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Os atrativos e as polêmicas da educação domiciliar, que virou casosemifinais copa do mundo 2024Justiça no Brasil:semifinais copa do mundo 2024
Na visãosemifinais copa do mundo 2024Iliani esemifinais copa do mundo 2024outros pais, a decisãosemifinais copa do mundo 2024Barroso deu às famílias segurança, mesmo que temporariamente, para aderir ao homeschooling.
Apesar disso, Iliani foi surpreendida, nas últimas semanas, com uma denúncia do Ministério Público local e uma decisão da Justiça do Paraná obrigando-a a rematricular os filhos na escola, sob penasemifinais copa do mundo 2024perder a guarda deles. A família recorre e contesta a medida judicial, argumentando que ela fere a suspensão determinada pelo Supremo.
Esse modelo vive, segundo especialistas, um grande "limbo" no Brasil: não há leis específicas nem proibindo nem regulando a educação domiciliar.
Na visão do Ministério da Educação esemifinais copa do mundo 2024diversos juízes, porém, deixarsemifinais copa do mundo 2024matricular crianças na escola fere o Estatuto da Criança e Adolescente, a Leisemifinais copa do mundo 2024Diretrizes e Bases e a própria Constituição, configurando abandono intelectual. Além disso, críticos afirmam que, sem frequentar um colégio, as crianças são privadas da diversidade - e, sobretudo, da tutela do Estado.
Já para pais que praticam o homeschooling, o modelo aguça o interesse das crianças e livra-as tanto das distrações quanto das falhas do sistema educacional brasileiro.
"Em casa, é mais fácil eles quererem aprender", diz Iliani sobre os três filhos mais velhos. "Sem a pressão causada pelos professores que rotulam as crianças, o aprendizado flui. Ajudamos as crianças com a leitura, algo que a escola não fazsemifinais copa do mundo 2024uma forma ampla. Os três estão mais curiosos e esforçados. Até detalhes, como a letra, melhoraram."
Críticas à escolarização
A Associação Nacionalsemifinais copa do mundo 2024Educação Domiciliar (Aned) calcula haver no Brasil entre 5 mil a 6 mil famílias educando os filhossemifinais copa do mundo 2024casa.
"Essas famílias têmsemifinais copa do mundo 2024comum uma crítica severa à escola e a escolarização", explica à BBC Brasil Maria Celi Chaves Vasconcelos, professora da Faculdadesemifinais copa do mundo 2024Educação da Universidade do Estado do Riosemifinais copa do mundo 2024Janeiro (Uerj) e autorasemifinais copa do mundo 2024tesesemifinais copa do mundo 2024doutorado sobre o tema.
"Isso pode ter muitas motivações, por exemplo religiosas,semifinais copa do mundo 2024a escola ensinar diferente da fé que a família professa; econômicas,semifinais copa do mundo 2024pagar-se impostos sem ter educação (pública)semifinais copa do mundo 2024qualidade;semifinais copa do mundo 2024dificuldade da escolasemifinais copa do mundo 2024integrar a criança com deficiência ou pela dificuldadesemifinais copa do mundo 2024adaptação da criança ao processo escolar", explica.
"Geralmente são pais preocupados com a educação dos filhos e que fazem disso um projetosemifinais copa do mundo 2024vida. Abrem mãosemifinais copa do mundo 2024empregos melhores para ficar pelo menos um turno com os filhossemifinais copa do mundo 2024casa e assumir o controle global do processosemifinais copa do mundo 2024educação deles", defende Ricardo Iêne Dias, presidente da Aned, que educou os dois filhossemifinais copa do mundo 2024casa depoissemifinais copa do mundo 2024eles sofrerem bullying na escola onde estudavam, na região metropolitanasemifinais copa do mundo 2024Belo Horizonte.
'Ensinar a aprender'
Dias explica que o modelo não exige que o pai e a mãe dominem todo o conteúdo escolar, nem que sigam a estruturasemifinais copa do mundo 2024disciplinas e conteúdo tradicionais: "Eles passam a ser mediadores - não precisam saber tudo, mas sim saber ensinar seu filho a aprender e a se tornar um autodidata. As crianças também fazem cursos esportivos,semifinais copa do mundo 2024idiomas e Kumon, por exemplo".
Muitos pais contam com a ajudasemifinais copa do mundo 2024telecursos e da internet, mas também aproveitam momentos do cotidiano familiar - assar um bolo ou visitar um parque, por exemplo - para ensinar conceitos.
Dias afirma que o mais importante é estimular as crianças a interpretar textos e desenvolver raciocínio lógico para que ganhem autonomia. E que a carga horária reduzida é compensada pela ausência das interrupções ocorridas nas escolas.
"Os professores costumam passar muito tempo tentando acalmar a turma e não conseguem dar atenção individualizada. Em casa, as distrações são menores e não precisamos interromper a aulasemifinais copa do mundo 2024matemática (porque deu o horário). Se está indo bem, continuamos."
A principal referência são os Estados Unidos, onde a prática é reconhecida e também cresce: há estimativassemifinais copa do mundo 2024que cercasemifinais copa do mundo 20241,7 milhãosemifinais copa do mundo 2024crianças sejam educadassemifinais copa do mundo 2024casa por lá.
A regulação dependesemifinais copa do mundo 2024cada Estado: alguns exigem que as famílias se registrem no distrito escolar e especifiquem o que vai ser ensinado; outros não. E também lá isso é alvosemifinais copa do mundo 2024debate, o qual cresceusemifinais copa do mundo 2024janeiro quando veio à luz a história do casal Turpin, acusadosemifinais copa do mundo 2024ter mantido os 13 filhossemifinais copa do mundo 2024cativeiro sob condições degradantes, durante anos.
Os Turpin haviam feito um registrosemifinais copa do mundo 2024educação domiciliar no Departamentosemifinais copa do mundo 2024Educação no Estado da Califórnia, onde não há nenhuma supervisão estadual para o homeschooling. Essa faltasemifinais copa do mundo 2024controle, para os críticos, teria dificultado a descoberta do caso.
"O ensino domiciliar não dá liberdade às crianças, mas sim aos pais", disse à emissora CNN a porta-voz da Coalizão para a Educação Domiciliar Responsável, Rachel Coleman, cobrando regulamentação mais rígida.
Normas?
Dar salvaguardas às crianças é justamente o que torna importante uma regulamentação - seja favorável ou contrária - para a educação domiciliar aqui no Brasil, defende Vasconcelos, da Uerj.
"Não dá para trabalhar caso a caso, dependendosemifinais copa do mundo 2024cada comarca ou cada juiz. Há uma lacuna: o homeschooling, como está hoje, é um risco para as famílias e sociedade como um todo. Tem que ter uma relação instituída com o Estado. Não pode se limitar a tirar as crianças da escola. No momento, não conseguimos nem sequer ter um censo dessas crianças. O Estado não permite que uma mãe faça com seu filho o que ela quer. É preciso normatizar o processo", argumenta.
Tramitam na Câmara dos Deputados dois projetossemifinais copa do mundo 2024regulamentação do ensino domiciliar,semifinais copa do mundo 2024autoriasemifinais copa do mundo 2024Lincoln Portela (PRB-MG) e Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), que preveem que as crianças educadassemifinais copa do mundo 2024casa sejam submetidas a avaliações periódicas, tal qual os alunos matriculadossemifinais copa do mundo 2024escolas. Os projetos estãosemifinais copa do mundo 2024debate na Comissãosemifinais copa do mundo 2024Educação da Casa.
No que diz respeito a avaliações do aprendizado, crianças educadassemifinais copa do mundo 2024casa que queiram obter certificadossemifinais copa do mundo 2024ensino fundamental e médio para se matricular na universidade prestam o Encceja (Exame Nacional para Certificaçãosemifinais copa do mundo 2024Competênciassemifinais copa do mundo 2024Jovens e Adultos), explica Dias, da Aned. Ele diz que as famílias estão abertas à regulamentação, mas é cético quanto à capacidadesemifinais copa do mundo 2024supervisão do Estado.
"Não acho que o governo tenha competência técnica e logística para isso. O que ele vai avaliar?", questiona.
Um exemplosemifinais copa do mundo 2024regulamentação vemsemifinais copa do mundo 2024Portugal, país que permite a educação domiciliar, mas exige que as crianças sejam matriculadas no sistemasemifinais copa do mundo 2024ensino, visitadassemifinais copa do mundo 2024casa por assistentes sociais e submetidas a avaliações constantes. "Se não passarem nas provas, elas precisam voltar para a escola", explica Vasconcelos, que estudou o modelo português.
Mas as críticas ao homeschooling vão além da questão regulatória. Muitos argumentam que a educaçãosemifinais copa do mundo 2024casa cobra um preçosemifinais copa do mundo 2024socialização esemifinais copa do mundo 2024acesso das crianças a pensamentos diferentes dos da família.
"A escola tem o papelsemifinais copa do mundo 2024abrir para o mundo, e umasemifinais copa do mundo 2024suas características deve ser a diversidade", diz Telma Vinha, professora da Faculdadesemifinais copa do mundo 2024Educação da Unicamp.
"A família tem valores privados. Se a família defende, por exemplo, o preconceito e o sexismo, é preciso que haja um lugar onde isso seja pensadosemifinais copa do mundo 2024outra maneira. Pode ser que a escola esteja despreparada (para esse papel), mas há cada vez mais projetossemifinais copa do mundo 2024gestão democrática e combate ao bullying, por exemplo. É justamente na trocasemifinais copa do mundo 2024experiências que as crianças aprendem. Mais do que trancar as crianças, vamos juntos melhorar a escola e exigir mais dela", opina Vinha.
Mas para Dias, da Aned, a questão é que, na prática, existe "uma escola ideal e uma escola real".
"Meu filho, quando tinha sete anos, apanhava na escola por ser baiano", conta. "Essa socialização eu não quero. Está muito longesemifinais copa do mundo 2024haver o exercíciosemifinais copa do mundo 2024tolerância nas escolas. Eu ouvi do MEC que a escola é o espaço do aprendizado e do exercício da diferença. Mas se fosse isso mesmo, talvez meu filho ainda estivesse na escola."
Ele defende ainda que crianças educadassemifinais copa do mundo 2024casa se destacamsemifinais copa do mundo 2024trabalhosemifinais copa do mundo 2024equipe e empreendedorismo porque "conseguem pensar fora da caixa por não terem passado pelo padrão massificadosemifinais copa do mundo 2024aprendizado. Elas aprendem a interpretar textos e participam mais da vida domiciliar, onde a educação acontece o tempo todo".
Iliani, a mãesemifinais copa do mundo 2024cinco criançassemifinais copa do mundo 2024São Pedro do Paraná, acredita que "a primeira socialização da criança deve ser junto à família. É a partir daí que ela vai conseguir socializar com as pessoassemifinais copa do mundo 2024fora. O que vemos hoje na escola é criança se batendo e agredindo professor ou então só no tablet e no celular. Que convívio é esse?".
Para Vasconcelos, o mais urgente é que as famílias adeptas dessa prática sejam sujeitas a alguma relação formal com o Estado.
"Não posso concordar que as crianças sejam retiradas da escola na infância ou na adolescência e fiquemsemifinais copa do mundo 2024homeschooling sem nenhuma satisfação ao Estado do que está sendo trabalhado", argumenta. "Não quer dizer que a fiscalização vai alterar (eventuais problemas). Mas pelo menos institucionaliza uma modalidade e (cria formas)semifinais copa do mundo 2024as crianças demonstrarem o que estão aprendendo."
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