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Como a crise na Venezuela e uma acusaçãobetanobaixarcomprabetanobaixarvoto azedou a diplomacia Brasil-Uruguaibetanobaixarforma inédita:betanobaixar
Rotatividade e 'membro pleno'
Pelo cronograma oficial do bloco (formado por Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela), os uruguaios deveriam ter passado a presidência temporária do Mercosul para os venezuelanosbetanobaixarjulho. A presidência é semestral e rotativa, obedecendo à ordem alfabética dos nomes dos países.
Os governosbetanobaixarBrasil, Paraguai e Argentina têm argumentado - com maior ou menor intensidade - que a situação política na Venezuela impediria seu governobetanobaixarassumir essa presidência.
Além disso, argumenta-se, o fatobetanobaixaro país caribenho não ter implementado normas para ser integrante pleno do bloco dentro do prazo (que venceubetanobaixar12betanobaixaragosto) poderia impedi-lo tambémbetanobaixarser "membro pleno" do Mercosul. Ou seja, o país deveria ser um associado, como é hoje o Chile, por exemplo, sem direito a voto.
Em uma visita recente a Buenos Aires, o ex-chanceler Celso Amorim, que comandou o Itamaraty no governo Lula, opinou que "expulsar a Venezuela não é saída para o Mercosul".
Publicamente, os críticos mais enfáticos da Venezuela têm sido o Brasil e o Paraguai. Os paraguaios defendem sanção com a aplicação da chamada "cláusula democrática" contra o governo venezuelano,betanobaixarretaliação à profunda crise política atravessada pelo país.
A Argentina, oficialmente, tem defendido também uma reunião para resolver o impasse.
Uruguai e quedabetanobaixarbraço
O Uruguai, porbetanobaixarvez, entende que o país presidido por Nicolás Maduro deveria assumir essa liderança semestral, "como mandam as regras do bloco".
No inicio deste mêsbetanobaixaragosto, a Venezuela declarou que assumiria a presidência, depoisbetanobaixarMontevidéu ter dito que a deixava vaga, por já ter cumprido seu semestre - mas isso foi contestado pelo Brasil.
Foi nesse confuso climabetanobaixarquedabetanobaixarbraço interno no Mercosul que Novoa falou sobre Serra aos parlamentares.
Serra esteve no Uruguai, segundo a imprensa local, com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o que também gerou críticas.
"Não gostamos muito que o chanceler (José) Serra tenha vindo ao Uruguai para nos dizer que (tinha) a pretensãobetanobaixarque fosse suspensa a transferência (do comando do Mercosul à Venezuela) e que, além disso, se (a transferência) fosse suspensa, nos levariambetanobaixarsuas negociações (comerciais) com outros países, como que querendo comprar o voto do Uruguai", disse Novoa na ComissãobetanobaixarAssuntos Internacionais da Câmara dos Deputados, no último dia 10.
O chanceler uruguaio disse o Brasil teria proposto incluir o Uruguaibetanobaixarsuas negociações para investimentos na África Subsaariana e no Irã.
Embaixador
As afirmaçõesbetanobaixarNovoa levaram o Itamaraty a convocar o embaixador do UruguaibetanobaixarBrasília, Carlos Daniel Amorín-Tenconi, para "esclarecimentos", segundo nota divulgada nesta terça.
No comunicado, o Itamaraty diz que o governo brasileiro recebeu com "descontentamento" e "surpresa" as declaraçõesbetanobaixarNovoa. A nota diz ainda que o governo brasileiro "tem buscado,betanobaixarmaneira construtiva, uma solução para o impassebetanobaixartorno da presidência pro tempore do Mercosul".
O Itamaraty diz também que Serra esteve no Uruguai no dia 5betanobaixarjulho e que tratou com o presidente Tabaré Vázquez e com Novoa do "potencial aprofundamento das relações entre o Brasil e o Uruguai ebetanobaixaroportunidades que os dois países podem e devem explorar conjuntamentebetanobaixarterceiros mercados".
O senador Pablo Mieres, do partido Independiente, presente à sessão onde Novoa falou, disse à BBC Brasil por telefone que "nunca viu a situação do Brasil e do Uruguaibetanobaixarum momento tão estranho".
Ele disse que ouviu as declarações do chanceler uruguaio sobre Serra, mas entende que existe um problema "de origem" que é a situação da Venezuela.
"A Venezuela já deveria ter sido sancionada com a cláusula democrática porque tem uma sériebetanobaixarproblemas internos, como presos políticos. Mas isso não foi feito. E o Uruguai é muito correto com as normas e por isso também entendo que o governo tenha que passar a presidência para a Venezuela", disse Mieres, que é opositor ao governo Vázquez.
'Momento grave'
O historiador e cientista político uruguaio Gerardo Caetano, da Universidade da República,betanobaixarMontevidéu, disse por telefone que o momento é "grave".
"O Mercosul já passou por momentos difíceis, mas não me lembrobetanobaixarnenhum como este. Mas o problema não é somente a Venezuela, mas também o Brasil", disse Caetano. Ele declarou que o governobetanobaixarMichel Temer é interino e que o processobetanobaixarimpeachment da presidente afastada Dilma Rousseff gerou "certas dúvidas jurídicas no Uruguai ebetanobaixaroutros países da América Latina".
"O Uruguai é um país pequeno, obediente das regras jurídicas e muito cioso dabetanobaixarsoberania", argumentou Caaetano. "Para o Uruguai, o Brasil é um país muito importante. E (o fato de) que esteja sendo pressionado pelo Brasil é grave e preocupante".
Caetano disse esperar que a diplomacia atue para "resolver o problema (bilateral) o quanto antes". Ele disse que Serra "transcendeu certas pautas" da diplomacia.
Ele fez a ressalvabetanobaixarque a Venezuela "também não tem colaborado". Isso porque Maduro teria feito ataques aos outros países do bloco, afirmando que formam uma "Tríplice Aliança" (como a que atuou nos tempos da ditadura militar no Cone Sul).
Para o analista uruguaio, por ser líder regional, o Brasil deveria atuar com "moderação" especialmente neste momento.
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