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O homem que cresceu no lixo e fez dele seu meioroleta pixbetvida:roleta pixbet
Aos sete anos, a mãe biológica o abandonou. Entregou o garoto a uma vizinha. Como muitos naquela comunidade, Carlos nunca conheceu o pai.
"Minha mãe se apaixonou por um homem que batiaroleta pixbetmim eroleta pixbetminha irmã. Foi numa surra violenta, com cipóroleta pixbetgoiaba, que minha irmãroleta pixbetcinco anos morreu. Ela tinha problemas no coração e não suportou. Mesmo assim, minha mãe ficou com o padrasto e me deu para a vizinha, indo embora", conta.
Carlos André relembra que as coisas só pioraram a partir daí. No lugarroleta pixbetafeto, mais humilhação e violência. A "nova mãe" era ainda mais violenta.
"Passei a apanhar mais e mais, por qualquer coisa. Foi quando me enfiei no lixão. Muita gente tirava sustentoroleta pixbetlá. Se não fugisse, iria morrerroleta pixbetapanhar, como minha irmã", afirma.
Nova família
A violência contra o menino era tanta que os próprios parentes da mulher decidiram tirá-lo dela. Carlos foi "adotado" pelo irmão da vizinha eroleta pixbetmulher, morta no ano passado e tida como mãe verdadeira por Carlos.
"Eles tinham sete filhos e eram muito pobres, mas me acolheram. Ela foi muito boa para mim. Por isso fui para o lixão. Acordava às 4h e ia catar recicláveis nas montanhasroleta pixbetlixo. Às 11h voltava, tomava banho e ia para a escola. Sabia que só teria futuro assim", relata.
Na escola, mesmo entre crianças humildes, Carlos André era motivoroleta pixbetchacota. Era o "catadorroleta pixbetlixo". "Além das condições desumanas, todos os dias morria alguém no lixão, por brigas entre pessoas que viviam lá ou desovaroleta pixbetcorpos. Havia muito tráficoroleta pixbetdrogas. Era muito perigoso, mas era o emprego que possuía", relembra.
O catador evitou as brigas e conseguiu fugir das drogas que circulavam no lixão - cola, maconha e cachaça. Começou a estudar com dez anos e parou aos 14, na 4ª série. O primeiro registroroleta pixbetnascimento só veio aos 16 anos.
"Minha faculdade foi a vida. Aos 18 anos continuava no lixão, mas aos 25 anos entendi que precisava mudar aquela realidade. Por coincidência, um futuro prefeitoroleta pixbetPaulista à época e a mulher dele, deputada estadual, começaram a propor uma mudança no lixão, acabando com aquele lugar e criando uma cooperativa. Foi quando minha luta começou para valer."
Nova vida
Carlos André diz que ia a pé do lixão até a Assembleia Legislativaroleta pixbetPernambuco, no centro do Recife - maisroleta pixbet15 quilômetros, sem dinheiro para uma água. Tinha que acompanhar as discussões para desativar o lixão e garantir a criação da cooperativa. Temia que fechassem o local e colocassem as pessoas para fora, sem nenhuma assistência.
"Valeu a pena. Em 2006, criamos uma associaçãoroleta pixbetrecicladores e,roleta pixbet2010, ela virou cooperativa. Tínhamos 350 associados e consegui salvar muitos amigos da vida errada", diz.
O lixão da Mirueira deixouroleta pixbetexistirroleta pixbet2009, e a prefeitura empregou boa parte das famílias na coletaroleta pixbetlixo.
Foi quando a cooperativa começou a ganhar força com o trabalhoroleta pixbetcoleta para reciclagemroleta pixbetplástico, papel e outros tiposroleta pixbetmateriais.
Os trabalhadores da cooperativa agora não lidam mais com o lixo comum. Apenas o reciclável, coletadoroleta pixbetdiversas empresas privadas da região metropolitana do Recife.
O estigma por lidar com o lixo ainda existe, mas como os trabalhadores da cooperativa só tratam com resíduos sólidos (material reciclável). Eles não têm mais contato com os rejeitos e, por isso, os riscosroleta pixbetcontaminação são bem menores.
A cooperativa cresceu e atualmente recolhe,roleta pixbetmédia, 400 toneladasroleta pixbetmaterial reciclável por mês. É uma das maiores do Grande Recife.
Trabalho e lazer
Carlos acorda todos os dias às 4h e organiza as funçõesroleta pixbetcada associado. A partir das 7h, todos estão a postos para o trabalho. O presidente da cooperativa define quem irá fazer a coleta, o carregamento e o descarregamento do material recolhido nas empresas parceiras.
A Coorjopa fechou parceria com várias empresas, que fazem coleta seletivaroleta pixbetsuas instalações e repassam o material, gratuitamente, à entidade. Os associados tiram um salário mínimo por mês. Em 2015, antesroleta pixbeta crise econômica apertar, o salário chegava a R$ 1.300.
Carlos procurou compensar a faltaroleta pixbetestudo formal com cursos técnicos na árearoleta pixbetsustentabilidade. Fez quase 30 deles - quem conversa com o presidente da Coorjopa (Cooperativaroleta pixbetCatadoresroleta pixbetMaterial Recicável João Paulino) percebe que domina o assunto.
Hoje, ele vive na cooperativa, no terreno do antigo lixão. Construiu uma casa e,roleta pixbetlá, vigia todo o material recolhido. Tem até um circuitoroleta pixbetTV no único quarto do imóvel, para monitorar o material que eles recolhem nas empresas e armazenam na cooperativa.
A simplicidade e a vida modesta continuam. Seu idealroleta pixbetum dia livre é passar pescando, mas acaba usando as folgas para consertar caminhões da cooperativa - adora mecânica.
Pairoleta pixbettrês filhos - Aécio, 11, Herik, 13 e Emmilly, 14, todos matriculadosroleta pixbetescolas públicasroleta pixbetPaulista -, Carlos se diz admirador dos empresários Antônio Ermírioroleta pixbetMoraes (1928-2014), fundador do grupo Votorantim, e Abílio Diniz, do grupo Pãoroleta pixbetAçúcar. "São grandes empreendedores, que construíram fortunas com o trabalho."
Ele reconhece a "turbulência econômica grande" no Brasil, mas se diz otimista. "Tenho esperançaroleta pixbetque tudo vai melhorar."
O que alimenta esse sentimento é o futuro que espera o antigo lixão,roleta pixbetfase finalroleta pixbetobras para abrigar a primeira usinaroleta pixbetresíduos sólidos do Norte e Nordeste - o projeto recebeu R$ 34 milhõesroleta pixbetfinanciamento do BNDES (Banco Nacionalroleta pixbetDesenvolvimento Econômico e Social).
"Com ela, nossa vida irá mudar porque o númeroroleta pixbetempregos esperado é alto (quase 500 após a conclusão). A cooperativa também deverá ganhar sede administrativa, relocação do galpãoroleta pixbetreciclagem e uma balança para pesagemroleta pixbetcaminhões. Ou seja, tudo vai ficar melhor", aposta.
Quem recebeu ajudaroleta pixbetCarlos reconhece o esforço. "Minha vida mudou graças a ele. Hoje tiro meu sustento do meu trabalho, crio meu filho, estou pertoroleta pixbetcasa e com perspectivaroleta pixbetmelhorar", diz Leandro João da Silva,roleta pixbet23 anos, um dos cooperados.
Para a donaroleta pixbetcasa Elizabeth Maria da Silva, 61 anos, ex-moradora do lixão, o menino que vivia no lixão "tinha tudo para dar errado". "Mas conseguiu virar homem e traçar seu rumo. Hoje é um homem bom, que ajudou muita gente. Graças a Deus."
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