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Navios portugueses e brasileiros fizeram maisfreebet tanpa deposit 20249 mil viagens com africanos escravizados:freebet tanpa deposit 2024
Polêmica sobre a participaçãofreebet tanpa deposit 2024Portugal na escravidão africana
A históriafreebet tanpa deposit 2024Portugal na África e seu papel na escravidão entrou na pauta política brasileira depois que o candidato à Presidência Jair Bolsonaro declarou que "o português nem pisava na África" e responsabilizou os próprios africanos pela escravidão,freebet tanpa deposit 2024entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. A afirmação ocorreu após uma pergunta sobre cotas raciais.
"A ideiafreebet tanpa deposit 2024que os portugueses nunca estiveram na África é completamente falsa. Na verdade, foram os portugueses que abriram a África para o mundo Atlântico (Europa e América)", afirma Christopher DeCorse, professorfreebet tanpa deposit 2024antropologia da Universidadefreebet tanpa deposit 2024Syracuse, nos Estados Unidos, e autorfreebet tanpa deposit 2024livros sobre o Castelofreebet tanpa deposit 2024São Jorge da Mina e o tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos.
"Os portugueses são os primeiros a iniciar o comérciofreebet tanpa deposit 2024escravos no Atlântico. Durante algumas décadas, são praticamente só eles que fazem esse tipofreebet tanpa deposit 2024comércio. Não é propriamente um pioneirismo honroso, mas é um fato", completa o historiador Arlindo Manuel Caldeira, pesquisador da Faculdadefreebet tanpa deposit 2024Ciências Sociais e Humanas da Universidade Novafreebet tanpa deposit 2024Lisboa e autor do livro Escravos e Traficantes no Império Português.
Por outro lado, é fato que algumas sociedades africanas tiveram participação fundamental no tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos, capturando outros povos e os vendendo conforme a demanda dos europeus. No entanto, historiadores ressaltam que foi a pressão dos europeus por escravos que exacerbou o tráfico interno africano.
"Apesarfreebet tanpa deposit 2024uma elite africana ter se beneficiado diretamente do comérciofreebet tanpa deposit 2024escravos, não há dúvidasfreebet tanpa deposit 2024que, sem a pressão dos europeus, a escravidão na África teria uma dimensão imensamente menor. Foi o estímulo europeu que levou a um crescimento exponencial da escravidão", contrapõe Arlindo.
Além disso, independentementefreebet tanpa deposit 2024quem foram os culpados pela escravidão, não há dúvidasfreebet tanpa deposit 2024que os 4,9 milhõesfreebet tanpa deposit 2024africanos trazidos como escravos para o Brasil são as vítimas. Nenhum outro lugar do mundo recebeu tantos escravos. Em comparação, nos Estados Unidos, foram 389 mil.
Escravidão existia na África antes do tráfico europeu
A escravidão existia na África antes mesmo da chegada dos europeus. Os perdedoresfreebet tanpa deposit 2024um conflito, por exemplo, poderiam se tornar escravos dos vencedores. No entanto, a dimensão dessa prática era limitada.
Quando os portugueses chegaram à África, seu interesse inicial não erafreebet tanpa deposit 2024escravos. Logo depois, no entanto, isso mudou.
"As elites africanas facilitaram o comérciofreebet tanpa deposit 2024escravos. Elas ficaram muito dependentes da importaçãofreebet tanpa deposit 2024mercadorias europeias - como armas, artigosfreebet tanpa deposit 2024consumo efreebet tanpa deposit 2024luxo. O que tinham para darfreebet tanpa deposit 2024troca, e que os europeus aceitavam, era sobretudo mercadoria humana. Isso foi desastroso para a África, porque era uma troca altamente desigual - produtos manufaturados por pessoas", afirma Arlindo Manuel Caldeira.
Assim, por exemplo, ao comercializar na costa sudoeste da África no início do século 16, os portugueses receberam escravos como pagamento. Depois, trocaram esses escravos por ouro na região do Castelofreebet tanpa deposit 2024São Jorge da Mina.
Em seguida, os portugueses foram pioneirosfreebet tanpa deposit 2024adquirir escravos para vendê-los fora da África. Uma das primeiras viagens negreiras registradas, por exemplo, ocorreufreebet tanpa deposit 20241514, quando um navio português partiu do Rio Congo com 400 escravos rumo a Lisboa. Posteriormente, Portugal passou a abastecer com escravos seus territóriosfreebet tanpa deposit 2024São Tomé e Cabo Verde.
Até 1650, doisfreebet tanpa deposit 2024cada três navios que comercializavam escravos no mundo eram portugueses.
Portugal e Inglaterra controlaram o tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos
O númerofreebet tanpa deposit 2024viagens negreiras para o Brasil foi crescendo à medida que a exploração econômica baseada no trabalho escravo avançava - o açúcar, no Nordeste, o ouro,freebet tanpa deposit 2024Minas Gerais, e o café,freebet tanpa deposit 2024São Paulo.
O auge ocorreufreebet tanpa deposit 20241750 a 1850 (anofreebet tanpa deposit 2024que o tráfico foi finalmente proibido): nesse período, aportaram no Brasil 7 mil navios portugueses ou brasileiros trazendo escravos da África - a partir da independência,freebet tanpa deposit 20241822, os brasileiros assumiram protagonismo no tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos.
O comércio era altamente lucrativo. Traficantes portugueses fizeram fortunas e,freebet tanpa deposit 2024alguns casos, até ganharam títulosfreebet tanpa deposit 2024nobrezafreebet tanpa deposit 2024Portugal.
É o caso do Conde Joaquim Ferreira dos Santos. No começo do século 19, ele montou postosfreebet tanpa deposit 2024comprafreebet tanpa deposit 2024escravosfreebet tanpa deposit 2024Angola, que controlava a partir do Riofreebet tanpa deposit 2024Janeiro. Ele próprio foi à África algumas vezes para carregar seus naviosfreebet tanpa deposit 2024escravos. Calcula-se que tenha vendido 10 mil africanos no Brasil.
Quando o Brasil se tornou independente, Ferreira dos Santos pediu nacionalidade brasileira e continuou traficando escravos.
À épocafreebet tanpa deposit 2024sua morte,freebet tanpa deposit 2024fortuna foi avaliadafreebet tanpa deposit 2024cercafreebet tanpa deposit 20241500 contos, equivalente a muitas dezenasfreebet tanpa deposit 2024milhõesfreebet tanpa deposit 2024euros atuais, segundo Arlindo Manuel Caldeira, que pesquisou a história dos traficantes portugueses. Parte da riqueza foi usada para criar obrasfreebet tanpa deposit 2024caridade, existentes até hojefreebet tanpa deposit 2024Portugal, como a redefreebet tanpa deposit 2024escolas públicas Condefreebet tanpa deposit 2024Ferreira e o hospital psiquiátrico Condefreebet tanpa deposit 2024Ferreira.
A força negreirafreebet tanpa deposit 2024Portugal só foi abalada pela Inglaterra. Apesarfreebet tanpa deposit 2024terem entrado no negócio meio século depois dos portugueses, os ingleses fizeram o maior númerofreebet tanpa deposit 2024viagens negreiras do mundo, 600 a mais que Portugal. O destino era,freebet tanpa deposit 2024primeiro lugar, as colônias inglesas no Caribe e,freebet tanpa deposit 2024seguida, os Estados Unidos.
Já a partir do século 19, a Inglaterra mudoufreebet tanpa deposit 2024lado e passou a defender (e exigir) o fim do tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos no mundo. Foi por pressão inglesa que o Brasil aboliu o tráficofreebet tanpa deposit 2024escravos.
Alémfreebet tanpa deposit 2024Portugal e Inglaterra, outros países também traficaram escravos da África para as Américas, como Holanda e França. Nenhum navio negreiro tinha a bandeirafreebet tanpa deposit 2024uma nação africana.
Demandafreebet tanpa deposit 2024escravos para as Américas elevou conflitos na África
Além do Brasil, outras colônias americanas foram se tornando economias escravistas e demandando um número cada vez maiorfreebet tanpa deposit 2024escravos africanos. Do pontofreebet tanpa deposit 2024vista econômico, quando a demanda cresce, a produção também aumenta. É a lei da oferta e da procura. Foi o que ocorreu na África.
"As elites africanas tentaram ter sempre o maior número possívelfreebet tanpa deposit 2024escravizados para trocar por mercadorias europeias. São desenvolvidas diversas formasfreebet tanpa deposit 2024obtençãofreebet tanpa deposit 2024escravizados, como medidas fiscais (cobrançafreebet tanpa deposit 2024impostos) efreebet tanpa deposit 2024caráter judicial (julgamentos que condenavam o acusado à escravidão). Mas a principal vai ser por força, pela guerra", explica Arlindo Manuel Caldeira.
Assim, "o comércio negreiro motivou uma sériefreebet tanpa deposit 2024guerras étnicas e conflitos que tinham como objetivo obter escravos, para que pudessem ser vendidos para comerciantes europeus", diz Christopher DeCorse.
Algumas mercadorias vendidas pelos europeus, como cavalos e armas, aumentaram o poderfreebet tanpa deposit 2024conquistafreebet tanpa deposit 2024algumas sociedades africanas - e reduziram a capacidadefreebet tanpa deposit 2024resistênciafreebet tanpa deposit 2024outras. As maiores vítimas foram comunidades camponesas, capturadas por sociedades vizinhas com maior poder bélico.
"Então a culpa é dos africanos? Não, nós devemos apontar o dedo diretamente para os europeus. Foram os europeus que moveram o mercadofreebet tanpa deposit 2024escravos. Foram os europeus que foram para a costa africana e disseram para seus líderes: 'nos deem escravos'", diz Christopher DeCorse.
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