Assédio não afeta só a vítima, mas todos no trabalho, diz especialista dos EUA sobre caso José Mayer:dfb pokal bwin

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Legenda da foto, As globais Cris Vianna, Drica Moraes, Mariana Xavier, Alice Wegmann, Astrid Fontenelle (apresentadora) e Sophie Charlotte divulgaram imagens suas com camisetadfb pokal bwincampanha

Veja abaixo a entrevista:

dfb pokal bwin BBC Brasil - Quando é que uma empresa deveria começar a investigar uma possível ocorrênciadfb pokal bwinassédio sexual?

dfb pokal bwin Susan Heathfield - Acredito que no minutodfb pokal bwinque qualquer pessoa fica sabendo oficialmente [de uma ocorrência]. Seja porque o funcionário reclamou ao superior, reclamou para o RH, mencionou a um colega — eu penso que a empresa fica então obrigada a conduzir uma investigação séria.

dfb pokal bwin BBC Brasil - Muitas pessoas parecem demandar que a pessoa afetada faça uma queixa, embora isso nem sempre aconteça, já que ele ou ela pode ter vergonha…

dfb pokal bwin Heathfield - Ou estar com medodfb pokal bwinperder seu emprego, especialmente se o assediador for um superior direto. [A pessoa pode estar] preocupada com essa relação [de trabalho], com o que isso significa para o seu emprego e seu futuro.

É por isso que os empregadores inteligentes têm uma política escrita sobre assédio — não só sexual, mas todo tipodfb pokal bwinassédio — ser proibido no localdfb pokal bwintrabalho. E se qualquer funcionário entender que houve, ou ficar sabendo que houve com um colega, com ele próprio ou com quem quer que seja, o HR tem a obrigação imediatadfb pokal bwincomeçar uma investigação.

Isso também seria temadfb pokal bwintreinamento seguido da assinatura dos empregados a cada dois anos, para garantir que isso tudo esteja fresco na cabeça das pessoas o tempo todo.

Porque não é só a pessoa [a vítima] que é afetada pelo assédio, são todos. Acho que esse caso — do ator e das funcionárias fazendo barulho com as camisetas que apoiavam a vítima — , acredito que isso seja evidênciadfb pokal bwinque o assédio não afeta apenas a pessoa envolvida, afeta o localdfb pokal bwintrabalho como um todo, que sabe do que está acontecendo.

dfb pokal bwin BBC Brasil - A figurinista relatou que o assédio ocorria no meiodfb pokal bwinoutras pessoas, inclusive no set. O quão ruim é isso?

dfb pokal bwin Heathfield - Parte da política [contra o assédio] é que as pessoas precisam denunciar esses casos.

Se você tem um localdfb pokal bwintrabalhodfb pokal bwinque os funcionários estão observando esse tipodfb pokal bwincomportamento e não fazendo nada a respeito, você tem uma culturadfb pokal bwinassédio. E isso é prejudicial às pessoas que têm que trabalhar nesse ambiente e não estão à vontade para fazer denúncias.

Eu não vi no artigo que li, mas me pergunto se essa figurinista não tinha feito uma reclamação interna, foi ignorada e, por isso, decidiu levar a história a público. As pessoas não querem se expor publicamente desse jeito a não ser que nada esteja acontecendo [internamente, contra o assediador].

Crédito, MachineHeadz

Legenda da foto, 'Tocar e ter qualquer outro contato corporal, como dar palmadinhas nas costasdfb pokal bwinum colega' é exemplodfb pokal bwinassédio sexual no trabalho

dfb pokal bwin BBC Brasil - Sabemos que ela reclamou internamente, mas não sabemos quais foram os resultados ou se as investigações foram concluídas.

dfb pokal bwin Heathfield - Sim, esse é um dos problemas com qualquer investigação interna, especialmente aquelas relacionadas a assédio sexual. Os funcionários que procuram o RH querem quedfb pokal bwindenúncia seja confidencial. Eles não querem que ninguém saiba dela.

Isso só é possíveldfb pokal bwinacontecerdfb pokal bwinalguns casos. Digamos que temos uma pessoa assistindo a pornografia no computador, dentrodfb pokal bwinseu cubículo, e que o funcionário do cubículo vizinho esteja muito incomodado com isso. A equipedfb pokal bwinTI (Tecnologiadfb pokal bwinInformação) tem como checar o que a pessoa estava fazendo e o RH pode botar essa pessoa para fora da empresa, sem que ela saiba quem reclamou.

Mas no casodfb pokal bwinser tocadadfb pokal bwinmaneira inapropriada, o RH precisa dizer [por exemplo]: "A Jane te acusou". Então o assediador sabe quem está acusando.

Os funcionários que testemunharam o assédio também precisam ser entrevistados. Se não há testemunhas, vira a palavradfb pokal bwinum contra a do outro. E, por mais crível que seja a pessoa fazendo a queixa, o RH pode chegar ao resultadodfb pokal bwin[dizer]: "Sinto muito, mas é adfb pokal bwinpalavra contra a dele e nós não podemos chegar a uma conclusão".

Então quem sabe o que aconteceu [no caso da investigação interna da figurinista]? O resultado seria confidencial. O RH não pode anunciar aos funcionários, isso seria uma violaçãodfb pokal bwinconfidencialidade.

dfb pokal bwin BBC Brasil - Então nem sempre o RH pode dar um retorno à vítima, informando as medidas tomadas contra o assediador?

dfb pokal bwin Heathfield - Isso. Se o RH estiver fazendo o seu trabalho, dirá à vítima que haverá uma investigação interna, entrevistará qualquer pessoa que possa ter visto o comportamento inapropriado, chegará a uma conclusão e decidirá quais serão as consequências para o indivíduo.

Mas você pode nem chegar a ficar sabendo disso, pois todos os funcionários têm o direito a confidencialidade, inclusive os que agiramdfb pokal bwinmaneira errada.

dfb pokal bwin BBC Brasil - Então isso também pode ter influenciado a decisão da figurinistadfb pokal bwinvir a público?

dfb pokal bwin Heathfield - Bem, se ela não viu nada acontecer e se nada mudou, esse poderia ser o caso.

Se o RH tiver feito seu trabalho e confrontado a pessoa sobre o comportamento inapropriado, você poderá ver alguma punição [mesmo sem ser informado]. Poderá ver a pessoadfb pokal bwinquestão sumir do ambientedfb pokal bwintrabalho por um tempo. Você poderá ver que ele não estará na próxima temporada da novela. Poderá reparardfb pokal bwinalguma coisa.

Se a vítima não constatou nada, não teve a sensaçãodfb pokal bwinque acreditaram nela, não teve a sensaçãodfb pokal bwinque algo aconteceria com o seu assediador… Então isso poderia ser um motivo pelo qual alguém decide tornar a situação pública.

Crédito, @gabispo_/Instagram

Legenda da foto, A atriz Luísa Arraes (esq.) e a editoradfb pokal bwinconteúdo Gabriela Bispo participaram da campanha contra o assédio

dfb pokal bwin BBC Brasil - Você disse que é preciso treinar os funcionários periodicamente e fazê-los assinar embaixo da política contra assédio. Essa seria uma ocasião para fazer isso?

dfb pokal bwin Heathfield - Eu acredito que treinamento seja necessário para que as pessoas entendam a gravidade dessas coisas, para que elas entendam as potenciais consequênciasdfb pokal bwinassediar outra pessoa, e para que elas entendam que haverá consequências.

E os funcionários não assinam a política da empresa para indicar que concordam, elas assinam para indicar que elas leram, entenderam e vão agirdfb pokal bwinacordo.

dfb pokal bwin BBC Brasil - Você diria que esse caso da figurinista é uma coisa que infelizmente ocorre muito ou que é um ponto fora da curva?

dfb pokal bwin Heathfield - Olha, você me pergunta isso durante um períododfb pokal bwinque, aqui nos Estados Unidos, nossa maior emissoradfb pokal bwinTV a cabo, a Fox News… Há crescentes acusações emergindo.

Baseadodfb pokal bwintudo o que vi sobre a Fox News, você tem mais uma configuraçãodfb pokal bwinque houve, por muito tempo, uma culturadfb pokal bwinque o assédio é OK, ou é ignorado, ou ao menos não é abordado.

Eu diria que o ambiente aí,dfb pokal bwinque o José [Mayer] fez isso, é muito potencialmente o mesmo tipodfb pokal bwinambiente.

Sobre o quão recorrente é tudo isso, eu só posso falar dos Estados Unidos. Esses tiposdfb pokal bwinacusações são levadosdfb pokal bwinconsideração imediatamente na maioria dos lugares. Então, quando você se depara com esse tipodfb pokal bwincultura como a da Fox News,dfb pokal bwinque isso não acontece, isso me causa um poucodfb pokal bwinsurpresa.

A maioria dos empregadores compreende o significado e a gravidadedfb pokal bwinnão lidar com uma acusaçãodfb pokal bwinassédio.

dfb pokal bwin BBC Brasil - Então o caso da Fox, comparado à posturadfb pokal bwinoutras empresas, é mais uma exceção?

dfb pokal bwin Heathfield - Eu vejo mais como exceção. Talvez seja diferentedfb pokal bwinempresas pequenas ou médias, onde a presença do RH não é muito forte, ou onde não há treinamento contra assédio ou política empresarial registrada sobre isso.

Mas quanto maior a organização, mais provável passa a ser a possibilidadedfb pokal bwinque qualquer acusação assim seja respondida com esforço,dfb pokal bwinque haverá regras escritas,dfb pokal bwinque haverá funcionários bem treinados sobre os cinco ou seis tiposdfb pokal bwinassédio e sobre o que consiste assédio no localdfb pokal bwintrabalho. E elas terão funcionários que se comportam melhor.

No caso da Fox News, comdfb pokal bwincultura do assédio, houve pagamento [referentes a acordos negociados oficialmente] a cinco mulheres que [fizeram acusações contra] um dos principais apresentadores. Porque ele se comportoudfb pokal bwinmaneira inapropriada.

Então eles sabiam que eles tinham essa cultura, eles sabiam que esse tipodfb pokal bwincoisa acontecia. O Roger Ailes [ex-presidente da empresa], e possivelmente seu antecessor, permitiram que essas pessoas se comportassem dessa maneira. Isso está errado.

Crédito, @catarinarangel/Instagram

Legenda da foto, Mulheres que trabalham na Rede Globo aderem à campanha contra o asségio

dfb pokal bwin BBC Brasil - Quais são os cinco ou seis tiposdfb pokal bwinassédio sexual no trabalho que você mencionou?

dfb pokal bwin Heathfield - O primeiro seria fazer piadas ou gestos indesejados, falar palavras ofensivas sobre a roupa que está vestindo, fazer comentários e réplicas indesejados.

O segundo seria tocar e ter qualquer outro contato corporal, como dar palmadinhas nas costasdfb pokal bwinum colega, agarrar um colega pela cintura, bloquear ou interferir com a capacidadedfb pokal bwinum funcionário se mover. Tudo isso seria inapropriado.

[O terceiro seria] Fazer recorrentes pedidosdfb pokal bwinencontro que são rejeitados, ou flertes indesejados.

[O quarto tipo seria] Transmitir ou postar e-mails ou fotosdfb pokal bwinnatureza sexual ou relacionadas a demais tiposdfb pokal bwinassédio. Então sabe aquelas piadinhas sujas que as pessoas ficam trocando por e-mail? Isso é assédio sexual, quando são enviadas ao trabalho.

O próximo tipo seria exibir objetos, imagens ou cartazes sugestivos. O último tipo seria tocar música sugestiva.

E, se você tiver feito treinamento sobre assédio, tudo isso seria explicado extensamente e com exemplos,dfb pokal bwinmodo que não teria nenhum jeitodfb pokal bwinum funcionário não saber o que é que ele está fazendo.

dfb pokal bwin BBC Brasil - E os funcionários assinam para demonstrar que leram e que sabem do que se trata?

dfb pokal bwin Heathfield - Sim. E [para demonstrar] que entendem as consequênciasdfb pokal bwinparticipardfb pokal bwinqualquer atividade que tenha naturezadfb pokal bwinassédio.