Por que a recuperação da economia não atenua a rejeição recorde a Temer?:sbobet link

Legenda da foto, Melhora nos indicadores praticamente não surtiu sobre o desempenhosbobet linkTemer e daqueles ligados ao governo nas pesquisassbobet linkintençãosbobet linkvoto | Foto: Ag. Brasil

A economia está melhor - mas para quem?

Grosso modo, metade do crescimento da economia do ano passado veio da agropecuária, pontua Fernando Sampaio, sócio-diretor da LCA Consultores - ou seja, praticamente 0,5 ponto percentual do crescimentosbobet link1% veio do setor.

O agro responde por apenas 5% do PIB, diz Sampaio. Se contabilizada toda a cadeia - desde a logísticasbobet linkescoamento da produção até seu beneficiamento pela indústria alimentícia -, o peso sobe para 15%.

Legenda da foto, Entre 2015 e 2017 país perdeu maissbobet link3 milhõessbobet linkempregos com carteira assinada

Conforme os dados do IBGE, esse componente do PIB cresceu 13% no ano passado, o maior percentual desde o início da série histórica, que começasbobet link1998.

Isso significa que parte importante do impacto positivo da "riqueza" gerada pela economia no período - criaçãosbobet linkemprego, aumentosbobet linkconsumo - ficou mais concentrado no interior do que nas grandes capitais, por exemplo, onde a maioria da população vive.

"Foi um anosbobet linkrecuperação bastante assimétrica", ele pondera.

O fator-chave para explicar a "sensaçãosbobet linkcrise" que ainda predomina para milhõessbobet linkbrasileiros, contudo, é o mercadosbobet linktrabalho, acrescenta Marcel Balassiano, pesquisador do Instituto Brasileirosbobet linkEconomia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

Apesarsbobet linka taxasbobet linkdesemprego ter recuado gradativamente entre março, quando atingiu 13,7%, e dezembro, quando chegou a 11,8%, seu nível continua elevado.

Foram,sbobet linkmédia, 12,3 milhõessbobet linkdesempregados, 12,7% da forçasbobet linktrabalho, conforme a Pesquisa Nacional por Amostrasbobet linkDomicílios (Pnad) Contínua referente a 2017. Em janeiro, conforme divulgado ontem pelo IBGE, a taxa cresceu para 12,2% - segundo economistas, o início do ano é um períodosbobet linkque tradicionalmente há uma procura maior por trabalho e, por isso, o desemprego geralmente aumenta.

"A taxasbobet linkdesemprego é a variável econômica que mais impacta na vida da população, mais até que a inflação", ressalta Balassiano.

A economia chegou a gerar emprego no ano passado - vagas precárias, entretanto. Foram 263 mil novos postos, aindasbobet linkacordo com a Pnad Contínua,sbobet linkmeio a uma médiasbobet link90,6 milhõessbobet linkbrasileiros empregados. Desse total, apenas 34,2 milhões tinham carteira assinada, 950 mil menos do quesbobet link2016.

De acordo com o Cadastro Geralsbobet linkEmpregados e Desempregados (Caged), uma outra pesquisa que acompanha o mercadosbobet linktrabalho (e contabiliza apenas as contratações e demissões com carteira assinada), mostra quadro semelhante. Em 2017, foram fechados 20,3 mil postos, o terceiro ano consecutivosbobet linksaldo negativo. No biênio 2015-2016, o país cortou 3 milhõessbobet linkempregos formais.

Legenda da foto, Rendimentos têm crescidosbobet linktermos reais mais por causa da queda da inflação do que pelos reajustes salariais - cenário que também influencia a "sensação térmica" do brasileirosbobet linkrelação à economia

"As pessoas se esquecem do tamanho do tombo", pontua Christopher Garman, diretor para América Latina da consultoria Eurasia Group.

Quem está empregado, porsbobet linkvez, tem visto a renda aumentar, mas essa alta se deve muito mais à queda da inflação, que eleva o podersbobet linkcompra, do quesbobet linkfato a reajustes maiores nos salários - mais um fator que tem impacto sobre a "sensação térmica" do brasileirosbobet linkrelação à economia.

Em 2017, a inflação acumuladasbobet link12 meses recuousbobet link5,35% para 2,95% entre janeiro e dezembro. Quem teve correção do salário pelo IPCA no início do ano, por exemplo, viu os rendimentos crescerem cercasbobet link5%, enquanto, no decorrer do ano, o aumento dos preços foi perdendo ritmo, aumentandosbobet linkmenor velocidade.

Voto econômico x voto ideológico

"Quão boa tem que estar a situação para as pessoas reconhecerem que ela está boasbobet linkfato?", pondera o cientista político Adriano Codato, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

No ano passado, ele lembra, o salário mínimo - com "valor simbólico importante" - teve a menor correçãosbobet link24 anos, passandosbobet linkR$ 937 para R$ 954, a contasbobet linkluz aumentou, com reajuste no valor das bandeiras tarifárias, e a gasolina ficou mais cara.

"A melhora da economia ainda não aparece na ponta. Os indicadores macroeconômicos não necessariamente se refletem na vida das pessoas."

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'As pessoas se esquecem do tamanho do tombo', diz Garman, da Eurasia

A correlação entre economia e preferências eleitorais é observada na grande maioria dos países, diz Codato,sbobet linkmaior ou menor grau.

No Brasil, um paíssbobet linkrenda média, muito desigual e com parcela significativa da população vulnerável, a maioria escolhe seus candidatossbobet linkfunção do momentosbobet linkque vive, da percepção que tem do governo, ele afirma, referindo-se ao que a ciência política batizousbobet linkteoria do voto econômico.

O chamado voto ideológico, acrescenta ele, que é coordenador do Observatóriosbobet linkElites Políticas e Sociais do Brasil, fica restrito ao topo da pirâmide - funcionários públicos e classes mais altas - e aos jovens. "São votossbobet linkextremossbobet linkvários graus."

Nas eleições presidenciaissbobet link1998, exemplifica Codato, o PSDB venceu com folga no Nordeste e reelegeu Fernando Henrique Cardoso, que ainda colhia os frutos da implementação do Plano Real esbobet linkprogramas assistenciais. Quatro anos depois, contudo, após uma crise fortesbobet link2002, o Nordeste votou no PT e elegeu Lula pela primeira vez.

Eleitores irritados

Além da recuperação lenta, o país atravessasbobet link2018 um momento histórico particular, diz Fiona Mackie, diretora regional para a América Latina da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU).

"O Brasil vive um verdadeiro terremoto político", ilustra a cientista política, para justificar por que a "regra"sbobet linkque o pragmatismo costuma prevalecer entre os eleitores quando a economia vai bem - levando-os a optar por candidatos governistas ousbobet linkcentro - pode não funcionar neste ano.

A misturasbobet linkrecessão com a multiplicação dos casossbobet linkcorrupção que se tornaram públicos nos últimos anos despertaram nos brasileiros revolta contra a classe política. "Existe um grausbobet linkdesencanto profundo com o establishment político", ressalta Garman, da Eurasia.

Para ele, a situação é exacerbada por um outro fator: a frustraçãosbobet linkuma nova classe média - forjada na primeira década dos anos 2000 - que não viu suas demandas por serviços públicossbobet linkmelhor qualidade serem atendidas e que assistiu à recessão diminuir seu padrãosbobet linkvida.

"O que o eleitor quer não é a manutenção do status quo e nem a agenda econômica desse governo", diz o cientista político. "Temer é mal vistosbobet linkforma geral, não é carismático, não foi eleito diretamente, assumiu com índicesbobet linkaprovação já muito baixo. Há uma relação bem fundamentada (entre economia e eleições), mas essa recuperação não deve favorecer um candidato governista", reforça.

Sinais melhores

Legenda da foto, No último trimestre do ano passado, economia cresceu 2,1%

Ainda assim, os números do PIB referentes ao último trimestre do ano passado trazem sinais melhores.

Ajudado pela queda da inflação e dos juros, o consumo das famílias ganhou fôlego e avançou 2,6% sobre o quatro trimestresbobet link2017 e 0,1%sbobet linkrelação ao trimestre imediatamente anterior - se firmando como potencial indutor do crescimentosbobet link2018.

A indústria teve seu melhor desempenho no ano, com altasbobet link0,5%sbobet linkrelação aos três meses imediatamente anteriores esbobet link2,7% sobre o mesmo período do ano passado, e os investimentos esboçaram reação - cresceram 2% na comparação com o terceiro trimestre e 3,8% sobre outubro-dezembrosbobet link2016.

O retrato da economia no fim do ano passado, diz Balassiano, do Ibre-FGV, reflete a composição da reação que se espera para este ano. Com um crescimento mais disseminado, a estimativa da instituição aponta crescimentosbobet link2,9% para o PIBsbobet link2018.

"A perspectiva para este ano ésbobet linkdesafogo", diz Sampaio, da LCA, que projeta altasbobet link2,8% para o produto. Entre os fatores que favorecerão a economia nos próximos meses estão a inflação ainda comportada, os juros baixos - que devem cada vez mais aparecer nas taxas cobradas à pessoa física e estimular o consumo - e a perspectivasbobet linkque o governo possa investir um pouco mais, ajudado pelas surpresas positivas com a arrecadação.

O desemprego, entretanto, quesbobet linkgeral reagesbobet linkforma defasada ao crescimento, deve se manter alto. Depoissbobet linkatingir 12,2%sbobet linkjaneiro, a taxa recuaria apenas para 10,9% no fimsbobet link2018 e para 10,1% no fimsbobet link2019, conforme as estimativas do Ibre-FGV.