A tensa batalhabet runcarcereiro para se salvarbet runataquebet runpreso armado com facabet runcadeia paulista:bet run

Legenda da foto, Carcereiro voltou a trabalhar quatro dias após tomar facadas - ele perdeu pedaçobet rundedo | Foto: Reprodução

"Meu parceiro estava fazendo trabalhos administrativos no computador, porque estávamos sozinhos e ele precisava fazer a documentaçãobet runtodos os presos. Não sei como saí vivo. Digo para meus amigos que renasci no Diabet runFinados", conta elebet runentrevista à BBC Brasil.

Legenda do vídeo, Vídeo mostra lutabet runcarcereiro para se defender do preso

As três facadas mais profundas acertaram seu antebraço, a região da clavícula e o peito. "A dor era muita. Ele deu um chute na minha costela, e quase apaguei. Eu não tinha o que fazer e fiquei me defendendo, enquanto esperava o melhor momento para contra-atacar", conta Mauro.

E, depoisbet rundois minutosbet runluta, esse momento chegou.

"Ele me deu várias estocadas durante a briga, masbet runuma delas a lâmina da faca quebrou no osso da minha costela. Se tivesse furado, acertaria meu coração. Mas, naquela hora, consegui abaixar e pegar o cadeado que estava no chão e usá-lo como um soco inglês", relata o carcereiro.

O funcionário da cadeia usou o objeto para dar dois socos no rosto preso, que caiu atordoado. O tempobet runrecuperação do detento foi o necessário para o carcereiro fugir e fechar o portão que dá acesso às celas. As imagens não mostram, mas enquanto ele tranca a passagem, o detento ainda dá chutes e socos pelos vãos do portão para tentar impedi-lo. O carcereiro revida, e finalmente a luta chegou ao fim.

Após ter seu planobet runfuga frustrado, o detento volta para a frentebet runsua cela e pegabet runfaca artesanal. Ele usa a arma para fazer um outro preso como refém. O homem só é libertado após a chegada da Polícia Militar.

Depoisbet runprestar depoimento à Polícia Civil, o responsável pela confusão foi encaminhado para outra unidade da região.

Legenda da foto, Durante briga, detento arrancou pedaço do dedo do carcereiro | Foto: Arquivo pessoal

O detento era único cuja presença foi permitida do ladobet runfora da cela no feriado porque havia sido escolhido para ser o "faxina" da cadeia. Esses presos têm a funçãobet runfazer trabalhos como varrer os corredores, distribuir café e colocar as roupas para secar. No diabet runque ocorreu o ataque, nenhum outro preso foi liberado para o banhobet runsol, e apenas o "faxina" seria colocadobet runvolta na cela, pouco antes das 18h.

O saldo para o carcereiro foibet runuma costela trincada, parte do dedo arrancado, três facadas e o traumabet runnão querer entrar na área das celas sozinho novamente. Mesmo com tantos ferimentos, o funcionário ficou apenas quatro dias longe do trabalho.

Ele disse à reportagem que o afastamento poderia prejudicar uma possível promoção na carreira. Ele pretende se aposentar em, no máximo, quatro anos.

Ajudabet runoutros presos

Além do esforçobet runresistência para se defenderbet runum homem armado com uma faca, Mauro garante que só escapou da morte porque os companheirosbet runcela do preso não o ajudaram na tentativabet runfuga.

"Quando eu abri o xadrez, os outros (presos) não saíram para me pegar. Eu acredito que isso aconteceu por consideração e respeito. Eu já corri atrásbet runremédio para vários detentos no meu horáriobet runfolga. Eu moro a 40 km do trabalho e já até liguei para a família deles que moram pertobet runmim para levar medicamentos para controlar o diabetes até a cadeia", conta.

Legenda da foto, Depois do carcereiro escapar, detento faz seu companheirobet runcela refém e só o solta após a chegada da PM | Foto: Reprodução

Para revolta do funcionário, o caso foi registrado pelo delegado como lesão corporal.

"Quero saber qual situação seria considerada uma tentativabet runhomicídio. Está claro que ele (detento) quis fazer um ferimento fatal. O ideal seria investigar o caso como uma dupla tentativabet runhomicídio, porque ele também tenta matar um preso, alémbet runcárcere privado por fazê-lobet runrefém", afirma Mauro.

Para ele, o que aconteceu a ele era previsível diante da precariedadebet runsuas condiçõesbet runtrabalho.

"A situação do carcereiro é sem segurança. Todos os presos saem ao meu redor para ir para o banhobet runsol. Se eles quiserem pegar, eles vão. A gente solta 46bet runuma vez só e fica lá dentro desarmado. Eles pegam o carcereiro qualquer dia."

A cadeia públicabet runLutécia, dizem agentes ouvidos pela BBC Brasil, recebe presosbet runmaisbet run40 cidades da região, referentes a três delegacias seccionais: Assis, Tupã e Marília. Em alguns meses, maisbet run300 presos chegam a passar por ali.

Segundo levantamento feito pelo Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estadobet runSão Paulo), até maio deste ano 11 agentes penitenciários foram agredidos por detentosbet runpenitenciárias administradas pela Secretaria da Administração Penitenciária do Estadobet runSão Paulo.

O caso do carcereiro agredidobet runLutécia, porém, ocorreubet runuma cadeia pública administrada pela Secretaria da Segurança Públicabet runSão Paulo.

Procurada, a pasta informou que a Delegacia Seccionalbet runAssis vai apurar o caso. A cadeia pública, segundo o governo, tem capacidade para 60 pessoas e funciona como um localbet runtrânsito, onde os presos aguardam até serem encaminhados para uma unidade do sistema penitenciário.

A secretaria não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a rotina dos carcereiros e sobre a decisãobet runregistrar a ocorrência como lesão corporal, e não tentativabet runhomicídio.

*O nome do carcereiro foi omitido a pedido dele, para preservarbet runsegurança.