A polarização revelada pela disputa mais feroz da história moderna dos EUA:real zaragoza palpite
"A campanha legitimou algumas das visões racistas, misóginas e xenófobas que infelizmente estão presentesreal zaragoza palpiteboa parte do país".
Estados (des)Unidos
Especialistas apontam que as bases eleitoraisreal zaragoza palpiteClinton e Trump mostram como os Estados Unidos se encontra dividido e polarizado atualmente.
De forma geral, os eleitores da democrata vivem principalmente nas grandes cidades, têm educação superior e defendem o liberalismo cultural, enquanto os do republicano estão mais nas zonas rurais, têm menos educação e são mais conservadores.
Mas pesquisas mostram ainda outros recortes: hispânicos, afro-americanos, jovens e mulheres apoiam majoritariamente Hillary Clinton; brancos, maioresreal zaragoza palpite65 anos e homens estão concentrados com Trump.
Cushing afirma que essas estatísticas se confirmam também na geografia e sugerem que os Estados Unidos seguem uma tendênciareal zaragoza palpiteque as pessoas vão morar e votarreal zaragoza palpitelocais mais próximos daqueles que pensamreal zaragoza palpiteforma parecida - um fenômeno analisado por ele e Bill Bishop no livro "The Big Sort", publicadoreal zaragoza palpite2008.
Os últimos dias da campanha estão sendo um reflexo dessa realidade, com as sondagens mostrando uma definição ajustada e os candidatos concentrados nos estados cujo resultado é incerto.
Clinton e o presidente Barack Obama buscaram mobilizar os eleitores nas zonas com forte presençareal zaragoza palpitehispânicos e negros - comunidades onde, segundo Hillary, o rival Trump seria uma ameaça.
Ao longo da campanha, Trump se irritou com os eleitores latinos e chegou a classificar os imigrantes mexicanos como criminosos e estupradores e prometeu deportar os que vivem ilegalmente nos Estados Unidos. Ele também falou sobre um eventual veto à imigraçãoreal zaragoza palpitemuçulmanos.
Raça ou economia?
Muitos consideram alarmante que milhõesreal zaragoza palpiteamericanos estejam dispostos a votarreal zaragoza palpitealguém como Trump, que já foi chamadoreal zaragoza palpitexenófobo e racista.
Mas o sociólogo Frank D. Bean, professor da Universidade da Califórniareal zaragoza palpiteIrvine, destaca que o apoio a Trump se deve menos ao sentimento anti-imigração e mais à paralisação e queda das receitas que afeta grande parte dos trabalhadores menos qualificados há alguns anos.
"As pessoas estão frustradas com a situação econômica que vivem e com o fatoreal zaragoza palpiteque aqueles que têm educação superior os olhemreal zaragoza palpitecima e culpam a imigração", afirmou Bean, especialistareal zaragoza palpiterelações étnicas e raciais.
Além disso, as tensões raciais entre brancos e americanos cresceram a partir do governoreal zaragoza palpiteObama, o primeiro presidente negro da história do país.
Um estudo do Pew Research Center mostrou,real zaragoza palpitejunho, que 61% dos negros entrevistados acreditam que as relações raciais não vão bem nos EUA. Os dados mostraram ainda que os brancos ganham significativamente melhores salários e têm melhor educação que os afro americanos.
Os incidentes violentos entre policiais e negros nos últimos meses,real zaragoza palpiteparalelo à campanha, demonstraram a sensibilidade do tema, que desafia autoridades e candidatos.
Tempos difíceis
A classe política americana parece pouco interessadareal zaragoza palpitereduzir essas divisões. Clinton cuidou muito dareal zaragoza palpiteretórica do que Trump, mas chegou a dizer que metade dos eleitores do republicano estariam numa "cestareal zaragoza palpitedeploráveis", mas logo se desculpou.
Trump, porreal zaragoza palpitevez, classificou Clinton como uma "mulher desagradável" no último debate entre os dois e o segundoreal zaragoza palpiteque defendeu que, caso seja presidente, ela iria presa.
Declaraçõesreal zaragoza palpiteque ele não aceitaria um eventual triunfo eleitoralreal zaragoza palpiteClinton e suas insinuaçõesreal zaragoza palpiteque a eleição poderiam estar fraudadas geraram temoresreal zaragoza palpitepossíveis incidentes violentos após a votação.
Essa semana, Trump afirmou que uma vitóriareal zaragoza palpiteClinton desataria uma "crise institucional" sem precedentes e paralisaria o governo.
Algunsreal zaragoza palpiteseus aliados, como o ex-prefeitoreal zaragoza palpiteNova Iorque Rudy Giuliani foi ainda mais longe e afirmou que Clinton seria submetida a um juízo politico ereal zaragoza palpitecandidatura imputada.
Além disso, a decisão do FBI, a polícia federal americana,real zaragoza palpitereabrir uma investigação sobre um servidorreal zaragoza palpitee-mails usado por Clinton enquanto era secretáriareal zaragoza palpiteEstado gerou mal estar dentro do Departamentoreal zaragoza palpiteJustiça, segundo órgãosreal zaragoza palpiteimprensa no país.
Tudo isso - e muito mais - levou diferentes analistas a considerar esta comio a campanha mais amarga da história moderna dos Estados Unidos,real zaragoza palpitedifícil digestão por parte dos eleitores.
Uma pesquisa New York Times/CBS News divulgada nesta semana apontou que maisreal zaragoza palpiteoitoreal zaragoza palpitecada 10 eleitores dizem que a campanha causou mais decepção que excitação,real zaragoza palpitemeio a um marreal zaragoza palpitedúvidas sobre a capacidade do vencedorreal zaragoza palpitereunificar o país.
"Se seguirmos tendo o tiporeal zaragoza palpitepolarização política que faz com que um dos partidos se negue a se comprometer com o outro, vai ser muito difícil para o novo presidente, seja quem for", analisa Bean.
"O país esteve muito divididoreal zaragoza palpiteoutros momentos da história e sobreviveu. Mas acredito que esses podem chegar a ser tempos muitos difíceis", concluiu. Há uma certeza sobre as eleições da próxima terça-feira nos Estados Unidos: não importa quem ganhe, o próximo presidente terá que lidar com um país extremamente dividido depoisreal zaragoza palpiteuma campanha que se caracterizou por uma ferocidade fora do comum.