'Um bebê sem colete tem chance quase zeropix bet cassinosobreviver': 1pix bet cassinocada 5 mortospix bet cassinoacidentespix bet cassinobarco é criança:pix bet cassino

Bebê Davi Gabriel sendo resgatado pelos Bombeiros da Bahia

Crédito, Xande Pereira/Ag. A Tarde

Legenda da foto, O bebê Davi Gabriel foi resgatado pelo Corpopix bet cassinoBombeiros, na Bahia, mas não resistiu

Dois dias antes, seis crianças morreram no naufrágiopix bet cassinoum barcopix bet cassinotransportepix bet cassinopassageiros na cidadepix bet cassinoPortopix bet cassinoNoz, no Pará. Ao todo, já foram confirmadas 23 vítimas.

As sete mortespix bet cassinocrianças nos acidentes da Bahia e do Pará nesta semana evidenciam uma realidade trágica. Criançaspix bet cassinoaté 9 anos são 18% das vítimaspix bet cassinoafogamentopix bet cassinoacidentespix bet cassinobarco no Brasil - ou 1pix bet cassinocada 5. É um percentual muito superior aopix bet cassinomortespix bet cassinocriançaspix bet cassinoacidentespix bet cassinotransportepix bet cassinogeral,pix bet cassino3%.

'Crianças não sabem colocar colete sozinhas'

"As crianças são mais vulneráveis nessas condições porque não sabem nadar nem se proteger. Elas não vão colocar o colete salva-vidas sozinhas, é preciso que alguém vista nelas. Mas quando ocorre um acidente, é tudo muito rápido, não há tempopix bet cassinofazer isso. Não é igual avião,pix bet cassinoque o adulto coloca o coletepix bet cassinosi e depois na criança. É outra realidade", afirma o professor Hito Bragapix bet cassinoMoraes, doutorpix bet cassinoengenharia naval na Universidade Federal do Pará.

O risco não é apenas a faltapix bet cassinocoletes, segundo o capitão Janderson Lopes, do Corpopix bet cassinoBombeiros do Amazonas.

"Durante um afogamento, no momentopix bet cassinodesespero, as pessoas se agarrampix bet cassinotudo que veem pela frente e podem afundar umas às outras. Isso é outro risco para as crianças. O ideal é que os pais estejam sempre com filho perto - o que é difícil, porque na Amazônia temos viagens muito longas,pix bet cassinodias", relata .

Para reduzir o risco, o professor e o bombeiro recomendam que as crianças estejam com coletes salva-vidas o tempo todo durante o transporte por embarcações.

Entre 2000 e 2015, 202 criançaspix bet cassinoaté 9 anos morreram afogadaspix bet cassinoacidentespix bet cassinobarco. Dessas, 23 vítimas tinham menospix bet cassinoum ano, 96 tinham entre 1 e 4 anos e 83, entre 5 e 9 anos. O númeropix bet cassinovítimaspix bet cassinotodas as idades épix bet cassino1.102. Os números são do Ministério da Saúde.

O perigo para crianças é maior justamente no Norte e Nordeste, onde o transporte fluvial faz parte do cotidiano das cidades e as viagens costumam se estender por muitas horas.

"Na Amazônia, as pessoas levam criançaspix bet cassinobarco para o hospital, para a escola, para visitar parente. Além disso, as viagens demoram muito, às vezes dias. Então, é muito comum que as crianças pequenas acompanhem os pais nessas viagens. Quando tem acidente, costuma ter mortepix bet cassinocriança", explica Moraes.

Foram 107 mortespix bet cassinocrianças no Amazonas e 44 no Pará entre 2000 e 2015. Na Bahia, quatro.

Homens carregam caixão com vítimapix bet cassinonaufrágio

Crédito, Magda Vrosk/Ag. Pará

Legenda da foto, Homens carregam o corpopix bet cassinouma das vítimas do acidentepix bet cassinobarcopix bet cassinoPortopix bet cassinoMoz, no Pará, que deixou ao menos 21 mortos no rio Xingu. À esquerda, dois caixões infantis.

'Aqui na Amazônia as pessoas não usam colete'

O coronel Alexandre Costa, mergulhador do Corpopix bet cassinoBombeiros do Pará, precisou retirar quatro corpospix bet cassinocrianças do rio Xingu nos últimos dois dias. O naufrágio, que ocorreu na noitepix bet cassinoterça na cidade Portopix bet cassinoNoz, matou ao menos 23 pessoas. O barco tinha cercapix bet cassino70 passageiros.

O bombeiro, que tem dois filhos pequenos, afirmou que está evitando pensar nas crianças que retirou do rio. "Se você fica lembrando, não consegue trabalhar. Se você não se prepara para coisas como essa, fica paralisado. É tudo muito triste", disse.

Segundo Costa, as quatro crianças estavam sem colete salva-vidas no momentopix bet cassinoque os corpos foram resgatados.

"Aqui na Amazônia as pessoas não usam colete. É uma questão cultural, que passapix bet cassinopai para filho. As pessoas andam muitopix bet cassinobarco e nunca imaginam que um acidente possa acontecer", disse.

O capitão Marco Antonio Calmon Gama, mergulhador do Corpopix bet cassinoBombeirospix bet cassinoAmazonas, também lembra com pesarpix bet cassinoum resgatepix bet cassinoque participou há cercapix bet cassinoquatro anos.

Uma canoa a motor saiu da comunidadepix bet cassinoTupé, na regiãopix bet cassinoManaus, para levar crianças para tomarem vacina no município vizinhopix bet cassinoIranduba. Mas o barco virou. Avó, mãe e três crianças morreram afogadas. Apenas o condutor do barco conseguiu sobreviver.

"Nós só conseguimos encontrar o corpo da senhora idosa. A profundidade passapix bet cassino100 metros. Sempre quando tem criança envolvida a gente fica mais chocado, desolado, pensando nisso por muitos dias."

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Mapapix bet cassinomortespix bet cassinocrianças afogadas
Legenda da foto, 202 crianças morreram afogadaspix bet cassinoacidentespix bet cassinobarco no Brasil, entre 2000 e 2015; mapa mostra onde as mortes ocorreram
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'Vi o povo pedindo colete e eles não deixam pegar'

Para o funcionário público Ricardo Santana, paipix bet cassinoduas meninas, umapix bet cassino9 anos e outrapix bet cassino12, a sensação erapix bet cassinoalívio pela própria sobreviência, maspix bet cassinodor e revolta pela insegurança da travessia, que costumava fazer com frequência.

"Atravessei aqui na semana passada. Graças a Deus o tempo estava bom. Eu perdi uma amiga, professora, pessoa cheiapix bet cassinovida! Poderia estar eu e minhas filhas."

Segundo Santana, nem adultos nem crianças costumam usar coletes ali. "Você viaja e não é obrigado a colocar o colete, independentepix bet cassinocomo esteja o tempo. Tem gente que não sabe colocar. Não recebe instrução", afirma.

Lilian Castro, que nasceu e foi criada na Ilhapix bet cassinoItaparica, também costuma fazer a travessia para ver a família quando consegue uma folga entre as faxinas que realiza na capital baiana. Ela conta que não se sente segura.

"Eu já vi o povo pedindo colete e eles não deixam pegar. Fica preso. Quando eu vi o que aconteceu, chorei muito, porque poderia ter acontecido comigo também", relata a jovempix bet cassino28 anos, que tem um filhopix bet cassinodois.

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Coletes e navegabilidade

O usopix bet cassinocolete salva-vidas não é obrigatório, maspix bet cassinoacordo com Jacinto Chagas, o presidente da Associação dos Transportadores Marítimos da Bahia (Astramab), responsável pela operação das embarcações, havia colete suficiente para todos os passageiros transportados nesta quinta pela Cavalo Marinho I.

"As embarcações, embora algumas já tenham uma certa idade, são vistoriadas regularmente. Se a Capitania dos Portos vê que não tem condições, ela retirapix bet cassinotráfego", argumentou.

Chagas acrescentou ainda que o mar estavapix bet cassinocondiçõespix bet cassinonavegabilidade nesta quinta-feira (24).

A estimativa épix bet cassinoque,pix bet cassinobaixa estação, entre 4 mil e 5 mil pessoas façam o trajeto marítimo não apenas entre Salvador e a Ilhapix bet cassinoItaparica, mas também Morropix bet cassinoSão Paulo. De acordo com a Astramab, não há registropix bet cassinoacidentes nesta proporção há pelo menos 50 anos.

Flávio Almeida, capitãopix bet cassinofragata do Segundo Distrito Naval, informou que a Marinha do Brasil vai instaurar um inquérito sobre o naufrágio.

"Nos últimos anos, nós não temos um registropix bet cassinoacidente com tantas vítimas. Está sendo instaurado um inquérito que vai efetivamente nos permitir ter a certeza do que aconteceu. A embarcação vai ser periciada, serão ouvidas as testemunhas e a gente vai ter um quadro efetivo do que motivou este acidente lamentável", explicou.

Quatro navios e outras cinco lanchas, alémpix bet cassino130 militares, estão envolvidos nos trabalhos.