Como viajar com uma criança pequena - sim, é possível fugir do óbvio e explorar países distantes:ganhaaposta

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Com apenas quatro anos, Chico já conheceu 19 países; na foto, acompanha um mergulho do pai na Namíbia

Em nosso caso, quando Chico tinha dez meses, decidimos passar duas semanas no Uruguai e na Argentina. MorávamosganhaapostaSão Paulo.

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Legenda da foto, Primeira viagem internacionalganhaapostaChico foi para o Uruguai e a Argentina, quando ele tinha 10 meses

Como o bebê, tivemos que aceitar algumas adaptações:ganhaapostarestaurantes classudos, era preciso ligar antes para saber se aceitavam criança (na Argentina, os dois que queríamos conhecer aceitaram; no Uruguai, um aceitou, outro barrou); ao longo do dia, era preciso programar pausas para esquentar mamadeira (funcionários solícitosganhaapostacafés sempre topavam emprestar o micro-ondas) e trocar fraldas (leve um pequeno lençol para usar como forro emergencial, aí qualquer gramadinho mais tranquilo no cantoganhaapostauma praça vira um ótimo trocador).

No geral, tudo deu certo. E achamos que poderíamos, sim, programar voos mais altos - ou melhor, mais longos.

Muitos nos perguntam como fazemos. Muitos acham que nada dá errado. Não tem lá muito segredo. Quando viajamos juntos, fazemos o que mais gostamos. E as férias são o único momento do anoganhaapostaque nós três podemos dar atenção plena para nós três, já que não há outros problemas ou preocupações para atrapalhar. E muita coisa dá errado, sim. É matemática pura: quanto mais gente no grupo, maior a chanceganhaapostaalgo sair fora do planejado. Assim, viajarganhaapostatrês pode trazer mais perrengues do queganhaapostadois.

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Legenda da foto, Chico já acampou na Mongólia com os pais; imprevistos acontecem, mas alguns cuidados podem evitar dorganhaapostacabeça maior

Chico já ficou doente no meioganhaapostauma viagem? Sim, uma febre interminávelganhaapostaBergen, na Noruega. Chico já teve problemas com fuso horário? Sim, a pontoganhaapostaa recepção do hotelganhaapostaDubai ligar para o quarto reclamando do barulho. Chico já deu muito trabalho, fisicamente falando? Sim,ganhaapostaquase todas as precárias estaçõesganhaapostatrem do interior da Rússia, quando tínhamosganhaapostaconseguir carregar todas as malas e ele também, muitas vezesganhaapostaescadas difíceis e correndo contra o tempo para não perder o trem. Chico já chorou sem explicação no meioganhaapostaum passeio? Já, claro, como toda criança.

Não tem uma receitaganhaapostabolo, uma fórmula pronta. Porque cada família é diferente. E cada criança, obviamente, tem seu próprio temperamento e suas próprias mini-idiossincrasias. Mas, a quem quer saber alguns segredos, minha experiência permite dar algumas dicas simples para que tudo dê certo.

Como planjar viagens com crianças

A primeira dica é programar uma consulta ao pediatra sempre antesganhaapostaqualquer viagem longa. Somente o médico que acompanhaganhaapostaperto seu filho vai saber aconselhar bem, com base no histórico dele, quais remédios emergenciais levar na mala, se é preciso tomar alguma vacina, e se é recomendável fazer alguma exame depois. De quebra, essas consultas pré-viagem sempre dão uma boa sensaçãoganhaapostasegurança.

Outro cuidado é com a documentação necessária. Parece muito óbvio, mas é preciso atentar para as datasganhaapostavalidade do passaporte - que expiram mais rápido quanto mais nova é a criança. E verificarganhaapostaantemão se o país a ser visitado pede mais alguma coisa. Quando fomos para a África do Sul, no ano passado, surpreendemo-nos com a inusitada necessidadeganhaapostauma cópia da certidãoganhaapostanascimento - sim, um documento que, teoricamente, só seria válidoganhaapostaterritório brasileiro - do Chico, pelo fatoganhaapostaele ser menorganhaapostaidade. Por sorte, tínhamos o documento escaneadoganhaapostaum email e aí conseguimos imprimir no aeroporto.

Uma questão que sempre apareceganhaapostaconversas sobre viajar com criança é a alimentação. Em viagens costumamos ser mais tolerantes se o Chico pula alguma refeição, se come foraganhaapostahora ou se ingere mais porcarias. São férias, afinal, então também é preciso desestressar um pouco. Mas é bom terganhaapostamente - e reservar um espaço na bagagem - que alguns alimentos práticos facilitam muito o modus operandi. É o caso daquelas papinhas industrializadas. Em casa, não gostávamosganhaapostaoferecê-las ao Chico. Mas, nas viagensganhaapostaférias, quando ele era menorzinho, éramos convencidos pela praticidade.

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Legenda da foto, Levar alimentos fáceisganhaapostaservir é uma dica importante por causa da praticidade

Por fim, uma coisa importante é que, na cabeçaganhaapostaum bebê, a rotina é extremamente importante. Na realidade, os pequenos têm uma necessidadeganhaapostaque as coisas se repitam, isso dá a eles segurança. Se são férias, isso pode não ocorrer, afinal, uma viagem pressupõe justamente a quebra da rotina. Passeios diferentes, horários diferentes, hotéis diferentes.

A solução que encontramos foi comprar um pacoteganhaapostabexigas coloridas - um brinquedo que toda criança gosta, barato e que ocupa pouquíssimo espaço na mala. Todos os dias, na volta para o hotel, eu enchia uma e dava para o Chico. Ao mesmo tempo que ele tinha com o que se divertir, ele compreendia que os passeios daquela jornada tinham acabado. Fechava o ciclo. Era um código que o levava para um mínimoganhaapostarotina dentro das férias.

Cuidados antesganhaapostaviajar com bebê

Mas a primeira mudança foiganhaapostanossas cabeçasganhaapostapai eganhaapostamãe. Ainda nos primeiros mesesganhaapostagravidez, entre as imagens deformadas do ultrassom e as comprasganhaapostaenxoval, vez por outra Mariana e eu nos pegávamos conversando sobre algum "e se". E se a gente tentasse viajar com nosso filho? E se der certo? E se ele for uma criança comportadaganhaapostaavião? E se ele for calminho? Será mesmo que não dá?

Quando Chico nasceu, decidimos que o melhor jeitoganhaapostaver se dava certo era comprovando, na prática. E que, para ter coragem, o certo seria não perder o pique. Decidimos que faríamos uma viagem internacional com ele antes do primeiro aniversário.

Fomos cuidadosos. Escolhemos um destino próximo a São Paulo, cidade onde morávamos. Relativamente sem riscos. Se tudo desse errado, seria fácil abortar o fim da viagem e retornar antes para casa. E calculamos um roteiro espaçado, com o dobroganhaapostadias do recomendadoganhaapostacada uma das cidades. Chico tinha dez meses quando foi nossa malinhaganhaapostabordo pela primeira vez. Passamos agradáveis fériasganhaapostaMontevidéu, Colônia do Sacramento e Buenos Aires.

Fomos cuidadosos, eu dizia. Antes da viagem, passamos na pediatra que acompanhava o Chico desde a maternidade. Paula Woo Guglielmetti jamais nos demoveu da ideia - nem dessa, nem das outras viagens que viriam. Ao contrário, fez todas as orientações necessárias, deixou o WhatsApp à disposição caso precisássemosganhaapostaalguma orientação urgente, recomendou quais medicamentos era bom levarmos. E na primeira viagem fomos tão precavidos que chegamos a botar um inalador na mala!

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Legenda da foto, Vale ligar para hotéis e restaurantes antes para saber se aceitam criança

Tudo deu certo. Tudo foi melhor do que o planejado. Tudo foi tão tranquilo que voltamos para casa convencidosganhaapostaque as aventuras poderiam continuar. E poderiam ser mais incríveis ainda do que antes.

No ano seguinte, embarcamos os três para os países nórdicos: Dinamarca, Noruega, Suécia, Finlândia. No outro, realizamos o sonhoganhaapostauma viagem que achávamos que não daríamos conta nem quando éramos apenas dois: a ferrovia transiberiana, com paradasganhaapostacidades da Rússia, da Mongólia e da China.

Chico esteve com a gente ainda nos Emirados Árabes Unidos, no Chile,ganhaapostaum hotelganhaapostaselva na Amazônia eganhaapostauma aventura incrível por África do Sul, Namíbia, Zimbábue e Zâmbia - sendo que 4 mil quilômetros desse périplo africano foram vencidosganhaapostacarro -, viu neve pela primeira vez na regiãoganhaapostaMont Blanc...

Vantagensganhaapostaviajar com crianças

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Legenda da foto, Chico adora viajar e já sabe localizar alguns países no mapa

Aos 4 anos e meio, Chico está se tornando um moleque tão apaixonado pelo mundo como a gente é. Encanta-se com as diferenças. Aponta países no mapa. Pergunta pela próxima viagem. No ano passado, na África, deixamos uma velha máquina fotográfica com ele - e foi muito legal vê-lo registrando, a seu modo, aquilo que lhe era mais peculiar.

Em abril,ganhaapostaParis, deixamos que ele escolhesse, pela primeira vez, um passeio por dia - e ele se revelou um ótimo planejador, pedindo para fazer tourganhaapostabarco pelo Sena e, mesmo sem saber que podia, querendo subir ao topo da "torre Milfa", que é como ele chama a Torre Eiffel.

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Legenda da foto, Para os paisganhaapostaChico, as viagens o ensinam a respeitar as diferenças e instigamganhaapostacuriosidade

Justamente porque muitos nos perguntam essas coisas todas, decidimos, desde o ano passado, expor os bastidores dessas viagens nas redes sociais. No Instagram somos @the_veigas. No Facebook, The Veigas. Quanto mais somos acompanhados por pessoasganhaapostaforaganhaapostanosso círculoganhaapostaamizade, mais percebemos o quanto somos privilegiados: com as distâncias tão encurtadas graças aos ágeis meiosganhaapostatransporteganhaapostahojeganhaapostadia, podemos exercer a paternidade e a maternidade sem abrir mãoganhaapostaconhecer o mundo.

E gostarganhaapostaconhecer o mundo é o maior legado que acreditamos sermos capazesganhaapostadeixar para nosso filho. Para que ele sempre respeite as diferenças. Sempre valorize o outro. Sempre aprenda. Sempre se divirta.