Como cientistas brasileiros colonizaram o YouTube:info freebet

Legenda da foto, A paleontóloga Aline Ghilardi aproveita a pesquisainfo freebetcampo para gravar os vídeos | imagem: reprodução YouTube

Os canais científicos, no entanto, estão longeinfo freebetserem os mais populares do país (como oinfo freebetWhindersson Nunes, com 24,7 milhõesinfo freebetinscritos).

Quem fala sobre o quê

Mas alguns atingem um público amplo. Entre os mais populares estão o Manual do Mundo (9,1 milhõesinfo freebetinscritos), o Nerdologia (1,8 milhão) e o Canal do Pirula (598 mil). Este último é batizado com o apelido do biólogo e doutorinfo freebetzoologia pela USP Paulo Miranda Nascimento, que construiuinfo freebetaudiência com vídeos longos sobre temas como evolução, meio ambiente, e religião.

Legenda da foto, O ScienceVlogs funciona como um "certificado" para os youtubersinfo freebetciência | imagem: YouTube / reprodução

Nos canais, é possível aprender sobre temas como astronomia e física (Space Today, Ciência Todo Dia, Primata Falante e o Ciência e Astronomia), biologia (Papoinfo freebetBiólogo e Biologia Total) e até robótica (no canal Peixe Babel, da mineira Camila Laranjeira).

A divulgação científica é bem forte no YouTube fora do Brasil. Para quem tem um bom entendimento da língua inglesa, vale a pena olhar canais como o Veritasium, o SciShow e o SmarterEveryDay.

Nicho e super-nicho

"O YouTube tem canaisinfo freebetnicho, e tem osinfo freebetsuper-nicho. O meu éinfo freebetsuper-nicho. Tem maisinfo freebetmil vídeos, e são todosinfo freebetastronomia", diz o geofísico e doutorinfo freebetgeociências Sérgio Sacani, 42, do canal SpaceToday, dedicado à astronomia.

Segundo ele, a maioria dos inscritos do canal éinfo freebetjovens adultos, e não necessariamente crianças.

"Por exemplo, se eu postar um vídeo hoje às duas da tarde, ninguém assiste. O pessoal que acompanha o meu canal já sabe que eu posto geralmente à noite, e é um público mais velho. É um público que trabalha. Então, durante o dia, eles não estãoinfo freebetcasa para assistir vídeo", diz. Antesinfo freebetcriar um canalinfo freebetYouTube, Sérgio mantinha um blog com o mesmo nome. Uma parte dos seguidores "migrou" para a plataformainfo freebetvídeos, diz Sacani, cujo trabalho "oficial" é com engenhariainfo freebetpetróleo.

Legenda da foto, O engenheiroinfo freebetpetróleo e youtuber Sérgio Sacani | foto: André Shalders

O público também é mais velho no canal da paleontóloga Aline Ghirardi. A maior faixainfo freebetespectadores teminfo freebet24 a 35 anosinfo freebetidade, segundo ela.

"O YouTube pede para postarmos no começo da tarde, que é quando as crianças estão acessando o site. E hoje o maior público do YouTube éinfo freebetcrianças. Mas não necessariamente isso funciona para a gente da divulgação científica", diz Pedro Loos, 21, responsável pelo canal Ciência Todo Dia, que tem 257 mil inscritos. Ele começou a gravar, editar e publicar os próprios materiais ainda muito jovem, com 14 anosinfo freebetidade. Naquela época, os envios eram sobre jogos eletrônicos.

Loos está concluindo o cursoinfo freebetFísica na Universidade Federalinfo freebetSanta Catarina (UFSC). Hoje, ele vive da renda gerada pelo canal e pretende manter o projeto depoisinfo freebetformado. Um dos vídeos mais populares do canal é sobre o paradoxoinfo freebetFermi, visto maisinfo freebet300 mil vezes.

Se o universo é tão antigo e vasto, é provável que existam várias civilizações alienígenas. Mas se é assim, porque é que nenhuma delas nunca fez contato conosco? Essa é a contradição batizadainfo freebethomenagem ao físico Enrico Fermi (1901-1954), e que Loos aborda no vídeo.

info freebet Tecnologia e exatas

O designer Estevão Pessota, 29, costuma deixar a TV ligada no YouTube. O próprio mecanismoinfo freebetsugestões do site cria uma "playlist" para ele com os últimos envios dos canaisinfo freebetciência e tecnologia nos quais está inscrito. Ele conta que um dos primeiros canais a chamar a atenção foi o PressTube (cujo clássico são os vídeosinfo freebetobjetos sendo destruídosinfo freebetuma prensa hidráulica). Depois, migrou para sites com mais substância.

Legenda da foto, Estevão Pessota costuma assistir aos vídeos à noite, depois do trabalho | foto: André Shalders

Os canais "cabeçudos" não se resumem a páginasinfo freebetciências exatas, porém. O historiador e professor Davi Martins, por exemplo, usa o YouTube para acompanhar canais que trataminfo freebetpsicologia (como o do psicanalista lacaniano e professor da USP Christian Dunker) e, claro,info freebethistória (como o Leitura ObrigaHistória).

"Há muita crítica na academia a alguns canais como o Nerdologia (que também tratainfo freebetHistória). Mas os próprios acadêmicos da área raramente se propõem a fazer algo desse tipo", diz Martins.

"Sempre teve demanda, é só um novo meio"

Para o biólogo Paulo Jubilut, 37, não é correto dizer que o público brasileiro estava "carente"info freebetconteúdos científicos. "Na realidade as pessoas já consumiam isto. Tinham acesso à divulgação científica por meioinfo freebetjornais, revistas, TV. O que a internet fez foi criar uma nova formainfo freebetacesso. As pessoas são curiosas por natureza. Quem descobrir uma formainfo freebetatingir essa curiosidade vai fazer sucesso", diz ele.

Até 2011, Jubilut dava aulasinfo freebetBiologiainfo freebetum cursinhoinfo freebetSanta Catarina, onde mora. Acabou demitido depoisinfo freebet"brigar com uns alunos bagunceiros", segundo diz. Hoje, é responsável por uma página no Facebook que tem 3,3 milhõesinfo freebetcurtidas. O canal no YouTube está com 1,1 milhãoinfo freebetinscritos.

Legenda da foto, O ex-professorinfo freebetcursinhos Paulo Jubilut ensinando no YouTube | imagem: YouTube - reprodução

"Me tornei um produtorinfo freebetconteúdoinfo freebetBiologia. Hoje são 25 pessoas trabalhando no escritório", conta ele, que oferece videoaulas da disciplina e também presta consultoria para empresas. Embora o canal não se restrinja ao conteúdo didático, Jubilut recebeu recentemente o selo do YouTube Educação (ou YouTubeEdu). Trata-seinfo freebetuma espécieinfo freebet"certificado" que o site fornece para alguns produtoresinfo freebetconteúdos educativos.

info freebet Da prensainfo freebetGutenberg a Carl Sagan

Se você era criança na décadainfo freebet1990, é possível que se lembre do programa O Mundoinfo freebetBeakman, que foi exibido no Brasil pela primeira vezinfo freebet1994 a 2002, pela TV Cultura. Na geração anterior, o astrônomo Carl Sagan fez sucesso com a série Cosmos. Co-produzida pela BBC, a série foi exibida no Brasil pela Rede Globo,info freebet1982. O ator Sílvio Navas dublava a vozinfo freebetSagan na versão brasileira.

Mas a história da divulgação científica é muito mais antiga: foi ainda nos séculos 16 e 17 que os cientistas começaram a abandonar o latim (a língua "oficial" da ciência da época) e passaram a publicar livrosinfo freebetlínguas vernáculas (como inglês, italiano ou espanhol), que alcançavam um público mais amplo.

Considerado um dos pais do método científico, o astrônomo Galileu Galilei (1564-1642) foi também um dos primeiros a escrever um livroinfo freebetciência para leigos. A obra foi redigidainfo freebetitaliano e utilizava diálogos entre personagens para facilitar o entendimento.

Legenda da foto, Galileu Galilei (1564-1642) foi um dos primeiros a escrever livrosinfo freebetciência para o público leigo | imagem: National Maritime Museum - reprodução

Na décadainfo freebet1740 o editor inglês John Newbery (1713-1767) já comercializava livrosinfo freebetdivulgação científica voltados para crianças e adolescentes. Um deles chegou a vender 30 mil cópias, uma quantidade muito expressiva para a época.