Entenda o que significa a Igreja Católica usar o termo LGBT oficialmente pela primeira vez:sinais bet7k
Além disso, outros 300 jovens, tambémsinais bet7kvárias partes do mundo, foram convidados a debater, ao longosinais bet7kuma semanasinais bet7kmarço, presencialmente,sinais bet7kum evento realizadosinais bet7kRoma, o chamado encontro pré-sinodal. Doutorandosinais bet7kciências sociais da Pontifícia Universidade Gregoriana, o brasileiro Filipe Domingues,sinais bet7k31 anos, foi um deles.
"O encontro começou com um discurso inicial do papa. Em seguida, os participantes se reuniramsinais bet7kpequenos grupos linguísticos, grupossinais bet7kno máximo 20 pessoas. Foi assim que respondemos aos questionários e refletimos sobre as questões da juventude hoje", recorda-se ele. "Com base nisto, uma comissão redatora, da qual eu fiz parte, preparou um relatório final."
Este relatório foi uma das fontes utilizadas pelo Vaticano para preparar o documentosinais bet7ktrabalho, o Instrumentum Laboris, que será utilizado pelos bispossinais bet7koutubro.
Acolhimento
O documento foi estruturadosinais bet7ktrês partes, levandosinais bet7kconsideração o que querem os jovens dentro da igreja. A primeira parte é um reconhecimento da realidade da juventude atual. Em seguida vem a interpretação do significado dessa realidade e, por fim, quais devem ser os caminhos escolhidos pela igreja diantesinais bet7ktal cenário.
De acordo com o documento, os jovenssinais bet7khoje buscam uma "igreja autêntica", que brilhe por "exemplaridade, competência, corresponsabilidade e solidez cultural". A juventude quer uma igreja "transparente, acolhedora, honesta, atraente, comunicativa, acessível, alegre e interativa", "menos institucional e mais relacional, capazsinais bet7kacolher sem julgar previamente, amiga e próxima, acolhedora e misericordiosa".
As sondagens pré-sinodais também identificaram uma aversão que a igreja provocasinais bet7kmuitos jovens, que apontam a instituição como algo que "incomoda e irrita". Os escândalos sexuais recentes, com casossinais bet7kpedofilia, foram apontados.
Para o Vaticano, sete "chaves" devem ser utilizadas no acolhimento dos jovens: escuta, acompanhamento, conversão, discernimento, desafios, vocação e santidade.
Questão LGBT
No campo moral, há uma grande distância entre os valores da Igreja Católica e o que pensam os jovens. O documento ressalta que "os ensinamentos da igreja sobre questões controversas, tais como contracepção, aborto, homossexualidade, coabitação e casamento são fontessinais bet7kdebate entre os jovens, dentro da igreja e fora dela".
A última parte do documento traz considerações a respeito da inserção e do acolhimento aos homossexuais. E aí está o ineditismo do documento. Ao afirmar que "alguns jovens LGBT desejam se beneficiar com maior proximidade e se sentir amparados pela igreja", o Vaticano usa, pela primeira vez, a sigla preferencial da comunidade gay. No passado, a igreja costumava usar a expressão "pessoas com tendências homossexuais".
Em seu pontificado, Francisco tem buscado um diálogo mais acolhedor. E, não raras vezes, referiu-se a esse grupo simplesmente como gays -sinais bet7kentrevistas e declarações públicas. Nos documentos, a menção passou a ser apenas "homossexuais".
Em coletivasinais bet7kimprensa realizada no Vaticano na semana passada, o cardeal Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do escritório do Sínodo do Vaticano, disse que a escolha pela sigla LGBT foisinais bet7kvirtudesinais bet7kter sido este o termo mais citado pelos jovens nos encontros pré-sinodais, e seu escritório teria optado por respeitar o trabalho dos jovens.
Um dos relatores do documento pré-sinodal, o brasileiro Domingues, acredita que o uso da sigla é uma questão menor dentrosinais bet7kum contexto mais amplosinais bet7kacolhimento esinais bet7kacompanhamento. "Acompanhamento no sentidosinais bet7kque a igreja precisa ir ao encontro das pessoas, da realidade delas,sinais bet7konde elas estão. Não importa se elas estão seguindo os padrões desejados ou não pela igreja", comenta ele,sinais bet7kentrevista à BBC News Brasil.
"Se é casado, se é divorciado e casadosinais bet7ksegunda união, se pode participar disso ou daquilo... Essas respostas antigas é que estão mudando. Acompanhamento é encontrar o espaçosinais bet7kcada um na igreja", diz ele.
"Na minha opinião, o uso do termo LGBT não foi pela intençãosinais bet7ktrazer uma agenda para a discussão. Sei que algumas pessoas criam uma teoria da conspiraçãosinais bet7kcima disso", comenta. "O termo foi usado porque é o termo que os jovens usam, é popular, e é assim que uma comunidade ampla se autodefine. Muda alguma coisa? Muda na ideiasinais bet7kque é uma linguagem mais aberta ao diálogo. Se a igreja colocasse 'jovens que vivem o problema da homossexualidade', por exemplo, já iria apresentar isso como um problema, como uma negativa, fechando o diálogo. A intenção foi usar uma linguagem aberta,sinais bet7kacolhimento. Vejo com naturalidade."
Para o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da Pontifícia Universidade Católicasinais bet7kSão Paulo (PUC-SP), a explicação está no "realismo pastoral" que Francisco trouxe para a igreja. "Não se tratasinais bet7kmudar os princípios, massinais bet7kprocurar soluções para os problemas que não estão sendo enfrentados com sucesso. Nesse sentido pode-se entender que textos emanados do Vaticano incluam termos usados no contexto atual, como LGBT e gênero. Isso evidentemente tem um efeito na reflexão e, espera-se. na prática", diz ele, à BBC News Brasil.
"Existe, entre jovens do mundo todo, um desencanto com o modosinais bet7kvida da sociedade moderna. Muitos movimentos católicos souberam responder a esse desencanto e têm obtido muito sucesso junto aos jovens, reafirmando os valores cristãos tradicionais. Contudo, uma grande parte da juventude está fora desse processo. Não se identificam com os valores hegemônicos na cultura atual, mas também não são alcançados pelas propostas católicas", analisa Ribeiro Neto. "Esse realismo pastoralsinais bet7kFrancisco deve direcionar o Sínodo justamente no sentidosinais bet7kfalar com esses jovens."
Autor do livro Building a Bridge: How the Catholic Church and the LGBT Community Can Enter into a Relationship of Respect, Compassion, and Sensitivity (Construindo uma ponte: como a Igreja Católica e a comunidade LGBT podem ter uma relaçãosinais bet7krespeito, compaixão e sensibilidade,sinais bet7ktradução livre) e consultor do Vaticano, o padre jesuíta americano James Martin viu com entusiasmo o documento. "Lembre-se que, até alguns anos atás, nem a palavra gay era usada. Papa Francisco começou a fazê-lo. Agora vemos o termo LGBT", afirma, à BBC News Brasil. "É um sinal clarosinais bet7kque o Vaticano está escutando mais atentamente este gruposinais bet7kpessoas, respeitando-as como elas querem ser chamadas."
"O uso do termo LGBT mostra que a igreja está ouvindo mais atentamente essa comunidade", prossegue. "Em vezsinais bet7ko Vaticano os chamarsinais bet7khomossexuais ou atraídos pelo mesmo sexo, há um respeito suficiente para que eles sejam chamados da maneira como pedem para o serem. Isso é respeito. Indivíduos e grupos têm o direitosinais bet7kserem chamados pelos nomes que escolheram, e não pelos nomes que os outros decidiram usar."
Sínodo
O sínodo ocorresinais bet7koutubro. Os bispos convocados, representantes do mundo todo, devem ser chamadossinais bet7kagosto. Como costuma acontecer, o Vaticano também convida pessoas leigas que tenham a ver com o temasinais bet7kdiscussão - ou seja, nesta ano, jovens. Essas pessoas são tratadas como observadoras mas,sinais bet7kdeterminados momentos da assembleia, são ouvidas pelos bispos para que eles saibam exatamente como elas se sentem.