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Criança devolvida, pai arrependido: o drama das adoções que dão errado:pixbet com gratis
A históriapixbet com gratisLarissa é mais comum do que se imagina. Houve 172 registros nos últimos cinco anos - e o número inclui apenas os 11 Estados que forneceram dados à reportagem.
O Cadastro Nacionalpixbet com gratisAdoção (CNA) registra cercapixbet com gratis4,7 mil crianças e adolescentes disponíveis para adoção no país.
Como crianças e adolescentes, adultos também sofrem nessas situações. O servidor público Roberto*,pixbet com gratis44 anos, desistiupixbet com gratisuma adoçãopixbet com gratis2014.
"Depois da devolução você se estraçalha, se sente o último dos homens. Literalmente você rola no chãopixbet com gratisdor, não desejo isso para ninguém", conta Roberto.
O sonho da paternidade começou a se desfazer logo no começo da guarda provisória da criança, que tinha dois anos à época.
"O cotidiano com a criança é muito distante do sonho. Comecei a me cansar física e emocionalmente quando meu companheiro começou a desistir. Fui entrandopixbet com gratisdepressão e concluí que não seria bom para a criança ficar comigo, mas foi uma decisão muito difícil", diz.
Roberto e o companheiro entraram na filapixbet com gratisadoçãopixbet com gratis2011. Foram três anospixbet com gratisespera até receberem a criança, com quem conviveram por três meses.
"Hoje não quero mais adotar. Foi muito sofrimento, achei que iria dar conta mas não dei. Isso foi mexeu muito com minha vida, minha crença, perspectivapixbet com gratisamor. Não sei se a gente se recupera disso. A gente aprende a conviver", desabafa.
Reconstrução
Como o casal que não conseguiu levar a adoção adiante, a menina Larissa também refazpixbet com gratisvida. Leva uma vida tranquila, com sessões semanaispixbet com gratisterapia.
No começo, passou por diversas crises, que se manifestavampixbet com gratissintomas como confusãopixbet com gratisidentidade e dificuldadepixbet com gratisconcentração.
"Tudo era não. Se dizíamos que era hora do banho, ela dizia não. Era inquieta no colégio, não prestava atençãopixbet com gratisnada, brigava com colegas e professores. Mas hoje as coisas estão se ajustando, a fasepixbet com gratistestes passou e ela começa a perceber que desta vez a relação é para sempre", diz a mãe.
Larissa só permaneceupixbet com gratisFortaleza após a primeira devolução por intervençãopixbet com gratisuma ONG, a Acalanto, que ajuda famílias nos processospixbet com gratisadoção.
Como a cidadepixbet com gratisorigempixbet com gratisLarissa não contava com psicólogos, a entidade recorreu ao Judiciário para mantê-la na capital cearense, onde poderia ser acompanhada por uma equipe multidisciplinar.
Rutilene é voluntária da ONG e conheceu a filha ao atuar pela entidade.
Desistências
Desistirpixbet com gratisuma adoção só é permitido durante o estágiopixbet com gratisconvivência, fase que tem duração mínimapixbet com gratis30 dias e prazo fixado pela Justiça caso a caso - um projeto no Senado quer determinar tempo máximopixbet com gratisum ano para essa fase.
Após conclusão dos procedimentospixbet com gratisadoção, contudo, não há previsãopixbet com gratis"devolução". A adoção é medida irrevogável, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que atribui ao adotado a condiçãopixbet com gratisfilho. Uma eventual "devolução" nesse caso poderia ser enquadrada como o crimepixbet com gratisabandonopixbet com gratisincapaz.
Embora a desistência no estágiopixbet com gratisconvivência seja direito dos pretendentes, pois está prevista no ECA, alguns Estados têm tomado medidas para minimizar os impactos desses casos.
Em Porto Velho (RO), por exemplo, o Juizado da Infância e Juventude fez acordo com pais desistentes para que subsidiassem um anopixbet com gratispsicoterapia para as crianças.
As motivações que levam à devolução passam por questões subjetivas tanto dos pais como das crianças, que costumam carregar históriaspixbet com gratissofrimento, diz a assistente social e doutorapixbet com gratisServiço Social Angélica Gomes.
"As famílias muitas vezes não estão preparadas (para a adoção), e os profissionais têm dificuldadepixbet com gratislidar com essa realidade. E no auge do conflito as pessoas pensam na devolução como solução imediata", diz.
Gomes diz que é preciso trabalhar o históricopixbet com gratissofrimentopixbet com gratispais e filhos no processopixbet com gratisconstrução da família, evitando tanto o romantismo quanto o desalento.
"As dores se apresentam, as feridas se abrem e devem se abrir, pois precisam ser cuidadas. A única formapixbet com gratiscuidar é se elas aparecem. Não trabalho com a visão romântica da adoção e nem com a visão fadada a não dar certo. É uma relação humana, e os conflitos estão presentespixbet com gratistoda relação humana", afirma.
Para a mãepixbet com gratisLarissa, o apoiopixbet com gratispsicólogos foi fundamental para que ela compreendesse melhor a filha e não desistisse da adoção.
"No começo é tudo maravilhoso, você vai ao abrigo aos finspixbet com gratissemana e só. Quando a criança vem parapixbet com gratiscasa é outra história. Entreipixbet com gratisdepressão, entendi por que os outros casais tinham desistidopixbet com gratisadotá-la e desacreditei que pudesse ser mãe. Se não tido tivesse apoio profissional com certeza não teria chegado até aqui."
Para a psicóloga Soraya Pereira, presidente da ONG Aconchego e que trabalha com adoção há 25 anos, a capacitação dos profissionais para essas situações deveria ser prioridade nessa área.
"A idealização pelos pretendentes é uma coisa muito forte, pois uma coisa é o filho idealizado e outra é o filho real. Essa idealização precisa ser trabalhada, caso contrário teremos sempre um problema sério. Tento encaixar meu filhopixbet com gratisum modelo que quero, mas que ele nunca será, porque para encaixá-lopixbet com gratismeu modelo muitas vezes terei que 'mutilar' a criança", explica.
* Nomes fictícios - pessoas com nomes marcados com asterisco pediram para não serem identificadas.
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