Os argumentosMoro para a prisão preventivaCunha:

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Legenda da foto, Eduardo Cunha foi presoBrasília e levado a Curitiba

O ex-deputado federal e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi presoBrasília nesta quarta-feira por determinação do juiz federal Sérgio Moro.

Um dos homens mais poderosos do país há até pouco tempo - e um dos protagonistas do processo que levou ao impeachmentDilma Rousseff -, Cunha é acusado pela Operação Lava Jatocorrupção, lavagemdinheiro e evasãodivisas.

Em comunicado, o Ministério Público Federal (MPF) afirma que pediu a prisão porque o peemedebista poderia atrapalhar o andamento dos processosque é acusado e fugir do país, por possuir recursos no exterior e ter dupla cidadania (brasileira e italiana).

"Enquanto não houver rastreamento completo do dinheiro e a total identificaçãosua localização atual, há um riscodissipação do produto do crime, o que inviabilizará arecuperação. Enquanto não afastado o riscodissipação do produto do crime, presente igualmente um risco maiorfuga ao exterior, uma vez que o acusado poderia se valerrecursos ilícitos ali mantidos para facilitar fuga e refúgio no exterior", afirmou Moro no despachoque aceitou o pedido dos procuradores.

Moro determinou o congelamentocontas bancáriasCunha.

O juiz assumiu o caso do ex-deputado após ele ter sido cassado13setembro passado, o que fez com que perdesse o foro privilegiado conferido a parlamentares. Com isso, o processo deixou o Supremo Tribunal Federal e foi para a primeira instância, na Justiça Federal do Paraná. Por ser preventiva, a prisão tem prazo indeterminado. Cunha embarcouavião da PF a caminhoCuritiba.

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O ex-deputado nega as acusações. Em nota divulgada por seus advogados, Cunha diz que "trata-seuma decisão absurda, sem nenhuma motivação e utilizando-se dos argumentosuma ação cautelar extinta pelo Supremo Tribunal Federal".

"A referida ação cautelar do Supremo, que pedia minha prisão preventiva, foi extinta e o juiz, nos fundamentos da decretaçãoprisão, utiliza os fundamentos dessa ação cautelar, bem comofatos atinentes a outros inquéritos que não estão sobjurisdição, não sendo ele juiz competente para deliberar", afirma a nota.

Cunha diz que seus advogados "tomarão as medidas cabíveis" para reverter a decisão.

No comunicado sobre o pedidoprisão, MPF lista seis momentosque, segundo órgão, Cunha teria demonstrado a disposição"atrapalhar as investigações, utilizando-se inclusiveterceiras pessoas".

Entre os exemplos citados estão a demissãoum funcionário da Câmara que forneceu provas contrárias a Cunha, manobras no ConselhoÉtica que buscariam enterrar o processo que pedia a cassação do deputado e ameaças e ofertaspropina relatadas pelo deputado Fausto Pinato (PRB-SP), primeiro relator do processo contra Cunha no ConselhoÉtica.

Legenda do vídeo, "A querida já foi", disse Eduardo Cunha após ter mandato cassado,13setembro

Ao ordenar a prisão preventiva do ex-deputado, Moro citou "caráter serial" dos crimesque ele é acusado. Cunha responde a um processo que investiga denúnciaspropina na compraum campo petrolífero no Benin, no oeste africano, e outro processo que apura denúnciascorrupção e lavagemdinheiro na aquisiçãonavios-sonda da Petrobras.

"O ex-parlamentar federal figuradiversas outras investigações relacionadas a crimescorrupção e lavagemdinheiro, o que indica que aliberdade constitui risco à ordem pública, tendovista a reiteração delitiva num contextocorrupção sistêmica", diz a Procuradoria.

O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais aliadosCunha, disse à BBC Brasil estar "triste" com a prisão do ex-deputado.

Marun ganhou destaque na votação que decidiu pela cassação do mandato do ex-presidente da Câmara. O defensor solitárioCunha afirma que "a decisão deixouser política e se tornou jurídica".

"O caso saiu da seara do parlamento e foi para o tribunal", disse o peemedebista.

Questionado sobre a possibilidadedelação premiadaCunha, Marun disse que o parlamentar nunca "disse a pessoas próximas que o faria".

"Conversamos na última vez no aniversário dele (fimsetembro). Ele estava tranquilo, não conversou sobre política."

O senador petista Lindbergh Farias (RJ) afirmou que uma possível delação premiadaEduardo Cunha abreviaria o mandato do presidente Michel Temer.

"Uma delaçãoEduardo Cunha não deixa pedra sobre pedra deste governo e seus ministros. Eduardo Cunha é sócioMichel Temer e eu espero que agora preso ele revele os bastidores envolvendo o PMDB. Vamos esperar os próximos passos, mas já estava passando da hora", disse Lindbergh.

O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou emconta no Facebook que "Cunha já era cachorro morto" e que a prisão do ex-deputado "pode ser jogadaMoro para criar ambiente para uma prisão arbitráriaLula".