Cortechapecoense e cruzeiro palpitebolsas da Capes afetará vacinas, energia, agricultura e até economia, diz presidente da SBPC:chapecoense e cruzeiro palpite

Laboratório

Crédito, Fiocruz/Peter Ilicciev

Legenda da foto, Cortechapecoense e cruzeiro palpiteverbas pode interromper maischapecoense e cruzeiro palpite200 mil bolsas e paralisar projetoschapecoense e cruzeiro palpitepesquisa

Para o presidente da SBPC (Sociedade Brasileirachapecoense e cruzeiro palpiteProgresso da Ciência), Ildeu Moreira, isso demonstra a gravidade do problema. "A situação está tão crítica que as próprias pessoas que têm cargo importante no governo estão colocando achapecoense e cruzeiro palpiteopinião, que pode até implicarchapecoense e cruzeiro palpiteriscoschapecoense e cruzeiro palpitesobrevivência nos seus cargos. É uma atitude corajosa", disse elechapecoense e cruzeiro palpiteentrevista à BBC News Brasil.

Moreira também afirma que os cortes causarão danos irrecuperáveis tanto à ciência quanto ao desenvolvimento do país. Segundo ele, a interrupçãochapecoense e cruzeiro palpiteprojetos causa perda dos recursos investidos, gera fugachapecoense e cruzeiro palpitecérebros e escassezchapecoense e cruzeiro palpitecientistas qualificados, com impactoschapecoense e cruzeiro palpitelongo prazo para diversos setores, da saúde à economia.

Laboratório vazio

Crédito, Getty Images/loveguli

Legenda da foto, Êxodochapecoense e cruzeiro palpitepesquisadores se agrava com perspectiva do cortechapecoense e cruzeiro palpitebolsas

Professor e pesquisador do Institutochapecoense e cruzeiro palpiteFísica da Universidade Federal do Riochapecoense e cruzeiro palpiteJaneiro (UFRJ), Moreira trabalha nas áreaschapecoense e cruzeiro palpiteFísica Teórica e História da Ciência. Realizou estágioschapecoense e cruzeiro palpitepesquisa na École Polytechnique e na Universidadechapecoense e cruzeiro palpiteParis VII, ambas na França.

Moreira é presidente da SBPC desde o ano passado. A entidade, criadachapecoense e cruzeiro palpite1948, dedica-se à defesa do avanço científico, tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do país. É uma das principais organizações científicas independentes do país, agregando 127 sociedadeschapecoense e cruzeiro palpitediversas áreas do conhecimento.

O físico argumenta que os cortes são uma decisão política, não resultado da faltachapecoense e cruzeiro palpitedinheiro. "Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma questãochapecoense e cruzeiro palpiteoutros interesses que prevalecemchapecoense e cruzeiro palpitedetrimento do desenvolvimento do país", afirma.

O governo diz que a questão do orçamento ainda estáchapecoense e cruzeiro palpiteaberto e convocou para esta sexta-feira uma reuniãochapecoense e cruzeiro palpiterepresentantes dos ministérios da Educação e do Planejamento para debater o alerta feito pelo conselho da Capes.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - Qual o impacto dos cortes da Capes para a ciência brasileira?

chapecoense e cruzeiro palpite Ildeu Moreira - É extremamente grave. Porque a maior parte da produção científica brasileira é produzida na pós-graduação. Isso é uma coisa essencial da ciência. A nossa produção cresceu muito por causa da Capes, que foi criada na décadachapecoense e cruzeiro palpite1950. Se há uma descontinuidadechapecoense e cruzeiro palpiterecursos para bolsas, se esses cortes que estão programados se concretizam, é algo catastrófico.

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - As pesquisaschapecoense e cruzeiro palpiteandamento são totalmente perdidas? Há chancechapecoense e cruzeiro palpiteesses projetos serem retomados quando a situação fiscal do país melhorar?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - Acontece uma desarticulação geral. A ciência descontinuada é muito difícil recuperar. Se você desmonta gruposchapecoense e cruzeiro palpitepesquisa, aquela experiência vai embora. Depois, você tem que começar do zero, falta gente formada, você tem laboratórios sucateados. Gastam-se anos, gasta muito mais recursos. Na prática, significa que uma parcela muito significativa dos recursos que o Brasil investiu nos últimos anos vai se perder. Estamoschapecoense e cruzeiro palpiteum momentochapecoense e cruzeiro palpiteque nosso corpo técnico está muito envelhecido, não tem mais renovação. Se você desmonta a formação, que é essencial para a renovaçãochapecoense e cruzeiro palpitequadros, aí acaba mesmo.

O presidente da SBPC Ildeu Moreira

Crédito, Jardel Rodrigues/SBPC

Legenda da foto, Presidida por Ildeu Moreira, a SBPC vem criticando os cortes na ciência há pelo menos dois anos

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - Qual o impacto disso na fugachapecoense e cruzeiro palpitetalentos brasileiros para o exterior?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - É muito grande. As pessoas querem sobreviver, vão buscar oportunidadeschapecoense e cruzeiro palpiteoutros países. Se o país não acolhe, eles vão procurar quem oferece condições. E muitos vão para outras profissões também, desistemchapecoense e cruzeiro palpitetrabalhar com pesquisa, com ciência e tecnologia. Eu estava esses dias na entrega do prêmio da Olimpíadachapecoense e cruzeiro palpiteMatemática e você vários jovens empolgados. Mas se não tiver bolsa, se a ciência estiver desmontada, você desestimula esses jovenschapecoense e cruzeiro palpiteir para a carreira científica.

Mosquito transmissor da zika

Crédito, RobertoDavid

Legenda da foto, Pesquisas na áreachapecoense e cruzeiro palpitesaúde, como sobre o combate ao vírus da Zika e da Dengue, podem ser afetadas

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - O governo tem justificado cortes na ciência como faltachapecoense e cruzeiro palpiterecursos. Se faltam recursos, o que poderia ser sido feito? Que outros setores poderiam ter sido cortados para que a ciência fosse mantida?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - Essa históriachapecoense e cruzeiro palpitenão ter dinheiro é muito relativa. Nós estamos falando aquichapecoense e cruzeiro palpite0,25% do orçamento, que é o recurso todo para ciência, tecnologia e inovação. Tem também uma parte do MEC (Ministério da Educação), que pega a Capes, mas se você comparar o total com outros setores, o investimentochapecoense e cruzeiro palpiteciência no Brasil é diminuto. Compare com o recurso que vai para as bolsaschapecoense e cruzeiro palpiteauxílio-moradia para juízes e promotores que já têm casa. E o dinheiro que pagamoschapecoense e cruzeiro palpitejuros da dívida pública.

Enquanto nos países da Europa o que vai para ciência e tecnologia é 3% do PIB, no Brasil não chega a 1%. Em outros países, quando há crise, na China, por exemplo, aumentaram os recursos para ciência e tecnologia. Os EUAchapecoense e cruzeiro palpite(Donald) Trump tentaram cortar no ano passado o orçamento para ciência e tecnologia e os dois partidos (Republicano e Democrata) foram contra e aumentaram. A Alemanha também. Eles estão aumentando, é a chancechapecoense e cruzeiro palpitevocê sair da crise.

O próprio governo diz que o PIB está aumentando. Devagar, mas está, 1%, 2%. Esse argumentochapecoense e cruzeiro palpitefaltachapecoense e cruzeiro palpiterecursos não se justifica. E o corte para a ciência estáchapecoense e cruzeiro palpite20%. É uma contradição. Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma questãochapecoense e cruzeiro palpiteoutros interesses que prevalecemchapecoense e cruzeiro palpitedetrimento do desenvolvimento do país.

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - Muitas pessoas criticam as bolsas, veem a ciência como algo distante e acham que esse dinheiro deveria ser usado para outra coisa. Qual a consequência desse desmonte pro dia a dia das pessoas?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - Temos um impacto muito grande na economia, na saúde,chapecoense e cruzeiro palpitediversos setores que dependem da ciência para inovação. Afeta o desenvolvimentochapecoense e cruzeiro palpitevacinas, a produçãochapecoense e cruzeiro palpiteenergia. A agricultura no Cerrado é algo que depende fortemente da ciência, que só foi possível graças à ciência. A gente vê que o recurso público investidochapecoense e cruzeiro palpiteprodução científica é algo que dá retorno. Temos aí Embraer e a Embrapa, exemploschapecoense e cruzeiro palpiteempresas baseadas fortementechapecoense e cruzeiro palpitepesquisas.

O pré-sal, foi um corpo técnicochapecoense e cruzeiro palpiteengenheiros, físicos e geólogos que descobriram e trabalharam nisso. Então, a formaçãochapecoense e cruzeiro palpitegente qualificada é essencial. Internacionalmente, a ciência é uma áreachapecoense e cruzeiro palpiteque existe uma competição muito séria, se você desmonta isso vai ter uma consequência muito sérias no futuro, até para a soberania nacional. Você vê que o Brasil tem um potencial imenso na Amazônia, que deveria estar sendo estudado cientificamente para, ao mesmo tempo, preservar a floresta e fazer uso dos recursos.

Naviochapecoense e cruzeiro palpitepesquisa hidroceanográfico Vitalchapecoense e cruzeiro palpiteOliveira no Riochapecoense e cruzeiro palpiteJaneiro

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Cortechapecoense e cruzeiro palpiteverbas afetas diversos setores da ciência, entre eles a áreachapecoense e cruzeiro palpitepesquisa hidroceanográfica

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - Falta um trabalho da academiachapecoense e cruzeiro palpiteaproximação com a sociedade para explicar a importância da ciência?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - Falta, falta sim. É uma coisa histórica. Temos um país com uma desigualdade enorme. As pessoas que têm oportunidade, acesso à academia são muito poucas. Então, as universidades e os setores ligados à pesquisa no Brasil são muito elitizados. As mulheres não entravam, os negros não entravam, e até hoje há dificuldade nisso. A ciência no Brasil não se desenvolveu como na Europa, onde ela cresceu com o capitalismo. Temos um processochapecoense e cruzeiro palpitedesconstruçãochapecoense e cruzeiro palpiteuma certa parcela da elite nacional, que não vê o desenvolvimento nacional como importante. E uma faltachapecoense e cruzeiro palpiteformação científica básica.

chapecoense e cruzeiro palpite BBC News Brasil - O setor privado poderia ser uma alternativa para suprir a faltachapecoense e cruzeiro palpiteinvestimento do governo?

chapecoense e cruzeiro palpite Moreira - A integração com o setor privado é importante, temos falado isso há muito tempo. O Brasil é um dos países onde a proporçãochapecoense e cruzeiro palpitedinheiro privado para ciência é uma das mais baixas. Tem que mudar isso ao longo dos anos, é um processochapecoense e cruzeiro palpiteconstrução. Envolve trazer mais o empresariado, envolve ter política pública para isso, envolve educação, criaçãochapecoense e cruzeiro palpiteuma cultura diferente. Outros países fizeram.

Mas isso não substitui o investimento públicochapecoense e cruzeiro palpiteciência. O investimentochapecoense e cruzeiro palpiteempresas pode ir para pesquisaschapecoense e cruzeiro palpitedesenvolvimentochapecoense e cruzeiro palpiteinovação tecnológica, por exemplo, mas o investimento privado não vai substituir o recurso públicochapecoense e cruzeiro palpiteciência básicachapecoense e cruzeiro palpitenenhum país do mundo. Nem nos Estados Unidos, nem na Alemanha. É a produçãochapecoense e cruzeiro palpiteciência básica que está sendo descontinuada aqui e é essencial para ter inovação depois.