contrário, poderia morrer", relembra.
Da infância passada na roça com os pais trabalhadores rurais e mais quatro irmãos, ela traz duas memórias marcantes: ser xingada e agredida física e verbalmente por ser negra e homossexual, e ouvir históriasobtenir freebet betclicassassinatos brutais.
"Eu tinha uns 10 anos, estava na escola, quando ouvi que haviam matado um gay. Curiosos, fomos todos ver quem era. Não era apenas um gay. Era um travesti, vestido com roupas femininas e com o órgão genital mutilado enterrado na própria boca. Ali, ainda criança, senti o peso do tamanho da punição a quem ousasse sair da regra e aprendi a conviver com o medoobtenir freebet betclicmim mesma e do que poderia me acontecer por ser quem eu era", relata.
"Eu nunca soube o que é ser homem. Desde criança, me sentia estranhaobtenir freebet betclicum corpo que não acompanhava os meus desejos femininos. Queria ser mãe, gostavaobtenir freebet betclicbrincarobtenir freebet betclicbonecas e adorava estar junto da minha mãe fazendo tudo o que ela fazia. A minha identidade sempre foi feminina", afirma.
Ao se assumir, ela enfrentou a ira do pai, a crítica dos irmãos e a insistência dos próprios colegasobtenir freebet betclictrabalho para que mudasseobtenir freebet betclicideia e se voltasse para a religião evangélica. "Nunca entendi o que estavam me pedindo. Não me sentia estranha e nem me via pecadora."
Para ela, o episódioobtenir freebet betclictransfobia que sofreu por parte dos funcionários da pastelaria e a busca por reparação na Justiça a fez entender pela primeira vez o que são direitos humanos. "Não sabia o que era um fórum, uma audiência ou reuniãoobtenir freebet betclicconciliação, não fazia ideiaobtenir freebet betclicque poderia lutar pela minha dignidade humana sem estar sozinha", conta.
Hoje, reconciliada com seu pai, Natalha se dedica a projetosobtenir freebet betcliceducação contra o preconceitoobtenir freebet betclicuma ONG fundada por ela mesma.
"Existem pessoasobtenir freebet betclictodos os gêneros, menosprezadas, mal amadas e se sentindo sem direito a viver neste mundo. Quero ajudar todas elas com a minha história. Prefiro olhar para a generosidadeobtenir freebet betclictodos que um dia, por ignorância, me machucaram, e que hoje, graças à educação, me respeitam. Não compensa ficar remoendo o que passou."
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