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'Quando os filhos acordaram, a mãe estava morta': altaesc apostas desportivasassassinatosesc apostas desportivasmulheres preocupa Rio Grande do Norte:esc apostas desportivas
Segundo dados do Observatório da Violência Letal Intencional (Obvio), grupoesc apostas desportivasPesquisa da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), a proporção foi quase duas vezes maior do queesc apostas desportivasigual períodoesc apostas desportivas2014 e 2015.
'Não podemos deixar passar'
Não éesc apostas desportivashoje, porém, que as estatísticasesc apostas desportivasmorte avançam.
O Rio Grande do Norte ostentava,esc apostas desportivas2004, a menor taxaesc apostas desportivashomicídios por 100 mil mulheres no Brasil (1,4%). O indicador, no entanto, mais que quadruplicouesc apostas desportivas10 anos, chegando a 6%esc apostas desportivas2014 - a 11ª posição no país.
De acordo com o Atlas da Violência 2016, publicadoesc apostas desportivasmarço pelo Institutoesc apostas desportivasPesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiroesc apostas desportivasSegurança Pública, o ritmoesc apostas desportivascrescimento chegou a 328,57%, o maior entre os Estados e regiões brasileiras nesse período.
"A situação chegou a um ponto que não podemos deixar passar", postou a Frente Feministaesc apostas desportivasNatal, capital do Estado,esc apostas desportivasuma convocação no Facebook por estratégias que permitam frear a violência.
Apesar disso, especialistas apontam que a tendência é que os crimes sigam aumentando.
Para o consultoresc apostas desportivaspolíticas públicasesc apostas desportivassegurança Ivenio Hermes e o sociólogo Thadeu Brandão, coordenadores do Obvio, "o braço protetor do Estado não alcança os rincões mais distantes". Na visão deles, "faltam ações estruturantes do poder público estadual para criar meios eficazesesc apostas desportivasproteção às mulheresesc apostas desportivasrisco".
Eles afirmam ainda que há casos subnotificados e estruturaesc apostas desportivasatendimento insuficiente, como a quantidadeesc apostas desportivasdelegacias específicas - há cinco - e a faltaesc apostas desportivasplantões noturnos e aos finaisesc apostas desportivassemana, quando muitos desses crimes ocorrem.
Gestão
A atuação pública nessa área também é criticada na região.
Para José Raimundo Carvalho, professoresc apostas desportivaseconomia da Universidade Federal do Ceará, "ainda falta, na maior parte do Nordeste, a visãoesc apostas desportivasque segurança pública exige planejamento, estratégia e acompanhamento atravésesc apostas desportivasum sistemaesc apostas desportivasestatística mais fidedigno, não só para contaresc apostas desportivasmaneira correta o crime, mas para balizar ações das secretarias", diz.
"Tirando Pernambuco, as gestões na região têm a visãoesc apostas desportivasque segurança pública é simplesmente botar polícia. Mas é muito mais do que isso."
Segundo ele, no Rio Grande do Norte e na região, os homicídios podem estar associados a questões como crescimento do tráficoesc apostas desportivasdrogas, machismo, desigualdades sociais e até à crise econômica. "Muitos homens descontam nas parceiras até problemasesc apostas desportivastrabalho."
Uma pesquisa que ele coordenaesc apostas desportivasparceria com o Instituto Maria da Penha e a Universidadeesc apostas desportivasToulouse, na França, vai apresentar,esc apostas desportivasnovembro, uma radiografia da violênciaesc apostas desportivastodas as capitais nordestinas. Dez mil mulheres, vítimas ou nãoesc apostas desportivasagressões, foram entrevistadas. O objetivo é calcular a violência física, emocional e sexual e propor soluçõesesc apostas desportivasvárias frentes.
A taxaesc apostas desportivashomicídiosesc apostas desportivasmulheres cresceesc apostas desportivaspraticamente toda a região e a velocidade supera a do país. No caso do Rio Grande do Norte, Helder Sant'ana Ferreira, técnicoesc apostas desportivasPlanejamento e Pesquisa do Ipea, observa que os números podem significar que o Estado "demorou um pouco mais para passar por um processoesc apostas desportivasmelhoria da cobertura dos dados e por outros fenômenos como a difusãoesc apostas desportivasarmasesc apostas desportivasfogo".
"Além disso, é apontado que alguns Estados avançaramesc apostas desportivasquestõesesc apostas desportivasplanejamento e gestão preventivas que teriam produzido bons resultados", observa.
Patrulhas Maria da Penha
Para Maria das Graças Oliveira, da Coordenadoria da Defesa da Mulher e das Minorias, vinculada à Secretariaesc apostas desportivasSegurança Pública do RN, o Estado pretende iniciar, ainda neste ano, ao menos dois projetos para aumentar a segurança das mulheresesc apostas desportivassituaçãoesc apostas desportivasrisco, inspiradosesc apostas desportivasexperiências que funcionamesc apostas desportivas"vizinhos".
Ela admite que faltavam políticas nessa área, mas pondera que novas investidas devem contribuir para melhorar o cenário, como as chamadas "Patrulhas Maria da Penha", serviço policial especializadoesc apostas desportivasprevenção, assistência e enfrentamento da violência doméstica e que deve ser implantadoesc apostas desportivasbreve no Estado.
A medida é previstaesc apostas desportivaslei desde agosto. A expectativa é que equipes monitorem maisesc apostas desportivasperto as mulheres que são ameaçadasesc apostas desportivasmorte e contam com medidasesc apostas desportivasproteção previstas na Lei Maria da Penha.
"Em outros Estados, esse serviço ajudou a reduzir os homicídios. Agora estamos discutindo como vai funcionar aqui", diz Maria das Graças.
Outra ferramenta é um aplicativo para celular que permitirá a essas mulheres acionar um "botão do pânico" se estiverem sob ameaça. Um convênio entre o governo e o Tribunalesc apostas desportivasJustiça do Estado permitirá que a estrutura do Centro Integradoesc apostas desportivasOperaçõesesc apostas desportivasSegurança Pública (Ciosp) e a Polícia ofereçam suporte e atendimento aos chamadosesc apostas desportivasemergência. A ferramenta também será usada para monitorar o agressor.
Há também investidas como uma campanha na mídia para divulgar o "Disque Denúncia" e açõesesc apostas desportivasconscientização nas escolas.
'Divisão igualitária do trabalho'
Para Ferreira, do Ipea, conscientizar é um dos passos para mudar o quadro no longo prazo.
"É preciso trabalhar mais fortemente a questãoesc apostas desportivasigualdadeesc apostas desportivasgênero, inclusive quanto à divisão igualitária do trabalho doméstico, e do respeito às diferenças e à dignidade humana nas escolas (ou mesmo nas famílias e nas igrejas), bem como enfrentar o preconceito e a subvalorização das mulheres na sociedade".
Ele observa que, "em relação ao feminicídio, a literatura trabalha com duas hipóteses divergentes sobre os resultadosesc apostas desportivasum maior empoderamento feminino: que ele pode levar as mulheres a romperem mais facilmente relações com parceiros violentos e também a uma reação mais forte desses parceiros".
Ana Luiza Dantas, integrante do movimento feministaesc apostas desportivasNatal, concorda que a "reação é esperada", mas ressalta que "as mulheres não podem se calar".
"O que precisa acontecer é esse empoderamento pararesc apostas desportivasincomodar os homens. E isso advém, por exemplo,esc apostas desportivasdebater gênero desde cedo para que seja difundida uma cultura mais igualitária e não a ideiaesc apostas desportivassupremacia masculina", comenta.
'Ele era ciumento, bruto'
A ativista foi uma das que se mobilizaramesc apostas desportivas1ºesc apostas desportivassetembro, na capital, para protestar contra a violência e clamar por políticas públicas.
As manifestantes carregavam adesivos estampando "as mulheres querem viver" e placas com nomes, idades e municípiosesc apostas desportivasque morreram as 11 vítimasesc apostas desportivasagosto - mês considerado como "de proteção da mulher" pela lei do Estado.
Na maioria dos casos, as mulheres decidiram terminar a relação e os homens não aceitaram.
Foi assim com Elidiane Souza, morta a facadas,esc apostas desportivasSão Joséesc apostas desportivasMipibu, a 31 kmesc apostas desportivasNatal. "Foi um crime bárbaro", diz o delegado Marcos Geriz.
Segundo ele, há um mandadoesc apostas desportivasprisão contra o ex-marido.
"Ele era ciumento, bruto, e queria voltar para ela. Eles estavam separados havia oito dias. Na noite do crime, conversaramesc apostas desportivascasa", conta Geriz. "Quando os filhos acordaram, a mãe estava morta."
Já na capital, o nomeesc apostas desportivasMykaella Ruanna também estavaesc apostas desportivasuma placa.
A vítima estavaesc apostas desportivasfrente a uma academia quando foi atingida por tiros disparadosesc apostas desportivasdentroesc apostas desportivasum carro. Aos 21 anos, a diarista que sonhava ser enfermeira foi o único alvo.
"O filho estava com ela. Agora, ele não pode pegar nada que diz que é a arma. E faz 'pa, pa, pa, pa, imitando'", conta uma parente, cuja identidade será mantidaesc apostas desportivasanonimato.
A Divisãoesc apostas desportivasHomicídios investiga se um ex-namoradoesc apostas desportivasMykaella está envolvido no assassinato.
Em Santa Cruz, a 111 km da capital, outra mulher assassinada, Ana D'Ávila Oliveira, foi a primeira vítima do mêsesc apostas desportivasagosto no Estado.
Segundo o delegado da região, Silva Júnior, o responsável teria sido o companheiro dela. Ana chegou a procurar a delegaciaesc apostas desportivasmarço, quando foi aberto inquéritoesc apostas desportivasviolência doméstica e o juiz determinou o afastamento do companheiro.
Apesar da medida, o homem invadiu a casaesc apostas desportivasque Ana vivia e a matou a facadas. Ela teria gritado por ajuda ao vê-lo armado. Não adiantou. Dois dias depois, ele foi encontrado morto. A polícia investiga se foi suicídio.
Especialistas ressaltam a importânciaesc apostas desportivasdenúnciasesc apostas desportivasameaças, agressões e descumprimentoesc apostas desportivasmedidas protetivas.
O Obvio não especifica se as vítimas deste ano contavam com algum tipoesc apostas desportivasproteção. Os assassinatos ocorreramesc apostas desportivasao menos 15 municípios. Sóesc apostas desportivasNatal, 33 mortes violentasesc apostas desportivasmulheres foram registradas nos últimos oito meses, das quais oito foram feminicídios, segundo a Divisãoesc apostas desportivasHomicídios e Proteção à Pessoa - e três delesesc apostas desportivasagosto.
Os autoresesc apostas desportivasquatro desses crimes foram responsabilizados. Os demais, inclusive suspeitos nos casos mais recentes, estão sob investigação.
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