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O raio-X das mortes na capital mais perigosa do Brasil para adolescentes:site de aposta com bônus
No Brasil, o IHA subiusite de aposta com bônus2,8site de aposta com bônus2005 para 3,65site de aposta com bônus2014 (crescimentosite de aposta com bônus30%). Em Fortaleza, saltousite de aposta com bônus2,35site de aposta com bônus2005 para 10,94site de aposta com bônus2014 - crescimentosite de aposta com bônus365%.
Com base nos dadossite de aposta com bônusmortalidade do Sistema Únicosite de aposta com bônusSaúde, o índice estima,site de aposta com bônuscada gruposite de aposta com bônusmil adolescentes que completaram 12 anos, quantos não chegarão aos 19 anos, pois serão assassinados antes disso. Pela estimativa atual, 43 mil adolescentes devem morrer no Brasil até 2021 se as condições atuais forem mantidas.
O IHA foi criadosite de aposta com bônus2007 e resultasite de aposta com bônusparceria entre Secretariasite de aposta com bônusDireitos Humanos da Presidência, Unicef, Laboratóriosite de aposta com bônusAnálise da Violência (Lav-Uerj) e Observatóriosite de aposta com bônusFavelas.
Caleidoscópio do país
A mortandadesite de aposta com bônusadolescentessite de aposta com bônusFortaleza temsite de aposta com bônusser entendida no contexto do que os especialistas chamamsite de aposta com bônus"nordestinização" da epidemiasite de aposta com bônusviolência no país, com aumentosite de aposta com bônushomicídiossite de aposta com bônustoda a região. Entre as regiões brasileiras, o maior índicesite de aposta com bônushomicídiossite de aposta com bônusadolescentes está no Nordeste.
Dos dez Estados brasileiros com mais altos índicessite de aposta com bônusassassinato na adolescência, oito são nordestinos - e o Ceará tem o IHA mais alto do país. Outro relatório divulgado nesta semana, do Institutosite de aposta com bônusPesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e do Fórum Brasileirosite de aposta com bônusSegurança Pública (FBSP), contabilizou 59.080 homicídios no Brasilsite de aposta com bônus2015 e também destaca o alto númerosite de aposta com bônuscasos no Nordeste.
Segundo especialistas consultados pela BBC Brasil, o aumento do númerosite de aposta com bônushomicídios na região está associado à urbanização desordenada e à reorganização dos mercados ilícitos no Brasil.
De tráficosite de aposta com bônusdrogas a roubosite de aposta com bônusbancos, carros e cargas, as cidades nordestinas viveram a partir dos anos 2000 o que cidades como Rio e São Paulo conheceram a partir dos anos 1980 e 1990, com maior organização das quadrilhas e onipresençasite de aposta com bônusarmassite de aposta com bônusfogo.
O coordenador do Unicef para os Estados do Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí, Rui Aguiar, disse à BBC Brasil que os rearranjos dessa migração criminosa se juntam a muitos anossite de aposta com bônusexclusão das populações mais pobres, empurradas para a periferia das grandes cidades e aglomeradassite de aposta com bônusbairros onde faltam saneamento, lazer, escolasite de aposta com bônusqualidade e oportunidadessite de aposta com bônusemprego.
"Essa é uma construçãosite de aposta com bônuspelo menos duas décadassite de aposta com bônusexclusão. São 20, 30 anossite de aposta com bônuspolíticas que não oferecem nada à população. Faltam políticas voltadas para a adolescência, e o panoramasite de aposta com bônusFortaleza é uma espéciesite de aposta com bônuscaleidoscópio do que acontece no resto do país", afirma.
Nos conflitossite de aposta com bônusterritório, mortes a 500 metrossite de aposta com bônuscasa
Em 2013, as mortes provocadas pelas chamadas causas externas (acidentes e violência) superaram todas as outrassite de aposta com bônusFortaleza. Em 2015, o governo do Ceará lançou o Pacto por um Ceará Pacífico, para tentar implementar políticassite de aposta com bônusreduçãosite de aposta com bônusmortalidade.
No ano seguinte, surgiu o Comitê Cearense pela Prevençãosite de aposta com bônusHomicídios na Adolescência, uma parceria entre governo, Assembleia Legislativa, Unicef e entidades da sociedade civil.
Um dos primeiros projetos do comitê foi realizar uma pesquisa sobre as vítimas dos homicídiossite de aposta com bônus2015, anosite de aposta com bônusque 630 adolescentessite de aposta com bônus12 a 18 anos foram mortos no Ceará, sendo 312site de aposta com bônusFortaleza. Os dados são da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social.
Os resultados estão no relatório Trajetórias Interrompidas, lançado na última segunda-feira na Assembleia Legislativa do Ceará. O levantamento mostra, para além dos números geraissite de aposta com bônushomicídios, como se constrói, na capital cearense esite de aposta com bônusmais seis cidades do Estado, a matança cotidianasite de aposta com bônusum grupo especialmente vulnerável, os adolescentes com menossite de aposta com bônus19 anos.
A primeira descoberta foi geográfica:site de aposta com bônusFortaleza,site de aposta com bônusmetade dos casos investigados, os adolescentes foram assassinados a 500 metrossite de aposta com bônuscasa; 73%, no próprio bairro. De todas as mortes, 44% aconteceramsite de aposta com bônusapenas 18 dos 119 bairros da capital, 3% da área da cidade.
O perigo tão pertosite de aposta com bônuscasa se explica: 54% dos homicídios investigados pelo comitê resultaramsite de aposta com bônusconflitossite de aposta com bônusterritório, como são conhecidos os conflitos na própria comunidade, seja entre grupossite de aposta com bônustraficantes e outros criminosos, seja entre gangues, seja por vingança, crimes passionais ou desavenças pessoais - como o drible que resultou na morte do rapaz do Bom Jardim.
Pelos dados da pesquisa, 40% dos adolescentes mortos mantinham algum tiposite de aposta com bônusconflito no territóriosite de aposta com bônusque viviam; 53% deles já haviam sofrido ameaças.
As chamadas "mortes por engano" - crimes por encomenda que acabam vitimando alguém que não era o alvo inicial- respondem por 14,38% dos assassinatos e têm se tornado cada vez mais comuns.
"Chamam morte por engano, como se aquela fosse a morte errada e houvesse a morte certa", indigna-se o educador Joaquim Araújo, que percorreu os bairrossite de aposta com bônusFortaleza para a pesquisa.
Numa das casas, numa viela entre os bairrossite de aposta com bônusJosé Walter e Planalto Ayrton Senna, uma mãe contou que o filhosite de aposta com bônus17 anos fora morto não perto, mas na portasite de aposta com bônuscasa, e até hoje não se sabe o motivo. Entre as suspeitas, os ciúmes do ex-marido da namorada do rapaz e a possibilidadesite de aposta com bônusele ter sido confundido com um primo, envolvido com roubosite de aposta com bônuscargas e ameaçado por rivais.
"Eu ouvi o tiro que matou meu filho", contou a mãe do rapaz aos pesquisadores do comitê, que ainda viram o buracosite de aposta com bônusbala na porta. Como ela, muitas mães falam dos tiros: 94% dos assassinatos foram cometidos com armasite de aposta com bônusfogo.
O coordenador da pesquisa, Tiagosite de aposta com bônusHollanda, disse que o levantamento tentou dar voz às famílias, pois muitas se sentiam pressionadas pelo fatosite de aposta com bônusos filhos assassinados terem algum envolvimento com a criminalidade. Destaca que, diferentemente do que se especulava, dívidas por drogas foram citadas como causasite de aposta com bônusmenossite de aposta com bônus13% dos homicídios.
Coordenador do serviçosite de aposta com bônusepidemiologia da Secretariasite de aposta com bônusSaúdesite de aposta com bônusFortaleza, Antonio Lima é especialista nas chamadas arboviroses, como dengue e zika. Acompanhou a pesquisa com um olhar médico e descobriu que os bairros com maior númerosite de aposta com bônushomicídios são os mesmos onde há mais sífilis, tuberculose e gravidez adolescente. Provou com números a superposição dos mapassite de aposta com bônusviolência esite de aposta com bônusum sem-númerosite de aposta com bônusausências - saúde, escola, emprego, lazer.
Pelos números da pesquisa, dos adolescentes mortossite de aposta com bônusFortaleza, 55% eram filhossite de aposta com bônusmulheres que foram mães na adolescência; 64% tiveram amigos assassinados; 73% abandonaram a escola pelo menos seis meses antes da morte; 55% haviam experimentado algum tiposite de aposta com bônusdroga (lícita ou ilícita) entre 10 e 15 anos; 73% sofreram violência policial anterior.
"Nesses assentamentos precários, áreassite de aposta com bônusaltíssima densidade demográficas, as pessoas estão sujeitas a um conjuntosite de aposta com bônusagravos. É muito difícil pensarsite de aposta com bônusredução efetivasite de aposta com bônusviolência sem mudar essas questões socioeconômicas. Porque, para a classe média, o que gera sensaçãosite de aposta com bônusinsegurança é o crime contra o patrimônio, que não é tão altosite de aposta com bônusFortaleza. Mas essa juventude está morrendo", afirma Lima.
O relator do Comitê Cearense pela Prevençãosite de aposta com bônusHomicídios na Adolescência, deputado Renato Roseno (PSOL-CE), destaca que, como ocorre no resto do país, os homicídiossite de aposta com bônusFortaleza atingem prioritariamente uma parcela específica da população.
"É um genocídiosite de aposta com bônusjovens pobres, negros e do sexo masculino, num quadrosite de aposta com bônusvulnerabilidade socialsite de aposta com bônusterritórios mais pobres, junto com uma culturasite de aposta com bônusviolência e a forte evasão escolar."
Impunidade e indiferença
O relatório traz várias recomendações, como garantir a proteção das famílias dos jovens, melhorar a qualidadesite de aposta com bônusvida nesses bairros, com saúde, escola e oportunidadessite de aposta com bônusemprego, investigar e punir os responsáveis pelos homicídios, capacitar a polícia para fazer abordagens adequadas e reduzir a violência policial.
Isso embora, diferentemente do que acontecesite de aposta com bônusoutras capitais, apenas 4% das mortessite de aposta com bônusadolescentes estejam relacionadas a conflitos com policiais e outros agentes da lei. Ao mesmo tempo, há casossite de aposta com bônusgrande repercussão, como o da chacinasite de aposta com bônusMessejana,site de aposta com bônusnovembrosite de aposta com bônus2015,site de aposta com bônusque policiais militares foram denunciados pelas mortessite de aposta com bônus11 pessoas (sete delas com menossite de aposta com bônus18 anos).
A vice-governadora do Ceará, Izolda Cela, afirmou à BBC Brasil que o alto númerosite de aposta com bônushomicídiossite de aposta com bônusadolescentes era um problema já evidenciado e motivou uma mobilização envolvendo vários segmentos da sociedade. Ela cita o Pacto por Ceará Pacífico como exemplosite de aposta com bônuspolítica pública pensada para a questão.
A vice-governadora disse que o Estado tem investidosite de aposta com bônusprojetos relacionados à reduçãosite de aposta com bônushomicídios, como ocupação dos territórios, busca ativa dos jovenssite de aposta com bônus15 a 17 anos que estão fora da escola, combate à evasão escolar e compromissosite de aposta com bônuspunir os responsáveis pelas mortes. Afirmou, porém, que o combate à impunidade temsite de aposta com bônusse transformarsite de aposta com bônusbandeirasite de aposta com bônustodo o sistema judicial brasileiro.
Ao longo da pesquisa, foram analisados 1.215 casossite de aposta com bônushomicídiossite de aposta com bônusadolescentes ocorridossite de aposta com bônusFortalezasite de aposta com bônus2011 a 2016. Sósite de aposta com bônus2,8% dos casos houve condenação dos responsáveissite de aposta com bônusprimeira instância.
A equipe que percorreu os bairrossite de aposta com bônusFortaleza para localizar as famílias dos jovens assassinados também relata outra reação comum à pergunta sobre se haviam sido procurados por alguém do serviço público. "Muitas vezes ouvimos: vocês são os primeiros que aparecem aqui. Só houve indiferença", contou o educador Joaquim Araújo.
Para essas famílias, o sentimentosite de aposta com bônusperda e saudade se misturou com osite de aposta com bônusrevolta pela dorsite de aposta com bônuscrimes sem punição. A mãe do rapaz morto por causasite de aposta com bônusum drible no futebol disse à BBC Brasil, por exemplo, que o filho não tinha envolvimento com o crime.
"Ele não gostavasite de aposta com bônusestudar, admito. Mas não fazia mal a ninguém." Depois da morte do filho, ela entrousite de aposta com bônusdepressão. Evangélica e atleta, afastou-sesite de aposta com bônusDeus e do caratê. Voltou há pouco tempo, quando retomou também o trabalho na confecçãosite de aposta com bônusroupas esportivas.
Diz ainda se lembrar dos tiros na rua, da gritaria, do rosto desfigurado do rapaz. Fez as pazes com a religião e está criando um neto, filho do filho assassinado. A saudade é companheirasite de aposta com bônustodo dia: "Quando rezo pergunto a Deus qual o sentidosite de aposta com bônuster perdido meu filho".
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