Tim Vickery: Quase ninguém ganhab2x bet apostasuma economia focadab2x bet apostasreduzir salários:b2x bet apostas

Crédito, Eduardo Martino

Primeiro, porque ainda tem quem veja o mercado como um fenômeno natural, orgânico - e esquece o óbvio. Sem leis para proteger a propriedade e sem a infraestrutura necessária (o quarto fatorb2x bet apostasprodução depoisb2x bet apostascapital, trabalho e terra), o mercado não existiria.

O Estado cria o mercado e, portanto, tem direitob2x bet apostasestabelecer suas normas.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ilustraçãob2x bet apostasfábrica britânica do século 18, na Revolução Industrial; grande parte da mãob2x bet apostasobra era infantil

Segundo, porque a ideiab2x bet apostasum contrato totalmente "livre" entre empregador e empregado é uma concepção tão ingênua que para acreditar nela você tem que ser ou um idiota ou um economista.

Não é um encontrob2x bet apostasforças iguais. O trabalhador tem que vender o seu trabalho ou corre o riscob2x bet apostaspassar fome. Ele éb2x bet apostaslonge o mais fraco dos dois ladosb2x bet apostasuma relaçãob2x bet apostasque a coerção faz parte.

Acredito, como sempre dentro da insignificância da minha opinião, que essas observações são pertinentes no contexto dos esforços do governo Temerb2x bet apostasmudar as leis trabalhistas (e também sugiro que a palavra "reforma" seja abolida jornalisticamente nessas situações. É uma palavra que trazb2x bet apostassi uma conotaçãob2x bet apostasmelhorias - algo muito discutível neste caso, especialmente quando mudanças importantes são propostas por um governo não eleito pelo voto direto).

Não há dúvidab2x bet apostasque a tecnologia e as práticas atuais mudam a relação entre capital e mãob2x bet apostasobra, abrindo espaço para um debate sobre a relevânciab2x bet apostastodas as leis. Mas há um perigo claro nas mudanças que visam a retirada do Estado - aquelas, por exemplo,b2x bet apostasque o patrão e o funcionário podem "livremente" concordarb2x bet apostasabrir mãob2x bet apostasum direito legal.

Fica óbvio, na grande maioria dos casos, quem vai sair perdendo. O desequilíbrio das forças, especialmente numa épocab2x bet apostasdesemprego, aponta num sentido só: uma economiab2x bet apostasque a posição do funcionário fica menos estável.

A "flexibilização" do emprego implica insegurança - o funcionário não sabe quantas horas vai trabalhar e, portanto, o quanto vai receber.

No curto prazo, isso parece vantajoso do pontob2x bet apostasvista do empregador. Mas logo, logo este se depara com um problema - quem vai comprar o que ele produz?

Tentei abordar esse assunto dois meses atrás, pois avanços tecnológicos já estão eliminando empregos e ameaçando o consumo.

Crédito, Gustavo Lima/ Câmara dos Deputados

Legenda da foto, Deputados seguram cartazes que simulam carteirasb2x bet apostastrabalho; terceirização e mudanças na CLT provocam grande debate no país

Um trabalhador que ganha menos e que não tem garantias salariais obviamente se sente menos confiante para consumir. No longo prazo, quase ninguém ganhab2x bet apostasuma economia presa numa corrida para reduzir salários.

A história mundial recente mostra que o crédito só consegue tapar o buraco por um tempo limitado. Chega um momentob2x bet apostasque a conta não fecha. A resposta europeia a essa situação - a austeridade - tem sido muito malsucedida e repletab2x bet apostasconsequências políticas perigosas.

Será que o Brasil realmente quer traçar o mesmo caminho?

Por aqui, temos um problema adicional. Porque mesmo se a flexibilizaçãob2x bet apostastrabalho e a liberação geral da terceirização criarem mais empregos, a tendência é que estes sejam muito mal pagos, elevando daí a desigualdade num país onde ela já é grave.

Isso gera consequências nas ruas, aumentando a insegurança - e aí os defensores do "Estado mínimo" correrão para pedir mais gastos públicos com as forças da ordem e repressão.

*Tim Vickery é colunista da BBC Brasil e formadob2x bet apostasHistória e Política pela Universidadeb2x bet apostasWarwick.

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