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Como drama pessoal levou advogado a largar carreira para criar a 1ª maconha medicinal brasileira:bancas esportivas
A empresa tenta avançar com cautela, já que o uso medicinal da maconha ainda dá seus primeiros passos legais no Brasil.
A empreitadabancas esportivasAbreu mira, naturalmente, o potencial econômico desse mercado, que já movimenta bilhõesbancas esportivasdólaresbancas esportivaspaíses como EUA, Reino Unido, Israel, Canadá e França.
Só nos Estados Unidos as vendas legaisbancas esportivasCannabis para fins médicos e recreativos somaram US$ 2,6 bilhões (R$ 8,4 bilhões)bancas esportivas2014, segundo a revista britânica The Economist.
Primeiro alerta
Foi um drama pessoal, contudo, que chamou a atenção do advogado para o potencial terapêutico da planta.
Em 2005, Sueli, mãe dele, começou a reclamarbancas esportivasdores na base da coluna. Passou por um sem-númerobancas esportivasmédicos até uma amiga enfermeira sugerir um proctologista, que detectou um agressivo câncer no reto.
Na mesma semana, Abreu hospedou a mãe embancas esportivascasa,bancas esportivasSão Paulo, para assisti-la durante o tratamento duro que viria pela frente.
O câncer atingiu o útero e passou a provocar dores excruciantes - causadas pela compressão dos nervos pelo tumor -, amenizadas à basebancas esportivasmorfina.
Foi quando Sueli, uma pedagoga que ganhara a vidabancas esportivasagênciasbancas esportivaspublicidade, quis tentar uma alternativa - sabe-se que o efeito da quimio pode ser intolerável para certas pessoas, com prejuízo ao tratamento.
Abreu se desdobrou e conseguiu maconha para a mãe - recorrendo, claro, ao mercado ilegal. O uso, diz o filho, ajudou a minimizar a dor da compressão dos nervos pelo tumor e efeitos da quimioterapia, como náuseas, vômitos e faltabancas esportivasapetite.
"Aquela foi a semente que me despertou para o fatobancas esportivasque aquilo funcionava. Hoje acredito que poucos usos da Cannabis são efetivamente recreativos (dada a variedadebancas esportivasusos medicinais)", afirma ele, que prefere sempre citar a planta pelo nome científico.
Sueli sucumbiu ao câncerbancas esportivasdezembrobancas esportivas2009, aos 58 anos. Desde então o filho conheceubancas esportivasatual mulher, teve dois filhos e continuou a tocar seu escritóriobancas esportivasdireito societário e mercadobancas esportivascapitais, que lhe rendeu uma vida confortávelbancas esportivasum bairro nobrebancas esportivasSão Paulo.
Mobilização
Em 2014, o debate sobre os efeitos medicinais da maconha ganhou peso no Brasil, na mídia e na comunidade médica.
O impulso foi o documentário Ilegal, que mostrava a realidadebancas esportivaspacientes que precisam da maconha medicinal e enfrentavam a lentidão da burocracia estatal para importar produtos e medicamentos derivados da planta.
Um dos personagens do filme era a menina Anny, então com cinco anos e portadorabancas esportivasum tipo incurávelbancas esportivasepilepsia. A criança sofriabancas esportivasoito a dez convulsões por dia, e o único remédio que reduzia os ataques era o CBD, componente da maconha sem efeito psicoativo (ou seja, não "dá barato").
O tema já estava no radarbancas esportivasAbreu, que aparecebancas esportivasuma das cenas mais tensas do filme, uma reuniãobancas esportivasmaiobancas esportivas2014 na qual a Anvisa (Agência Nacionalbancas esportivasVigilância Sanitária) adiou a reclassificação do CBD - o que acabou ocorrendo meses depois.
"Todo o processo das mães e do Ilegal fez o Brasil entender a Cannabis e a epilepsia. Dada a gravidade dos problemas gerados por crises epilépticas, todo mundo apoiou a causa. Acho que não tinha ninguém contra no país, seria muito desumano esse sentimento. Acho que possibilitou o debate menos preconceituoso pela primeira vez", diz ele.
Mudanças na regulação
A políticabancas esportivasrelação à Cannabis medicinal no Brasil começou, portanto, a mudar aos solavancos - retrato da faltabancas esportivasconsenso sobre como separar a maconha que pode curar e aliviar sofrimento daquela associada ao vício e ao tráfico.
Em dezembrobancas esportivas2014, o Conselho Federalbancas esportivasMedicina autorizou médicos brasileiros a prescrever o CBD, mas a liberação foi limitada: somente neurologistas e psiquiatras receberam o aval, e apenas para crianças e adolescentes com casos gravesbancas esportivasepilepsia.
No mês seguinte, a Anvisa passou a enquadrar o CBD como substância controlada, e não mais proibida - podendo, portanto, ser adquirida com receita médica e laudobancas esportivasresponsabilidade assinado por médico e paciente.
O CBD já é usado com sucesso nos EUA ebancas esportivaspaíses da Europa contra epilepsiasbancas esportivasdifícil tratamento. Foi a primeira vez que a Anvisa reconheceu o efeito terapêuticobancas esportivasuma substância derivada da cannabis - desde então, já autorizou cercabancas esportivas1,5 mil pedidosbancas esportivasimportaçãobancas esportivasprodutos com o componente.
Em março deste ano, por determinação judicial, a agência liberou a prescrição e importaçãobancas esportivasmedicamentos com demais derivados da maconha, incluindo o THC (tetrahidrocanabinol), que tem efeito psicoativo. Também autorizou a prescriçãobancas esportivasfloresbancas esportivasCannabis in natura para uso vaporizado.
A autorização, no entanto, só veiobancas esportivasresposta a uma decisão judicial, e a própria agência informou que irá recorrer da determinação.
Mas todas essas mudanças ainda têm efeitos restritos para os pacientes.
Como nenhum medicamento à basebancas esportivasCannabis possui registro no Brasil, as famílias dependembancas esportivasimportações burocráticas, caras (doses podem valerbancas esportivasR$ 1,5 mil a R$ 15 mil) e produtos sem qualidade farmacêutica - nos EUA, por exemplo, o CBD é classificado como suplemento alimentar e não tem produção controlada como no caso dos remédios.
Oportunidade
Foi aí que Abreu, hoje com 37 anos, viu uma oportunidade. Fechou o escritóriobancas esportivasadvocacia e saiubancas esportivasbuscabancas esportivasparceiros, consultores e colaboradores para a empreitada.
"Quando comecei a pensarbancas esportivastrabalhar com isso, vi que não existia uma empresa fazendo extrato (de componentes da maconha)bancas esportivasforma farmacêutica. Não que os óleos (importados) que estejam chegando não ajudem - ainda bem que há algo para crianças tomarem -, mas é importante saber o que está usando quando você vai se tratarbancas esportivasqualquer coisa", afirma.
Um passo chave nesse processo foi atrair uma das principais empresas internacionaisbancas esportivasmaconha medicinal, a Canopy Growth Corp.
A Canopy é a maior firma licenciada para produçãobancas esportivasCannabis do Canadá, paísbancas esportivasque o consumobancas esportivasmaconha receitada por médicos é legal desde 2001.
Por meio da Bedrocan, subsidiária da Canopy especializadabancas esportivasprodução para uso terapêutico, fornecerá as floresbancas esportivasCannabis para o desenvolvimento do primeiro remédio planejado pela empresabancas esportivasAbreu, batizada Entourage Phytolab.
O primeiro objetivo da Entourage é desenvolver, testar e aprovar um extrato fitoterápico à basebancas esportivasmaconha, com presença dos dois principais compostos: CBD (não psicotrópico) e THC (psicotrópico).
Efeito 'entourage'
O nome da empresa vembancas esportivasuma aposta no chamado "efeito entourage", referência a associado, conjunto. Estudos indicam - mas não há consenso a respeito - que o efeito combinadobancas esportivasmoléculasbancas esportivasCBD e THC pode ajudar a ação medicinal.
Com isso, a empresa quer utilizar a seu favor algo que a Anvisa e parte dos estudos tendem a ver como problema: o fatobancas esportivasser difícil produzir um remédio "puro", apenas com determinados componentes da maconha, como CBD ou THC.
"Nós acreditamos que o usobancas esportivasextratos com alto CBD e baixo THC é uma estratégia mais acertada do que o CBD puro", diz, citando estudos recentes, o diretor científico da Entourage, Fabrício Pamplona, farmacologista que estuda aplicações terapêuticas da Cannabis há 15 anos.
Por meio da assessoriabancas esportivasimprensa, o Conselho Federalbancas esportivasMedicina informou que "geralmente estudos têm que ser analisados caso a caso", levandobancas esportivasconta fatores como dimensão da pesquisa e qualidade da publicação científica.
Segundo o conselho, ao analisar cercabancas esportivas120 estudos para a decisãobancas esportivas2014 que liberou, com limitações, a prescriçãobancas esportivasCBD, o órgão disse que chegou a apenas cercabancas esportivasdez estudos com "consistência" científica.
Próximos passos
A Entourage deverá receber as flores in naturabancas esportivasCannabisbancas esportivasoutubro, e a extração dos compostos será feita usando tecnologia brasileira numa universidade públicabancas esportivasponta - Abreu prefere ainda não mencionar o nome da instituição.
Espera realizar ensaios clínicos até meadosbancas esportivas2017 e começar a vender ao Brasil no mesmo ano.
O primeiro extrato deverá ter várias formasbancas esportivasapresentação, como uma específica para crianças e comprimidos para adultos. Um segundo produto deverá ser um extrato com maior concentraçãobancas esportivasTHC.
Em um segundo momento, a empresa também espera ter autorização para produzir a Cannabis no Brasil.
Um desafio chave no processo será o diálogo com a classe médica.
"A proposta é construir um diálogo dentro dos padrões que médicos já trabalham com quaisquer medicamentos: doses, efeitos colaterais, demonstrar todas informações técnicas para que possam trabalhar", afirma Abreu.
"Médicos não têm preconceito, o que importa é a pesquisa estruturada, até para poderem entender porque um remédio pode não ir bem. Médicos que tratam dor, por exemplo, têm limitação no arsenal (de tratamentos disponíveis), e cannabis é uma alternativa. Muitos médicos não veem a horabancas esportivaspoder prescrever", diz, confiante, o empresário.
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