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O que é colorismo, o conceito que está na bocaas melhores casas de apostas 2024youtubers contra o racismo:as melhores casas de apostas 2024
"No final todo mundo é preto e todo mundo é discriminado, mas é fundamental que a gente compreenda como essa discriminação acontece", resume Tia Má, que, embora tenha sido registrada como parda quando nasceu, hoje se autodeclara negra.
O colorismo não é um termo novo no movimento negro, mas ainda não caiu, digamos assim, na boca do povo. Agora, com a ajuda das redes sociais, começa a alcançar um público maior. Além da Tia Má, outros youtubers já trataram do assunto nas suas redes sociais, como Nátaly Neri (do canal Afros e Afins), Gabi Oliveira (De Pretas), Sá Ollebar (Preta Pariu), Rayza Nicácio e Spartakus Santiago.
A advogada e militante Alessandra Devulsky, atualmente pesquisadora na Universidadeas melhores casas de apostas 2024Montreal (no Canadá), prepara o livro O que é colorismo?, previsto para ser lançadoas melhores casas de apostas 2024marçoas melhores casas de apostas 20242018. A publicação fará parte da coleção Feminismos Plurais, coordenada pela filósofa Djamila Ribeiro.
Um dos objetivos da discussão é questionar a ideiaas melhores casas de apostas 2024que a forte miscigenação no país seria um indicativoas melhores casas de apostas 2024"democracia racial".
Intelectuais e militantes negros usam o conceitoas melhores casas de apostas 2024colorismo para denunciar que a mistura entre grupos étnico-raciais (no passado, frequentemente fruto da violência sexualas melhores casas de apostas 2024colonos brancos contra escravas negras) não criou uma convivência harmoniosa entre os diferentes, mas uma hierarquização social.
Eles acreditam que entender a complexidade do racismo é fundamental para superá-lo. Além disso, defendem que os afrodescendentesas melhores casas de apostas 2024pele mais clara se conscientizem tanto do preconceito que sofrem, quanto dos privilégios que têmas melhores casas de apostas 2024relação aosas melhores casas de apostas 2024pele mais escura.
"Os chamados negros na verdade vêmas melhores casas de apostas 2024múltiplos povosas melhores casas de apostas 2024várias regiões do território africano, assim como os brancos também têm as suas várias diferenças étnicas e culturais vindas da Europa. A miscigenação não elimina essas diferenças, ela multiplica", nota o sociólogo Ronaldo Sales, especialistaas melhores casas de apostas 2024questões étnico-raciais e professor da Universidade Federalas melhores casas de apostas 2024Campina Grande (na Paraíba).
"O colorismoas melhores casas de apostas 2024alguma forma expressa essas diferentes dinâmicas. É a ideiaas melhores casas de apostas 2024que não estamos falandoas melhores casas de apostas 2024uma oposição entre os sem cor e osas melhores casas de apostas 2024cor, mas na verdadeas melhores casas de apostas 2024um processoas melhores casas de apostas 2024contraste e diferenciação que utiliza esses critérios como formaas melhores casas de apostas 2024hierarquização social, e que não é linear", acrescenta.
Alessandra Devulsky explica que o colorismo está baseado na ideiaas melhores casas de apostas 2024que existe um fenótipo (isto é, um conjuntoas melhores casas de apostas 2024características físicas) normalizado: o europeu. O ideal, segundo essa lógica, é ser alto, ter a pele clara e os traços que remetem à "raça ariana".
"Quanto mais próximo se chega disso, maior a percepçãoas melhores casas de apostas 2024competência e beleza dessa pessoa", observa.
Ela ressalta que não se trataas melhores casas de apostas 2024uma "disputa" sobre quais são as opressões mais profundas, masas melhores casas de apostas 2024"entenderas melhores casas de apostas 2024que modo o racismo penetra nas nossas vidas, nas relações interpessoais, e como isso se constrói historicamente".
Essa lógica não está presente apenas no Brasil, acrescenta ela. Emas melhores casas de apostas 2024pesquisa, Devulsky identificou o primeiro uso moderno do conceito na década da 60 na França,as melhores casas de apostas 2024referência a hierarquização social entre diferentes tiposas melhores casas de apostas 2024imigrantes africanos, já que os mais claros, vindos por exemplo da Argélia, tinham mais facilidadeas melhores casas de apostas 2024se empregar que os mais escuros.
Segundo a advogada, essa hierarquia tem uma função econômica dentro da sociedade capitalista, pois cria uma distinção entre "quem pode colaborar e gozaras melhores casas de apostas 2024determinados benefícios sociais e quem não pode". Dessa forma, cria uma classe vulnerabilizada, mais suscetível à exploração.
"Eu ofereço então os menores salários e as piores condições, e essas pessoas vão aceitar, não porque não entendem que existe uma superexploração, mas porque não há alternativa para elas. Ou é aquilo ou a fome", critica.
A busca do embranquecimento
Um dos reflexos perversos dessa hierarquização social é o esforço dos não brancosas melhores casas de apostas 2024tentar se embranquecer, observa Devulsky, exemplificando seu ponto com o avanço do consumoas melhores casas de apostas 2024cremes clareadores na Índia.
"É um nicho cosmético (que permite) você conseguir vender um cremeas melhores casas de apostas 2024clarear a pele com maisas melhores casas de apostas 202450 substâncias cancerígenas. Isso acontece porque o sujeito percebe que, se tiver a pele alguns tons mais claro, vai conseguir alimentaras melhores casas de apostas 2024famíliaas melhores casas de apostas 2024forma menos violenta, com menos horasas melhores casas de apostas 2024trabalho, num emprego menos indigno. Então, é óbvio que as pessoas vão procurar formasas melhores casas de apostas 2024aliviar esse sofrimento."
Um fenômeno mais presente no Brasil é a busca pelo cabelo liso. Djamila Ribeiro é uma mulher negraas melhores casas de apostas 2024pela escura e, por isso, como ela mesma diz,as melhores casas de apostas 2024negritude "é indisfarçável". Apenas adulta, porém, ela reconheceu seu cabelo crespo, que hoje usaas melhores casas de apostas 2024um penteado trançado.
"A infância e a adolescência inteiras eu alisei muito meu cabelo. Não por questãoas melhores casas de apostas 2024escolha, alisava porque queria ser aceita", conta.
"Minha mãe aquecia o penteas melhores casas de apostas 2024ferro no fogão e passava no meu cabelo. Depois passei para química, ambos processos extremamente agressivos. Eu só fui sentir a textura do meu cabelo na fase adulta. A maioria das mulheres negras da minha geração passaram por isso", acrescenta.
Pardo ou negro?
Militantes procuram usar o debate do colorismo também para questionar essa tentativaas melhores casas de apostas 2024"embranquecimento". Com o título "Pardo não tem raça? Entenda mais sobre colorismo e o lugar do pardo no debate racial brasileiro", o vídeo do ciberativista Spartakus Santiago, publicadoas melhores casas de apostas 2024setembro deste ano, teve 1,4 milhãoas melhores casas de apostas 2024visualizações no Facebook.
Ele usa o conceito para argumentar que afrodescendentes mestiços também são negros e os convida a se reconhecerem como tais,as melhores casas de apostas 2024vezas melhores casas de apostas 2024se declararem como "pardos", "moreninhos" ou "queimadinhosas melhores casas de apostas 2024sol".
"Quando a pessoa entende que esses termos só camuflam o que a gente é, são só uma máscara para a nossa condiçãoas melhores casas de apostas 2024negro, ela se inclui no debate racial!", defende na gravação.
Santiago, que tem ascendência africana e italiana, conta que dentro daas melhores casas de apostas 2024própria família sofreu resistência quando passou a se afirmar como negro.
"Eles me diziam 'calma, você é moreno', como se fosse uma ofensa ser negro. Esse é um dos meus vídeos que acho que tem mais papel social, pois muitas pessoas me procuram dizendo que entenderamas melhores casas de apostas 2024identidade racial a partir dele", contou à BBC Brasil.
O debate, porém, não se dá sem tensões. Santiago, assim como a youtuber Rayza Nicácio, já sofreu críticasas melhores casas de apostas 2024afrodescendentesas melhores casas de apostas 2024pele mais escura que dizem que eles não são negrosas melhores casas de apostas 2024verdade. Na visãoas melhores casas de apostas 2024Djamila Ribeiro, essa resistência é reflexo do racismo mais duro que essas pessoas enfrentam.
"Muitas vezes a sociedade racista vai privilegiar esses negrosas melhores casas de apostas 2024pele mais clara, até no sentidoas melhores casas de apostas 2024serem convidados para falaremas melhores casas de apostas 2024certos temas, a ocuparem certos postos que são importantes para a população negra. Isso gera tensões. Mas é importante elas (as mais escuras) entenderem que isso não é responsabilidade dessas pessoas (mais claras), isso é um mecanismo criado por um sistema racista para nos dividir", ressalta.
Santiago foi também acusadoas melhores casas de apostas 2024estar "apagando" a ascendência indígena ao defender que pardos se assumam como negros. Ele reconhece que as críticas lhe despertaram novas reflexões e diz que pretende gravar um novo vídeo sobre o assunto. Depois dessas mensagens, ele também acrescentou na descrição do vídeo a ressalvaas melhores casas de apostas 2024que estava se referindo aos pardos com afroascendência.
Um ponto central no debate do colorismo é que ser negro está relacionado com a forma como a pessoa é "lida" pela sociedade. Para Devulsky e Sales, não se trata apenasas melhores casas de apostas 2024um processo individualas melhores casas de apostas 2024autodeclaração, mas algo que se constrói coletivamente, na relação com os outros.
Nesse sentido, Sales considera, inclusive, que há a identidade do "pardo-branco". "São pessoas que, embora mestiças, passam como brancas (por suas características físicas) e não são descriminadas poras melhores casas de apostas 2024cor. Jamais seriam negras. Nesse caso, não devem se beneficiaras melhores casas de apostas 2024cotasas melhores casas de apostas 2024concurso", argumenta.
Já os afrodescendentes que sofrem preconceito racial são negros, considera o sociólogo, independentementeas melhores casas de apostas 2024sua pele ser mais ou menos escura.
Para argumentar, ele usa uma metáfora: "Eu costumo perguntar aos meus alunos: qual das cores é menos escura, o azul-marinho ou o azul-celeste? O azul-celeste, eles respondem. Então, eu pergunto: qual dos dois é mais azul? E aí você não diz qual é mais azul, porque na verdade ambos são".
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