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Pesquisa inédita identifica gruposaposta ganha basquetebolfamília como principal vetoraposta ganha basquetebolnotícias falsas no WhatsApp:aposta ganha basquetebol
O WhatsApp, aplicativoaposta ganha basquetebolmensagens por celular extremamente disseminado no Brasil, é visto como uma das redes mais propícias para a difusãoaposta ganha basquetebolnotícias falsas. Como é um aplicativoaposta ganha basquetebolmensagens privadas e não tem caráter público, é difícil rastrear as "fake news" espalhadas ali e avaliar seu alcance, o que preocupa pesquisadores, especialmente considerando como isso poderá ocorrer nas eleições brasileirasaposta ganha basquetebol2018. Dados da Pesquisa Nacional por Amostraaposta ganha basquetebolDomicílios (Pnad) Contínuaaposta ganha basquetebol2016, do IBGE, mostram que a atividade mais popular entre os brasileiros, ao usar a internet, é trocar mensagens por meioaposta ganha basquetebolaplicativos - 94,5% dos brasileiros responderam que usam a internet para fazer isso.
Segundo a pesquisa da USP, o boato dominante no casoaposta ganha basquetebolMarielle foram variaçõesaposta ganha basquetebolum texto ligando a vereadora a Marcinho VP. Foi recebido por 916 pessoas que responderam ao questionário. Dessas pessoas, 51% responderam ter recebido o textoaposta ganha basquetebolgruposaposta ganha basquetebolfamília no WhatsApp; 32%,aposta ganha basquetebolgruposaposta ganha basquetebolamigos; 9%aposta ganha basquetebolgruposaposta ganha basquetebolcolegasaposta ganha basqueteboltrabalho e 9%aposta ganha basquetebolgrupos ou mensagens diretas.
A imagem que mostraria Marielle no coloaposta ganha basquetebolMarcinho VP foi recebida por 229 pessoas que responderam ao questionário - 41% delas disseram ter recebido a fotoaposta ganha basquetebolgruposaposta ganha basquetebolfamília.
Pablo Ortellado, professor do cursoaposta ganha basquetebolGestãoaposta ganha basquetebolPolíticas Públicas da Universidadeaposta ganha basquetebolSão Paulo (USP) e autor do estudo ao lado do pesquisador Márcio Ribeiro, ressalta que, apesar dos dados, não se sabe a distribuição dos tiposaposta ganha basquetebolgrupos no WhatsApp pela população. "Pode ser apenas que existam mais gruposaposta ganha basquetebolfamília do que gruposaposta ganha basquetebolamigos ouaposta ganha basquetebolcolegasaposta ganha basqueteboltrabalho e os boatos tenham circulado igualmenteaposta ganha basqueteboltodos eles, mas, como há mais gruposaposta ganha basquetebolfamílias, nosso estudo tenha apenas captado essa distribuição dos grupos", explica.
"Agora, caso,aposta ganha basquetebolfato, os boatos tenham circulado mais nos gruposaposta ganha basquetebolfamília do que nos outros grupos, temos um dado interessante. Pode ser que gruposaposta ganha basquetebolfamília sejam ambientes mais 'íntimos' que permitam compartilhar seguramente conteúdos mais especulativos sem que quem compartilhe seja alvoaposta ganha basqueteboljulgamento."
Às 10h do dia seguinte ao assassinatoaposta ganha basquetebolMarielle, a estudante Rayene Sampaio,aposta ganha basquetebol22 anos,aposta ganha basquetebolBarra do Garças (MT), recebeu a notícia falsa,aposta ganha basqueteboltexto,aposta ganha basquetebolum primoaposta ganha basquetebol15 anos no grupo da família. Naquela noite, às 22:44, o estudante Gabriel dos Santos,aposta ganha basquetebol20 anos,aposta ganha basquetebolGoiânia, recebia o boatoaposta ganha basqueteboluma prima -"que deve ter uns 40 anos"-aposta ganha basquetebolum grupoaposta ganha basquetebolfamília que tem 17 pessoas."Teve gente no grupo que acreditou", diz ele.
A analista financeira Simone Oliveira,aposta ganha basquetebol41 anos, define seu grupoaposta ganha basquetebolfamília como um que é "dividido ideologicamente". Ela conta ter recebido a suposta fotoaposta ganha basquetebolMarielle às 19:46 do dia 16 - um dia após o assassinato da vereadora. Quem enviou a notícia falsa, diz ela, foi seu sogro, que tem 65 anos e que depois foi "corrigido" por ela. Mas notícias falsas são comuns no grupo, diz.
A pesquisa online feita pela USP perguntava qual boato foi recebido, dia e horário exatos, onde o boato foi recebido e dados do usuário, como gênero, idade, cidade e nívelaposta ganha basquetebolestudo. O formulário foi divulgada nas páginasaposta ganha basquetebolMarielle Franco no Facebook e na página Quebrando o Tabu - a página, uma das maiores brasileiras no Facebook, tem 8,6 milhõesaposta ganha basquetebolcurtidas e publicações mais alinhadas com a esquerda. Os dados demográficos da pesquisa, portanto, podem acabar refletindo os da página, explicam os pesquisadores. A maioria das respostas vieramaposta ganha basquetebolmulheres com pouco maisaposta ganha basquetebol20 anos.
Boato mais disseminadoaposta ganha basqueteboltexto
Outros boatos disseminados, mas que não chegaram a ter representatividade como os citados acima, foram um vídeo que mostrava supostos assaltantesaposta ganha basquetebolbermuda e chinelo, ligando-os ao tráfico, e uma sequênciaaposta ganha basquetebolarquivosaposta ganha basqueteboláudio relatando que o crime havia sido obra do Comando Vermelho.
Essa foi outra descoberta do estudo: a forma mais disseminada dos boatos foi também a mais simples, ou seja,aposta ganha basqueteboltexto, e não vídeo, fotos ou áudios. "Embora as formas que traziam supostas evidências, como vídeos ou fotos, pudessem parecer mais 'persuasivas', foi a forma menos amparadaaposta ganha basquetebolevidências a que teve maior alcance", diz Ortellado. "Isso estáaposta ganha basquetebolacordo com os estudos sobre viésaposta ganha basquetebolconfirmação, isto é, nossa pouca capacidadeaposta ganha basquetebolreceber criticamente informações que referendam ou confirmam nossas crenças. Menos importante do que dar evidências que amparam o boato é fazer com que ele estejaaposta ganha basquetebolacordo com as nossas crenças: no caso, o preconceitoaposta ganha basquetebolque pessoas da favela tem vínculos com o tráfico."
As respostas da pesquisa mostram que os boatos tiveram início no dia 15,aposta ganha basquetebolforma mais tímida, e explodiram no dia 18, crescendoaposta ganha basquetebolquantidade até o dia 25. Entre os dias 15 e 17, o crescimento foi pequeno. "A difusão dos boatos no WhatsApp parece um tanto mais lento do que nas mídias sociais, já que ele precisa passar por gruposaposta ganha basqueteboltamanho muito limitado", sugere Ortellado. "Foram necessários três ou quatro dias para o boato estar amplamente difundido e, no primeiro dia, o alcance foi bem pequeno. É bem diferente da dinâmica que vemos no Facebook onde a difusão se dá por uma espécieaposta ganha basquetebolexplosão inicial e está plenamente difundidoaposta ganha basquetebolpouco maisaposta ganha basquetebol48 horas."
O primeiro registroaposta ganha basquetebolnotícia falsa distribuído no WhatsApp a que a BBC Brasil teve acesso foiaposta ganha basquetebolum grupoaposta ganha basquetebolcolegas a que pertence o funcionário público Bruno Perez, que mora no Rio. Ele recebeu um boato às 23h27 da noite do assassinatoaposta ganha basquetebolMarielle Franco. Ela foi assassinada por volta das 21h30 e as primeiras notícias sobreaposta ganha basquetebolmorte começaram a ser publicadas por volta das 22h10.
Perez recebeu o vídeo que mostrava supostos assaltantesaposta ganha basquetebolbermuda e chinelo, que depois circulou associando os rapazes que apareciam ali como ligados ao Comando Vermelho. O boato que recebeu foi apenas o vídeo, sem texto, e quem enviou disse que aquele seria o momento "do roubo".
Uma mulher que não quis ser identificada na reportagem conta como recebeu o boato pela primeira vez às 9h09 do dia seguinte ao assassinato. A notícia falsa foi divulgadaaposta ganha basquetebolum grupoaposta ganha basquetebolinformações das cidadesaposta ganha basquetebolNiterói, São Gonçalo, Maricá e Rio chamado "Niteroi-SG-Maricá-RJ News", onde há 38 participantes. A BBC Brasil tentou contato com algumas das pessoas no grupo que reproduziram os boatos, mas os integrantes do grupo não quiseram dar entrevista.
Boatos sobre sequestro no WhatsAppaposta ganha basqueteboltempo real
Para pesquisar as características da difusãoaposta ganha basquetebolboatos sobre a Marielle no WhatsApp, os pesquisadores brasileiros da USP se inspiraramaposta ganha basquetebolum estudoaposta ganha basquetebolum pesquisador israelense.
Em 2014, três adolescentes foram sequestrados pertoaposta ganha basquetebolum assentamento israelense na Cisjordânia. Para não atrapalhar as investigações, o assunto não foi abordado por nenhum veículo da imprensa. Rumores, então, começaram a circular no WhatsApp.
No momentoaposta ganha basquetebolque os rumores começaram a circular, o pesquisador Tomer Simon, especialistaaposta ganha basquetebolcomunicaçãoaposta ganha basquetebolsituaçõesaposta ganha basquetebolcrise do Departamentoaposta ganha basquetebolGestãoaposta ganha basquetebolDesastres e Prevençãoaposta ganha basquetebolDanos da Universidadeaposta ganha basquetebolTel Aviv, publicouaposta ganha basquetebolsuas redes: "Quem recebeu boatos por WhatsApp?"
A partir daí, ele iniciou uma caça aos boatos, estudandoaposta ganha basquetebolpropagaçãoaposta ganha basqueteboltempo real. Para cada pessoa que havia recebido uma corrente, perguntavaaposta ganha basquetebolquem havia recebido a mensagem antes, com o objetivoaposta ganha basquetebolchegar à origem e verificar se o texto foi encaminhado a outras pessoas.
Em seu experimento, no contextoaposta ganha basqueteboltotal silêncio da imprensa no país, Simon identificou 13 diferentes notícias ou rumores circulando pelo WhatsApp, dos quais 9 eram verdadeiros, ou seja, cumpriram o papelaposta ganha basquetebolinformar durante aquele vácuoaposta ganha basquetebolinformação. As outras quatro que não eram verdadeiras, diz ele, tinham 70%aposta ganha basquetebol"conteúdos verdadeiros".
"Isso é algo que se deve levaraposta ganha basquetebolconta: as notícias falsas se aproveitamaposta ganha basquetebolelementos verdadeiros para enganar as pessoas. Se um elemento é verdadeiro, ele pode validar o resto, conectando com as crenças e valoresaposta ganha basquetebolquem lê a notícia. O elemento falso preenche um buraco, costurado a informações verdadeiras."
Com seu experimento, Simon conseguiu encontrar três fontes diferentes dos boatos que circularam na rede: duas das fontes eram jornalistas e um era amigo da famíliaaposta ganha basquetebolum dos garotos sequestrados. Nem todos os boatos eram falsos.
Mas o WhatsApp, diz ele, é a rede "perfeita" para começar a disseminaçãoaposta ganha basquetebolnotícias falsas porque é considerado muito mais confiável. "Você recebe informações no WhatsAppaposta ganha basquetebolpessoasaposta ganha basquetebolque costuma confiar mais", afirma.
Ele também cita a chamada "Basking in reflected glory" (algo como regojizar por meio da glória alheia), um conceito da psicologia social segundo o qual as pessoas tendem a se associar com pessoas bem-sucedidas para se sentirem bem-sucedidas também. Assim, ao transmitir uma mensagem com informações exclusivas, o transmissor se sentiria vitorioso e bem-conectado, sugere Simon.
Para solucionar o problema da boataria desenfreada, o pesquisador israelense sugere campanhas para que o público leia as informaçõesaposta ganha basquetebolforma crítica. Além disso, sugere que instituiçõesaposta ganha basquetebolcredibilidade criem grupos no WhatsApp para disseminar notícias verdadeiras. Ou então que as instituições se coloquem como referência no aplicativo para que usuários mandem notícias para elas e, assim, elas verifiquem as informações enviadas - algo como um bunkeraposta ganha basquetebolnotícias falsas, só que ao contrário.
Boatos sobre o zika
A circulaçãoaposta ganha basquetebolboatos no WhatsApp e no Facebook, no Brasil, já foi estudada pelo jornalista Marcelo Garcia, que trabalha na Fiocruz. Em seu mestrado, pesquisou sobre a circulaçãoaposta ganha basquetebolnotícias falsas relacionadas à epidemiaaposta ganha basquetebolzikaaposta ganha basquetebol2015 e 2016.
As duas situações - notícias sobre zika e sobre Marielle - foram muito distintas, ele ressalta. Os boatos sobre zika se proliferaramaposta ganha basquetebolum contextoaposta ganha basquetebolque era tudo muito novo: ninguém tinha informações concretas sobre a ligação entre zika e microcefalia, nem pesquisadores nem imprensa. Era difícil checar informações ou publicar respostas a dúvidas porque, muitas vezes, a resposta era "não sabemos".
Mas ele traça paralelos entre as duas situações, como a da tendência que ele observouaposta ganha basquetebolusuários que compartilham notícias com as quais já concordam ou que corroboram suas crenças. "Colocamos as crenças antes dos fatos. É algo que pode acontecer nas eleições", observa.
Garcia também acha que o WhatsApp é uma mídia mais fácil para compartilhar boatos. "Na questão da Marielle, também teve isso, ainda maisaposta ganha basquetebolum contexto polarizado", diz. "Você acaba repassando aquilo para reforçar determinado pontoaposta ganha basquetebolvistoaposta ganha basquetebolum grupo do qual participa."
Para ele, outra característica importante do boato é que não tem autor ou fonte. "A legitimidade vem da fonte que enviou a notícia", afirma - e, normalmente, quem envia mensagens no WhatsApp são pessoas conhecidas,aposta ganha basquetebolconfiança.
Ele analisou quatro boatos sobre zika que circulavam no WhatsApp e analisou comentários da página da Fiocruz, da Folhaaposta ganha basquetebolS.Paulo e do Diárioaposta ganha basquetebolPernambuco. Chegou à conclusão que os boatos tinham três "grandes critérios": 1) o desconhecimentoaposta ganha basqueteboltorno da própria doença; 2) a desconfiançaaposta ganha basquetebolrelação às autoridades políticas e a faltaaposta ganha basquetebolconfiança no sistemaaposta ganha basquetebolsaúde no Brasil,aposta ganha basquetebolque o sistema daria conta da epidemia; 3) a desconfiançaaposta ganha basquetebolrelação à ciênciaaposta ganha basquetebolgeral.
"O que a gente estudou parece mostrar que precisamos estar mais atentos não só aos boatos que estão circulando, mas também às questões e dúvidas da população", diz ele. "É uma lição que tem que ficar. É preciso repensar a forma como se comunica com a população", afirma.
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