Onze coisas que as mulheres não aguentam mais ouvir no Brasil (e por quê):realsbet não consigo entrar

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Atorealsbet não consigo entrar2013 na capital paulista denunciou violência cotidiana contra mulher; para jornalista, novos tempos demandam novo olhar sobre a questão feminina

Baseadarealsbet não consigo entrarsuas conversas com mulheres inspiradoras e na própria experiência no mundo corporativo, a jornalista selecionou e classificou frases, do assédiorealsbet não consigo entrarrua ao machismo inconsciente, que mulheres não aceitam e não deveriam mais ouvir.

Cantadasrealsbet não consigo entrarrua

Assobios, buzinadas, olhares, comentários: diariamente, mulheres se veem obrigadas a enfrentar o assédio sexualrealsbet não consigo entrarespaços públicos. Interaçõesrealsbet não consigo entrarteor obsceno, sem consentimento, que se impõem como naturais, mas estão longe disso. Exemplos:

realsbet não consigo entrar "Por que uma menina bonita como você está sem namorado?"

realsbet não consigo entrar "Eu levaria você para casa."

Para Brenda, a abordagem pode às vezes nem ser agressiva, mas nem por isso é menos desrespeitosa.

"Há homens que não entendem que as meninas querem andar sem ser perturbadas, como os homens também querem. É um desrespeito a uma situação: estou andando, pensando, falando ao celular, não quero ser incomodada."

No caso das cantadas agressivas, avalia Brenda, são "abusos sexuais falados" que buscam demonstrar poder e intimidar a mulher.

"Fazem parterealsbet não consigo entraruma cultura, essa tal cultura do estupro, porque é como se fosse autorizado aos homens falar, tocar e se apropriar do corpo das mulheresrealsbet não consigo entraruma forma que as mulheres não fazem com os homens."

A jornalista destaca como a campanha "Chegarealsbet não consigo entrarFiu-Fiu", lançadarealsbet não consigo entrar2013 pela ONG feminista Think Olga, ajudou a "despertar a sociedade para um assunto que estava velado". "Foi uma grande conquista para a percepção do lugar da mulher na sociedade, porque dávamos pouca atenção a isso."

Crédito, Cecília Silveira

Legenda da foto, Imagem da campanha 'Chegarealsbet não consigo entrarFiu-Fiu', da ONG Think Olga; iniciativa despertou atenção da sociedade brasileira para problema velado, afirma Brenda Fucuta

Frasesrealsbet não consigo entrarorgulho machista

Ditas por homens e também por mulheres, são frases que pressupõem um lugar inferior para a mulher na sociedade.

Incluem desde brincadeiras aparentemente inofensivas sobre o desempenho feminino no trânsito até comentários a respeito da menina que se vesterealsbet não consigo entrarmodo "a não se dar o devido respeito":

realsbet não consigo entrar "Por que mulheres são contra as cantadas? Não gostamrealsbet não consigo entrarum elogio?"

realsbet não consigo entrar "Muito bem, já pode casar".

realsbet não consigo entrar "Se sai assim (na rua ou na balada) é porque quer. Mulher que se respeita não é estuprada."

Machistasrealsbet não consigo entrarnegação

Outra categoriarealsbet não consigo entrarfrase que não cabe mais na nova etiquetarealsbet não consigo entrargênero, afirma Brenda, é aquela que definiu como "machistarealsbet não consigo entrarnegação": sugere compreensão mas logo revela preconceito.

"São aqueles ou aquelas que sempre começam, ao debater o tema das conquistas femininas, com a seguinte frase: 'Não sou machista, mas...' ou 'Não tenho nada contra o feminismo, mas...', e depois já emendam uma ideia preconceituosa disfarçada ", afirma.

São expressões como:

realsbet não consigo entrar "Mas vocês não acham que estão exagerando agora? O que mais vocês têm para conquistar?" (a resposta, diz Brenda, é múltipla: direito a não apanhar do marido, a ganhar os mesmos salários dos homens, a dividir o trabalhorealsbet não consigo entrarcasa com homens, a não ser interrompida ao falar, a andar como quiser nas ruas).

realsbet não consigo entrar "Mas vocês falamrealsbet não consigo entrarviolência contra a mulher, mas e a violência contra os homens?" Sobre isso, Brenda lembra que homens são,realsbet não consigo entrarfato, as maiores vítimasrealsbet não consigo entrarhomicídio no Brasil, mas o agressor é quase sempre homem nos casos contra homens e mulheres.

realsbet não consigo entrar "Mas por que as feministas odeiam os homens?"

Machismo inconsciente (ou 'O machista que se acha feminista')

Uma pesquisa do Instituto Ethos mostrou querealsbet não consigo entrar2010 mulheres ocupavam apenas 13% dos cargosrealsbet não consigo entrarnível executivo e sênior nas 500 maiores empresas do Brasil. Em 2014, revelou o IBGE (Instituto Brasileirorealsbet não consigo entrarGeografia e Estatística), as mulheres receberam,realsbet não consigo entrarmédia, 74% da renda dos homens.

Nesse sentido, Brenda questiona o usorealsbet não consigo entrarfrases que aponta como comuns no mundo corporativo e que denotam uma espécierealsbet não consigo entrarmachismo inconsciente. Colocações como:

realsbet não consigo entrar "Acredito na meritocracia. Se a mulher é competente, ela chega lá."

realsbet não consigo entrar "Não há machismo nessa empresa. Você, por exemplo, tem um salário maior do que muitos colegas homens."

realsbet não consigo entrar "Sou muito a favor das mulheres e do feminismo. Em casa, por exemplo, são minhas filhas e esposa que mandamrealsbet não consigo entrarmim."

Para a jornalista, são afirmações que não fazem sentido quando são confrontadas com dadosrealsbet não consigo entrardisparidaderealsbet não consigo entrargênerorealsbet não consigo entrarcargosrealsbet não consigo entrarchefia e salários.

Crédito, Divulgação

Legenda da foto, Jornalista ocupou cargosrealsbet não consigo entrardireção no mundo corporativo e identificou práticasrealsbet não consigo entrar'machismo inconsciente'

"As mesmas pesquisas que apontam a faltarealsbet não consigo entrarmulheresrealsbet não consigo entrarcargosrealsbet não consigo entrardireção apontam que no nível inicial do trabalho a proporçãorealsbet não consigo entrarmulheres é até ligeiramente maior. Por esse raciocínio, então, as mulheres não ocupam o alto da hierarquia porque são incompetentes ou não merecem, o que não faz sentido, porque hoje no Brasil as mulheres têm até mais escolaridade do que os homens", afirma.

Brenda diz ver esse tiporealsbet não consigo entrarexpressão como "campeã do machismo", por revelar desconhecimento do que seja feminismo e do papel da mulher na sociedade no século 21. "Essas frasesrealsbet não consigo entrarmachismo inconsciente podem ser até mais perigosas, porque as pessoas acreditam nelas".

"Uma vez ouvi o presidenterealsbet não consigo entraruma grande empresa,realsbet não consigo entrarum eventorealsbet não consigo entrarempoderamentorealsbet não consigo entrarmulheres, dizendo que era super comprometido com a causa até porque quem mandava nelerealsbet não consigo entrarcasa eram mulheres. Quando diz isso, volta a colocar a mulherrealsbet não consigo entrarum lugar ultrapassado,realsbet não consigo entrarsubmissão,realsbet não consigo entrarcasa novamente."

Feminismo e desinformação

A editora do site Mulheres Incríveis diz acreditar que ainda exista muita incompreensão, inclusive entre mulheres, sobre o que seja o feminismo.

Como no casorealsbet não consigo entrarmulheres que dizem não ser feministas porque "defendem a diferença entre homens e mulheres" ou porque "acreditam na convivência pacífica entre homens e mulheres".

Segundo ela, nenhuma corrente do chamado novo feminismo defende a anulação das diferenças entre homem e mulher. "O que esses movimentos pretendem é a buscarealsbet não consigo entrardireitos sociais iguais."

Brenda identifica a persistênciarealsbet não consigo entrar"mal-entendidos"realsbet não consigo entrartorno do conceitorealsbet não consigo entrarfeminismo - "palavra forte e ainda carregadarealsbet não consigo entrarpreconceito". Cita o exemplorealsbet não consigo entrarexecutivasrealsbet não consigo entrarsucesso que, embora tenham postura feminista, rejeitam o "selo"realsbet não consigo entrarfeminista.

Crédito, Fernando Frazão/Agência Brasil

Legenda da foto, Evento pró-direitos da mulher no Riorealsbet não consigo entrar2014; para jornalista, feminismo ainda é alvorealsbet não consigo entrarinterpretações equivocadas

"Vivemos um momentorealsbet não consigo entrartransiçãorealsbet não consigo entrarrelação a direitos humanos, diversidade, inclusãorealsbet não consigo entrarminorias. Ainda bem, senão ninguém falava sobre isso. Aí, quando a gente fala, parte da população se sente ameaçada e nem mesmo sabe por quê. Sente-se acuada, com medorealsbet não consigo entrarperder coisas. E aí começa a criar uma reaçãorealsbet não consigo entrarcimarealsbet não consigo entrarmal-entendidos e,realsbet não consigo entrargeral, por faltarealsbet não consigo entrarconhecimento."

Brenda afirma conceber e praticar o feminismo como um "exercíciorealsbet não consigo entrartransformação da sociedade para um jeito mais libertadorrealsbet não consigo entrarconvivência, não julgador".

Nesse sentido, afirma que o debate motivado pelos casos recentesrealsbet não consigo entrarestupro coletivo no Brasil é positivo por "jogar luz numa ferida social que não gostamosrealsbet não consigo entrarcomentar".

Para ela, sem minimizar os episódiosrealsbet não consigo entrarestupro coletivo, é preciso avançar a discussão para o abuso sexual que ocorre dentro das casas e no entorno das vítimas, que compõe a maioria dos registros.

"Isso é muito sério e deve ser combatido, mesmo que seja ativismorealsbet não consigo entrarsofá, pegar a moldura do Facebook (contra a cultura do estupro) e reproduzir. Essa é a grande próxima etapa, encarar essa questão delicada sobre a qual ninguém quer falar, mas precisa ser iluminada".