'Lugarbetway betyetumulher é na obra': o projeto que ensina mulheresbetway betyetubaixa renda a reformar as próprias casas:betway betyetu

Crédito, Bruno Figueiredo/BBC

Legenda da foto, Paula Martins da Silva, moradora da ocupação Dandara,betway betyetuBelo Horizonte, integra turma atualbetway betyetuprojeto que ensina mulheres a planejar e executar reformasbetway betyetucasa

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Legenda da foto, Vista geral da ocupação Dandara,betway betyetuBelo Horizonte, e detalhe do planejamentobetway betyetuocupação do solo da área, feito por equipes da UFMG e PUC-MG com lotesbetway betyetutamanhos iguais, áreas coletivas ebetway betyetupreservação

O projeto, batizado Arquitetura na Periferia, nasceu da pesquisabetway betyetumestradobetway betyetuCarina e já soma bons resultados e apoio internacional.

A primeira edição ocorreu entre setembrobetway betyetu2013 e junhobetway betyetu2014, com três famílias. Por dez meses, a arquiteta fez visitas semanais ao terreno, batizado ocupação Dandara, para se encontrar com as futuras "mestresbetway betyetuobras".

Logo nas primeiras reuniões, as moradoras receberam um "kit levantamento" para que pudessem desenhar e medir as próprias casas: pasta, trena, prancheta, lápis, caneta, borracha, apontador, papel branco, manteiga e vegetal, blocobetway betyetunotas, etiquetas, um roteirobetway betyetutrabalho e uma máquina fotográfica.

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Legenda da foto, Flávia Fonseca dos Santos, participante da segunda edição do projeto, com planta da casa que ela mesma desenhou

Nos encontros seguintes, avaliaram problemas e planejaram soluções. Adriana queria colocar acabamentos e mudar a configuraçãobetway betyetusua casabetway betyetu60m2. Ana Paula sonhavabetway betyetuabrir novos cômodos, ter piso e estrutura hidráulica.

Mão na massa

Na horabetway betyetuconciliar os orçamentos com a verba disponível (R$ 9 mil emprestados por Carina e R$ 3 mil que as participantes economizaram juntas), as alunas da primeira turma sugeriram que aprendessem a fazer as reformas para economizar com mãobetway betyetuobra.

Foram dois diasbetway betyetutrabalho práticobetway betyetutécnicasbetway betyetuconstrução com a pedreira Cenir: quanto cimento e areia devem ser colocados no reboco, como peneirar a areia, qual é a forma certabetway betyetuusar o prumo. Quem jogava reboco na parede sem deixar a massa cair no chão ganhava aplausos das colegas.

Adriana, que faz trabalhos eventuais como faxineira, conseguiu fechar uma parede embetway betyetucasa e abrir outra. Assim, não precisou mais atravessar o quarto do filho adolescente para chegar ao seu. Fez reboco e piso na casa toda, pintou as paredes.

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Legenda da foto, Adriana Silva fez o reboco e pisobetway betyetucasa e resolveu problemabetway betyetuter que passar por dentro do quatro do filho adolescente antesbetway betyetuchegar ao seu

"Levantar parede foi o que mais gostei. Veio uma professora, aquela mulher é demais. Eu vivo sozinha, e vi que podia fazer o que queria sem precisarbetway betyetuoutra pessoa,betway betyetuum homem para ajudar", afirma.

Na casabetway betyetuAna Paula, demolição e alvenaria. Levantaram a paredebetway betyetuum quarto, reduziram o banheiro e construíram a parede da cozinha, tirando o fogão da sala.

"Nunca tinha imaginado colocar a mão na massa e falar 'eu que fiz'. O fatobetway betyetuser uma mulher (pedreira ensinando) aumentou nossa autoestima, pensávamos 'nossa, mulher pode fazer o que quiser, basta querer'", lembra a moradora.

A idealizadora do projeto diz ter optado por trabalhar exclusivamente com mulheres por apostar, entre outros pontos, que isso facilitaria o relacionamento e a criaçãobetway betyetulaçosbetway betyetuconfiança.

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Legenda da foto, A arquiteta Carina Guedes com a filhabetway betyetudez meses; opção por formar grupos exclusivosbetway betyetumulheres, diz, busca 'tornar experiência menos intimidadora e mais informal'

Também pesquisara experiênciasbetway betyetufinanciamento que mostravam que mulheres tendem a se comprometer mais do que os homens com o bem-estar da família.

"Tinha receiobetway betyetuque as mulheres se inibissem com homens, pois os homens tendem a achar que sabem mais. Quando participeibetway betyetucursos semelhantesbetway betyetuoutros ambientes, os homensbetway betyetugeral tomavam as falas", afirma a arquiteta.

A ideiabetway betyetutrabalharbetway betyetuesquemabetway betyetumicrocrédito aliviou o bolso das mulheres, que desembolsavam cercabetway betyetuR$ 150 por mês para pagar o empréstimo feito por Carina. Também fortaleceu os laços do grupo, afirmam as envolvidas, já que todo o dinheiro ficava na contabetway betyetuuma delas.

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Legenda da foto, "Nunca tinha imaginado colocar a mão na massa e falar 'eu que fiz'", diz a moradora Ana Paula Souza

Lições e próxima etapa

Para viabilizar a segunda turma do projeto, Carina passou a integrar a associação Arquitetos Sem Fronteiras, que trabalha com transformação social pela arquitetura, e conseguiu apoio da ONG internacional Brazil Foundation.

Quatro outras mulheres já estão trabalhando nas reformas na Ocupação Dandara, com R$ 5 mil para microfinanciamento, e outro grupo será formadobetway betyetuoutra ocupação da cidade.

"Eu desenhei minha casa, estou me admirando por isso. Quando levei o desenho na lojabetway betyetucerâmica, o rapaz até me perguntou se tinha feito curso", diz Flávia dos Santos, 36 anos, da turma atual do projeto.

O objetivo da idealizadora é transformar o Arquitetura na Periferiabetway betyetunegócio social e incorporar conhecimentosbetway betyetuoutras áreas para melhorar a qualidadebetway betyetuvida das famílias usando recursos disponíveis na região.

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Legenda da foto, Participantesbetway betyetuprojeto usaram pequenas figuras para visualizar disposiçãobetway betyetumóveisbetway betyetucasa

"O que faço é uma microintervenção, mas os moradores precisambetway betyetumuitos outros tiposbetway betyetuapoio, como psicólogos e médicos. As pessoas têm uma visãobetway betyetuque estou sendo uma espéciebetway betyetuMadre Teresabetway betyetuCalcutá, como se fosse boazinhabetway betyetuestar fazendo isso. Mas na verdade estamos tentando ampliar a atuação do arquiteto para uma demanda que é real e urgente."

O déficit habitacional no Brasil erabetway betyetu6 milhõesbetway betyetumoradiasbetway betyetu2014, segundo estudo da Fundação João Pinheiro.

Minas Gerais tem o segundo déficit do país (529.270 moradias), atrás apenasbetway betyetuSão Paulo, e famílias com renda mensalbetway betyetuaté três salários mínimos, como as do projetobetway betyetuBH, somam 84% das pessoas sem casa.

Apesar dos avanços, a situação das moradoras beneficiadas pela iniciativa na ocupação ainda ébetway betyetuinsegurança jurídica. Uma construtora reivindica a posse da área, e o caso se arrasta na Justiça desde 2009.

"Não posso dizer que é impossível ter despejo, mas hoje a Dandara está muito mais consolidada do que outras ocupações. No começo as pessoas tinham esse medo, mas estamos mais confiantes", afirma Ana Paula.

O impacto do projeto também parece ir mais fundo nas ruasbetway betyetuterra da ocupação. Em uma palestra sobre a iniciativa na Escolabetway betyetuArquitetura da UFMG (Universidade Federalbetway betyetuMinas Gerais), Luciana da Cruz, da primeira turma, disse que deixoubetway betyetualisar os cabelos e hoje se sente mais bonita.

"Se mudo o espaçobetway betyetuque estou, vou me mudando também. Também fiz pequenas reformasbetway betyetumim", disse.

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Legenda da foto, Entrada da área da ocupação e casabetway betyetuobras na região; maioria das casasbetway betyetualvenaria foi erguidabetway betyetuprocessobetway betyetumutirão