Crise revela dependênciasite de apostas brabettransporte rodoviário que é 'mais barato e dá voto':site de apostas brabet

Crédito, AFP/Getty Images

Legenda da foto, Segundo especialistas, se greve continuar até sábado, será grande o desabastecimento no país

Rodovias primeiro

Mas por que, afinal, o Brasil depende tanto do transporte rodoviáriosite de apostas brabetcarga esite de apostas brabetpassageiros?

Para Paulo Resende, coordenador do núcleosite de apostas brabetLogística e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral, os governantes brasileiros nunca priorizaram adotar outros tipossite de apostas brabetsistemasite de apostas brabettransporte porque isso não tem impacto eleitoral.

Essa seria uma das razões, por exemplo, para que o projeto da ferrovia Norte-Sul, que cruzaria o país, nunca tenha saído do papel.

"Já viu alguém inaugurar ferrovia rapidamente pra ganhar eleição?", disse à BBC Brasil. "No Brasil, acontece o chamado fator subjetivo, que tem a ver com modelosite de apostas brabetgestãosite de apostas brabetnegócios. Os políticos e os burocratas pensam 'Eu tenho que deixar a marca do meu governo, tenho que fazer alguma coisa nova'. Aí todo mundo que entra (num governo), abandona projetos anteriores e cria um novo, que acha que é melhor. O Brasil é um país cuja estratégia é substituir o velho pelo novo, com completo abandono do velho. Você cria uma descontinuidadesite de apostas brabetprojetos. Há uma questão culturalsite de apostas brabettrabalhar com curto prazo porque é compatível com a agenda eleitoral."

O consultorsite de apostas brabettrânsito Sergio Ejzenberg, mestresite de apostas brabettransportes pela Universidadesite de apostas brabetSão Paulo, diz que o Brasil chegou a esse modelosite de apostas brabetdependência quase totalsite de apostas brabetrodoviassite de apostas brabetfunçãosite de apostas brabetdécadassite de apostas brabetdecisões "desastrosas" e não tem como mudar esse quadro no curto prazo.

"Precisamossite de apostas brabetmenos ingerência política nas decisões técnicas que envolvem a logísticasite de apostas brabettransportes. O Brasil tem dimensão continental e produz quantidadessite de apostas brabetcommodities, tanto agrícolas quanto minerais, que precisam ser transportadas por meios razoáveis e racionais, não por apenas caminhões. É inacreditável que para levarmos soja até o portosite de apostas brabetSantos, essa mercadoria precise ser escoada antes por rodovias", diz.

Para Mauricio Lima, sócio-executivo da consultoriasite de apostas brabetlogística Ilos, o fatosite de apostas brabetbasicamente dois terços das cargas serem transportadas por meio rodoviário deixa o país mais vulnerável a greves que afetem o abastecimento, como a dos caminhoneiros.

"Temos uma infraestrutura aquém das nossas necessidades, tantosite de apostas brabetdutos - por isso falta combustível - quanto ferroviária e hidroviária", diz.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Dependência do modal rodoviário deixa país vulnerável a paralisações como a dos caminhoneiros

Falta estratégia

Em dez anos, o transporte toneladas úteis (TU)site de apostas brabetcarga no Brasil aumentousite de apostas brabet29,5%, passandosite de apostas brabet389 milhõessite de apostas brabet2006 para 503,8 milhõessite de apostas brabet2016, informa o anuáriosite de apostas brabet2017 da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

O mesmo levantamento mostra que, entre 2001 e 2016, a frotasite de apostas brabetcaminhões cresceu 84,3% (de 1,5 milhão para 2,6 milhões).

Da frota total que circula no Brasil, 1,09 milhãosite de apostas brabetcaminhões sãosite de apostas brabetempresas, 554 mil são conduzidos por caminhoneiros autônomos e 23 mil, sãosite de apostas brabetcooperativas.

Descompasso

O professor Resende, da Fundação Dom Cabral, afirma que o governo federal não entende a matrizsite de apostas brabettransportes no Brasil. "A participação do sistema modal rodoviário ésite de apostas brabetmaissite de apostas brabet75% no país, mas o governo trabalha com uma matrizsite de apostas brabet58%, cuja logística não representa a realidade. E aí ele perde a noção da rede brasileirasite de apostas brabetabastecimento por caminhões. O governo não tem noção", fala.

Segundo o especialista, as autoridades cometem um erro ao atribuírem a greve apenas ao elemento caminhoneiro.

"A indústria passou por uma transformação e as políticas brasileiras não acompanharam a transformação. A cadeiasite de apostas brabetsuprimentos não trabalha mais com grandes estoques, é quase que na horasite de apostas brabettodos os setores. Quando você tem uma logística desse tipo, o papel do estoque é substituído pelo do transporte. Não tem estoque mais pra amortecer a demanda", diz.

Na prática, isso significa, segundo ele, quesite de apostas brabettrês dias não há mais estoque para a linhasite de apostas brabetprodução. E quesite de apostas brabetcinco dias já começa o desabastecimento no pontosite de apostas brabetconsumo, o varejo.

"É o que acontece com essa greve. O setor automobilístico, por exemplo, já está parando. Até o próximo sábado, pode haver um grande desabastecimento."

Para o consultor Ejzenberg, o aumento do preço do diesel também não pode ser visto, isoladamente, como o único fator responsável pela insatisfação que levou à greve. Segundo ele, a recessão que o país atravessou recentemente desencadeou uma sériesite de apostas brabetproblemassite de apostas brabetrelação aos fretes - sendo o principal deles a redução do númerosite de apostas brabettransportesite de apostas brabetcargas.

"Um dos principais fatores para essa greve é a faltasite de apostas brabettrabalho dos motoristas", diz. "Porque muitos caminhoneiros dependem dos fretes para continuar pagando as prestaçõessite de apostas brabetseus caminhões."