Maioria entre gamers no Brasil, mulheres enfrentam preconceito e assédio:pixbet denuncia

Cristina Olakristal

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Cristina 'Olakristal' Santos foi alvo da irapixbet denunciahaters ao invadir o mundo 'masculino' dos games

Em 2015, Vittória realizou o sonhopixbet denunciase tornar uma atleta profissionalpixbet denunciaLeague of Legends (LoL) após ser selecionada entre maispixbet denunciaseis mil candidatos. Sua escalação, como já erapixbet denunciaesperar, suscitou protestos.

Muitos questionavam a capacidadepixbet denunciauma gamerpixbet denunciaapenas 14 anos, outros diziam quepixbet denunciaescolha teria sido jogadapixbet denunciamarketing.

"Minha mãe conta que, infelizmente, esse preconceito vempixbet denuncialonge", relata Vittória. "Quando criança, ela não podia jogar videogame porque era considerado um brinquedopixbet denunciamenino".

"Quando comecei a jogar, tive amigos que ficaram enciumados, diziam que eu não tinha potencial e, sempre que podiam, me colocavam para baixo. Procurei me distanciar deles".

Vittoria

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, 'Quando comecei a jogar, tive amigos que ficaram enciumados, diziam que eu não tinha potencial e, sempre que podiam, me colocavam para baixo', conta Vittoria

'Pega uma cerveja'

Um levantamentopixbet denuncia2012 revela que 63% das 874 jogadoras entrevistadas pelo blog PriceCharting já sofreram assédiopixbet denunciajogos online. Em alguns casos, as jogadoras são obrigadas a ouvir comentários machistas do tipo "Volta pra cozinha, volta!", "Já terminoupixbet denuncialavar a louça?" ou, então, "Pega uma cerveja pra mim". Em outros, são vítimaspixbet denunciapropostas indecentes e cantadas ofensivas.

"Como qualquer garota gamer, já sofri assédio, preconceito e xingamento. Mas, ao contrário da maioria, resolvi lidarpixbet denunciamaneira diferente: as ofensas servempixbet denunciaincentivo para melhorar meu desempenho e conquistar meu espaço", diz a paulistana Pamella "Pan" Shibuya, 23.

Por causa do assédio, 35% das jogadoras optaram por dar um tempo no joystick. Outras 9% tomaram uma decisão mais drástica: mudarampixbet denunciahobby. Por essas e outras, a goiana Carol "Mystique" Melo, 27, adotou algumas estratégiaspixbet denunciasobrevivência na selva online: uma delas é usar "nickname" masculino para despistar os misóginos virtuais. Outra é desligar o microfone quando não conhece os demais integrantes do time.

"No mundo dos games, não existe sexo forte ou frágil. Jogamospixbet denunciaigual para igual. Mesmo assim, sofro pressão, não sópixbet denunciajogadores, maspixbet denunciaespectadores e patrocinadores. Se meu time joga mal, sou sempre a culpada!", queixa-se Carol que,pixbet denuncia2014, representou o Brasil no CrossFire Stars 2, a Copa do Mundo da modalidade, realizadopixbet denunciaChengdu, na China.

'Praticamente só existia a Lara Croft'

Para muitos, entre as razões para tanta resistência a mulheres nesse universo está a sub-representação feminina nos videogames.

A fundadora do blog Feminist Frequency (Ativismo Feminista), a canadense-americana Anita Sarkeesian, 33 anos, há anos critica a representação machista e estereotipada da figura feminina na cultura pop,pixbet denunciaparticular nos videogames.

Em uma sériepixbet denunciavídeospixbet denunciaque comenta o assunto, ela diz que, na maioria dos jogos, as mulheres não passampixbet denunciaprêmios, vítimas ou objetos sexuais. Em umpixbet denunciaseus vídeos mais famosos, Anita detona o mais recorrente dos clichês das narrativas digitais: o da donzelapixbet denunciaperigo.

A forte reação aos vídeospixbet denunciaAnita defendendo a igualdadepixbet denunciagênero nos videogames dá uma ideia da misoginia que ronda esse mundo. Ele enfrentou uma violenta ondapixbet denunciaassédio e ódio online, com ameaçaspixbet denunciaestupro e morte, e teve informações pessoais distribuídas por hackers.

Ela chegou a terpixbet denunciacancelar uma palestra na Universidade Estadualpixbet denunciaUtah (EUA), depois que os administradores do campus receberam uma ameaçapixbet denunciaataquespixbet denunciaintegrantes do movimento virtual GamerGate.

Carol

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, 'No mundo dos games, não existe sexo forte ou frágil. Jogamospixbet denunciaigual para igual' , afirmou Carol

A psicóloga Ivelise Fortim, da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), diz que "em geral, as mulheres não se reconhecempixbet denunciapersonagenspixbet denunciavideogame: seja porpixbet denunciaexcessiva fragilidade, seja porpixbet denunciahipersexualização", mas vê sinaispixbet denunciamudanças.

"Hojepixbet denunciadia, temos muito mais jogos protagonizados por heroínas do que há alguns anos, quando praticamente só existia a Lara Croft, da série Tomb Raider."

E, mesmo assim, o númeropixbet denunciamulheres fortes, destemidas e que conseguem se virar sozinhas ainda é bastante reduzido nos games. Em 2012, a Design e Pesquisapixbet denunciaEntretenimento Eletrônico (EEDAR,pixbet denunciainglês), uma empresapixbet denunciaconsultoria especializadapixbet denunciagames, teve a curiosidadepixbet denunciaanalisar 669 títulos com protagonistaspixbet denunciagênero reconhecível e constatou que apenas 24 deles (menospixbet denuncia4%) tinham mulheres como protagonistas exclusivas.

Já são maioria

Na comunidade brasileirapixbet denunciaeSports, meninas como Cristina, Vittória, Pamella e Carol deixarampixbet denunciaser minoria. Segundo dados da Pesquisa Game Brasil 2016, as mulheres já representam 52,6% dos jogadores brasileiros. Um ano antes, eram 47,1%.

Realizadapixbet denunciafevereiropixbet denuncia2016 pela agênciapixbet denunciatecnologia Siouxpixbet denunciaparceria com a Blend New Research e a ESPM, o estudo aponta ainda que 34% têm entre 25 e 34 anos, 55% preferem jogospixbet denunciaestratégia e 80% curtem jogar com os filhos.

A crescente participação do público feminino na comunidade gamer já pode ser notada no Brasil Game Show (BGS), a maior feirapixbet denunciajogos eletrônicos da América Latina. "Na última edição, 28% do público eram mulheres", calcula Marcelo Tavares, fundador e CEO da BGS.

Até pouco tempo atrás, elas só iam ao evento para fazer companhia aos maridos, filhos e amigos. Hoje, testam novos títulos, disputam torneios virtuais, etc.

"Precisamos entender que não há jogos para homens ou jogos para mulheres. Há ótimos jogos que podem e devem ser apreciados por jogadorespixbet denunciaambos os sexos, sem preconceito ou discriminação", defende Marcelo.

Women Up

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Legenda da foto, A Women Up Games promove a inclusãopixbet denunciamulheres, tanto jogando, quanto desenvolvendo na indústria do videogame.

Se o índicepixbet denunciajogadoras já passou da metade, opixbet denunciajogos desenvolvidos por mulheres não chega a 10%. Por isso, a designerpixbet denunciagames Ariane Parra resolveu fundar,pixbet denuncia2014, a Women Up Games, que promove a inclusãopixbet denunciamulheres, tanto jogando quanto desenvolvendo, na indústria do videogame.

A start-up organiza desde palestras sobre a representatividade feminina no universo online até workshops para desenvolvimentopixbet denuncianovos títulos.

"Podemos ser diferentespixbet denunciamuitos aspectos, mas, pelo menos, temos algopixbet denunciacomum: o amor pelos games. Se, um dia, nós conseguirmos mostrar para o público feminino, cis e trans que jogar todo mundo junto é muito mais divertido, teremos atingido nosso objetivo", ambiciona Ariane.