'Não me pagaram pelo meu trabalho': a inusitada queixa trabalhista deixadaroupas da Zara na Turquia:
"Chegamos para trabalhar uma manhã e a empresa já era. As persianas estavam fechadas. Nosso chefe havia desaparecido", disse Filiz Tutya, um dos trabalhadores da Bravo Tekstil.
"Não tivemos outra escolha que não fosse começar essa campanha. Pusemos as etiquetaspeçasroupascada loja da Zara,cada shoppingIstambul. Não queremos prejudicar a Zara. Não é disso que se trata. Mas queremos o que nos é devido."
Outro funcionário da empresa falida, Betul Sahin, disse que a situação financeiravários dos ex-empregados da Bravo Tektsil é precária: "alguns tiveramadiar planoscasamento, outros não podem mandar suas crianças para a escola".
"Talvez esse dinheiro não seja grande coisa para todo mundo. Mas para nós cada centavo conta. Nós trabalhamos muito por isso. Perguntamos à Zara: Por que você não nos paga? Por que não nos dá nossos direitos básicos?"
Desde que a companha começou, milharespessoas postaram mensagensapoio nas redes sociais usando a hashtag sugerida nas etiquetas: #BravoIscileriIcinAdalet, que significa "Justiça para os trabalhadores da Bravo".
Uma petição online já foi assinada por mais270 mil pessoas.
A Inditex, empresa controladora da Zara, disse que pagou à Bravo Tekstil tudo o que devia mas que o dinheiro não chegou ao bolso dos trabalhadores.
A Zara disse ter estabelecido,conjunto com a Mango e a Next, um fundo especial210 mil euros (o equivalente a R$ 810,39 mil) para ajudar os trabalhadores mais vulneráveis.
"Há um sofrimento injusto aqui e nós sentimos muito que esses trabalhadores tenham que suportar isso", disse Murat Akkun, gerentesustentabilidade da Inditex na Turquia.
"Mas não somos nós e sim a empresa local e seu chefe que têm causado esse sofrimento. Ele fugiu da justiça. Os tribunais da Turquia precisam encontrar esse homem e fazê-lo pagar tudo o que é devido".
Em um comunicado, a Zara também disse que "agiu imediatamente para tentar ajudar aos trabalhadores nesta situação injusta e que a Inditex permanece comprometidase unir aos esforços para encontrar uma solução para eles".
O DISK Tekstil, sindicato representativo dos trabalhadores, contudo, ressaltou que se a Inditex não compensar as perdas salariais, a campanha vai continuar.
"A Zara anunciou para o mundo inteiro que é responsável por cada trabalhador produzindo suas mercadorias. O fundo que a empresa propôs só cobre um quarto das perdas dos trabalhadores", disse Asalettin Arslanoglu, do DISK Tekstil.
"Há pacientescâncermeio a esses trabalhadores, há aqueles que sofreram derrames. Se as marcas não compensarem todos eles - são 153 no total - vamos continuar a promover essa conscientização por meio da campanha".
Com sede na Espanha, a Inditex é uma das maiores varejistasmoda do mundo, com uma rede7.405 lojas e 162.450 pessoas empregadas.
Sua maior marca, a Zara, já esteve sob fogo cruzado anteriormente ao ser acusadapermitir o usotrabalho escravo e trabalho infantil na confecçãosuas roupas, assim comoexplorar refugiados sírios.
O grupo Inditex prometeu investigar esses incidentes e fortalecer o monitoramento nas unidadesproduçãoseus fornecedores.