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Governo Temer trava demarcaçõesesport galera betáreas quilombolas:esport galera bet
Araújo havia pedido à Casa Civil informações sobre a demarcação do quilombo Alta da Serra do Mar,esport galera betRio Claro (RJ).
É a primeira vez que o governo federal suspende titulaçõesesport galera betáreas quilombolas por tempo indeterminado desde que essas terras começaram a ser regularizadas,esport galera bet1995.
Segundo o Incra (Instituto Nacionalesport galera betColonização e Reforma Agrária), 220 territórios já foram titulados, e outros 1.536 estãoesport galera betprocessoesport galera betregularização.
A suspensão ocorre num momentoesport galera betque o governo, sob forte pressão da bancada ruralista no Congresso, revisa suas políticas para comunidades tradicionais e indígenas.
Em entrevista recente, o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, defendeu que,esport galera betvezesport galera betdemarcar novos territórios, o governo enfoque o bem-estar dos indígenas.
Segurança jurídica
No ofício da Casa Civil ao Ministério Público Federal, assinado pelos assessores Alexandre Freire e Erick Bill Vidigal, o órgão diz que a legalidade da demarcaçãoesport galera betáreas quilombolas foi postaesport galera betdúvida por uma ação que tramita no STF e que "tudo recomenda aguardar o desfecho do julgamento, a fimesport galera betse observar o princípio constitucional da segurança jurídica".
Levada ao STFesport galera bet2004 pelo PFL, atual DEM, a Ação Diretaesport galera betInconstitucionalidade (ADI) 3.239 questiona a validadeesport galera betum decreto presidencial que definiu os ritos e critérios para a demarcação.
Nela, entre outros pontos, o DEM diz que a demarcação dessas áreas não deveria ter sido regulamentada por um decreto presidencial, e sim pelo Congresso, e questiona a possibilidadeesport galera betque as comunidades quilombolas se autoidentifiquem.
O decreto 4.887, que regula o tema, foi assinadoesport galera bet2003 pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e alterou os trâmites da regularizaçãoesport galera betáreas quilombolas, tornando-a uma competência do Incra (até então, a tarefa cabia à Fundação Palmares).
No ofício enviado à Procuradoria, a Casa Civil diz ainda que a devolução dos processos busca confirmar a regularidadeesport galera betseus trâmites, averiguar quantas famílias seriam beneficiadas por cada titulação e quanto seria gasto com indenizações.
Questionada pela BBC Brasil, a Casa Civil afirmou que a "decisãoesport galera betdevolução dos processosesport galera bettitulaçãoesport galera betterritórios quilombolas deu-se para evitar insegurança jurídica maior e foi expedidaesport galera betrespeito à atividade do Supremo Tribunal Federal".
O órgão não respondeu questionamento sobre quantos processos foram devolvidos para a Secretaria Especialesport galera betDesenvolvimento Agrário.
A Casa Civil não participa diretamente da demarcação, mas tem o poderesport galera betparalisá-la, já que é responsável por mediar conflitos que surjam durante os complexos trâmitesesport galera betregularização.
Vários processos se arrastam há maisesport galera betuma década e estão judicializados (quando quilombolas ou proprietários rurais recorrem à Justiça para tentar acelerar ou anular as ações).
'Nenhuma política vai andar'
Para o procurador Júlio José Araújo Júnior, o fatoesport galera bethaver um julgamento pendente sobre o tema não é um argumento válido para suspender as titulações.
"O governo está tentando dar um respaldo jurídico à decisão políticaesport galera betsuspender e travar os processosesport galera bettitulação", diz.
Segundo Araújo, se o governo levaresport galera betconta todos os julgamentosesport galera betcurso que questionam práticas do governo, "nenhuma política pública vai andar".
O procurador afirma que a Constituição obriga o governo a demarcar as áreas quilombolas e que o Ministério Público Federal poderá recorrer à Justiça para forçá-lo a cumprir esse papel.
A responsabilidadeesport galera betdemarcar os territórios quilombolas foi inscrita na Constituição como uma formaesport galera betreparar os danos causados pela escravidão.
Em seu artigo 68, a Carta afirma que "aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos".
Para Ronaldo dos Santos, coordenador executivo da Coordenação Nacionalesport galera betArticulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), ao devolver os processos, a Casa Civil está "antecipando uma decisão do Supremoesport galera betacordo com seu interesse sobre o resultado".
Santos diz que a titulação das terras faz toda a diferença para as comunidades. "Ela é a garantiaesport galera betque elas poderão permanecer no território para manter suas tradições e seu modoesport galera betvida."
"Tivemos a abolição da escravatura sem inclusãoesport galera betnenhuma política pública", afirma.
A decisão da Casa Civil ocorreesport galera betmeio à diminuição das verbas para a demarcaçãoesport galera betáreas quilombolas.
Em 2017, o Orçamento da União destinou R$ 4,1 milhões para a atividade - o menor volume desde pelo menos 2009.
Os valores vêm caindo desde 2012, quando foram reservados R$ 51,7 milhões para a regularização desses territórios.
Julgamento empatado
O julgamento no STF sobre a validade do decreto que rege a demarcação das terras quilombolas está empatadoesport galera betum a um.
Em 2012, o então ministro Cezar Peluso, que relatou o caso, acolheu o pedido do DEM e votou pela inconstitucionalidade do decreto.
Já a ministra Rosa Weber considerou que o decreto é legal. O julgamento foi retomadoesport galera bet2015, quando o ministro Dias Toffoli pediu vista do processo para estudá-lo melhor. O processo foi devolvido naquele mesmo ano, mas segue parado desde então.
A inclusão do julgamento na pauta do Supremo depende da presidente da corte, Cármen Lúcia.
Questionado pela BBC Brasil, o gabinete da ministra não respondeu quando o caso poderia voltar à pauta.
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