‘Bom companheiro’: Quem é Carlos Marun, o defensor solitárioroleta brasileira ao vivoCunha na sessãoroleta brasileira ao vivocassação:roleta brasileira ao vivo
Quem pediu a palavra foi o deputado Marun - não uma, mas sete vezes.
Debandada 'cruel'
Atual vice-líder do governoroleta brasileira ao vivoMichel Temer na Câmara, Marun pediu a reconstrução do parecer que defendia a cassaçãoroleta brasileira ao vivoCunha; depois, o adiamento da sessão; depois, o relaxamento da pena, e chegou a recorrer ao argumentoroleta brasileira ao vivoDilma Rousseff no julgamento do impeachment: "Os senhores não podem afastar Cunha pelo 'conjunto da obra'". Tudoroleta brasileira ao vivovão.
Ele argumentava que a debandada dos colegas era "cruel" e que não seguia as regras do regimento da Casa.
"Dizem que a mulher dele (Cunha) gastou com coisas caras. Ora, vamos então botar no regimento que esposasroleta brasileira ao vivodeputados não podem comprar coisas caras", afirmou,roleta brasileira ao vivoreferência aos gastosroleta brasileira ao vivomaisroleta brasileira ao vivoR$ 1 milhãoroleta brasileira ao vivoClaudia Cruz no exterior, entre 2008 e 2014, identificados pela operação Lava Jato.
Ao criticar aqueles que no passado bajulavam o então presidente da Câmara dos Deputados e hoje pedem seu afastamento, Marun citou Seu Boneco, personagem do programa Escolinha do Professor Raimundo,roleta brasileira ao vivoChico Anysio. "Eu poderia fazer como um personagem da TV diz e ir pra galera."
De fato, não foi, e arregalou as sobrancelhas quando percebeu que o Delegado Edson Moreira (PR-MG), única voz prevista para a defesa - além daroleta brasileira ao vivoe a do próprio Eduardo Cunha -, recuou durante seu discurso e optou por se abster da votação. "A história vai julgar os senhores", bradou Marun.
Os outros nove deputados que votaram pela absolviçãoroleta brasileira ao vivoCunha permaneceram calados durante toda a sessão: Arthur Lira (PP-AL), Carlos Andrade (PHS-RR), Dâmina Pereira (PSL-MG), João Carlos Bacelar (PR-BA), Jozi Araújo (PTN-AP), Júlia Marinho (PSC-PA), Marco Feliciano (PSC-SP), Paulinho da Força (SD-SP) e Wellington Roberto (PR-PB).
'Sociedade não está contra Cunha'
Horas antes da reunião que afastou Eduardo Cunha da politica pelos próximos oito anos, Carlos Marun conversou por telefone com a BBC Brasil.
De patrimônio modesto declarado à Receita Federal (R$ 94.268), Marun recebeu R$ 1.624.541roleta brasileira ao vivodoações para a campanharoleta brasileira ao vivoseu primeiro mandatoroleta brasileira ao vivoBrasília, vindoroleta brasileira ao vivosetores como indústriasroleta brasileira ao vivosementes, celulose e abatedouroroleta brasileira ao vivoaves.
Membro da bancada ruralista, árduo defensor da liberação dos rodeios, ex-alunoroleta brasileira ao vivoColégio Militar, formadoroleta brasileira ao vivoDireito e Engenharia, ele disse à reportagem que conta "nos dedosroleta brasileira ao vivouma mão só as vezesroleta brasileira ao vivoque fui interpelado por pessoas que queriam a cassaçãoroleta brasileira ao vivoEduardo Cunha".
"Mas centenas me interpelaram para me parabenizar por manter meu apoio ao Eduardo", prosseguiu o peemedebista, antecipando a frase que repetiria durante toda a noiteroleta brasileira ao vivosuas falas aos colegasroleta brasileira ao vivoplenário: "Esta cassação significará a morte política do Eduardo".
Desconsiderando uma petição popular criadaroleta brasileira ao vivooutubroroleta brasileira ao vivo2015 no site Avaaz, por exemplo, que reunia até o fechamento desta reportagem maisroleta brasileira ao vivo1,3 milhãoroleta brasileira ao vivoassinaturas defendendo o fim do mandatoroleta brasileira ao vivoCunha, Marun disse à reportagem que "não existe nenhum movimento da sociedade contra Cunha, só na imprensa".
Também criticou os colegas que "viraram casaca" e abandonaram Cunha. "No campo pessoal, passei a conhecer um pouco mais o ser humano a partir desse processo", lamentou. "Pessoas que frequentavam o gabinete, que sabem da importância que o Eduardo teve no impeachment da Dilma, hoje se colocam como se nada disso tivesse acontecido."
Alémroleta brasileira ao vivoassessores, Marun foi o único deputado visto recebendo instruçõesroleta brasileira ao vivoEduardo Cunha no plenário da Câmara.
A fidelidade repercutiu no Parlamento e nas redes sociais. "Quero um marido fiel como o Marun", tuitou a apresentadora Astrid Fontenelle. "Só sobrou o Marun?", perguntou a comentarista política Cristiana Lôbo. "Só se ouve Carlos Marun", exclamou a jornalista Eliane Cantanhêde.
Dois dos principais oposicionistasroleta brasileira ao vivoCunha comentaram a abnegação do deputado. Silvio Costa (PTdoB-PE) elogiouroleta brasileira ao vivoinsistênciaroleta brasileira ao vivodefender o padrinho político. "Você está do lado errado, mas não é canalha", afirmou. Chico Alencar (PSOL-RJ), um dos responsáveis pelo inicio das investigações contra Cunha, destacou seu isolamento. "Marun é uma presença retumbante, gongórica, embora frustrada."
Questionado pela reportagem sobre as razões da proximidade com Cunha, Marun desconversou. "Não vou para onde o vento vira e me considero uma pessoaroleta brasileira ao vivoêxito na política", argumentou. "Sou uma pessoa que tem coerência."
Delações premiadas
Réu por improbidade administrativa, ex-secretárioroleta brasileira ao vivoHabitaçãoroleta brasileira ao vivoCampo Grande e do Estado do Mato Grosso do Sul, Marun criticou os acordosroleta brasileira ao vivodelação premiada da Lava Jato quando questionado pela BBC Brasil sobre um possível acordo entre Eduardo Cunha e a Procuradoria Geral da República (PGR).
Cunha nega veementemente qualquer intençãoroleta brasileira ao vivodelação - opção tida por muitos como a única maneiraroleta brasileira ao vivoabrandar as penas impostas ao peemedebistaroleta brasileira ao vivocasoroleta brasileira ao vivocondenação.
"Vou escrever um livro do impeachment, vou contar obviamente tudo o que aconteceu no impeachment, o diálogo com todos os personagens que participaramroleta brasileira ao vivoconversas comigo com relação ao impeachment. Esses serão tornados públicos naroleta brasileira ao vivointegralidade", disse Cunha a jornalistas, logo depois da cassação.
Na última sexta-feira, entretanto, o jornal Valor Econômico divulgou que Cunha teria enviado emissários,roleta brasileira ao vivojunho, para sondar a Procuradoria sobre a possibilidaderoleta brasileira ao vivodelações. O ex-deputado negou novamente.
"Conversamos muito. Nunca ouvi nada sobre isso vindo dele", disse Marum à BBC Brasil. "Nem nos momentos mais difíceis."
"Tenho muita restrição à delação quando ela não parteroleta brasileira ao vivoum sincero arrependimento do delator", prosseguiu.
O deputado cita nomesroleta brasileira ao vivolobistas e executivos que já fizeram acordosroleta brasileira ao vivodelação com os responsáveis pela Lava Jato. "Quando vejo um Sergio Machado, um Julio Camargo, um (Pedro) Barusco, todos livres, leves e soltos, eu vejo que a delação premiada se transformouroleta brasileira ao vivoanistia, e com patrimônio preservado. O delator hoje não tem a pena reduzida, ele é anistiado."
'Bom companheiro'
Apesar da defesa insistente - Marun interrompeu todas as sessões que julgaram Eduardo Cunha no Conselhoroleta brasileira ao vivoÉtica e Decoro da Câmara -, o deputado se esquiva sobre a integridade do aliado.
"Não sei se Eduardo Cunha é culpado ou inocente. Não o conheço a tempo suficiente para botar a mão no fogo por ele, e por isso não a ponho", escreveu Marunroleta brasileira ao vivoartigo publicado na Folharoleta brasileira ao vivoS. Paulo, no dia da votação.
Em março deste ano, o STF acolheu a primeira denúncia contra Cunha na Lava Jato, por corrupção passiva e lavagemroleta brasileira ao vivodinheiro, acusadoroleta brasileira ao vivoreceber propinaroleta brasileira ao vivoUS$ 5 milhões para apoiar o fechamentoroleta brasileira ao vivoum contratoroleta brasileira ao vivofornecimentoroleta brasileira ao vivonavios-sonda à Petrobras.
Em junho, virou réuroleta brasileira ao vivooutra ação da Lava Jato, sob acusaçãoroleta brasileira ao vivoreceber e movimentar dinheiroroleta brasileira ao vivocontas secretas na Suíça. Segundo essa denúncia (de corrupção, lavagemroleta brasileira ao vivodinheiro, evasãoroleta brasileira ao vivodivisas e declaração falsaroleta brasileira ao vivodocumento eleitoral), Cunha teria recebido propinaroleta brasileira ao vivoR$ 5,2 milhões na compra, pela Petrobras,roleta brasileira ao vivoum camporoleta brasileira ao vivopetróleo na África.
O peemedebista já era alvoroleta brasileira ao vivouma ação por corrupção na Petrobras na primeira instância da Justiça Federal,roleta brasileira ao vivoque procuradores pedem pagamentoroleta brasileira ao vivoindenizaçãoroleta brasileira ao vivoUS$ 10 milhões. Como não se trataroleta brasileira ao vivouma ação penal, ela corriaroleta brasileira ao vivoprimeira instância mesmo enquanto Cunha tinha foro privilegiado.
Ao fim da sessão desta segunda-feira, no Salão Verde da Câmara, assessores parlamentares que comemoravam a cassaçãoroleta brasileira ao vivoCunha homenagearam seu fiel escudeiro.
"Marun é um bom companheiro... Marun é um bom companheiro... Marun é um bom companheiro... Ninguém pode negar!"