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O Brasil vai encolher com a zika?:betesportivo
"Ainda não temos dados suficientes disponíveis para determinar se haverá uma redução substancial no númerobetesportivonascimentos, mas calculo que o impacto poderia ser entre 10% a 15%", calcula.
"De qualquer forma, trata-sebetesportivoalgo difícilbetesportivoquantificar", acrescenta ela.
Em novembro do ano passado, o então diretor do departamentobetesportivoVigilânciabetesportivoDoenças Transmissíveis do Ministério da Saúde, Cláudio Maierovitch, aconselhou mulheresbetesportivoPernambuco a adiarem os planosbetesportivogravidez até que houvesse maior clareza sobre as causas do aumentobetesportivocasosbetesportivobebês com microcefalia no Estado ─ o mais atingido pela doença.
O órgão, no entanto, negou que existisse uma orientação do governo brasileiro para que as mulheres evitassem engravidar.
Diferentemente do Brasil, outros países latino-americanos que enfrentam epidemia semelhante, como Colômbia, El Salvador e Jamaica, já fizeram a recomendação.
Em El Salvador, por exemplo, o governo pediu para que as mulheres só voltassem a engravidarbetesportivo2018.
Segundo o último informe do Ministério da Saúde, até 25betesportivojunho, foram confirmados 1.638 casosbetesportivomicrocefalia e outras alterações do sistema nervoso "sugestivosbetesportivoinfecção congênita"betesportivotodo o país. Outros 3.061 casos suspeitos permanecembetesportivoinvestigação.
Desde outubro do ano passado, 8.165 casos foram notificados ao Ministério da Saúde. Desse total, 3.466 foram descartados por apresentaram exames normais ou por apresentarem microcefalia ou malformações confirmadas por causas não infecciosas, acrescenta o órgão.
Nascimentos
De acordo com o IBGE,betesportivo2014 (último dado disponível), o Brasil registrou cercabetesportivo2,9 milhõesbetesportivonascimentos.
Sendo assim, com base na estimativabetesportivoWong, do Cedeplar, a doença poderia subtrair do país entre 300 mil a 435 mil crianças.
Caso se materialize, o cenário acentuaria a tendênciabetesportivoencolhimento da população brasileira. Sebetesportivo1960, as brasileiras tinham,betesportivomédia, 6,3 filhos, hoje, esse número ébetesportivo1,74, abaixo da taxabetesportivoreposição populacional (o númerobetesportivofilhos que uma mulher deve ter para que a população totalbetesportivoum país não diminua nem aumente). Entre 2000 e 2012, o númerobetesportivonascimentos no Brasil caiu 13,3%.
Mas Wong ainda tem dúvidas se o vírus zika seria o grande culpado pela eventual queda no númerobetesportivonascimentos no Brasil.
Ela ressalva que os efeitos da crise econômica tendem a ser mais preponderantes do que a doença no encolhimento da população.
"Acredito que a recessão tenha um impacto muito maior no planejamento familiar dos brasileiros do que o vírus da zika. Com menos dinheiro, as pessoas costumam ter menos filhos", argumenta.
Foi o que aconteceu na décadabetesportivo80, quando o Brasil vivia um períodobetesportivohiperinflação. Segundo Wong, Estados mais ricos da federação, onde havia maior planejamento familiar, registraram redução no númerobetesportivonascimentos.
Controvérsia
Já o demógrafo José Eustáquio Diniz, professor da Escola NacionalbetesportivoCiências Estatísticas (ENCE) do IBGE, não acreditabetesportivoum impacto demográfico do zika.
Isso porque, diz Diniz, apesar do pânico gerado pela epidemia da doença, um número significativo das gravidezes ocorridas no Brasil ainda não é desejada ou planejada.
Neste sentido, o adiamento da gestação ficaria, assim, restrito às classes sociais mais bem informadas.
"Muitas adolescentes e mulheres que desejam adiar a gravidez neste momento não contam com o apoio das políticas públicas e nem o SUS é capazbetesportivocumprir seu papel constitucional", diz ele à BBC Brasil.
"São as mulheres mais pobres que sofrem, pois,betesportivogeral, não possuem dinheiro para adquirir os meios para evitar a gravidez e nem para arcar com as dificuldades decorrentesbetesportivouma gestação indesejada e o riscobetesportivomicrocefalia dos fetos".
Dados da Pesquisa NacionalbetesportivoDemografia e Saúde (PNDS), compilados pelo IBGE, mostram que,betesportivo2006, 57,7% das gestantes brasileiras entre 15 a 19 anos disseram querer "esperar mais" para ter filhos. Já 9,4% afirmaram que "não queriam ter filhos" naquele momento. "Apenas" 32,9% confirmaram o desejo pela maternidade.
Diniz defende ainda que as mulheres tenham direito a decidir sobre se querem ou não prosseguir com a gravidezbetesportivocasobetesportivomicrocefalia.
"São as mulheres mais pobres que vão sofrer com a sobrecargabetesportivocuidados dos filhos com a doença e outros problemas neurológicos", conclui.
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