Políciabetway mmaSP vê aumentobetway mmamovimentação neonazista e identifica grupos:betway mma
Grupos que ficaram conhecidos no Estado por se envolverembetway mmaconflitos nas décadasbetway mma1980 e 1990, como os Carecas do ABC ou Carecas do Subúrbio ainda existem como movimentos e juntos englobam até 250 membros. Mas atualmente não estariam mais envolvidosbetway mmaatividades violentas, se dedicando prioritariamente a eventos musicais e ações sociais.
Uma das atividades dos bandos Kombat Rac, Front 88 e Impacto Hooligan seria a promoçãobetway mmabrigas contra grupos rivais, conhecidos como "antifascistas", que também fazem uso da violência. Em geral, esses oponentes são seguidoresbetway mmaideologia anarquista, punks e os chamados black blocks - que ficaram conhecidos a partirbetway mma2013 por participarem com violênciabetway mmaprotestos contra a Copa do Mundobetway mma2014 e contra as tarifas do transporte público.
Porém, a maioria dessas brigas quase nunca chega imediatamente ao conhecimento da polícia, pois a maioria das gangues prefere arquitetar vinganças a procurar as autoridades, segundo os policiais.
Ou seja, ataques físicos a minorias como homossexuais, negros e judeus se tornaram menos comuns do que as brigas entre os grupos rivais.
Propaganda antissemita
Segundo a antropóloga Adriana Dias, doutoranda da Unicamp e especialistabetway mmaestudos sobre neonazismo, os grupos neonazistas brasileiros se reúnem para praticar três tipos principaisbetway mmaatividades: propaganda e ciberativismo (produçãobetway mmasites, revistas, colagembetway mmacartazes), atividades "de rua", que incluem pichações e brigas contra grupos rivais e também reuniões (que vãobetway mmaconcertos musicais a treinamentos paramilitares).
No caso mais recente investigado pelo Decradi, um rabinobetway mmaSão Paulo descobriu cartazesbetway mmacaráter antissemita coladosbetway mmalocais públicos do centro da cidade. O religioso publicou no Facebook um vídeo no qual retiravabetway mmaum poste um cartaz onde era possível ler: "Com judeus você perde". Elebetway mmaseguida desafiava os autores a se mostrarem.
A resposta veio dias depois: integrantes do grupo Kombat Rac fizeram outro vídeo, com mais conteúdo antissemita.
"Em resposta ao rabino que veio até a (rua) Augusta e disse pra gente vir às ruas e fazer isso (...) nós estamos aqui e viva São Paulo", disse um dos integrantes do grupo na gravação.
O vídeo neonazista foi divulgado inicialmentebetway mmagrupos fechadosbetway mmaWhatsApp, mas acabou se tornando viral na internet e chegou às mãos da polícia. Das oito pessoas que apareciam no vídeo, quatro foram identificadas (um dos suspeitos tinha menosbetway mma18 anos).
A polícia encontrou armas brancas e muito materialbetway mmapropaganda nas casas dos suspeitos - como livros, DVDs e panfletos nazistas - , alémbetway mmaroupas e adereços característicos da gangue. Três deles foram interrogados ebetway mmaseguida libertados para responder ao inquéritobetway mmaliberdade, por decisão da Justiça. O rabino passou a ser ameaçado.
Segundo a delegada Kelly Andrade, chefe da Divisãobetway mmaProteção à Pessoa da Polícia Civil, indivíduos suspeitosbetway mmapertencerem a gangues neonazistas com essas características podem ser indiciados pelos crimesbetway mmapreconceito (lei 7.716, que prevêbetway mmaum a três anosbetway mmaprisão e multa) e associação criminosa (de quatro a oito anosbetway mmareclusão).
Cenário político
Mas o que fez os grupos neonazistas ficarem mais ativos recentemente?
Uma das causas pode ter sido o cenário político no Brasil e no exterior.
Internamente, é possível destacar o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e a ascensãobetway mmapolíticos que adotam discurso radicalbetway mmadireita no Congresso.
No exterior, eventos como a eleição do republicano Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos e o fortalecimentobetway mmapartidos populistas com visõesbetway mmaextrema-direita na Europa poderiam encorajar adeptos do neonazismo a se manifestar.
"O fato da direita estar voltado ao poder faz os neonazistas se sentirem mais confiantes para atacar os menos favorecidos", afirmou a antropóloga Adriana Dias.
"(Os neonazistas dos) Estados Unidos se consideraram parte da vitóriabetway mmaTrump. No Brasil, os neonazistas daqui comemoraram a derrota do PT, porque era a derrota do comunismo'", disse ela.
Thiagobetway mmaOliveira, presidente da organização SaferNet Brasil - que promove a utilização da internetbetway mmaforma segura e ética - afirmou à BBC Brasil que a elevação recente da atividadebetway mmacaráter neonazista também pôde ser sentida no ambiente da rede mundialbetway mmacomputadores.
Segundo ele, a tendência começou há cercabetway mmadois anos com o fortalecimentobetway mmapolíticos brasileiros que usaram discursos contra minorias com os quais os neonazistas se identificaram. Nos últimos seis meses, parece ter ocorrido um recrudescimento dessa atividade neonazista, segundo ele.
"Eles se sentem legitimados quando veem um parlamentar com esse tipobetway mmadiscurso. Estão sendo criados mais perfis e mais fóruns (ligados ao neonazismo)", disse.
Segundo seu levantamento mais recente, a SaferNet recebeu denúncias contra 23.093 páginasbetway mmainternet com conteúdo neonazista entre 2006 e 2015.
De acordo com Dias, na internet os alvos preferidos dos neonazistas têm sido membros da comunidade LGBT, ativistasbetway mmadireitos humanos e do feminismo.
Instabilidade econômica
Já a professora da Faculdadebetway mmaHistória da Universidadebetway mmaSão Paulo (USP) Maria Luiza Tucci Carneiro disse à BBC Brasil que a atividadebetway mmagrupos neonazistas não está relacionada diretamente ao cenário político e ao avanço da extrema direita.
Segundo ela, esses grupos já operam no Brasil há muitos anos e seu desenvolvimento está mais ligado a uma crisebetway mmavalores normalmente provocada por situaçõesbetway mmadesemprego, corrupção e instabilidade econômica - associadas a deficiências educacionais da população.
"Esse fenômeno não é específico da situação políticabetway mmahoje", afirmou ela.
Carneiro afirmou, por exemplo, que o desenvolvimento desses grupos foi comum na décadabetway mma1980 devido à instabilidade econômica. Segundo ela, os grupos neonazistas criam um discurso no qual culpam minorias e grupos específicos pelos problemas da sociedade, como a faltabetway mmaemprego.
Historicamente, alguns desses alvos têm sido negros, judeus, homossexuais e nordestinos.
Isso explica o fatobetway mmamuitos integrantes dos gruposbetway mmaintolerância serem eles próprios jovens mulatos e mestiços que, uma vez cooptados, passam a se manifestar contra negros, por exemplo.
Diversos Estados
Segundo a antropóloga Adriana Dias, o florescimentobetway mmagrupos neonazistas no Brasil seria também favorecido por um ambiente social que combina fatores como o racismo, a presençabetway mmauma elite segregacionista e uma alta concentraçãobetway mmarenda nas mãosbetway mmapoucos.
E eles não estão presentes somentebetway mmaSão Paulo. Segundo os especialistas ouvidos pela BBC Brasil, há grupos ativos especialmente no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e no Distrito Federal.
Dias estuda há 14 anos o tema dos grupos neonazistas brasileiros. Segundo ela, a maioria deles há muitos anos se inspirabetway mmagrupos neonazistas dos Estados Unidos. Mais recentemente, disse ela, eles também vêm sendo influenciados por movimentos surgidos na Rússia e no leste europeu - devido à facilidadebetway mmatraduçãobetway mmamaterialbetway mmaoutras línguas por meiobetway mmasoftwares e ferramentas online.
Segundo ela, há uma dezenabetway mmatiposbetway mmamovimentos neonazistas. Alguns têm caráter xenófobo, anti-LGBT,betway mmaidentidade cristã,betway mmanegação do holocausto, entre outros.
No Brasil predominariam três correntes: "White Power",betway mmacaráter nacionalista, "Skinhead racista" - uma deturpação da cultura Skinhead (cabeça raspada)betway mmaorigem trabalhadora que se desenvolveu entre as décadasbetway mma1960 e 1980 - e também "Música Racista ou Rock contra o Comunismo".
O grupo Kombat Rac, alvo da operação da polícia na semana passada, pertence à corrente "Rock contra o Comunismo", que surgiubetway mmaum movimento musical originado na Grã-Bretanha para se opor ao "Rock contra o Racismo".
Segundo policiais ouvidos pela BBC Brasil, grupos como o Kombat Rac se estruturambetway mmatorno da figurabetway mmaum líder. Os integrantesbetway mmageral sãobetway mmaclasse média oubetway mmacamadas sociais menos favorecidas.
Diferentebetway mmasuas rivais dos movimentos antifascistas - que se reúnembetway mmagrandes grupos - os neonazistas agembetway mmapequenas células e podem ser reconhecidos visualmente por tatuagens com símbolos associados ao nazismo ou à mitologia nórdica - como cruzes suásticas e números que possuem determinada simbologia.
Na opiniãobetway mmaDias, o combate ao preconceito pregado pelos grupos neonazistas passa por uma maior integração entre as polícias dos Estados e a Polícia Federal, mais recursos materiais para os policiais e até leis específicas contra crimesbetway mmaódio - adicionais à leis já existentes contra o racismo e o preconceito.