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A 'maternidade' do açaí e outros saberescassino online blazeribeirinhos que foram absorvidos pela pesquisacassino online blazeponta:cassino online blaze
"O desafio foi se despir da prepotênciacassino online blazeachar que o único conhecimento válido era o acadêmico. Comunidades indígenas e tradicionais detêm um conhecimento que às vezes é milenar: ele vai passandocassino online blazegeração a geração e foi construído no dia a dia, empiricamente, na observação e convivência com a natureza."
Essa postura, diz o pesquisador, norteia os trabalhos da Embrapa numcassino online blazeseus projetos mais amplos: o Bem Diverso, coordenado por Scariot, apoiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente.
Iniciado há um ano e meio, o programa engloba seis territórios brasileiros com baixo IDH (Índicecassino online blazeDesenvolvimento Humano): o Alto Rio Pardo (MG), o sertão do São Francisco (PE e BA), Sobral (CE), o Médio Mearim (MA), o Marajó (PA) e o Alto Acre (AC).
Segundo o pesquisador, maiscassino online blazecem pessoas atuam no projeto, entre funcionários da Embrapa e parceiros locais. Em cada área a equipe escolheu espécies vegetais relevantes para as comunidades e tenta melhorar a qualidade dos produtos desde a coleta até o processamento. O objetivo é aumentar a renda das famílias e preservar os ecossistemas locais.
'A touceira é como uma mãe'
Coordenador do projeto no Marajó, o pesquisador da Embrapa Silas Mochiutti trabalha com produtorescassino online blazeaçaí, principal fontecassino online blazerendacassino online blazeribeirinhos da região. Mochiutti pesquisa a atividade há décadas, comparando diferentes métodoscassino online blazemanejo. "É difícil separar o que levamos a eles do que aprendemos com eles. Muitas informações vêm da vivência dos produtores,cassino online blazecoisas que vimos que davam certo", afirma.
Uma das técnicas incorporadas pela empresa envolve a reprodução dos açaizeiros. Mochiutti diz ter ouvidocassino online blazemuitos ribeirinhos que, ao cortar um açaizeiro para que ele rebrote, deve-se extirpá-lo rente ao solo, caso contrário a árvore não renasce.
Presidentecassino online blazeuma cooperativacassino online blazeprodutorescassino online blazeaçaícassino online blazeAfuá (PA), Francisco Nazarécassino online blazeAlmeida explica à BBC Brasil o porquê da prática. "A touceira [conjuntocassino online blazepalmeiras originadascassino online blazeum caule principal] é como uma mãe: enquanto ela tem um filho mamando, não consegue gerar outro. Então tem que cortar bem baixinho para que esse filho vá embora, os nutrientes do tronco possam descer e a touceira brote outra vez."
Outra técnica absorvida pela Embrapa trata do transportecassino online blazemudascassino online blazeaçaí. O ribeirinho diz que só podem ser deslocadas mudas que estejam com as folhas dobradas. "A gente diz que essa muda está com o olho fechado - é como se ela estivesse dormindo na hora da mudança. Se a gente transporta uma mudacassino online blazeolho aberto, ela não pega."
Silas Mochiutti diz que as duas técnicas jamais foram testadascassino online blazelaboratório, mas passaram a ser difundidas por causa do sucesso verificado pelos produtores. "Às vezes são fenômenos quase inexplicáveis, mas que na prática dão resultado."
O pesquisador diz que um ponto central do modelo proposto aos ribeirinhos é a combinação entre açaizeiros e outras espéciescassino online blazeárvores. Ele afirma que, conforme o preço do açaí subiu nos últimos anos, muitos ribeirinhos começaram a derrubar a mata nativa para ampliar as áreascassino online blazeprodução.
Mas Mochiutti diz que a estratégia não funciona. Segundo ele, é importante manter outras espécies porque essas árvores servemcassino online blazeabrigo a abelhas que polinizam os açaizeiros, ajudam a fixar nutrientes no solo e protegem as palmeirascassino online blazedoenças. Ele diz quecassino online blazeáreas que mesclam árvores nativas e açaizeiros, a produçãocassino online blazeaçaí chega a cem sacas por hectare, enquanto oscila entre 20 e 30 sacascassino online blazeáreas pouco diversas.
Mudanças climáticas
Presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes diz à BBC Brasil que pressões para que a agropecuária brasileira reduza a emissãocassino online blazegases causadores do efeito estufa têm estimulado a pesquisacassino online blazetécnicas que conciliam preservação e produção. "O Brasil é hoje o país com a política pública mais bem estruturadacassino online blazeagriculturacassino online blazebaixo carbono, que depende inteiramentecassino online blazetecnologias desenvolvidas por nós", ele afirma.
Entre as técnicas já disponíveis, Lopes destaca o modelo lavoura-pecuária-floresta (que combina criaçãocassino online blazegado, cultivo agrícola e florestas plantadas), a fixação biológicacassino online blazenitrogênio (que reduz a necessidadecassino online blazefertilizantes no plantio da soja) e o plantio direto na palha (que diminui a erosão e amplia a absorçãocassino online blazeágua pelo solo).
O presidente da Embrapa diz que pesquisas com comunidades tradicionais e produtos nativos são outro elemento importante da estratégia da empresa frente às mudanças climáticas. Além das atividades do programa Bem Diverso, há pesquisascassino online blazecurso sobre o controlecassino online blazepragascassino online blazecupuaçuzeiros, o desenvolvimentocassino online blazevariedadescassino online blazeaçaí, técnicascassino online blazemanejo do umbu, o uso da permacultura e práticas agroflorestais, entre outras.
Um dos projetos mais bem sucedidos da Embrapa nesse campo, segundo Lopes, foi o resgatecassino online blazeum maracujá nativo do Cerrado, mais doce e menos azedo que os tipos mais comuns.
"Era uma planta daninha que, uns 20 anos atrás, crescia aí pelos matos", ele diz. Pesquisadores estudaram a planta e fizeram vários cruzamentos até chegar à versão final, batizadacassino online blazePérola do Cerrado. "Hoje é uma alternativa econômica fanstástica para produtores da região", afirma. Segundo Lopes, a fruta causou frisson entre chefs estrangeiros que visitaram recentemente a Embrapa.
'Sabedoriacassino online blazefaculdade'
No Alto Rio Pardo, a Embrapa distribuiu sementes do novo maracujá a comunidades geraizeiras, populações tradicionais que vivem no Cerrado do norte mineiro. Membro da comunidadecassino online blazeÁgua Boa, a geraizeira Maria Neuracycassino online blazeFá diz que o Pérola do Cerrado se adaptou bem às roças locais e virou fontecassino online blazerenda para o grupo.
Ela elogia a convivência com os pesquisadores. "A gente trabalha e colhe os frutos no Cerrado, e eles vêm com a sabedoria delescassino online blazefaculdade. É uma trocacassino online blazeexperiência."
A geraizeira diz que um dos pontos mais úteis do programa é o apoio ao intercâmbio com outras comunidades tradicionais. Na quinta-feira, ela viajou para Diamantina (MG) para aprender com moradores locais como fazer cosméticos a partircassino online blazefrutos e plantas medicinais.
Mas nem todas as comunidades geraizeiras sentiram os efeitos do trabalho. Representante do grupo na comissãocassino online blazepovos tradicionais do governocassino online blazeMinas, Orlando dos Santos disse desconhecer os trabalhos da Embrapa na região do Alto Rio Pardo, que engloba 22 municípios.
Para ele, a atuação da empresa é bem-vinda, já que autoridades locais dão pouca atenção aos geraizeiros. "Os políticos daqui não aprovam a ideiacassino online blazecomunidades tradicionais, porque nós mexemos com os interesses dos latifundiários." Santos diz que a principal bandeira dos geraizeiros é conter a monocultura do eucalipto, que avança sobre o Cerrado e destrói nascentes.
Aldicir Scariot, da Embrapa, também diz se preocupar com a atividade. Segundo ele, um dos objetivos do programa é "empoderar as comunidades locais e contribuir para a reorganização do território, conservando as nascentes e tornando-as mais resilientes às mudanças climáticas".
Para Isabel Figueiredo, coordenadora do Instituto Sociedade, População e Natureza, ONG que atua com várias comunidades tradicionais brasileiras, os trabalhos da Embrapa nesse campo "ainda são muito tímidos" se comparados ao que a empresa investecassino online blazecommodities ou outros setores.
Segundo Figueiredo, os pesquisadores da Embrapa que lidam com comunidades tradicionais, conservação e desenvolvimento sustentável são minoritários.
Mas ela diz que a Embrapa "pode fazer a diferença se entrar para valer nessa agenda"."O pouco que já existe vem gerando resultados relevantes, mas ainda é uma turma que atua ali dentro numa espéciecassino online blazeresistência", afirma.
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